quinta-feira, 17 de novembro de 2016

LIÇÃO 08: Culpa, a prisão da mente


LIÇÃO 08: Culpa, a prisão da mente

2. A Culpa.
Notemos as evidências de uma consciência culpada:
1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus. Notemos que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.
2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.


Nossa vida é ferida pelo pecado, sendo que essa maldição é anulada na regeneração (novo nascimento). Porém, quando o homem pratica um pecado, a própria consciência o acusa pulsando em culpa, por não terem se cumprido as expectativas de Deus. Logo, a sensação que se tem é de “réu” diante do justo juiz, Deus (Rm 3.19).

I) A necessidade da justificação: condenação do homem É primordial que o homem seja justificado (Jó 9.2), em virtude da distância que tem de Deus (Is 59.2) por causa do pecado (Rm 3.23). Se não houver uma justificação, a condenação eterna é iminente (Rm 6.23a).

II) A natureza da justificação: absolvição divina Justificar é um termo judicial que significa absolver, declarar justo, pronunciar sentença de aceitação (Gl 5.1). É o oposto da condenação, libera o perdão, redime dívidas e cancela o castigo eterno, apesar de não livrar de algumas consequências do pecado (Gl 6.7). Justificação é o estado permanente da aceitação de Deus (Rm 5.1). Isso inclui tanto o perdão dos pecados (Rm 4.7,8) e remoção da condenação (Rm 8.1) quanto a adição da justiça divina (Rm 5.19)

III) O fundamento da justificação: justiça de Cristo Deus não está sendo irresponsável absolvendo o pecador sem requerer nada em troca. Na verdade o que Ele requer, Cristo já pagou (I Pd 2.24). É com base na expiação que somos justificados (Rm 3.9). Deus nos aceita como justos por ter imputado a justiça de Cristo em nós (I Pd 3.18). Imputar é levar a própria conta as consequências dos atos de outro.

IV) A fonte da justificação: graça Sendo graça, ela nunca incorre em dívida é favor não merecido (Rm 3.24). Graça significa a manifestação do amor incondicional de Deus, o que o leva a amá-lo sem condicioná-lo a interesses pessoais, devido aos riscos que Ele aceita ao continuar acreditando no ser (Jo 1.16). É dom (Ef 2.8) e sendo um presente do Senhor cabe somente recebê-lo (Rm 6.23b).

V) O meio da justificação: fé A fé é o instrumento que se apropria da justiça de Cristo (Gl 2.16). Ela enxerga a necessidade do homem pela justiça de Deus (Is 64.4); compreende que a essência dessa justificação é divina (Rm 3.22); descansa no seu fundamento (Rm 5.18), e busca na fonte (Ef 1.6,7).

VI) Os efeitos da justificação: 1. Aplicação da justiça: Devido à morte do velho Adão (natureza) há a ressurreição de um novo ser regenerado (II Co 5.17). O Cristo por nós se torna Cristo em nós (Ef 4.24). E suas características são comunicadas no nosso interior (Mt 5.6). 2. Libertação do legalismo: O legalista (salvação pela prática da regra) se apóia na autojustificação com base nos próprios feitos (Lc 18.11,12). Isso cria um orgulho religioso que impede de se ver a si mesmo (Lc 18.9). 3. Esperança escatológica: A justificação te desafia a pensar no amanhã, morte e eternidade sem temê-las (Rm 8.33,35,38,39), porque traz ao presente o veredito do juízo final: absolvido (Mt 25.23).

4. Anulação da culpa: A justificação tem o poder de calar a consciência latejante em culpa (Hb 9.14), mesmo que haja, no âmbito espiritual dessa mente, a acusação de si mesmo (I Jo 3.20), de Satanás (Ap 12.10) ou de pessoas (Jo 8.10,11).

Bibliografia:
Pearman, Myer. Conhecendo as doutrinas da bíblia.
Erickson, Millard J. Introdução à teologia sistemática. Pr Sérgio Mascarenhas


O QUE É CULPA?

De acordo com o dicionário Michaelis, culpa vem do latim e apresenta os seguintes significados: sf (lat culpa) 
1 Ato repreensível ou criminoso. 
2 Responsabilidade por um ato ou omissão repreensíveis ou criminosos: “Culpa é toda violação de um dever jurídico” (C. Beviláqua). 
3 Consequência de se ter feito o que não se devia fazer. 
4 Delito, crime. 
5 Causa de um mal. 
6 Pecado.

Com estas definições do dicionário, vemos que a culpa está mais relacionada com cometer um ato imoral ou ilegal. De certa forma, o dicionário nos traz a ideia de que temos culpa a partir de atos errados, mal intencionados ou juridicamente problemáticos. É a ideia de que alguém, quando comete um assassinado, torna-se culpado (pelo assassinato).😓

No consultório de psicologia, vemos o sentimento de culpa de uma forma um pouco diferente. É como se o paciente se sentisse culpado de algo vago, indefinido, imperceptível ou esquecido do passado. Neste caso, a culpa é muito mais um sentimento de inadequação, de equívoco, de lapso que foi um erro e que continua atormentando a vida da pessoa.

Em muitos casos, o indivíduo que vem buscar ajuda do profissional da psicologia, pensa saber da causa de sua culpa. Por exemplo, pode imaginar que, quando criança, fez algo grave contra o irmão. Ora, esta imagem pode ser apenas uma imaginação, uma fantasia. Se questionar os parentes, se for a fundo na realidade da história, não frequentemente descobriremos que a culpa é por algo inexistente, por um pensamento, por uma fantasia, ou seja, é até certo ponto indiferente, o fato de o evento gerador da culpa ter acontecido no passado longínquo ou não. O importante é que a culpa existe e devemos possibilitar todo o processo de esvaimento desta culpa.

Como disse no começo do texto, culpa tem uma relação com dívida. Interessante notar, por exemplo, que culpa possui relação com pecado (o dicionário também mostra esta significação). Na oração “O Pai Nosso”, temos a frase: “Perdoai as nossas ofensas”, cuja tradução correta seria “Perdoai as nossas dívidas”. Dívidas não significa estar devendo dinheiro a outrem, mas sim, relaciona-se intimamente com a culpa. Em latim, este trecho é claro: “Et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostri”. A palavra debita vem de debito, quer dizer, dívida, no sentido de pecado, culpa.
Toda esta relação entre dívida e culpa pode parecer estranha. Mas para muitas e muitas pessoas a relação é instantânea. A relação que a pessoa tem com o dinheiro, o medo de não conseguir pagar as contas, de ficar devendo, de ter que guardar (com avareza) para não correr este risco, ou todos os pensamentos recorrentes das contas que vão vencer são exemplos de sintomas clássicos da neurose obsessiva. E mesmo para pessoas que não poderiam ser classificadas dentro deste quadro psicopatológico, a culpa pode aparecer como um sintoma.
Desculpa e Alívio
Existem formas interessantes de lidar e superar a culpa. Eu vou mencionar agora algumas e poderemos analisar de uma forma mais distanciada, pois os exemplos que selecionei são ou de outras culturas ou exemplos das religiões.
Acima citei a oração “Pai Nosso” e dentro do próprio cristianismo podemos encontrar duas formas de lidar com a culpa. A primeira (e muitas vezes ignorada por quem não conhecesse a teologia da própria religião) vem da ideia de que Cristo expia as culpas de todos. Ou seja, o fiel encontra em Cristo a solução de seus pecados. Outra forma que os cristãos encontraram foi através da confissão. Ao confessarem seus pecados, a culpa é liberada, no próprio ato da fala ou através de práticas como orações, jejuns ou outros.

                     Conclusão

A culpa, no modo como encontramos no consultório de psicologia, é um sentimento muitas vezes vago de que um ato ou pensamento aconteceu no passado e que não deveria ter acontecido. Outra forma, com o mesmo processo, é o sentimento de que algo não foi feito. Como uma pressão e uma cobrança do fato de algo ter ficado sem conclusão, sem término ou até nem ter sido iniciado, quando o correto seria ter feito.
Para nos livrar da culpa, existem muitas práticas sociais e religiosas. No texto, mostramos concepções do cristianismo e de um tribo africana. Outra maneira, digamos, mais moderna, é a terapia com um profissional da psicologia ou da psicanálise. Não digo, evidentemente, que seja uma forma melhor.
É apenas uma outra forma de superarmos este sentimento sempre tão incômodo. Se olharmos para a confissão, tal qual acontece no cristianismo, veremos que há semelhanças na forma com a psicoterapia trabalha a culpa. Claro que são práticas muito diferentes, dadas as origens, uma na religião e outra na ciência da psicologia. Porém, o efeito que o senso comum chama de desabafar é idêntico.
Nas outras duas formas citadas no texto, o processo de expiação da culpa vem de fora. Em uma, vem do Cristo e na outra vem da coletividade, da sociedade que procura recobrar a consciência do culpa, não o culpando (como geralmente fazemos, trancafiando alguém em uma cela ou condenando-o), mas sim mostrando que a pessoa – ainda que tenha cometido um erro – possui em si a sua bondade original.
TEXTO ADAPTADO


Saiba como surge o sentimento de culpa e o que ele pode causar

 Thaís Sabino
As cenas em que a mulher devora um pote de sorvete após terminar o namoro ou em que o homem entra em um bar e sai de lá carregado depois de levar um fora não estão à toa nos roteiros de cinema. Geralmente, os personagens se sentem culpados e buscam meios de fuga para aliviar o sentimento. A culpa é vista como um arrependimento por uma atitude tomada. Segundo a psicóloga Olga Inês Tessari, ela surge do anseio à perfeição. "Quanto melhor uma pessoa querer ser, menos ela admitirá erros", disse. Olga afirma que a culpa está ligada ao contexto cultural em que "surgiu" a raça humana. Ela dá como exemplo a história religiosa de que Eva comeu o fruto proibido e, por isso, todos pagam por culpa dela, quando na verdade o ser humano é imperfeito, erra e não deveria se culpar.
Entretanto, o psicólogo e psicanalista Julio Cesar Walz enxerga o sentimento de uma forma diferente. Segundo ele, a culpa é um "delírio de grandeza". Walz explica que a culpa faz com que a pessoa acredite que pode controlar a vida e, quando algo sai de uma forma inesperada, este indivíduo busca respostas para aquela situação e, então, acredita que algo que fez causou o acontecimento ruim. "A culpa surge como uma forma de a pessoa tentar superar ou dissimular a sua insignificância pela condição de ser humano", disse Walz. De acordo com psicólogo, a culpa é o cultivo e manutenção da sensação de que tudo depende da pessoa e é ocasionado por ela. "A vida acontece de forma independente", concluiu.

O psicanalista e psiquiatra Paulo Sérgio Guedes acompanha Walz na definição do sentimento de culpa. Segundo ele, o sentimento é a causa de uma série de problemas e não consequência de algo feito. Eles acreditam que uma pessoa não se sente culpada porque fez algo e que esta é uma sensação ilusória de poder, de autovalorização, para tentar superar a real condição de insignificância do ser humano. No livro O Sentimento de Culpa , escrito pelos psicanalistas, o sentimento é abordado como a não aceitação dos defeitos, erros e falta de importância que tem cada indivíduo. "A pessoa não quer ir à academia, se sente mal por isso, mas é a culpa que a coloca como importante e perfeita demais para não poder deixar de ter vontade de fazer exercícios naquele dia", exemplifica Walz. "Este sentimento de grandeza nem faz a pessoa ir à academia, nem ficar em casa sossegada, ela fica sofrendo remorso", explica.

De acordo com Guedes, o sentimento de culpa torna a pessoa prisioneira de uma ideia fixa. "Ela deixa de ser quem é
para se tornar o crítico desta pessoa", explicou. A motivação pode ser concreta ou imaginária, segundo ele. Os problemas
surgem quando o remorso é guardado. A culpa é a única causa de doenças mentais de origem emocional, de acordo com
Julio Cesar Walz e Paulo Sérgio Guedes. "Trata-se de uma dívida impagável", define Walz. As consequências de guardar o sentimento vão desde tratar mal os outros, viver encontrando culpados para tudo, reclamar sempre; como depressão, alcoolismo, vício em drogas e isolamento, segundo os profissionais entrevistados pelo Terra .

Como lidar
Para o psiquiatra Paulo Sérgio Guedes, o primeiro passo para enfrentar o problema é identificar o sentimento de grandeza. Depois, a pessoa deve saber que a vida não é controlável e que o ser humano pode errar. Segundo ele, é preciso entender a diferença entre responsabilidade e culpa. Culpa é o sentimento originado da ideia de que as coisas têm que acontecer como a pessoa quer, responsabilidade é assumir que você é responsável por suas atitudes, explicou.

De acordo com a psicóloga Olga Inês Tessari, é preciso aprender com o erro, para não cometê-lo de novo. "Depois de colocar a raiva para fora, aprende e entende que os erros acontecem", aconselhou ela. Confira na galeria de fotos o que guardar o sentimento de culpa pode causar.
TEXTO ADAPTADO

Sentimento de culpa apesar do perdão dos pecados?


Escrito por: G. Gangsø | Publicado: terça-feira, 26 de Abril de 2016
Você sempre tem sentimendo de culpa e uma consciência ruim, apesar de ter recebido o perdão dos pecados?

O perdão dos pecados é um presente a nós homens, porque Jesus nos resgatou com seu próprio sangue. Isso precisa ser recebido através da fé.
E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.(Atos 15,9) Se o coração foi purificado, a consciência também é purificada.
Isso acontece pela fé, não é algo que ganhamos com atos. Nós recebemos se pedirmos por isso. Se for o caso de que causamos danos a outras pessoas através de nossas ações, então também temos que ter a humildade de pedir perdão a elas, pelos danos que lhe causamos. Isso é possível. O malfeitor na cruz não tinha essa possibilidade, mas ele tinha o sentimento para isso, e por isso Jesus abriu a ele o caminho para o paraíso. Jesus reconheceu o querer como uma obra.
E também pode ser que somos atormentados pela consciência e nos sentimos culpados, embora tenhamos recebido o perdão dos pecados. De onde vem isso?
O diabo nos dá o sentimento de culpa
Nós temos um adversário, o diabo,que  anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;. (1. Pedro 5,8) Ele semeia dúvida em tudo o que tem ligação com o reino de Deus. Ele é a serpente velha e o acusador de nossos irmãos. Ele é um espírito atormentador, e embora se tem colocado as coisas em ordem nunca é o suficiente. E pode se tornar muito difícil se temos uma consciência fraca, como humanos. Lá temos uma exortação de Pedro: Ao qual resisti firmes na fé! (1. Pedro 5,9) Não adianta apenas argumentar assim; precisa ser simplesmente combatido brutalmente. A promessa diz que ele vai fugir de nós, então. Se ele voltar, temos que rejeitar todas as suas acusações renovado, e apontar para Jesus que deu a sua vida, e descontou todas as cartas de culpa, que eram contrárias a nós. (Colossenses 2, 14)

A palavra de Deus como autoridade suprema
Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.. (1.João 3, 20) Nossos próprios sentimentos e opiniões não devem ser a autoridade máxima na nossa vida, pois eles são enganosos. Deus é maior e o que ele falou deve ser a nossa autoridade, que direcionam e julgam nossos pensamentos e sentidos. Essa espada do Espírito, a palavra de Deus, até do diabo se dá por vencido, e então vem a paz de Jesus e o peso fica leve. No homem tem muita justiça própria que atrapalha o caminho da fé. Mas a justiça de Deus é maior e nos temos que submeter a ela.

Uma decisão firme
Duvidar não leva a nada. Então nunca somos livres das acusações do diabo. A decisão de servir a Deus precisa ser firme. Os crimes precisam ser confessados a Deus (e as pessoas, quando necessário), e então precisamos nos distanciar deles. (Provérbios 28,13) A miséria sobre o pecado, fomenta o ódio contra o pecado e nos dá o escudo da fé, o qual necessitamos para apagar todos os dados inflamáveis do maligno. (Efésios 6,16) Então recebemos paz na luta e o maligno não nos toca. (1. João 5, 18)
TEXTO ADAPTADO

Culpa: saiba mais sobre este sentimento que está te colocando para baixo


The Huffington Post  |  De Carolyn Gregoire
Sigmund Freud, o pai da psicologia moderna, era obcecado pelo sentimento de culpa. Na visão psicológica dele, essa emoção dolorosa (uma tensão entre o superego, ou consciência, e o ego) exercia um papel crítico no surgimento da depressão e era um obstáculo poderoso à busca da felicidade.

"O preço que pagamos por nosso avanço na civilização é a perda da felicidade com a intensificação do sentimento de culpa", Freud escreveu em sua obra-prima sociológica de 1930 O Mal-Estar na Civilização, argumentando que as sociedades modernas reforçam nosso sentimento interno de culpa.
Nosso entendimento moderno do comportamento humano já ultrapassou muitos elementos da teoria freudiana, mas a análise da culpa feita por Freud continua a ser importante e é substanciada por pesquisas recentes. Qualquer pessoa que já tenha sentido culpa - ou seja, todo o mundo - sabe que esse sentimento pode causar muito sofrimento e impedi-lo de curtir a vida. O sentimento de culpa pode ser útil e essencial, sem dúvida alguma; pode nos levar a avaliar nossos pensamentos e ações, funcionando como sistema de freios e equilíbrios morais. Mas quando ele toma conta de nós, qualquer passo em falso pode desencadear dúvidas a seu próprio respeito, vergonha e até depressão.
Veja seis coisas que você precisa saber sobre o sentimento de culpa, e como impedir que ele controle sua vida.

O sentimento de culpa pode (literalmente) ser uma carga pesada.
De acordo com pesquisas recentes da Universidade de Waterloo e da Universidade Princeton, um sentimento de culpa exacerbado pode realmente ser acompanhado por sensação de peso aumentado. 

Os pesquisadores quiseram averiguar se existe alguma base factual nas noções populares sobre "carregar uma culpa" e de que a culpa "pesa" sobre nossa consciência. E o que descobriram foi fascinante. "Constatamos que a lembrança de atos pessoais antiéticos cometidos levou os participantes a relatar peso corporal subjetivo aumentado, em comparação com quando recordavam atos éticos seus, atos antiéticos de outros ou não se recordavam de nada", disse o pesquisador Martin Day, da Universidade Princeton. "Também constatamos que esse senso de peso aumentado estava relacionado ao sentimento de culpa maior dos participantes e não a outros sentimentos negativos, como tristeza ou repulsa." Ele contribui para a depressão. Um estudo de neuroimagiologia feito em 2012 constatou que as pessoas que estão ou estavam com depressão apresentam reação de culpa aumentada. Para as pessoas que já tiveram depressão, o sentimento de culpa está menos associado ao conhecimento de comportamentos socialmente aceitáveis do que está no caso de indivíduos não deprimidos. Ou seja, os indivíduos com depressão podem culpar-se excessivamente de uma maneira que não é voltada à busca de soluções. "As tomografias e outros exames revelaram que as pessoas com histórico de depressão não 'unem' às regiões cerebrais associadas à culpa e ao conhecimento dos comportamentos apropriados tão fortemente quanto fazem as pessoas do grupo de controle dos que nunca tiveram depressão", disse Roland Zahn, da Universidade de Manchester. "Isso pode refletir uma falta de acesso a informações sobre o que foi inapropriado em seu comportamento
quando se sentiram culpadas, com isso estendendo o sentimento de culpa a coisas pelas quais as pessoas não foram responsáveis, sentindo-se culpadas por tudo." O sentimento de culpa pode ser a razão pela qual você está procrastinando.

Muitos estudos já concluíram que o sentimento de culpa é um fator chave na procrastinação. Sentimos culpa por alguma coisa que fizemos e então hesitamos em iniciar uma tarefa nova, talvez por medo de cometer outro erro. E o próprio fato de postergar o que deveríamos fazer nos faz ter sentimento de culpa, que, por sua vez, muitas vezes enfraquece o sentimento agradável que poderíamos ter tido por evitar a tarefa. Você precisa dar conta de uma tarefa, finalmente? Pesquisas constataram que, quando você se perdoa por postergar, pode na realidade impedir-se de fazer isso novamente no futuro. As mulheres realmente tendem a sentir mais culpa. As pesquisas confirmaram o estereótipo cultural segundo o qual as mulheres tendem a sentir mais culpa que os homens. Um estudo espanhol de 2010 concluiu que as mulheres sentem culpa mais frequente e mais intensamente que os homens e também que têm escores mais altos que os homens nas medições de sensibilidade interpessoal. A diferença nos níveis de sentimento de culpa entre homens e mulheres na faixa dos 40 aos 50 anos foi especialmente marcante. Os pesquisadores observaram que a falta de sensibilidade interpessoal pode ser um fator fundamental a contribuir para os baixos níveis de sentimento de culpa dos homens. O sentimento de culpa não é um bom motivador. Muitos psicólogos acham que o sentimento de culpa pode nos levar à autocorreção depois de fazermos algo errado ou pensar que fizemos algo errado, quer seja comer uma fatia de bolo a mais ou cancelar planos com uma amiga no último minuto. Já foi demonstrado que o sentimento de culpa moderado pode deter maus comportamentos. Mas o sentimento de culpa exacerbado pode na realidade manter você atolada em padrões comportamentais negativos. Estudos demonstram que a culpa pode reduzir nossas reservas de força de vontade. "Sentir culpa é um jeito de tirar o corpo fora", Cara Paiuk escreveu num blog do Huffington Post. "Você sente culpa para que não precise assumir a responsabilidade. Em vez de tomar medidas concretas e resolver a situação, você opta por apenas se sentir 'culpada' por ela. Em vez de você superar o problema e avançar, o sentimento de culpa deixa-o viver no passado e evitar o presente." Portanto, na próxima vez em que mergulhar numa espiral de culpa, lembre-se: essa pode não ser a maneira mais eficaz de motivar-se a perder aqueles últimos dois quilos e meio, ser uma mãe melhor ou alcançar qualquer outra meta que seja importante para você.
Culpa e vergonha não são a mesma coisa, mas os dois sentimentos estão interligados.
Enquanto a vergonha está ligada ao eu, a culpa está mais relacionada aos outros, segundo o psicólogo Joseph Burgo. A culpa geralmente envolve sentir-se mal por um ato errado específico e o modo como ele pode ter afetado outras pessoas. A vergonha é o sentimento doloroso de que há algo de errado ou mau em você.
"A diferença entre vergonha e culpa é a diferença entre 'eu sou má' e 'eu fiz uma coisa má'", disse a Oprah Winfrey a autora de "Daring Greatly", Brené Brown, explicando que a vergonha é a emoção mais prejudicial das duas.
Mas os dois sentimentos frequentemente andam juntos, e o que eles têm em comum é que nos mantêm presos ao passado, refletindo sobre os erros que cometemos e sobre nossos defeitos, conforme os enxergamos. E, em excesso, nenhum desses dois sentimentos nos faz chegar mais perto de verdadeiramente aceitar e perdoar os erros que cometemos ou de mudar as coisas em nós mesmos que não nos agradam.
TEXTO ADAPTADO


LIDANDO SABIAMENTE COM O SENTIMENTO DE CULPA

O sentimento de culpa exerce um papel fundamental na vida das pessoas. É um sentimento inerente a cada ser humano que tem capacidade para discernir entre o certo e o errado. É um sinal de alerta que nos informa quando há algo de errado com nossa conduta.

Veja o passo a passo de como canalizar o sentimento de culpa para a busca da paz de consciência:

1. Reconheça seus erros
Muitas vezes estamos irritados e com uma sensação ruim – que pode se manifestar também fisicamente, através de dores no estômago e na cabeça, tensão muscular, etc. – e nem sempre a relacionamos a algo de errado que fizemos. Não conseguimos identificar tais sinais como sentimento de culpa. Acabamos tentando aliviar os sintomas – buscando uma distração ou um remédio para a dor – sem tentar identificar sua origem. Por isso, é importante fazer uma avaliação diária de nossos atos a fim de identificar a origem de tais sinais.

2. Reconheça os sinais dos erros cometidos
Neste caso, fazemos algo errado e começamos a nos sentir culpados. Essa culpa acaba se manifestando fisicamente. Apesar da consciência do erro, não relacionamos uma coisa à outra. Ou seja, reconhecemos nossos erros, mas não nos damos conta de que tais sensações são sinais dos erros cometidos.

3. Veja o sentimento de pesar com bons olhos
Claro que não devemos nos sentir bem por termos errado. No entanto precisamos reconhecer o sentimento de culpa como a mola propulsora para a correção do erro, em lugar de nos aprofundarmos em autocomiseração.

4. Responsabilize-se por seus atos
A culpa gera a vergonha e sofrimento. Devido a isso, é comum vermos pessoas isentando-se de culpa ou projetando-a em outras pessoas, em vez de responsabilizar-se por seus erros. Tais atitudes não a livram do sentimento de culpa. Ele pode se manifestar por meio da autocrítica, da tristeza, do pessimismo, da incapacidade de desfrutar os bons momentos, da dificuldade para se relacionar, da insatisfação pessoal em várias áreas.

5. Corra atrás do prejuízo
Depois de reconhecer seu erro, sentir pesar por tê-lo cometido e tomar a decisão de assumi-lo diante das pessoas que você prejudicou, é hora de tentar reverter a situação:
• Procure a pessoa que você prejudicou. Confesse seu erro e peça desculpas.

• Assuma o compromisso de corrigi-lo e aja. Por exemplo, se você mentiu sobre o caráter da pessoa, vá atrás das pessoas que ouviram a calúnia e desminta o fato. Ou se você desviou dinheiro da empresa em que trabalhava, combine a forma como vai devolver o dinheiro e cumpra o prometido. Faça a restituição sempre que possível.
6. Assuma um compromisso pessoal de evitar cometer o mesmo erro
Agora que você já sabe como é difícil ter de lidar com todo o processo para livrar-se do sentimento de culpa, fuja das ciladas. É preciso mudar o comportamento. Esforce-se para isso. Se desejar, peça ajuda das pessoas próximas ou, se necessário, de profissionais.
7. Perdoe-se e tente esquecer
Depois de todo o processo, você deverá se perdoar. “O autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo; é essencial para uma existência emocional tranquila. Nesse sentido é preciso buscar não reincidir no mesmo compromisso negativo, desapegando-se do remorso e criando formas positivas de comportamento, recobrando o bom humor e a alegria de viver”, afirma Suely. “Reviver o passado só é positivo quando se trata de analisar as experiências vividas, procurando se tornar um ser humano melhor”, conclui a escritora.
Erika Strassburger

TEXTO ADAPTADO https://familia.com.br/246/lidando-sabiamente-com-o-sentimento-de-culpa


Fonte: ESCOLA BEREANA- ADVEC

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