terça-feira, 22 de setembro de 2015

LIÇÃO 13 A Manifestação da Graça da Salvação



 

Capítulo 13
A Manifestação da Graça da Salvação
A salvação, concedida ao homem perdido, é fruto da graça de Deus, por intermédio de Cristo Jesus, que veio ao mundo, como Deus que se fez homem, para redimir o homem. A graça de Deus é a mais extraordinária manifestação do seu amor para com o pecador. M as ele só pode usufruir os benefícios desse recurso divino se reconhecer o seu estado miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a aceitação de Cristo como seu Salvador. Embora haja vários significados para a palavra graça, a mais com um é ser considerada “favor imerecido de Deus” , visando à salvação do homem.
Essa graça de que fala o texto em apreço, que estende o favor divino ao pecador, é a “graça salvadora”, segundo a qual, Deus, o Soberano do universo, concede ao homem a oportunidade de reconciliar-se com Ele, mediante o sacrifício de Cristo, no Calvário. Essa graça salvífica é a origem desse favor divino, motivada pelo grande amor de Deus. Diz Paulo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (E f 2.8).
Em João 5. 24 Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” . Para ser salvo, o homem precisa dar ouvidos à Palavra de Deus. Não é apenas escutar, ou “ouvir dizer”; é necessário abrir o coração para a mensagem do evangelho. E indispensável que creia em Deus, “naquele que me enviou”, conforme ressaltou Jesus. Só assim pode ter a vida eterna. Esse é o evangelho de Jesus, segundo escreveu João. Som ente satisfazendo essas condições de ouvir e crer, e, mais ainda, obedecer, é que a pessoa pode ser beneficiada pela graça de Deus, pela graça salvadora, que só há em Cristo Jesus.
Na carta a Tito, Paulo declara, de modo enfático e solene: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Isso não quer dizer que a salvação a todos os homens é automá­tica e incondicional. De forma alguma. Mas que a salvação foi trazida, por intermédio de Cristo, como manifestação da graça de Deus, à disposição de todos os homens. Mas ela só pode ser efetiva e eficaz para aqueles homens que derem ouvidos à Palavra de Deus, arrependerem-se de seus pecados e ser converterem a Deus. Jesus iniciou seu ministério dizendo: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Sem arrependimento e fé, a graça de Deus não pode agir no coração do homem.

I - A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS

1. A Graça Comum
A Palavra de Deus nos mostra que há diversas manifestações da graça divina. E importante saber o sentido da palavra “graça” . Vem da palavra hebraica hessed, e do termo grego charis, cujo sentido m ais com um é o de favor imerecido que Deus concede ao homem, por seu amor, bondade e misericórdia; a partir dessa conceituação, podem os ver a “graça com um ” , pela qual Deus “dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25b). Mas a graça comum não opera a salvação do homem . E expressão da bondade divina sobre toda a criação de Deus.

2. A Graça Salvadora
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Ela ultrapassa o conceito e o sentido da “gra­ça comum ”, que é disponível para “todos os homens”, independentemente de crerem em Deus ou não. A “graça com um ” é manifestada pela “revelação natural”, pela natureza (SI 19.1ss). A graça salvadora também está à disposição de “todos os homens”, mas só é alcançada ou eficaz por aqueles que creem em Deus, e aceitam a Cristo Jesus como seu único e suficiente Salvador pessoal. E também chamada de “graça especial”, conhecida por meio da “revelação especial” de Deus, que é a sua santa Palavra.
Na carta a Tito, Paulo ressalta o valor da “graça de Deus”, no seu mais elevado e nobre aspecto, entendido como “graça salvadora” . Ela é de tamanha significação, que se pode desdobrar, para efeito de compreensão, em outros aspectos relativos à obra salvífica de Cristo Jesus, na 
redenção do homem.

1) Graça justificadora
A graça salvadora opera a justificação do pecador, diante da justi­ça de Deus. Para Myer Pearlman, “Justificação é um termo judicial, que nos faz lembrar um tribunal. O homem , culpado e condenado, perante Deus, é absolvido e declarado justo — isto é, justificado. [...] Deus é o juiz, e Cristo é o Advogado; o pecado é a transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa lei; o arrependimento é convicção; a aceitação traz perdão ou remissão dos pecados; o Espírito Santo testifica o perdão; a vida cristã é obediência e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça”.

2) Graça regeneradora

Myer Pearlman considera a regeneração com o um a “experiência subjetiva”, da qual resulta a adoção, que é um “privilégio objetivo”. Segundo esse teólogo, “a alma, morta em transgressões e ofensas, precisa dum a nova vida, sendo a mesma concedida por um ato divino de regeneração”. Uma vez nascida de novo, a pessoa passa a fazer parte da família de Deus: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (E f 2.19). Passa a ser “nova criatura”: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram ; eis que tudo se fez novo” (2 C o 5.17).
Pela regeneração, o homem é feito “nova criatura” (2 C o 5.17), e sua história passa a ser contada diante de Deus a partir de sua decisão de se tornar “filho de Deus”. Bergstén afirma que a regeneração, ou o novo nascimento, “significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por Deus, 1 Jo 5.18, para ser filho de Deus, Jo 1.12, e participante da natureza divina, 2 Pe 1.4”.3 H orton4 diz que “A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior [...] O Novo Testamento apresenta a figura do ser criado de novo (2 C o 5.17) e da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum é a de ‘nascer’ (gr. Gennaõ), ‘gerar’ ou ‘dar à luz’ (cf. Jo 3.3; 1 Pe 1.3)”. Essa gloriosa bênção é fruto da graça de Deus.

3) Graça santificadora

 A santificação é indispensável à salvação (Hb 12.14). A graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negar-se a si mesmo, para ter um a vida de santidade. A santificação é um processo espiritual, que tem início na conversão, e deve prosseguir por toda a vida do crente, até a morte, ou o seu encontro com Cristo, em sua vinda. É o estado vivencial daquele que é santo, que vive em santidade. A falta de santificação anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

3. Condições para Ser Salvo

“ [...] ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piam ente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.12,13). Essa palavra de Paulo está em perfeita harmonia com o ensino precioso de Cristo Jesus, em seus sermões: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si m esmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). É necessário o crente demonstrar arrependimento sincero, o que significa mudança radical em sua natureza, pensamentos, atitudes e práticas.
Para ser salvo, o crente precisa ter duas atitudes, opostas um a à outra. A primeira, é no sentido da negação ou da renúncia do próprio eu: “renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas” (Tt 2.12b; Lc 9.23); a segunda, é no sentido positivo, segundo o qual o salvo deve viver “neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.12c). Viver sobriamente é viver com a “simplicidade que há em Cristo” (2 C o 11.3). A vida de luxo e ostentação não combina com essa condição exemplificada por Jesus. A sobriedade deve fazer parte do cotidiano da vida do crente (1 Pe 1.13; 4.7; 5.8). Viver justamente é ter uma vida pautada pela prática da justiça fundamentada em Cristo Jesus. Não é a justiça do homem, que é falha e discriminatória.
A uns, a justiça humana é aplicada de um a forma; a outros, de outra forma, mesmo que as circunstâncias das transgressões sejam idênticas. Mas a justiça de Cristo, no crente, faz com que ele viva de maneira justa, em consonância com a Lei de Deus (SI 23.3; Pv 12.28). Viver piamente significa viver de acordo com a piedade (gr. eusebeia) cristã, é viver em santidade e respeito à Palavra de Deus, em santificação. Todo esse cuidado com o comportamento cristão não é sem finalidade, mas tem um propósito muito elevado, face à vinda de Cristo: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”.
Paulo doutrinou aos coríntios, acerca da salvação, demonstrando de forma consistente que, para ser salvo, é necessário permanecer no “caminho estreito” (M t 7.14), em obediência à vontade de Deus. “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal com o vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão” (1 C o 15.1,2). De propó­sito, destacam os o “se” , que indica condição indispensável para a salvação. Sem essa permanência e retenção dos ensinos de Cristo, a fé do crente é vã e morta (Tg 2.17). Somente valorizando a “graça salvadora” é que o crente pode fazer parte do povo de Deus. Paulo diz a Tito que Jesus “se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14; 1 Pe 2.9). E ordena que esse ensino, de caráter devocional e prático, deve ser repassado com muito cuidado e zelo à igreja local: “Fala disto, e exorta, e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze” (Tt 2.15). N os dias presentes, há muita pregação, muita prédica ou preleção, mas há pouca exortação com doutrina (2 T m 4.2).

II - A CONDUTA DO SALVO EM JESUS

1. Sujeição às Autoridades Legítimas

“Admoestamos a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1). Paulo tinha um a consciência muito viva quanto aos deveres cívicos e sociais a que os cristãos deveriam (e devem) submeter-se, desde que tal submissão não implique desobedecer à Lei de Deus. Nesta parte da carta a Tito, ele exorta a que ensine aos crentes que se sujeitem “aos principados e potestades”. E um a linguagem muito antiga ou arcaica, que pode ser mais bem expressada em termos mais recentes, na lingüística da tradução bíblica. O cristão sincero deve obedecer aos governantes e autoridades que cuidam da vida administrativa, social e política das nações. Ressalvando que essa obediência cívica não deve suplantar a obediência à cidadania cristã, ou à cidadania dos céus. Jesus m andou dar “a César o que é de César” e “a Deus o que é de Deus” (Mt 22.17- 21). O texto em apreço termina com a observação: “que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1 b). O u seja: que devemos obedecer às autoridades, no que concerne à prática de “toda boa obra”, e não de qualquer obra.

2. 0 Relacionamento Cristão

Após doutrinar sobre deveres sociais e cívicos, perante as autoridades, Paulo diz a Tito que ensine aos crentes a saberem comportar- -se no relacionamento humano: “[...] que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens” (3.2). Vejamos abaixo alguns comportamentos exigidos dos cristãos.

1) Não infamem a ninguém

 Infâmia é “crime contra a honra”, capitulado no Código Penal do Brasil e de países civilizados. E sinônimo de calúnia. No original grego, eqüivale a “blasfêmia” . E pecado muito grave infamar alguém, na igreja ou fora dela. E passível de sanção judicial ou condenação na justiça humana. Muito mais, na Lei de Deus. Normalmente, a infâmia é ditada com intenção maligna de prejudicar alguém. O cristão deve cultivar o fruto do Espírito da “benignidade”, que é a qualidade de quem só faz o bem (G1 5.22).

2) Não sejam contenciosos

Escrevendo a Timóteo, Paulo diz: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24). Contendas, nas igrejas, geralmente têm resultados muito prejudiciais. Isso não agrada a Deus.

3) Mostrem “mansidão para com todos os homens”

Em um mundo em que os prepotentes, autoritários e violentos são os que dominam , é difícil ser manso, sem sofrer conseqüências morais ou emocionais. Mas deve ser característica marcante do servo de Deus ser “manso e humilde de coração”, com o Jesus ensinou (Mt 11.29). Além de não ser interessante a contenda, no meio cristão, o crente precisa ser “manso para com todos, 
apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24b).

3. A Lavagem e a Renovação do Espírito Santo

 “Porque também nós éramos, noutro tempo, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3). Neste parágrafo da carta, Paulo traz à lembrança o que “nós éramos”, não apenas ele, Tito e os demais cristãos. E enumera várias qualidades ou adjetivos, e situações que eram próprias da velha vida de pecado, longe de Deus; ou do “velho homem ”, que foi crucificado com Cristo (Rm 6.6); que era corrompido “pelas concupiscências do engano” (E f 4-22; C l 3.9); esse “velho homem ”, ou velha criatura, possuía qualificações dissonantes com o “novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (E f 4.24). São seis características discriminadas por Paulo que caracterizam o homem no pecado:

1) insensatez
Refere-se à velha vida, plena de loucura, imprudência, leviandade e incoerência, que leva muitos à perdição eterna. Trata-se de condição de quem não é prudente para buscar a Deus, esperando a vinda de Jesus. Ele também falou sobre o homem “insensato”, que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26). E desastre espiritual inevitável.

2) Desobediência
Refere-se à desobediência a Deus e à sua Palavra. O velho homem, dominado pelo pecado, vive em aberta rebelião ou insubordinação contra Deus. E a desobediência é o pecado mais comum, a “mãe” de todos os pecados, cometidos pelo homem, em todos os tempos (Rm11.30), que são “filhos da desobediência” (E f 2.2; 5.6; C l 3.6ss).

3) Extravio
Sem Deus, sem a salvação em Cristo, o homem é um extraviado, como ovelha sem pastor (Mt 9.36). E uma situação difícil e por vezes desesperadora. Mas é feliz quem faz como o “filho pródigo”, que tom ou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido com amor e misericórdia (Lc 15.18-24).

 4) Servindo a “várias concupiscências e deleites”
Outra tradução fala de “paixões e prazeres”, que dominam a vida do homem sem Deus. O s deleites da carne impedem que o homem se converta a Deus de verdade, sufocado pelos “espinhos” da vida (Lc 8.14). As concupiscências da vida, ou os desejos exacerbados da carne, são impedimento para um a vida de santidade e fidelidade a Jesus (1 Pe 4.3; Jd 16). De modo geral, esse tipo de prática está relacionado aos pecados sexuais.




 5) “Vivendo em malícia e inveja”
 Malícia é sinônimo de maldade, perversidade, malignidade. Um cristão, nascido de novo, não pode andar com esse tipo de sentimento ou de prática em sua vinda íntima nem no relacionamento com os outros. A malícia não deve fazer parte da vida cristã (E f 4.31; C l 3.8). A inveja é outro sentimento indigno para um cristão sincero; é sentimento carnal, ou de influência diabólica, que faz com que um a pessoa sinta-se mal com o sucesso do outro. E sentimento destruidor não só da paz interior, mas que é devastador para a saúde física. E “a podridão dos ossos” (Pv 14.30).

6) Odiosos, odiando “uns aos outros”

Completando o quadro memorativo do que era o “velho homem ” , Paulo lembra a Tito que, no trato passado, “nós” éramos “odiosos” e odiávamos “uns aos outros” . Ódio é sinônimo de rancor, de raiva, interiorizado no coração ou na mente da pessoa. Quem odeia faz muito mais mal a si mesmo do que à pessoa ou ao objeto odiado. O ódio ou o rancor, internalizado e guardado no coração é devastador também da saúde mental e física. Além disso, perante Deus, aquele que odeia ou aborrece seu irmão não entra no céu, e é considerado criminoso (1 Jo 3.15). Toda essa lista negra de qualidades ruins foi mudada, na vida do salvo, quando teve o encontro com Cristo e experimentou a “lavagem da regeneração do Espírito Santo” (Tt 3.4-7).

 III - AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES

1. A Prática das Boas Obras
 “Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” (Tt 3.8). Mais uma vez, Paulo ressalta o valor das boas obras na vida do crente em Jesus. O cristão deve cultivar e demonstrar o fruto do Espírito em sua vida. As boas obras são sinal evidente de um a vida frutífera e produtiva na presença de Deus. “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda” (Jo15.16). Esse “fruto” é concretizado por meio do testemunho eloqüente de um a nova vida em Cristo. Materializa-se na prática de boas obras, na demonstração de atitudes e práticas que concorrem para a glória de Deus: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 C o 10.31).

2. Como Tratar com os Hereges

O s hereges ou os falsos mestres tinham oportunidade, tanto em Efeso com o em Creta e em outros lugares onde o cristianismo chegava com sua mensagem salvadora. Satanás logo procurava induzir pessoas que se convertiam ao erro, por intermédio de homens de m á índole, que procuravam perturbar a estabilidade das igrejas que iam sendo abertas em todos os lugares. Assim, da mesma forma que advertira quanto aos falsos ensinos na igreja de Efeso (2 Tm 2.23), Paulo chamou a atenção de Tito para o mesmo tipo de discussão estéril e prejudicial à fé genuína dos cretenses: “Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs” (Tt 3.9).
 Em uma exortação de apenas duas linhas de sua carta a Tito, Paulo resumiu a maneira como se deve tratar o herege, ou seja, aquele que, rejeitando a verdadeira fé, julga-se mais sábio e conhecedor do que os demais cristãos. Esses são arrogantes, presunçosos, e se acham “donos da verdade” . O apóstolo demonstra que é perda de tempo ficar discutindo ou argumentando com quem apóstata da fé e se afasta da sã doutrina de Cristo. Ele é incisivo e direto quanto ao trato com o herege: “A o homem herege, depois de um a e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.10,11). Basta admoestar um a ou duas vezes, e, depois, apenas orar para que Deus se apiede de sua arrogância doutrinária.

CONCLUSÃO

A graça de Deus, manifestada por meio de Cristo, é a mais alta expressão do seu amor, misericórdia e bondade para com o homem pecador. Depois da Queda, rompeu-se a ligação direta entre o homem e Deus. Mas, por intermédio de Cristo, foi reconstituída essa ligação, tornando-se Ele o mediador entre o ser criado e o seu Criador. Essa graça que é salvadora, santificadora e redentora está à disposição de todos os homens, pois “D o Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam ” (SI 24.1). Todos os seres humanos pertencem a Deus por direito de criação. M as para serem salvos, precisam tornar-se filhos de Deus, crendo nEle como seu Salvador (Jo 1.12).


 


TÓPICOS RETIRADOS DO LIVRO :

Conhecendo as Doutrinas da Bíblia    ( Myer Pearlman )

I.A natureza da salvação

O assunto desta secção será: Que é que constitui a salvação, ou "estado de graça"?

1. Três aspectos da salvação.

Há três aspectos da salvação, e cada qual se caracteriza por uma palavra que define ou ilustra cada aspecto:
(a) Justificação é um termo forense que nos faz lembrar um tribunal. O homem, culpado e condenado, perante Deus, é absolvido e declarado justo — isto é, justificado.

(b) Regeneração (a experiência subjetiva) e Adoção (o privilégio objetivo) sugerem uma cena familiar. A alma, morta em transgressões e ofensas, precisa duma nova vida, sendo esta concedida por um ato divino de regeneração. A pessoa, por conseguinte, torna-se herdeira de Deus e membro de sua família.

(c) A palavra santificação sugere uma cena do templo, pois essa palavra relaciona-se com o culto a Deus. Harmonizadas suas relações com a lei de Deus e tendo recebido uma nova vida, a pessoa, dessa hora em diante, dedica-se ao serviço de Deus. Comprado por elevado preço, já não é dono de si; não mais se afasta do templo (figurativamente falando), mas serve a Deus de dia e de noite. (Luc. 2:37.) Tal pessoa é santificada e por sua própria vontade entrega-se a Deus.
O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, foi adotado na família divina, e agora dedica-se a servi-lo. Em outras palavras, sua experiência da salvação, ou seu estado de graça, consiste em justificação, regeneração (e adoção), e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos justos; sendo regenerado, ele é filho de Deus; sendo santificado, ele é "santo" (literalmente uma pessoa santa).
São essas bênçãos simultâneas ou consecutivas? Existe, de fato, uma ordem lógica: o pecador harmoniza-se, primeiramente, perante a lei de Deus; sua vida é desordenada; precisa ser transformada. Ele vivia para o pecado e para o mundo e, portanto, precisa separar-se para uma nova vida, para servir a Deus. Ao mesmo tempo as três experiências são simultâneas no sentido de que, na prática, não se separam. Nós as separamos para poder estudá-las. As três constituem a plena salvação. À mudança exterior, ou legal, chamada justificação, segue-se a mudança subjetiva chamada regeneração, e esta , por sua vez, é seguida por dedicação ao serviço de Deus. Não concordamos em que a pessoa verdadeiramente justificada não seja regenerada; nem admitimos que a pessoa verdadeiramente regenerada não seja santificada (embora seja possível, na prática, uma pessoa salva, às vezes, violar a sua consagração). Não pode haver plena salvação \ sem essas três experiências, como não pode haver um triângulo sem três lados. Representam elas o tríplice fundamento sobre o qual se baseia subseqüente vida cristã. Começando com esses três princípios, progride a vida cristã em direção à perfeição.

Essa tríplice distinção regula a linguagem do Novo Testamento em seus mínimos detalhes. Ilustremos assim:
(a) Em relação à justificação: Deus é o Juiz, e Cristo é o Advogado; o pecado é a transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa lei; o arrependimento é convicção; aceitação traz perdão ou remissão dos pecados; o Espírito testifica do perdão; a vida cristã é obediência e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça.

(b) A salvação é também uma nova vida em Cristo. Em relação a essa nova vida, Deus é o Pai (Aquele que gera), Cristo é o Irmão mais velho e a vida; o pecado é obstinação, é a escolha da nossa própria vontade em lugar da vontade do Chefe da família; expiação é reconciliação; aceitação é adoção; renovação de vida é regeneração, é ser nascido de novo; a vida cristã significa a crucificação e mortificação da velha natureza, a qual se opõe ao aparecimento da nova natureza, e a perfeição dessa nova vida é o reflexo perfeito da imagem de Cristo, o unigênito Filho de Deus.

(c) A vida cristã é a vida dedicada ao culto e ao serviço de Deus, isto é, a vida santificada. Em relação a essa Vida santificada, Deus é o Santo; Cristo é o sumo sacerdote; o pecado é a impureza; o arrependimento é a consciência dessa impureza; a expiação é o sacrifício expiatório ou substitutivo; a vida cristã é a dedicação sobre o altar (Rom. 12:1); e a perfeição desse aspecto é a inteira separação do pecado; separação para Deus.
E essas três bênçãos da graça foram providas pela morte expiatória de Cristo, e as virtudes dessa morte são concedidas ao homem pelo Espírito Santo. Quanto à satisfação das reivindicações da lei, a expiação proveu o perdão e a justiça para o homem. Abolindo a barreira existente entre Deus e o homem, ela possibilitou a nossa vida regenerada. Como sacrifício pela purificação do pecado, seus benefícios são santificação e pureza.
Notemos que essas três bênçãos fluem da nossa união com Cristo. O crente é um com Cristo, em virtude de sua morte expiatória e em virtude do seu Espírito vivificante. Tornamo-nos justiça de Deus nele, (2 Cor. 5:21); por ele temos perdão dos pecados (Efés. 1:7); nele somos novas criaturas, nascidos de novo, com nova vida (2 Cor. 5:17); nele somos santificados (1Cor. 1:2), e ele é feito para nós santificação (1Cor. 1:30). Ele é "autor da salvação eterna".

 

 

V. A Segurança da Salvação

Temos estudado as preparações para a salvação e considerado a natureza desta. Nesta seção consideramos: É a Salvação final dos cristãos incondicional, ou poderá perder-se por causa do pecado?
A experiência prova a possibilidade duma queda temporária da graça, conhecida por "desviar-se". O  termo não se encontra no Novo Testamento, senão no Antigo Testamento. Uma palavra hebraica significa "voltar atrás" ou "virar-se"; outra palavra significa "volver-se" ou ser "rebelde". Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta para trás e se recusa a ser conduzido, e torna-se insubmisso ao jugo. Israel afastou-se de Jeová e obstinadamente se recusou a tomar sobre si o jugo de seus mandamentos.
O Novo Testamento nos admoesta contra tal atitude, porém usa outros termos. O desviado é a pessoa que outrora tinha o zelo de Deus, mas agora se tomou fria (Mat. 24:12); outrora obedecia à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e frutificação (Mat. 13:22); outrora pôs a mão ao arado, mas olhou para trás (Luc. 9:62); como a esposa de Ló, que havia sido resgatada da cidade da destruição, mas seu coração voltou para ali (Luc. 17:32); outrora estava em contacto vital com Cristo, mas agora está fora de contacto, e está seco, estéril e inútil espiritualmente (João 15:6); outrora obedecia à voz da consciência, mas agora jogou para longe de si essa bússola que o guiava, e, como resultado, sua embarcação de fé destroçou-se nas rochas do pecado e do mundanismo (1 Tim. 1:19); outrora alegrava-se em chamar-se cristão, mas agora se envergonha de confessar a seu Senhor (2 Tim. 1:8 ;2:12); outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora voltou como a "porca lavada ao espoja-douro de lama" (2 Ped. 2:22; vide Luc. 11:21-26).
É possível decair da graça; mas a questão é saber se a pessoa que era salva e teve esse lapso, pode finalmente perder-se. Aqueles que seguem o sistema de doutrina calvinista respondem negativamente; aqueles que seguem o sistema arminiano (chamado assim em razão de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a questão a debate) respondem afirmativamente.

1. Calvinismo.

A doutrina de João Calvino não foi criada por ele; foi ensinada por santo Agostinho, o grande teólogo do quarto século. Nem tampouco foi criada por Agostinho, que afirmava estar interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre graça.
A doutrina de Calvino é como segue: A salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver com sua salvação. Se ele, o homem, se arrepender, crer e for a Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus, não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente. Esse foi o ponto de partida de Calvino — a completa servidão da vontade do homem ao mal. A salvação, por conseguinte, não pode ser outra coisa senão a execução dum decreto divino que fixa sua extensão e suas condições.
Naturalmente surge esta pergunta: Se a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela, e está desamparado, amenos que o Espírito de Deus opere nele, então, por que Deus não salva a todos os homens, posto que todos estão perdidos e desamparados? A resposta de Calvino era: Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. "A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um e de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; mas a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros." Ao agir dessa maneira Deus não é injusto, pois ele não é obrigado a salvar a ninguém; a responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão foi sua própria falta, e o homem sempre é responsável por seus pecados.
Posto que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo morreu unicamente pelos "eleitos"; a expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu se perdessem.
Dessa doutrina da predestinação segue-se o ensino de "uma vez salvo sempre salvo"; porque se Deus predestinou um homem para a salvação, e unicamente pode ser salvo e guardado pela graça de Deus, que é irresistível, então, nunca pode perder-se.
Os defensores da doutrina da "segurança eterna" apresentam as seguintes referências para sustentar sua posição: João 10:28,29: Rom. 11:29; Fil. 1:6; 1 Ped. 1:5; Rom. 8:35; João 17:6.

2. Arminianismo.

O ensino arminiano é como segue: A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos. (1 Tim. 2:4-6; Heb. 2:9; 2 Cor. 5:14; Tito 2:11,12.) Com essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.
As Escrituras certamente ensinam uma predestinação, mas não que Deus predestina alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina " a todos os que querem" a serem salvos — e esse plano é bastante amplo para incluir a todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade tem sido explicada da seguinte maneira: na parte de fora da porta da salvação lemos as palavras: "quem quiser pode vir"; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: "eleitos segundo a presciência de Deus". Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvos, e predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o fixou.
A doutrina da predestinação é mencionada, não com propósito especulativo, e, sim, com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério, ele sabia que o profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para encorajá-lo, o Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e o havia chamado antes de nascer (Jer. 1:5). Com efeito, o Senhor disse: "Já sei o que está adiante de ti, mas também sei que posso te dar graça suficiente para enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória." Quando o Novo Testamento descreve os cristãos como objetos da presciência de Deus, seu propósito é dar-nos certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades que surgirão à nossa frente, e que ele pode nos guardar e nos guardará de cair.

3. Uma comparação.

A salvação é condicional ou incondicional? Uma vez salva, a pessoa é salva eternamente? A resposta dependerá da maneira em que podemos responder às seguintes perguntas-chave: De quem depende a salvação? É irresistível a graça?
1) De quem depende, em última análise, a salvação: de Deus ou do homem? Certamente deve depender de Deus, porque, quem poderia ser salvo se a salvação dependesse da força da própria pessoa? Podemos estar seguros disto: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos, uma vez que sinceramente desejamos fazer a sua vontade. Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar.
Contudo, não haverá um sentido em que a salvação dependa do homem? As Escrituras ensinam constantemente que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse poder.
2) Pode-se resistir à graça de Deus? Um dos princípios fundamentais do Calvinismo é que a graça de Deus e irresistível. Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito atrai, e essa atração não pode ser resistida. Portanto, um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até ao fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com ele. Ilustrando a teoria calvinista diríamos: é como se alguém estivesse a bordo dum navio, e levasse um tombo; contudo está a bordo ainda; não caiu ao mar.
Mas o Novo Testamento ensina, sim, que é possível resistir à graça divina e resistir para a perdição eterna (João 6:40; Heb. 6:46; 10:26-30; 2 Ped. 2:21; Heb. 2:3; 2 Ped. 1:10), e que a perseverança é condicional dependendo de manter-se em contacto com Deus.
Note-se especialmente Heb. 6:4-6 e 10:26-29. Essas palavras foram dirigidas a cristãos; as epístolas de Paulo não foram dirigidas aos não-regenerados. Aqueles aos quais foram dirigidas são descritos como havendo sido uma vez iluminados, havendo provado o dom celestial, participantes do Espírito Santo, havendo provado a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Essas palavras certamente descrevem pessoas regeneradas.
Aqueles aos quais foram dirigidas essas palavras eram critãos hebreus, que, desanimados e perseguidos (10:32-39), estavam tentados a voltar ao Judaísmo. Antes de serem novamente recebidos na sinagoga, requeria-se deles que, publicamente, fizessem as seguintes declarações (10:29): que Jesus não era o Filho de Deus; que seu sangue havia sido derramado justamente como o dum malfeitor comum; e que seus milagres foram operados pelo poder do maligno. Tudo isso está implícito em Heb. 10:29. (Que tal repúdio da fé podia haver sido exigido, é ilustrado pelo caso dum cristão hebreu na Alemanha, que desejava voltar à sinagoga, mas foi recusado porque desejava conservar algumas verdades do Novo Testamento.) Antes de sua conversão havia pertencido à nação que crucificou a Cristo; voltar à sinagoga seria de novo crucificar o Filho de Deus e expô-lo ao vitupério; seria o terrível pecado da apostasia (Heb. 6:6); seria como o pecado imperdoável para o qual não há remissão, porque a pessoa que está endurecida a ponto de cometê-lo não pode ser "renovada para arrependimento"; seria digna dum castigo mais terrível do que a morte (10:28); e significaria incorrer na vingança do Deus vivo (10:30, 31).
Não se declara que alguém houvesse ido até esse ponto; de fato , o autor está persuadido de "coisas melhores" (6:9). Contudo, se o terrível pecado da apostasia da parte de pessoas salvas não fosse ao menos remotamente possível, todas essas admoestações careceriam de qualquer fundamento.
Leia-se 1 Cor. 10:1-12. Os coríntios se haviam jactado de sua liberdade cristã e da possessão dos dons espirituais. Entretanto, muitos estavam vivendo num nível muito pobre de espiritualidade. Evidentemente eles estavam confiando em sua "posição" e privilégios no Evangelho. Mas Paulo os adverte de que os privilégios podem perder-se pelo pecado, e cita os exemplos dos israelitas. Estes foram libertados duma maneira sobrenatural da terra do Egito, por intermédio de Moisés, e, como resultado, o aceitaram como seu chefe durante a jornada para a Terra da Promissão. A passagem pelo Mar Vermelho foi um sinal de sua dedicação à direção de Moisés. Cobrindo-os estava a nuvem, o símbolo sobrenatural da presença de Deus que os guiava. Depois de salvá-los do Egito, Deus os sustentou, dando-lhes, de maneira sobrenatural, o que comer e beber. Tudo isso significava que os israelitas estavam em graça, isto é: no favor e na comunhão com Deus.
Mas "uma vez em graça sempre em graça" não foi verdade no caso dos israelitas, pois a rota de sua jornada ficou assinalada com as sepulturas dos que foram destruídos em conseqüência de suas murmurações, rebelião e idolatria. O pecado interrompeu sua comunhão com Deus, e, como resultado, caíram da graça. Paulo declara que esses eventos foram registrados na Bíblia para advertir os cristãos quanto à possibilidade de perder os mais sublimes privilégios por meio do pecado deliberado.

4. Equilíbrio escriturístico.

As respectivas posições fundamentais, tanto do Calvinismo como do Arminianismo, são ensinadas nas Escrituras. O Calvinismo exalta a graça de Deus como a única fonte de salvação — e assim o faz a Bíblia; o Arminianismo acentua a livre vontade e responsabilidade do homem — e assim o faz a Bíblia. A solução prática consiste em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista, e em evitar colocar uma idéia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas bíblicas são colocadas em posição antagônica, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada à soberania e à graça de Deus na salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude nada têm a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação contra o Calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são: a ilegalidade e o legalismo.
Quando Carlos Finney ministrava em uma comunidade onde a graça de Deus havia recebido excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade do homem. Quando dirigia trabalhos em localidades onde a responsabilidade humana e as obras haviam sido fortemente defendidas, ele acentuava a graça de Deus. Quando deixamos os mistérios da predestinação e nos damos à obra prática de salvar as almas, não temos dificuldades com o assunto. João Wesley era arminiano e George Whitefield calvinista. Entretanto, ambos conduziram milhares de almas a Cristo.
Pregadores piedosos calvinistas, do tipo de Carlos Spurgeon e Carlos Finney, têm pregado a perseverança dos santos de tal modo a evitar a negligência. Eles tiveram muito cuidado de ensinar que o verdadeiro filho de Deus certamente perseveraria até ao fim, mas acentuaram que se não perseverassem, poriam em dúvida o fato do seu novo nascimento. Se a pessoa não procurasse andar na santidade, dizia Calvino, bem faria em duvidar de sua eleição.
É inevitável defrontarmo-nos com mistérios quando nos propomos tratar as poderosas verdades da presciência de Deus e a livre vontade do homem; mas se guardamos as exortações práticas das Escrituras, e nos dedicamos a cumprir os deveres específicos que se nos ordenam, não erraremos. "As coisas encobertas são para o Senhor Deus, porém as reveladas são para nós" (Deut. 29:29).
Para concluir, podemos sugerir que não é prudente insistir falando indevidamente dos perigos da vida cristã. Maior ênfase deve ser dada aos meios de segurança — o poder de Cristo como Salvador; a fidelidade do Espírito Santo que habita em nós, a certeza das divinas promessas, e a eficácia infalível da oração. O Novo Testamento ensina uma verdadeira "segurança eterna", assegurando-nos que, a despeito da debilidade, das imperfeições, obstáculos ou dificuldades exteriores, o cristão pode estar seguro e ser vencedor em Cristo. Ele pode dizer com o apóstolo Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rom. 8:35-39).




Romanos 8 : 35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
... E, então , ele continua dizendo, “ O que nos separará do amor de Cristo ? ...
...  E então ele diz, . Em...  “todas essas coisas mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” O que eu acho que “mais do que vencedores” significa para sua alegria é que :  - um VENCEDOR tem seus inimigos caídos submissos aos seus pés. Você tem ANGÚSTIA, FOME, NUDEZ, PERIGO,ESPADA PERSEGUIÇÃO, E LÁ ESTÃO ELAS, DERROTADAS AOS MEUS PÉS. MAIS DO QUE VENCEDORES SIGNIFICA QUE ELAS  NÃO ESTÃO APENAS AOS MEUS PÉS. Elas estão me SERVINDO. Elas não estão apenas em cadeias numa prisão. ELAS ESTÃO ME SERVINDO.
Minha perseguição , minha fome , minha nudez , minha perda – cheias de dor e lágrimas como elas são – SÃO MINHAS SERVAS. Deus opera todas elas para o meu bem. Agora, esse BEM que ela opera nelas e através delas é o FUNDAMENTO de minha alegria. Não são as circunstancias. Há abundancia de lágrimas. Jesus era um “ homem de dores e experimentado nos trabalhos.” Paulo diz, “ contristados , mas sempre alegres.” Eu acho que Paulo estava sempre  chorando  e sempre alegre. Como  poderia ele não estar chorando? Ele  estava tão espancado. As suas costas deviam se parecer com um pedaço de geleia na maior parte do tempo, Porque ele recebeu essas “ cinco vezes trinta e nove chicotadas” ( 2 Co 11.24) nas suas costas, que cicatrizaram em todos os tipos de formas retorcidas.Então esse homem viveu com um espinho na sua carne, provavelmente m suas costas, em seus olhos, em sua mente. E ele tinha inimigos ao redor dele. E ele disse: “ REGOZIJAI-VOS sempre no Senhor; outra vez digo, REGOZIJAI-VOS (Fp 4;4) . Então, sim, Deus quer  você feliz. Mas ele não faz isso com a  circunstancia. Ele faz isso CONSIGO mesmo. Ele faz isso com o EVANGELHO. E Ele faz isso DENTRO e ATRAVÉS das circunstancias. Esse é um chamado a Fé – UMA ENORME FÉ - em que Deus é bom, Deus é POR NÓS, e  Deus está usando todas essas coisa para nossa profunda alegria agora e nossa perfeita, imaculada felicidade para sempre na era por vir.          
por ( desiringGod))

 

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