LIÇÃO 08: Culpa, a prisão da mente
2. A
Culpa.
Notemos as evidências
de uma consciência culpada:
1)
"Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam
nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino.
(Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5)
cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles
esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um
miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus. Notemos que a
nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios
emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores
sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma
auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do
domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi
interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre
a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta
miséria.
2) "E coseram
folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim como a nudez
física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar
cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir
sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas.
Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a
voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e
escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores
do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como
Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma
as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras
atividades.
Nossa vida é
ferida pelo pecado, sendo que essa maldição é anulada na regeneração (novo
nascimento). Porém, quando o homem pratica um pecado, a própria consciência o
acusa pulsando em culpa, por não terem se cumprido as expectativas de Deus.
Logo, a sensação que se tem é de “réu” diante do justo juiz, Deus (Rm 3.19).
I) A necessidade da justificação: condenação do homem É
primordial que o homem seja justificado (Jó 9.2), em virtude da distância que
tem de Deus (Is 59.2) por causa do pecado (Rm 3.23). Se não houver uma
justificação, a condenação eterna é iminente (Rm 6.23a).
II) A natureza da justificação: absolvição divina Justificar
é um termo judicial que significa absolver, declarar justo, pronunciar sentença
de aceitação (Gl 5.1). É o oposto da condenação, libera o perdão, redime
dívidas e cancela o castigo eterno, apesar de não livrar de algumas consequências
do pecado (Gl 6.7). Justificação é o estado permanente da aceitação de Deus (Rm
5.1). Isso inclui tanto o perdão dos pecados (Rm 4.7,8) e remoção da condenação
(Rm 8.1) quanto a adição da justiça divina (Rm 5.19)
III) O fundamento da justificação: justiça de Cristo Deus
não está sendo irresponsável absolvendo o pecador sem requerer nada em troca.
Na verdade o que Ele requer, Cristo já pagou (I Pd 2.24). É com base na
expiação que somos justificados (Rm 3.9). Deus nos aceita como justos por ter
imputado a justiça de Cristo em nós (I Pd 3.18). Imputar é levar a própria
conta as consequências dos atos de outro.
IV) A fonte da justificação: graça Sendo graça, ela nunca
incorre em dívida é favor não merecido (Rm 3.24). Graça significa a
manifestação do amor incondicional de Deus, o que o leva a amá-lo sem
condicioná-lo a interesses pessoais, devido aos riscos que Ele aceita ao
continuar acreditando no ser (Jo 1.16). É dom (Ef 2.8) e sendo um presente do
Senhor cabe somente recebê-lo (Rm 6.23b).
V) O meio da justificação: fé A fé é o instrumento que se
apropria da justiça de Cristo (Gl 2.16). Ela enxerga a necessidade do homem
pela justiça de Deus (Is 64.4); compreende que a essência dessa justificação é
divina (Rm 3.22); descansa no seu fundamento (Rm 5.18), e busca na fonte (Ef
1.6,7).
VI) Os efeitos da justificação: 1. Aplicação da justiça:
Devido à morte do velho Adão (natureza) há a ressurreição de um novo ser
regenerado (II Co 5.17). O Cristo por nós se torna Cristo em nós (Ef 4.24). E
suas características são comunicadas no nosso interior (Mt 5.6). 2. Libertação
do legalismo: O legalista (salvação pela prática da regra) se apóia na
autojustificação com base nos próprios feitos (Lc 18.11,12). Isso cria um
orgulho religioso que impede de se ver a si mesmo (Lc 18.9). 3. Esperança
escatológica: A justificação te desafia a pensar no amanhã, morte e eternidade
sem temê-las (Rm 8.33,35,38,39), porque traz ao presente o veredito do juízo
final: absolvido (Mt 25.23).
4. Anulação da culpa: A justificação tem o poder de calar a
consciência latejante em culpa (Hb 9.14), mesmo que haja, no âmbito espiritual
dessa mente, a acusação de si mesmo (I Jo 3.20), de Satanás (Ap 12.10) ou de
pessoas (Jo 8.10,11).
Bibliografia:
Pearman,
Myer. Conhecendo as doutrinas da bíblia.
Erickson,
Millard J. Introdução à teologia sistemática. Pr Sérgio Mascarenhas
O QUE É CULPA?
De acordo com o dicionário Michaelis, culpa vem do latim e
apresenta os seguintes significados: sf (lat culpa)
1 Ato repreensível ou
criminoso.
2 Responsabilidade por um ato ou omissão repreensíveis ou
criminosos: “Culpa é toda violação de um dever jurídico” (C. Beviláqua).
3
Consequência de se ter feito o que não se devia fazer.
4 Delito, crime.
5 Causa
de um mal.
6 Pecado.
Com estas definições do dicionário, vemos que a culpa está
mais relacionada com cometer um ato imoral ou ilegal. De certa forma, o dicionário
nos traz a ideia de que temos culpa a partir de atos errados, mal intencionados
ou juridicamente problemáticos. É a ideia de que alguém, quando comete um
assassinado, torna-se culpado (pelo assassinato).😓
No consultório de psicologia, vemos o sentimento de culpa de
uma forma um pouco diferente. É como se o paciente se sentisse culpado de algo
vago, indefinido, imperceptível ou esquecido do passado. Neste caso, a culpa é
muito mais um sentimento de inadequação, de equívoco, de lapso que foi um erro e
que continua atormentando a vida da pessoa.
Em muitos casos, o indivíduo que vem buscar ajuda do
profissional da psicologia, pensa saber da causa de sua culpa. Por exemplo,
pode imaginar que, quando criança, fez algo grave contra o irmão. Ora, esta
imagem pode ser apenas uma imaginação, uma fantasia. Se questionar os parentes,
se for a fundo na realidade da história, não frequentemente descobriremos que a
culpa é por algo inexistente, por um pensamento, por uma fantasia, ou seja, é
até certo ponto indiferente, o fato de o evento gerador da culpa ter acontecido
no passado longínquo ou não. O importante é que a culpa existe e devemos
possibilitar todo o processo de esvaimento desta culpa.
Como disse no começo do texto, culpa tem uma relação com
dívida. Interessante notar, por exemplo, que culpa possui relação com pecado (o
dicionário também mostra esta significação). Na oração “O Pai Nosso”, temos a
frase: “Perdoai as nossas ofensas”, cuja tradução correta seria “Perdoai as
nossas dívidas”. Dívidas não significa estar devendo dinheiro a outrem, mas
sim, relaciona-se intimamente com a culpa. Em latim, este trecho é claro: “Et
dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostri”. A
palavra debita vem de debito, quer dizer, dívida, no sentido de pecado, culpa.
Toda esta relação entre dívida e culpa pode parecer
estranha. Mas para muitas e muitas pessoas a relação é instantânea. A relação
que a pessoa tem com o dinheiro, o medo de não conseguir pagar as contas, de
ficar devendo, de ter que guardar (com avareza) para não correr este risco, ou
todos os pensamentos recorrentes das contas que vão vencer são exemplos de
sintomas clássicos da neurose obsessiva. E mesmo para pessoas que não poderiam
ser classificadas dentro deste quadro psicopatológico, a culpa pode aparecer
como um sintoma.
Desculpa e Alívio
Existem formas interessantes de lidar e superar a culpa. Eu
vou mencionar agora algumas e poderemos analisar de uma forma mais distanciada,
pois os exemplos que selecionei são ou de outras culturas ou exemplos das
religiões.
Acima citei a oração “Pai Nosso” e dentro do próprio
cristianismo podemos encontrar duas formas de lidar com a culpa. A primeira (e
muitas vezes ignorada por quem não conhecesse a teologia da própria religião)
vem da ideia de que Cristo expia as culpas de todos. Ou seja, o fiel encontra
em Cristo a solução de seus pecados. Outra forma que os cristãos encontraram
foi através da confissão. Ao confessarem seus pecados, a culpa é liberada, no
próprio ato da fala ou através de práticas como orações, jejuns ou outros.
Conclusão
A culpa, no modo como encontramos no consultório de
psicologia, é um sentimento muitas vezes vago de que um ato ou pensamento
aconteceu no passado e que não deveria ter acontecido. Outra forma, com o mesmo
processo, é o sentimento de que algo não foi feito. Como uma pressão e uma
cobrança do fato de algo ter ficado sem conclusão, sem término ou até nem ter
sido iniciado, quando o correto seria ter feito.
Para nos livrar da culpa, existem muitas práticas sociais e
religiosas. No texto, mostramos concepções do cristianismo e de um tribo
africana. Outra maneira, digamos, mais moderna, é a terapia com um profissional
da psicologia ou da psicanálise. Não digo, evidentemente, que seja uma forma
melhor.
É apenas uma outra forma de superarmos este sentimento
sempre tão incômodo. Se olharmos para a confissão, tal qual acontece no
cristianismo, veremos que há semelhanças na forma com a psicoterapia trabalha a
culpa. Claro que são práticas muito diferentes, dadas as origens, uma na
religião e outra na ciência da psicologia. Porém, o efeito que o senso comum
chama de desabafar é idêntico.
Nas outras duas formas citadas no texto, o processo de
expiação da culpa vem de fora. Em uma, vem do Cristo e na outra vem da
coletividade, da sociedade que procura recobrar a consciência do culpa, não o
culpando (como geralmente fazemos, trancafiando alguém em uma cela ou
condenando-o), mas sim mostrando que a pessoa – ainda que tenha cometido um
erro – possui em si a sua bondade original.
TEXTO ADAPTADO
Saiba como surge o sentimento de culpa e o que ele pode causar
Thaís Sabino
As cenas em que a mulher devora um pote de sorvete após
terminar o namoro ou em que o homem entra em um bar e sai de lá carregado depois de levar um fora não estão à toa
nos roteiros de cinema. Geralmente, os personagens se sentem culpados e buscam meios de fuga para aliviar o
sentimento. A culpa é vista como um arrependimento por uma atitude tomada. Segundo a psicóloga Olga Inês Tessari, ela
surge do anseio à perfeição. "Quanto melhor uma pessoa querer ser, menos ela admitirá erros", disse. Olga
afirma que a culpa está ligada ao contexto cultural em que "surgiu" a raça humana. Ela dá como exemplo a história religiosa de que
Eva comeu o fruto proibido e, por isso, todos pagam por culpa dela, quando na verdade o ser humano é imperfeito,
erra e não deveria se culpar.
Entretanto, o psicólogo e psicanalista Julio Cesar Walz
enxerga o sentimento de uma forma diferente. Segundo ele, a culpa é um "delírio de grandeza". Walz explica que
a culpa faz com que a pessoa acredite que pode controlar a vida e, quando algo sai de uma forma inesperada, este indivíduo
busca respostas para aquela situação e, então, acredita que algo que fez causou o acontecimento ruim. "A culpa
surge como uma forma de a pessoa tentar superar ou dissimular a sua insignificância pela condição de ser humano", disse
Walz. De acordo com psicólogo, a culpa é o cultivo e manutenção da sensação de que tudo depende da pessoa e é ocasionado por
ela. "A vida acontece de forma independente", concluiu.
O psicanalista e psiquiatra Paulo Sérgio Guedes acompanha
Walz na definição do sentimento de culpa. Segundo ele, o sentimento é a causa de uma série de problemas e não
consequência de algo feito. Eles acreditam que uma pessoa não se sente culpada porque fez algo e que esta é uma sensação
ilusória de poder, de autovalorização, para tentar superar a real condição de
insignificância do ser humano. No livro O Sentimento de Culpa , escrito pelos
psicanalistas, o sentimento é abordado como a não aceitação dos defeitos,
erros e falta de importância que tem cada indivíduo. "A pessoa não quer ir à academia, se sente mal por isso, mas é a culpa
que a coloca como importante e perfeita demais para não poder deixar de ter vontade de fazer exercícios naquele
dia", exemplifica Walz. "Este sentimento de grandeza nem faz a pessoa ir à academia, nem ficar em casa sossegada, ela fica
sofrendo remorso", explica.
De acordo com Guedes, o sentimento de culpa torna a pessoa
prisioneira de uma ideia fixa. "Ela deixa de ser quem é
para se tornar o crítico desta pessoa", explicou. A
motivação pode ser concreta ou imaginária, segundo ele. Os problemas
surgem quando o remorso é guardado. A culpa é a única causa
de doenças mentais de origem emocional, de acordo com
Julio Cesar Walz e Paulo Sérgio Guedes. "Trata-se de
uma dívida impagável", define Walz. As consequências de guardar o sentimento vão desde tratar mal os outros, viver
encontrando culpados para tudo, reclamar sempre; como depressão, alcoolismo,
vício em drogas e isolamento, segundo os profissionais entrevistados pelo Terra
.
Como lidar
Para o psiquiatra Paulo Sérgio Guedes, o primeiro passo para
enfrentar o problema é identificar o sentimento de grandeza. Depois, a pessoa deve saber que a vida não é
controlável e que o ser humano pode errar. Segundo ele, é preciso entender a diferença entre responsabilidade e culpa.
Culpa é o sentimento originado da ideia de que as coisas têm que acontecer como a pessoa quer, responsabilidade é
assumir que você é responsável por suas atitudes, explicou.
De acordo com a psicóloga Olga Inês Tessari, é preciso
aprender com o erro, para não cometê-lo de novo. "Depois de colocar a raiva para fora, aprende e entende que os erros
acontecem", aconselhou ela. Confira na galeria de fotos o que guardar o sentimento de culpa pode causar.
TEXTO ADAPTADO
Sentimento de culpa apesar do perdão dos pecados?
Escrito por: G. Gangsø | Publicado: terça-feira, 26 de Abril
de 2016
Você sempre tem sentimendo de culpa e uma consciência ruim,
apesar de ter recebido o perdão dos pecados?
O perdão dos pecados é um presente a nós homens, porque
Jesus nos resgatou com seu próprio sangue. Isso precisa ser recebido através da
fé.
E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os
seus corações pela fé.(Atos 15,9) Se o coração foi purificado, a consciência
também é purificada.
Isso acontece pela fé, não é algo que ganhamos com atos. Nós
recebemos se pedirmos por isso. Se for o caso de que causamos danos a outras
pessoas através de nossas ações, então também temos que ter a humildade de
pedir perdão a elas, pelos danos que lhe causamos. Isso é possível. O malfeitor
na cruz não tinha essa possibilidade, mas ele tinha o sentimento para isso, e
por isso Jesus abriu a ele o caminho para o paraíso. Jesus reconheceu o querer
como uma obra.
E também pode ser que somos atormentados pela consciência e
nos sentimos culpados, embora tenhamos recebido o perdão dos pecados. De onde
vem isso?
O diabo nos dá o sentimento de culpa
Nós temos um adversário, o diabo,que anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar;. (1. Pedro 5,8) Ele semeia dúvida em tudo o que
tem ligação com o reino de Deus. Ele é a serpente velha e o acusador de nossos
irmãos. Ele é um espírito atormentador, e embora se tem colocado as coisas em
ordem nunca é o suficiente. E pode se tornar muito difícil se temos uma
consciência fraca, como humanos. Lá temos uma exortação de Pedro: Ao qual
resisti firmes na fé! (1. Pedro 5,9) Não adianta apenas argumentar assim;
precisa ser simplesmente combatido brutalmente. A promessa diz que ele vai
fugir de nós, então. Se ele voltar, temos que rejeitar todas as suas acusações
renovado, e apontar para Jesus que deu a sua vida, e descontou todas as cartas
de culpa, que eram contrárias a nós. (Colossenses 2, 14)
A palavra de Deus como autoridade suprema
Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do
que o nosso coração, e conhece todas as coisas.. (1.João 3, 20) Nossos próprios
sentimentos e opiniões não devem ser a autoridade máxima na nossa vida, pois
eles são enganosos. Deus é maior e o que ele falou deve ser a nossa autoridade,
que direcionam e julgam nossos pensamentos e sentidos. Essa espada do Espírito,
a palavra de Deus, até do diabo se dá por vencido, e então vem a paz de Jesus e
o peso fica leve. No homem tem muita justiça própria que atrapalha o caminho da
fé. Mas a justiça de Deus é maior e nos temos que submeter a ela.
Uma decisão firme
Duvidar não leva a nada. Então nunca somos livres das
acusações do diabo. A decisão de servir a Deus precisa ser firme. Os crimes
precisam ser confessados a Deus (e as pessoas, quando necessário), e então
precisamos nos distanciar deles. (Provérbios 28,13) A miséria sobre o pecado,
fomenta o ódio contra o pecado e nos dá o escudo da fé, o qual necessitamos
para apagar todos os dados inflamáveis do maligno. (Efésios 6,16) Então
recebemos paz na luta e o maligno não nos toca. (1. João 5, 18)
TEXTO ADAPTADO
Culpa: saiba mais sobre este sentimento que está te colocando para baixo
The
Huffington Post | De Carolyn Gregoire
Sigmund Freud, o pai da psicologia moderna, era obcecado
pelo sentimento de culpa. Na visão psicológica dele, essa emoção dolorosa (uma
tensão entre o superego, ou consciência, e o ego) exercia um papel crítico no
surgimento da depressão e era um obstáculo poderoso à busca da felicidade.
"O preço que pagamos por nosso avanço na civilização é
a perda da felicidade com a intensificação do sentimento de culpa", Freud
escreveu em sua obra-prima sociológica de 1930 O Mal-Estar na Civilização,
argumentando que as sociedades modernas reforçam nosso sentimento interno de
culpa.
Nosso entendimento moderno do comportamento humano já
ultrapassou muitos elementos da teoria freudiana, mas a análise da culpa feita
por Freud continua a ser importante e é substanciada por pesquisas recentes.
Qualquer pessoa que já tenha sentido culpa - ou seja, todo o mundo - sabe que
esse sentimento pode causar muito sofrimento e impedi-lo de curtir a vida. O
sentimento de culpa pode ser útil e essencial, sem dúvida alguma; pode nos
levar a avaliar nossos pensamentos e ações, funcionando como sistema de freios
e equilíbrios morais. Mas quando ele toma conta de nós, qualquer passo em falso
pode desencadear dúvidas a seu próprio respeito, vergonha e até depressão.
Veja seis coisas que você precisa saber sobre o sentimento
de culpa, e como impedir que ele controle sua vida.
O sentimento de culpa pode (literalmente) ser uma carga
pesada.
De acordo com pesquisas recentes da Universidade de Waterloo
e da Universidade Princeton, um sentimento de culpa exacerbado pode realmente
ser acompanhado por sensação de peso aumentado.
Os pesquisadores quiseram
averiguar se existe alguma base factual nas noções populares sobre
"carregar uma culpa" e de que a culpa "pesa" sobre nossa
consciência. E o que descobriram foi fascinante. "Constatamos que a
lembrança de atos pessoais antiéticos cometidos levou os participantes a
relatar peso corporal subjetivo aumentado, em comparação com quando recordavam
atos éticos seus, atos antiéticos de outros ou não se recordavam de nada",
disse o pesquisador Martin Day, da Universidade Princeton. "Também
constatamos que esse senso de peso aumentado estava relacionado ao sentimento
de culpa maior dos participantes e não a outros sentimentos negativos, como
tristeza ou repulsa." Ele contribui para a depressão. Um estudo de
neuroimagiologia feito em 2012 constatou que as pessoas que estão ou estavam
com depressão apresentam reação de culpa aumentada. Para as pessoas que já
tiveram depressão, o sentimento de culpa está menos associado ao conhecimento
de comportamentos socialmente aceitáveis do que está no caso de indivíduos não
deprimidos. Ou seja, os indivíduos com depressão podem culpar-se excessivamente
de uma maneira que não é voltada à busca de soluções. "As tomografias e
outros exames revelaram que as pessoas com histórico de depressão não 'unem' às
regiões cerebrais associadas à culpa e ao conhecimento dos comportamentos
apropriados tão fortemente quanto fazem as pessoas do grupo de controle dos que
nunca tiveram depressão", disse Roland Zahn, da Universidade de
Manchester. "Isso pode refletir uma falta de acesso a informações sobre o
que foi inapropriado em seu comportamento
quando se sentiram culpadas, com isso estendendo o
sentimento de culpa a coisas pelas quais as pessoas não foram responsáveis,
sentindo-se culpadas por tudo." O sentimento de culpa pode ser a razão
pela qual você está procrastinando.
Muitos estudos já concluíram que o sentimento de culpa é um
fator chave na procrastinação. Sentimos culpa por alguma coisa que fizemos e
então hesitamos em iniciar uma tarefa nova, talvez por medo de cometer outro erro.
E o próprio fato de postergar o que deveríamos fazer nos faz ter sentimento de
culpa, que, por sua vez, muitas vezes enfraquece o sentimento agradável que
poderíamos ter tido por evitar a tarefa. Você precisa dar conta de uma tarefa,
finalmente? Pesquisas constataram que, quando você se perdoa por postergar,
pode na realidade impedir-se de fazer isso novamente no futuro. As mulheres
realmente tendem a sentir mais culpa. As pesquisas confirmaram o estereótipo
cultural segundo o qual as mulheres tendem a sentir mais culpa que os homens.
Um estudo espanhol de 2010 concluiu que as mulheres sentem culpa mais frequente
e mais intensamente que os homens e também que têm escores mais altos que os
homens nas medições de sensibilidade interpessoal. A diferença nos níveis de
sentimento de culpa entre homens e mulheres na faixa dos 40 aos 50 anos foi
especialmente marcante. Os pesquisadores observaram que a falta de
sensibilidade interpessoal pode ser um fator fundamental a contribuir para os
baixos níveis de sentimento de culpa dos homens. O sentimento de culpa não é um
bom motivador. Muitos psicólogos acham que o sentimento de culpa pode nos levar
à autocorreção depois de fazermos algo errado ou pensar que fizemos algo
errado, quer seja comer uma fatia de bolo a mais ou cancelar planos com uma
amiga no último minuto. Já foi demonstrado que o sentimento de culpa moderado
pode deter maus comportamentos. Mas o sentimento de culpa exacerbado pode na
realidade manter você atolada em padrões comportamentais negativos. Estudos
demonstram que a culpa pode reduzir nossas reservas de força de vontade.
"Sentir culpa é um jeito de tirar o corpo fora", Cara Paiuk escreveu
num blog do Huffington Post. "Você sente culpa para que não precise
assumir a responsabilidade. Em vez de tomar medidas concretas e resolver a
situação, você opta por apenas se sentir 'culpada' por ela. Em vez de você
superar o problema e avançar, o sentimento de culpa deixa-o viver no passado e
evitar o presente." Portanto, na próxima vez em que mergulhar numa espiral
de culpa, lembre-se: essa pode não ser a maneira mais eficaz de motivar-se a
perder aqueles últimos dois quilos e meio, ser uma mãe melhor ou alcançar
qualquer outra meta que seja importante para você.
Culpa e vergonha não são a mesma
coisa, mas os dois sentimentos estão interligados.
Enquanto a vergonha está ligada ao
eu, a culpa está mais relacionada aos outros, segundo o psicólogo Joseph Burgo.
A culpa geralmente envolve sentir-se mal por um ato errado específico e o modo
como ele pode ter afetado outras pessoas. A vergonha é o sentimento doloroso de
que há algo de errado ou mau em você.
"A diferença entre vergonha e culpa é a diferença entre
'eu sou má' e 'eu fiz uma coisa má'", disse a Oprah Winfrey a autora de
"Daring Greatly", Brené Brown, explicando que a vergonha é a emoção
mais prejudicial das duas.
Mas os dois sentimentos frequentemente andam juntos, e o que
eles têm em comum é que nos mantêm presos ao passado, refletindo sobre os erros
que cometemos e sobre nossos defeitos, conforme os enxergamos. E, em excesso,
nenhum desses dois sentimentos nos faz chegar mais perto de verdadeiramente
aceitar e perdoar os erros que cometemos ou de mudar as coisas em nós mesmos
que não nos agradam.
TEXTO ADAPTADO
LIDANDO SABIAMENTE COM O SENTIMENTO DE CULPA
O sentimento de culpa exerce um papel fundamental na vida
das pessoas. É um sentimento inerente a cada ser humano que tem capacidade para
discernir entre o certo e o errado. É um sinal de alerta que nos informa quando
há algo de errado com nossa conduta.
Veja o passo a passo de como canalizar o sentimento de culpa
para a busca da paz de consciência:
1. Reconheça seus erros
Muitas vezes estamos irritados e com uma sensação ruim – que
pode se manifestar também fisicamente, através de dores no estômago e na
cabeça, tensão muscular, etc. – e nem sempre a relacionamos a algo de errado
que fizemos. Não conseguimos identificar tais sinais como sentimento de culpa.
Acabamos tentando aliviar os sintomas – buscando uma distração ou um remédio
para a dor – sem tentar identificar sua origem. Por isso, é importante fazer
uma avaliação diária de nossos atos a fim de identificar a origem de tais
sinais.
2. Reconheça os sinais dos erros cometidos
Neste caso, fazemos algo errado e começamos a nos sentir
culpados. Essa culpa acaba se manifestando fisicamente. Apesar da consciência
do erro, não relacionamos uma coisa à outra. Ou seja, reconhecemos nossos
erros, mas não nos damos conta de que tais sensações são sinais dos erros
cometidos.
3. Veja o sentimento de pesar com bons olhos
Claro que não devemos nos sentir bem por termos errado. No
entanto precisamos reconhecer o sentimento de culpa como a mola propulsora para
a correção do erro, em lugar de nos aprofundarmos em autocomiseração.
4. Responsabilize-se por seus atos
A culpa gera a vergonha e sofrimento. Devido a isso, é comum
vermos pessoas isentando-se de culpa ou projetando-a em outras pessoas, em vez
de responsabilizar-se por seus erros. Tais atitudes não a livram do sentimento
de culpa. Ele pode se manifestar por meio da autocrítica, da tristeza, do
pessimismo, da incapacidade de desfrutar os bons momentos, da dificuldade para
se relacionar, da insatisfação pessoal em várias áreas.
5. Corra atrás do prejuízo
Depois de reconhecer seu erro, sentir pesar por tê-lo
cometido e tomar a decisão de assumi-lo diante das pessoas que você prejudicou,
é hora de tentar reverter a situação:
• Procure a pessoa que você prejudicou. Confesse seu erro e
peça desculpas.
• Assuma o compromisso de corrigi-lo e aja. Por exemplo, se
você mentiu sobre o caráter da pessoa, vá atrás das pessoas que ouviram a
calúnia e desminta o fato. Ou se você desviou dinheiro da empresa em que
trabalhava, combine a forma como vai devolver o dinheiro e cumpra o prometido.
Faça a restituição sempre que possível.
6. Assuma um compromisso pessoal de evitar cometer o mesmo
erro
Agora que você já sabe como é difícil ter de lidar com todo
o processo para livrar-se do sentimento de culpa, fuja das ciladas. É preciso
mudar o comportamento. Esforce-se para isso. Se desejar, peça ajuda das pessoas
próximas ou, se necessário, de profissionais.
7. Perdoe-se e tente esquecer
Depois de todo o processo, você deverá se perdoar. “O
autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio
emocional e o respeito por si mesmo; é essencial para uma existência emocional
tranquila. Nesse sentido é preciso buscar não reincidir no mesmo compromisso
negativo, desapegando-se do remorso e criando formas positivas de
comportamento, recobrando o bom humor e a alegria de viver”, afirma Suely.
“Reviver o passado só é positivo quando se trata de analisar as experiências
vividas, procurando se tornar um ser humano melhor”, conclui a escritora.
Erika Strassburger
TEXTO ADAPTADO
https://familia.com.br/246/lidando-sabiamente-com-o-sentimento-de-culpa
Fonte: ESCOLA BEREANA- ADVEC
Nenhum comentário:
Postar um comentário