terça-feira, 11 de junho de 2019

Lição 11 O Sacerdócio de Cristo e o Levítico



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                      Lição 11
               - O Sacerdócio de Cristo e o Levítico 

2º Trimestre de 2019
ESBOÇO 
I – A ESCOLHA DOS SACERDOTES (ÊX 28.1)
II – VESTIMENTA SACERDOTAL PARA O SERVIÇO 
III – O SACERDÓCIO DE CRISTO (Hb 7.23-28)
Para compreender melhor a qualificação, o serviço e a importância teológica do ministério sacerdotal de nosso Senhor.
“No capítulo 4.14-16, o autor introduziu o assunto da doutrina do sacerdócio. Aqui ele tecerá mais detalhes da ordem sacerdotal levítica para contrastar posteriormente com o sacerdócio de Cristo, que é de uma outra ordem e superior ao levítico. A ideia do autor ao detalhar as qualificações exigidas do sacerdócio arônico tem o propósito de mostrar em primeiro lugar que Jesus havia preenchido esses qualitativos. É bom ter sempre em mente que o autor já havia mostrado Jesus como sendo o Filho de Deus, fato esse que o identifica com a raça humana e o qualificaria para ministrar como sumo sacerdote.
Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados” (v.1). A primeira condição para alguém exercer o sacerdócio, revela o autor de Hebreus, é que ele tenha sido tomado de entre os homens. Somente um homem, que possui a mesma natureza de um outro homem, poderia oficiar como sacerdote. Nos primeiros capítulos de sua carta, o autor havia exposto uma farta argumentação em favor da humanidade de Jesus. Esses fatos agora se tornam de grande relevância quando ele o apresenta como um sumo sacerdote constituído em favor dos homens. O sacerdote tinha como dever apresenta dons e sacrifícios. Alguns comentaristas, como Robert Gundry, entendem que a expressão “dons e sacrifícios” são usadas como sinônimas.i Por outro lado, muitos outros eruditos, como Donald Guthrie, entendem que os sentidos desses termos devem ser mantidos distintos. Guthrie observa, por exemplo, que neste caso os dons (dôra) são uma referência as ofertas de cereais e ossacrifícios (thysias) às ofertas de sangue.ii Isso parece ser confirmado pelo uso do verbo grego prosphero(oferecer),que ocorre dezenove vezes nessa carta, e mantem esse sentido de apresentar ofertas e sacrifícios diante de Deus. O sacerdote, portanto, deveria ser alguém que se identificasse com seus semelhantes.
E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza” (v.2).O termo grego metriopathein, traduzida como “compadecer” tem o sentido de alguém que consegue moderar suas paixões e sentimentos. A.B. Bruce (1831-1899) destaca que esse vocábulo “significa sentir-se com outro, mas sem abster-se de sentir contra ele; ser capaz de ter antipatia. Foi usado por Philo para descrever o sofrimento sóbrio de Abraão sobre a perda de Sara e a paciência de Jacó sob aflição. Aqui parece ser empregado para denotar um estado de sentimento em relação ao ignorante e errado, com equilíbrio entre a severidade e indulgência excessiva”.iiiO sacerdote lidava com todos os tipos de desvios, erros e pecados cometidos pelo povo. Nessa teia de relacionamentos ele via a fragilidade humana, o fracasso e o desespero. Como um homem colocado por Deus para representar os homens, o sacerdote sentia na sua própria alma o peso da miséria humana. Por outro lado, ele tinha diante de si a palavra de Deus, que o instruiu a dar ao pecado o tratamento adequado, mesmo que o remédio fosse amargo. Era nesse momento que ele precisava agir com metripatheia, isto é, com compaixão!  
E por esta causa deve ele, tanto pelo povo, como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados” (v.3).O sacerdote da antiga aliança vivia um dilema. Ele necessitava fazer expiação não apenas pelos erros dos outros, mas também pelos seus. O sumo sacerdote deveria oferecer sacrifício primeiramente por si e depois pelo povo. “Depois Arão oferecerá o novilho da expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa” (Lv 16.6). Samuel Perez Millos destaca que na cerimônia da expiação dos sacerdotes e do povo se observa dois aspectos. Primeiramente o sacerdote, por uma questão do direito divino natural que lhe competia, deveria se purificar de toda imundice pessoal já que isso tornava a oferta imunda e o impossibilitava de ministrar diante de Deus. Por outro lado, o direito positivo lhe prescrevia essa obrigação (L 4.3; 9,7; Hb 7.27; 9.7). Essa limitação, observa Millos, não é vista em Jesus Cristo, o eterno sumo sacerdote, que não teve necessidade de se purificar, visto ser imaculado e santo.iv  
E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (v.4).O autor usa a palavra grega timê, traduzida aqui como honra, para destacar a natureza do sacerdócio.v O sacerdote era alguém chamado por Deus e não pelos homens. Nos dias do Novo Testamento o sistema sacerdotal havia se corrompido e se tornado um cargo político, não mais observando-se as prescrições divinas para o exercício desse oficio (Ex 28.1; Lv 8.1; Nm 16.5; Sl 105.26). Todavia, como observa C.S. Keener, o texto sugere que o autor esteja se referindo ao sistema sacerdotal veterotestamentário, onde as exigências da lei acerca do sacerdócio eram cumpridas, para contrastar com o sacerdócio de Jesus Cristo.vi 
Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei” (v.5). O autor mostra que Jesus cumpriu de uma forma completa todas as prescrições exigidas para o exercício do sacerdócio. Ele não se autoglorificou, constituindo-se a si mesmo como sacerdote. O léxico grego de Walter Bauer expressa bem o sentido do texto: “Ele não se elevou à glória do sumo sacerdócio”.viiNo versículo quatro, o autor fala da honra que teve Arão ao ser escolhido como sumo sacerdote, todavia quando ele fala do sacerdócio de Jesus, mostra que o sacerdócio era algo inseparável de sua natureza. Deus dar testemunho de Jesus dizendo: “Tu és meu filho”. viii Essa atribuição lhe foi dada por Deus. Embora o autor não entre em detalhes sobre o momento no qual Jesus teria sido constituído sacerdote, os comentaristas destacam que a cristologia de Hebreus revela que Jesus é o filho de Deus desde a eternidade (Hb 1.1,2; 5.8), e que foi vocacionado pelo Pai para ser sumo sacerdote. Nesse aspecto, a vocação aconteceu antes da encarnação, contudo entrando em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e ascensão.ix 
Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (v.6).É no capítulo 7 que a relação entre o sacerdócio de Jesus e Melquisedeque será explorada com maior profundidade pelo o autor.x Aqui o comentarista bíblico Orton Wiley mostra o que a analogia do sacerdócio de Melquisedeque revela em relação ao de Cristo.
1. Melquisedeque era sacerdote por seu próprio direito, e não em virtude de sua relação com os outros;
2. Era sacerdote para sempre, sem substitutos, sem sucessor;
3. Ele não foi ungido com óleo, mas com o Espírito Santo, como sacerdote do Altíssimo;
4. Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia que depois Cristo instituiu; E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) Ele uniu as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em Cristo, Sacerdote no seu trono (Zc 6.13).xi ” 
(Trecho extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de Apostasia:Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada pela CPAD) 


Levítico 8 


1) A Inauguração das Ofertas. 8:1-36. 

2. Toma a Arão e a seus filhos. Os antecedentes deste material encontram-se em Êxodo 28 e 29, onde se apresenta o procedimento do vestir e ungir dos sacerdotes, seguido pelo sacrifício a ser feito por ocasião de sua consagração.
 Em Lv. 8:1-4 somos informados de que Moisés devia reunir todo o material exigido, junto com os sacerdotes, à porta da tenda da congregação na presença do povo.

 8,9. O Urim e o Tumim. Não se sabe qual era a natureza do Urim e do Tumim, nem qual o seu exato significado, embora haja indicações de que podia ser um meio primitivo de se determinar a vontade do Senhor (cons. I Sm. 28:6; Ed. 2:63; Ne. 7:65; e a LXX de I Sm. 14: 41). 
10. O óleo da unção. A investidura dos sacerdotes com as vestimentas prescritas era seguida pela unção com o óleo santo (vs. 10- 13, 30). 
O óleo santo (shemen hammishha) era símbolo da unção com o Espírito de Deus e o resultante poder espiritual (cons. I Sm. 16:13; Is. 61:1; Atos 10:38). Do mesmo modo separava pessoas e objetos ungidos, consagrando-os para o serviço de Deus.
 14. Novilho da oferta pelo pecado. O novilho da oferta pelo pecado era sacrificado de acordo com Êx. 29:10-14. 

15. Derramou o resto do sangue à base do altar. A reconciliação (kaper) ou expiação para o altar era necessária para remover dele a profanação dos sacerdotes que faziam os sacrifícios sobre ele. 

18. Fez chegar o carneiro. O carneiro da oferta queimada era sacrificado de acordo com Êx. 29:15-18 e Lv. 1:3-9, implicando assim em completa dedicação dos sacerdotes para o serviço do Senhor. 

22. Fez chegar o outro carneiro. O carneiro da consagração ou "enchimentos" (millu'im) era sacrificado como no caso da oferta pacífica, exceto quanto ao uso do sangue, conforme descrito em 8:23,24. Nesta oferta, o sangue do carneiro era colocado sobre certas extremidades: a orelha que ouve as palavras do Senhor, a mão que realiza as tarefas do Senhor, e o pé que se apressa a cumprir as ordens do Senhor. 

27. E tudo isto pôs nas mãos de Arão. Os "enchimentos" (millu'im) começavam quando os elementos do sacrifício eram colocados nas mãos dos participantes. O termo usado para a consagração ou designação do sacerdote era "encher a mão" (Jz. 17:5, 12). 

31. Arão e seus filhos a comerão. Certas porções da carne e do pão tinham de ser comidas pelos sacerdotes. Assim eles se alimentavam enquanto guardavam os sete dias consecutivos do procedimento da consagração, que era repetido, sem que deixassem a tenda da congregação.

Levítico (Comentário Bíblico Moody)


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Êxodo 28

a) Orientação Quanto à Escolha dos Sacerdotes e Sua
Vestimenta. 28:1-5.

b) A estola sacerdotal. 28:6-14.

Esta era a parte mais importante da vestimenta do sumo sacerdote.
Era uma espécie de colete ou avental, finamente bordado. Consistia de
duas peças, frente e costas, unidas nos ombros por meio de tiras ou
ombreiras (v. 7), e amarradas na cintura por meio de um cinto que fazia
parte da próprio estola sacerdotal (v. 8). Sobre cada ombreira havia uma
pedra de ônix engastada em filigrana de ouro, sobre as quais estavam
gravadas os nomes das doze tribos de Israel, seis em cada pedra. Assim
simbolicamente o sacerdote levava sobre os seus ombros a
responsabilidade de todo Israel como seu representante diante de Deus.

As cores e o material da estola sacerdotal (v. 6) correspondem às cores e
tecido do santuário, identificando assim o santuário e o ministro. Em
lugar dos querubins, entretanto, a estola sacerdotal era toda bordado com
fino fio de ouro entretecido com as outras cores (v. 8). Cinto de obra
esmerada. Faixa habilmente tecida (ASV, RSV).

10. Segundo a ordem do seu nascimento. Na ordem das idades
dos seus ancestrais, os filhos de Jacó.

11. Engastadas ao redor. Engastes (ASV), engastes de filigrana
de ouro (RSV).

c) O Peitoral. 28:15-29.

O peitoral ou "bolso" do juízo, era uma sacola do mesmo tecido da
estola sacerdotal. Era feito de um só pedaço de tecido, dobrado para
formar um bolso, de nove polegadas por nove. Sobre este bolso,
engastadas em ouro, doze pedras preciosas, quatro carreiras de três cada,
sobre as quais estavam gravados os nomes das doze tribos. O bobo era
preso à estola sacerdotal por meio de duas correntes de ouro, que se
prendiam em argolas de ouro nas pontas superiores do bobo e as
prendiam às ombreiras da estola sacerdotal (vs. 22-25). Através de outras
argolas dos cantos de cima, o bobo era preso ao cinto da estola
sacerdotal por meio de fitas azuis (vs. 26-28 ).

Quando o sumo sacerdote ministrava o santuário, levava consigo as
responsabilidades e as necessidades do seu povo não apenas no local de
sua força, os ombros, mas também sobre o seu coração, para que com
sabedoria e compaixão ele pudesse ser seu mediador diante de Jeová (v.
29).

A identidade de algumas das pedras do peitoral (vs. 17-20) é muito
incerta. E uma vez que os primeiros tradutores da Bíblia também
estavam incertos quanto à identificação, suas traduções são bastante
inconsistentes. A identificação abaixo representa um consenso de
opiniões de autoridades modernas.

17. Sárdio. Possivelmente cornalina ou jaspe vermelho. Topázio.
Uma pedra amarela ou verde, possivelmente crisólito. Carbúnculo.
Esmeralda ou cristal de rocha.

18. Esmeralda. Uma pedra vermelha, obviamente não é uma
esmeralda; ou rubi ou granada. Safira. Antes lápis lazuli que safira.
Diamante. Ou cristal ou sardônica. Não há evidências de que o diamante
fosse conhecido dos antigos.

19. Jacinto. Uma estratificada pedra vermelha e branca, ou quartzo.
Ágata. Devidamente nomeada, uma pedra vermelha opaca. Ametista. A
mesma pedra lilás que chamamos por este nome.

20. Berilo. Ela mesma ou calcedônia; possivelmente jaspe amarelo.
Ônix. O mesmo ônix da atualidade. Jaspe. Berilo ou jaspe verde.

27. A orientação para se fixar a parte inferior do peitoral não está
clara, mas provavelmente é como ficou acima explicado. Moffatt traduz:
na parte inferior do avental, perto da juntura das ombreiras e acima da
fita artística.

d) O Urim e o Tumim. 28:30.
As palavras hebraicas significam luzes e perfeições. A LXX traduz
para revelação e verdade. "O que o Urim e o Purim era realmente, não se
pode determinar com certeza, nem dos nomes propriamente ditos, nem
de quaisquer outras circunstâncias relacionadas com eles. Talvez fossem
um certo meio concedido pelo Senhor ao Seu povo para se garantir a
iluminação, sempre que a congregação dela precisasse para orientação de
seus atos; e por meio do qual os direitos de Israel, quando postos em
dúvida ou em perigo, fossem restaurados, e . . . este veículo ligava-se
com a vestimenta oficial do sumo sacerdote, embora seu caráter preciso
não possa ser melhor determinado" (KD; cons. Nm. 27:21; 1 Sm. 28:6;
Ed. 2:63).

e) Sobrepeliz da Estola Sacerdotal. 28:31-35.
Era tecida de um só pedaço, com orifícios para os braços, sem
mangas. Vestia-se pela cabeça e provavelmente chegava até os joelhos.

À volta da barra da saia pequenas campainhas douradas alternavam-se
com romãs de lã torcida. As romãs têm sido consideradas como símbolo
da Palavra de Deus, uma fruta doce e refrescante, e as campainhas como
o som desta Palavra (cons. Sir (ou Eclesiástico) 45:9 ). Será debruada .
. , como a abertura de uma saia de malha (v. 32). O debrum era para
evitar que a beirada se rasgasse.

35. Para que não morra. Simples sacerdotes não tinham permissão
de entrar no Santo dos Santos, a presença imediata de Jeová. "Este
privilégio era restrito ao representante de toda a congregação . . . e até
mesmo ele só podia fazê-lo quando usasse o manto da palavra de Deus,
na qualidade do portador do testemunho divino sobre o qual se baseava a
comunhão da aliança com o Senhor" (KD).

f) O Turbante. 28:36-38.
A mitra do sumo sacerdote era um turbante de fino linho branco (v.

39), na frente do qual estava afixado, por meio de uma fita azul, uma placa de ouro sobre a qual estavam gravadas as palavras. "Santidade a
Jeová". Assim o oficio e a pessoa do sumo sacerdote eram destacados
por Deus diante do povo, até que viesse Aquele que é Santo (cons. Hb.
7:26).

37. Mitra. O termo usado pela E.R.A, e E.R.C. é enganoso, uma
vez que o turbante não tinha nenhuma semelhança com o moderno
conceito de mitra. Assemelhava-se mais ao turbante comumente usado
no Oriente.

38. Para que Arão leve a iniqüidade. O sumo sacerdote foi
exaltado à posição de mediador expiador de toda a nação; e com o seu
oficio associava-se a intercessão expiatória.

g) A Túnica. 28:39.
A túnica ou casaco era tecida de linho em padrão quadriculado e era
usada junto ao como, sob a sobrepeliz da estola sacerdotal. De acordo
com Josefo (Antiq. III, 7.2), a túnica ia até os pés e tinha mangas justas.
Era presa ao como com uma faixa de rico colorido ou cinto bordado
igual às tapeçarias do santuário.

h) Roupas dos Sacerdotes Comuns. 28:40-43.
Embora fossem descritos como sendo "para glória e beleza", eram
vestimentas muito simples. Havia uma túnica igual à que vestia o sumo
sacerdote, mas de colorido simples, amarrada com uma faixa que não
tem maiores descrições. Sobre a cabeça havia uma boina, que era ou uma
faixa de linho à volta da cabeça, ou, mais provavelmente, um boné sem
pala. Por baixo da túnica os sacerdotes usavam calções ou ceroulas de
linho. É preciso lembrar que o linho era caro e muito procurado naquele
tempo, e até as peças menos importantes da vestimenta dos sacerdotes
era feita desse fino material. Por meio dessas vestimentas, os sacerdotes
escolhidos por Jeová, destacavam-se oficialmente como Seus
representantes. Deixar de usá-las quando se aproximassem do Tabernáculo (v. 43), fazendo-o na sua própria virtude e direitos pessoais,
era provocar o juízo e a morte.
Êxodo 29

i) A Consagração dos Sacerdotes. 29:1-37.
"Embora a santidade do seu oficio se refletisse em sua roupa, era
necessário, por causa de sua natureza pecadora, que fossem santificados
por meio de uma consagração especial para o exercício do seu oficio"
(KD). A orientação agora dada para a consagração foi executada em
Levítico 8. Uma vez que um exame completo do significado da
orientação deve aguardar a discussão das leis relativas ao sacrifício em
Levítico 1-7, parece-nos melhor agora tratar apenas da orientação
propriamente dita e não do seu significado espiritual.

1-3. Preparação dos Sacrifícios. Três tipos de pães acompanhavam
os sacrifícios: o pão asmo costumeiro; bolos, isto é, pão asmo misturado
com azeite; e obreias, isto é, uma espécie de panquecas untadas com
azeite (v. 2).

4-9. A Investidura de Arão e Seus Filhos. Os sacerdotes tinham de
ser lavados, vestidos e ungidos com azeite. É claro que isto é uma
indicação muito clara de sua purificação espiritual, do revestimento com
a justiça de Deus e do recebimento do poder do Espírito Santo.

10-14. A oferta pelo pecado. Um novilho era oferecido como oferta
pelo pecado dos sacerdotes nomeados. Os homens que tipificavam o
Grande Sacerdote por vir, tinham primeiro de ser purificados dos seus
próprios pecados (cons. Hb. 7:27). Redenho (v.13). O apêndice ou
lóbulo que há sobre o fígado.

15-18. O Cordeiro da Dedicação. O cordeiro, todo queimado sobre
o altar, simbolizava os sacerdotes, inteiramente dedicados a Deus.
Jogarás (v. 16). Na realidade, jogar representa melhor o hebraico do
que espalhar, E.R.C.

19-28. O Cordeiro da Consagração. Os sacerdotes, purificados e
dedicados, comungavam simbolicamente com o seu Senhor, ao
participar do cordeiro sacrificado. Ouvidos, mãos e pés (v. 20) eram
dedicados a Deus para ouvirem e obedecerem à Sua palavra. O sangue
purificador e o azeite santificador eram aspergidos não apenas sobre os
homens, mas também sobre suas vestimentas oficiais (v. 21),
consagrando-se e concedendo-lhes poder para o serviço.
Cauda gorda. Ovelhas de cauda gorda ainda continuam sendo
criadas na Palestina, sendo o rabo considerado um prato especial.
Movendo-as (v. 24). As porções especificadas do cordeiro e do pão
eram movidas, isto é, colocadas sobre o altar e então retiradas; isto era
uma maneira simbólica de oferecê-las a Deus. A porção de Deus (v. 25)
era consumida sobre o altar. O peito e a coxa do cordeiro da consagração
eram oferecidos a Moisés e também ao sacerdote oficiante (vs. 26-28).
Comumente, conforme aqui estabelecido, esta porção ficava para o
sacerdote.

29-30. As vestes sacerdotais deviam passar de geração para
geração. A consagração dos sacerdotes nas gerações sucessivas seriam
de sete dias, como foi esta consagração inicial (v. 35 ).

31-34. A Ceia Sacrificial. Pelo fato dos sacerdotes terem de
participar da própria oferta pela qual foram expiados e consagrados, faznos lembrar da comunhão cristã no Cordeiro, por cujo sacrifício fomos
redimidos.

35-37. Durante sete dias, a consagração não somente dos
sacerdotes, mas também do altar dos sacrifícios, tinha de ser repetida.

j) O Sacrifício da Manhã e da Tarde. 29:38-42.
Diariamente, de manhã e de tarde, em benefício de toda a
congregação de Israel, com a ceia e as libações que os acompanhavam.
Assim, dia a dia, a dedicação de todo o povo era renovada.

k) Promessa de Bênção. 29:43-46.
Em resposta a uma tal dedicação contínua, Jeová prometeu Sua
presença constante e Suas bênçãos. Ele habitará no meio do Seu povo, e
os meios indicados da mediação – sacerdote, tabernáculo e altar –
deviam-Lhe ser santificados.

                                                       Êxodo (Comentário Bíblico Moody) 76

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        UM SACERDOTE SEGUNDO A ORDEM DE                   MELQUISEDEQUE

 Hebreus 7:1-28

Agora chegamos a uma passagem que é de suma importância para o autor da Carta aos Hebreus. É tão difícil entendê-lo que temos que tratálo de uma maneira particular. O capítulo 6 terminou com a afirmação de que Jesus foi constituído sumo sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque. Este sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque é o pensamento mais característico de Hebreus. Atrás dele se escondem modos de pensar, argumentar e usar a Escritura que nos são inteiramente estranhos. Mas tratemos de entrar neles. O melhor será reunir em primeiro termo tudo o que o autor tem a dizer sobre o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque para lê-lo como uma totalidade antes de fazer uma divisão em passagens mais curtas que estudaremos em detalhe.

Em seguida tentaremos entender qual foi a intenção do autor ao expor este pensamento. A primeira passagem é Hebréias 5:1-10. A segunda passagem que desenvolve esta idéia é todo o capítulo 7. Portanto vejamo-lo em sua totalidade lembrando que o último capítulo de Hebreus 6 afirmou já que Jesus foi feito sumo sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque. Estas são, pois, as passagens em que o autor de Hebreus descreve a Jesus como sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Agora vejamos o que é precisamente o que quer dizer ao usar esta concepção.
Devemos começar entendendo a posição geral da parte. O ponto de partida é a idéia da religião como acesso a Deus. Segundo Hebreus a essência da religião é que leva o homem, sem temor nem barreiras, à presença de Deus. Agora, para que este acesso a Deus seja possível, existiam dois meios. 

Em primeiro termo a Lei. A idéia básica da Lei que, enquanto o homem observa fiel e obedientemente os mandamentos se mantém numa posição de amizade com Deus e as portas a sua presença ficam abertas. Mas os homens não observam nem podem observar a Lei, e, portanto, não permanecem em comunhão com Deus, o acesso a sua presença fica interrompido. Precisamente para reparar esta situação de afastamento existia o segundo: o sacerdócio e todo o sistema sacrificial.

A palavra latina para sacerdote é pontifex que significa construtor de pontes: o sacerdote é um homem cuja função consiste em tender uma ponte entre os homens e Deus. De que maneira? Por meio do sistema sacrificial. O homem quebrantou a Lei e por esse ato interrompeu sua comunhão com Deus obstruindo o caminho que conduz a Ele; pela oferenda de um sacrifício correto este quebrantamento ficava expiado. Assim se restaurava a comunhão com Deus e se removiam barreiras. Isto era em teoria, mas na prática a vida inteira manifestava precisamente que o sacerdócio e seu sistema sacrificial não podiam tornar isto realidade. Não havia escape ao distanciamento humano de Deus que era conseqüência do pecado. O problema consistia em que nem todos os esforços do sacerdócio e todos os sacrifícios podiam restaurar a entrega perdida ou fazer com que o pecador recuperasse sua familiaridade com Deus. Portanto, segundo o argumento do autor se requeria um sacerdócio novo e diferente e um sacrifício novo e eficaz. De outra maneira o caminho à presença de Deus jamais podia ser aberto. O autor de Hebreus vê em Jesus Cristo o único sumo sacerdote que pode abrir o caminho a Deus e chama o sacerdócio de Jesus um sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque.

De onde adquiriu esta idéia? De uma passagem do Antigo Testamento. No salmo 110:4 está escrito: “O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”

A outra citação provém de Gênesis 14:17-20 onde se narra a história de Melquisedeque:

“Após voltar Abrão de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de Savé, que é o vale do Rei. Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.”

 Destas duas passagens o autor constrói a imagem do sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque e do que significa o sacerdócio.
Mas antes de entrar em seu procedimento devemos compreender o método judeu de interpretar as Escrituras. De fato o autor de Hebreus faz aqui o que teria feito qualquer rabino judeu experiente: segue os métodos rabínicos de interpretação. Para entender este método terá que saber duas coisas.

 (1) Para o judeu erudito toda passagem da Escritura tinha quatro significados aos quais se davam quatro nomes diferentes.

 (a) Em primeiro lugar o peshat que é o sentido literal e real.

(b) Em segundo lugar o remaz que é o significado sugerido.

(c) Em terceiro lugar ele derush: o resultado depois de uma longa e esmerada investigação.

(d) Finalmente o sod que é o sentido alegórico ou interno.
Agora, é um fato que para o judeu o sentido mais importante desde todo ponto de vista era o quarto, o sod: o sentido interno, alegórico e místico. O judeu não se interessava tanto no sentido óbvio, literal, histórico e empírico de uma passagem como no alegórico e místico que se podia solicitar do mesmo. 

O sentido mais importante era aquele que se podia ler na passagem e este sentido interno podia carecer obviamente de toda conexão com o sentido literal do relato. Era absolutamente permissível — de fato era a prática regular — tirar as frases fora de contexto para ler nelas significados que nós consideraríamos fantásticos e absolutamente injustificados. Isto é o que o autor de Hebreus faz aqui.

(2) Em segundo lugar, para a interpretação do autor é essencial perceber que os intérpretes judeus consideravam-se completamente justificados em argumentar não só sobre o expresso, mas também sobre silêncios da Escritura. Em outras palavras, podia-se construir um argumento não só do que a Escritura dizia, mas também do que não dizia. De fato nesta passagem o autor de Hebreus baseia seu argumento tanto no que a Escritura não diz de Melquisedeque como no que realmente diz dele.

Agora, vejamos no que difere a qualidade do sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque da qualidade do sacerdócio comum, aarônico existente.

(1) Melquisedeque não tem genealogia: não tem pai nem mãe (Hebreus 7:3). Agora, nota-se em seguida que este és uns dos argumentos tirados do silêncio da Escritura. A Escritura não proporciona a genealogia de Melquisedeque. E isto não era habitual por duas razões.

(a) É justamente o contrário da prática de Gênesis. As genealogias são uma característica do Gênesis; constantemente encontramos ali listas de antepassados de alguém. Mas Melquisedeque aparece em cena como se não proviesse de nenhuma lista. Isto é em si mesmo fora do costume.

(b) Mas há algo muito mais importante: é o contrário das regras que governavam o sacerdócio aarônico. Este sacerdócio dependia inteiramente da ascendência. Sob a lei judia ninguém podia ser em nenhum caso sacerdote se não podia exibir uma árvore genealógica ininterrupta e certificada que se remontasse até Arão. Aquele que não possuía esta genealogia não podia ser sacerdote por nenhuma razão do mundo. O caráter e a capacidade nada tinham que ver com o sacerdócio. A única coisa essencial era essa árvore genealógica.


                         O SACERDÓCIO MAIOR

Hebreus 7:21-25

O autor de Hebreus segue acumulando provas de que o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque — o sacerdócio de Jesus — é superior ao antigo sacerdócio levítico. Aqui adianta duas provas.

Em primeiro lugar, sublinha o fato de que a instituição do sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque foi confirmada por um juramento de Deus enquanto não foi assim com o sacerdócio comum. Faz referência ao Salmo 110:4: “O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.

Agora, a própria idéia de que Deus jure causa surpresa. Filo o viu faz tempo. Assinalou que a única razão para jurar é a falta de credibilidade da simples palavra humana: o juramento quer ser garantia da veracidade da palavra. Deus jamais necessita deste recurso porque é impossível que sua palavra careça de credibilidade. Portanto, se Deus alguma vez confirmou uma afirmação com um juramento deveu tratar-se de algo de importância única e extraordinária. Algo que Deus confirma com um juramento deve ser tão absolutamente imutável que se acha entretecido na própria fibra do universo e deve permanecer para sempre.

Assim, pois, é possível que o sacerdócio comum possa desaparecer, mas o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque não pode desaparecer; o sacerdócio de Jesus Cristo jamais passará, porque Deus não somente o instituiu, mas também recorreu ao meio assombroso e único de confirmá-lo mediante um juramento. Porque seu sacerdócio foi confirmado por um juramento, Jesus é o fiador de uma melhor aliança. Lembremos agora a função do sacerdócio e de toda religião, de abrir o caminho de acesso a Deus, de capacitar o homem a desfrutar de íntima amizade com Deus.

Agora nos encontramos aqui com o termo aliança. Logo teremos a oportunidade de examinar esta palavra mais atentamente e em detalhe. No momento basta dizer que uma aliança é essencialmente um acordo entre dois; um acordo porque se uma parte atacar certas empresas a outra responderá de uma maneira determinada. Havia uma antiga aliança, um antigo acordo entre Israel e Deus. Esse acordo consistia em que se os israelitas obedeciam fielmente a lei de Deus, o caminho de acesso à sua amizade estaria sempre aberto. Em Êxodo 24:1-8 vemos a nação entrando nesta aliança. Ali Moisés toma o livro da Lei e o lê ao povo que responde: “Tudo o que falou o SENHOR faremos e obedeceremos.” (Êxodo 24:7). Isto significa que a antiga aliança estava baseada na obediência à Lei e que só podia manter-se enquanto os sacerdotes continuassem oferecendo sacrifícios por cada transgressão da Lei. Mas Jesus é o fiador de uma melhor aliança. Jesus é o fiador de um novo tipo de acordo, um novo tipo de relação entre o homem e Deus.

Onde está a diferença? Onde está a relação nova e melhor da nova aliança? A diferença consiste no seguinte: a antiga aliança se baseava na Lei, na justiça e na obediência; a nova aliança se baseia inteiramente no amor e no sacrifício perfeito de Jesus Cristo. Sob a antiga aliança o acesso a Deus dependia da obediência do homem; sob a nova, do amor acolhedor de Deus. A antiga aliança se baseava na realização do homem; a nova se baseia no amor de Deus.
E o que quer dizer o autor de Hebreus quando diz que Jesus é o fiador da antiga aliança? A palavra que aqui se usa para fiador é eggyos, que reveste um interesse particular. Eggyos era aquele que dava segurança, aquele que era fiador, aquele que se tornava fiador. Usa-se por exemplo de uma pessoa que serve de fiador a outra num empréstimo bancário. Usa-se de quem paga uma fiança por um prisioneiro, garantindo que o prisioneiro comparecerá perante o tribunal. O eggyos é aquele que garante que algo se pagará, se chegará a produzir, que certa empresa com toda segurança será atendida. Assim, pois, o que quer dizer o autor de Hebreus é isto.

Alguém pode dizer: "Como saber que a antiga aliança, o antigo acordo entre Deus e o homem, já não tem vigência? Como saber que o acesso a Deus, a amizade com Ele, não dependem agora do cumprimento obediente do homem mas sim exclusivamente do amor acolhedor de Deus?" A resposta é: "Jesus Cristo garante que é assim: Ele é o fiador do amor de Deus, o fiador que promete que o amor de Deus continuará contanto que tomemos a sério sua palavra." Para dizê-lo de uma maneira mais simples: devemos crer que quando olhamos a Jesus em todo seu amor, misericórdia e bondade, estamos vendo como é Deus.

Mas o autor introduz agora uma segunda prova da superioridade do novo sacerdócio, o sacerdócio de Jesus. O antigo sacerdócio não era permanente. A morte sobrevinha e os que eram sacerdotes deviam ser substituídos. Ninguém da antiga ordem sacerdotal perdurava para sempre. Mas o sacerdócio de Jesus é para sempre jamais. Agora, o que interessa nesta passagem são os matizes e implicações das palavras quase intraduzíveis que usa o autor de Hebreus. O sacerdócio de Jesus é um sacerdócio imutável. A palavra que usa aqui é aparabatos, uma palavra de uso legal: significa inviolável. Um juiz estabelece que sua decisão deve permanecer aparabatos, inalterável, intransferível. Descreve algo que pertence a uma pessoa e que não pode ser transferido a outra. Galeno, o escritor médico, usa-a para descrever uma lei científica absoluta que jamais pode ser violada e sobre cujos princípios está construído o próprio universo e os que lhe dão consistência.

Assim, pois, o autor de Hebreus diz que o sacerdócio de Jesus — o poder de dar aos homens o acesso a Deus e de capacitá-los para chegar a ser seus amigos — é algo que nunca lhe pode tirar, que nenhum outro pode jamais possuir, algo tão perdurável como as leis que mantêm unido o universo. Jesus jamais pode ser ultrapassado; nunca pode haver substituto algum dele. Ele é e será sempre o único caminho a Deus. Mas o autor faz outra afirmação maravilhosa sobre Jesus: permanece para sempre.

O verbo usado, paramenein, tem dois matizes característicos. Em primeiro lugar significa permanecer em função. Ninguém pode tirar de Jesus seu função; pela eternidade é aquele que introduz os homens perante Deus. Em segundo lugar significa permanecer na condição de servo, permanecer com alguém de tal maneira que se continue sempre lhe prestando serviços. Gregório Nacianceno estabelece em seu testamento que suas filhas permaneçam (paramenein) com sua mãe enquanto está viva; têm que estar com ela para brindar-lhe ajuda e sustento. Os papiros falam de uma moça que devia permanecer (paramenein) na atenção de um negócio durante três anos com a finalidade de pagar com seu trabalho uma dívida: tinha que permanecer e servir.

Existe um contrato em papiro que estipula que um jovem contratado como aprendiz deverá permanecer (paramenein) com seu amo tantos dias extras quantos faltou à sua obrigação: terá que permanecer para completar seu serviço. Assim, pois, quando o autor de Hebreus diz que Jesus permanece para sempre, nesta frase está incluído o pensamento surpreendente de que Jesus permanece para sempre a serviço dos homens. Na eternidade, como foi no tempo, Jesus existe para sempre como aquele que permanece a serviço da humanidade. Esta é a razão por que é o Salvador perfeito. Na Terra serviu aos homens, deu sua vida por eles; nos céus está ainda para interceder por eles. Na Terra viveu e morreu pelos homens; nos céus vive para defender sua causa. É sacerdote para sempre e aquele que para sempre abre a porta da amizade de Deus; aquele que está para sempre jamais a serviço da humanidade.

Hebreus 7:26-28

O autor abunda ainda no pensamento de Jesus como sacerdote. Começa esta passagem usando uma série de grandes palavras e frases para descrever a Jesus.

(1) Jesus é santo. Usa a palavra hosios que no Novo Testamento aplica a Jesus em Atos 2:27 e 13:35 e ao Senhor em Apocalipse 15:4 e 16:5. Usa-se do bispo cristão em Tito 1:18. Aplica-se às mãos que o homem deve apresentar a Deus em oração emf1 Timóteo 2:18. Atrás deste termo esconde-se sempre uma idéia particular. Descreve ao homem que fiel e meticulosamente realiza sempre sua obrigação para com Deus; o homem não tanto como aparece perante seus semelhantes mas sim como aparece perante Deus. Hosios é o termo que expressa a maior das bondades: a que é pura à vista de Deus.

(2) Jesus é inocente. Em grego usa-se o adjetivo akakos. Kakia é a palavra grega para mal; o termo descreve ao homem limpo de todo mal e cheio de todo bem; o homem em sua influência sobre seus semelhantes. Sir Walter Scott reclamava para si mesmo como escritor o não ter jamais corrompido a moral do homem ou minado sua fé. O homem akakos é aquele que está tão purificado que sua presença serve de antiséptico e que em seu coração não abriga mais que a amante bondade de Deus.

(3) Jesus é sem mancha. A palavra grega amiantos descreve o homem que está absolutamente livre de qualquer mancha ou contaminação que pudesse incapacitá-lo para apresentar-se perante Deus. A vítima impura não pode ser oferecida a Deus; o homem desonrado não pode aproximar-se a Ele. Mas aquele que é amiantos está capacitado para entrar na presença de Deus.

(4) Jesus é afastado dos pecadores. Esta frase deve ser entendida em seu significado próprio. Não se diz que Jesus não foi realmente homem; de maneira nenhuma trata-se de privar Jesus de sua humanidade plena. Jesus estava afastado dos pecadores porque apesar de ser inteiramente homem e de confrontar todas as tentações humanas, jamais caiu em tentação alguma, mas ao contrario, superou-as e saiu delas sem pecado. A diferença entre Ele e outros homens não está em que não fora inteiramente humano, mas no fato de que Ele era a verdadeira humanidade no sentido mais alto e sublime, o homem sem pecado.

(5) Finalmente diz que Jesus foi feito mais sublime que os céus. Nesta frase pensa na ascensão e exaltação de Jesus. Se a última frase sublinha a perfeição da humanidade de Jesus esta sublinha a perfeição de sua divindade. Aquele que era homem entre os homens é também aquele que foi exaltado à mão direita de Deus. O autor ainda introduz aqui outro aspecto pelo qual o sacerdócio de Jesus Cristo era muito superior ao levítico. Antes que o sumo sacerdote pudesse oferecer sacrifícios pelos pecados do povo devia fazê-lo primeiro por seus próprios pecados porque era um homem pecador.

O autor pensa particularmente no dia da expiação. Este era um dia solene em que se fazia a expiação por todos os pecados do povo, o dia em que o sumo sacerdote desempenhava sua função suprema. Ordinariamente era o único dia do ano em que pessoalmente oferecia sacrifícios. Outros dias os sacrifícios estavam em mãos dos sacerdotes subordinados, mas no dia da expiação oficiava o próprio sumo sacerdote.

Agora, o primeiro ato no ritual desse dia era um sacrifício pelos pecados do próprio sumo sacerdote. Lavava as mãos e os pés; depunha suas vestimentas suntuosas; revestia-se de imaculado linho branco; eralhe trazido um novilho que tinha adquirido com seu próprio dinheiro e ele colocava as mãos sobre a cabeça para transferir ao animal seus próprios pecados, fazendo a confissão: "Oh meu Senhor e meu Deus!, cometi iniqüidade; transpassei a Lei, pequei; eu e a minha casa. Oh Senhor!, vou a ti, cobre os pecados e as transgressões que cometi, as transgressões e os pecados em tua presença tanto de minha parte como de minha casa."

O maior de todos os sacrifícios levíticos começava com um sacrifício pelo pecado do próprio sumo sacerdote. Este é um sacrifício que Jesus jamais precisou fazer porque Ele não tinha pecado. O sumo sacerdote levítico era um homem pecador que oferecia o sacrifício de animais por outros pecadores; Jesus era o filho de Deus, sem pecado, que se oferecia a si mesmo pelo pecado de todos os homens. O sumo sacerdócio levítico tinha sido estabelecido pela Lei, mas o próprio juramento de Deus tinha dado a Jesus seu cargo. E porque era o que era — o Filho de Deus sem pecado — estava em perfeitas condições para seu ofício, como nenhum sumo sacerdote humano poderia jamais estar.

E agora o autor faz o que costuma fazer com freqüência nesta carta. Dá um sinal para indicar a direção que empreenderá. Diz de Jesus que se ofereceu a si mesmo. Para um sacrifício era preciso duas coisas. O sacerdote que oferecesse o sacrifício e o próprio sacrifício. Com uma longa e intrincada argumentação, o autor demonstrou que Jesus é o perfeito sumo sacerdote; agora se encaminha para outro pensamento: Jesus não só é o perfeito sumo sacerdote mas também a perfeita oferta. O autor vai continuar mostrando que só Jesus pode abrir o caminho para Deus porque é o perfeito sumo sacerdote e ofereceu um sacrifício perfeito: justamente o sacrifício de si mesmo.

Nesta argumentação há muito que para nós é difícil de entender. Fala-se e se pensa em termos de ritos e cerimônias já esquecidos há muito tempo; mas há algo eterno que permanece. O homem busca a presença de Deus; seu pecado erigiu uma barreira entre ele e Deus; o homem não tem descanso até descansar em Deus; e só Jesus é o sacerdote que pode oferecer a única oferta capaz de abrir de novo aos homens o caminho a Deus.
                                                     
                                                 Hebreus (William Barclay)




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