segunda-feira, 23 de junho de 2025

CPAD : E o Verbo se fez carne — Lição 13: Renovação da esperança

 

TEXTO ÁUREO

E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!

(Jo 20.26).

VERDADE PRÁTICA

A Ressurreição de Cristo representa o ápice da esperança cristã.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

João 20.19,20,24-31.

19 — Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!

20 — E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.

24 — Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

25 — Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.

26 — E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!

27 — Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.

28 — Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

29 — Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!

30 — Jesus, pois, operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.

31 — Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

PLANO DE AULA

 

 

1. INTRODUÇÃO

A aparição de Jesus perante os discípulos transformou um instante de medo e incerteza em uma renovação da fé e felicidade. Com base nessa afirmação, o primeiro tópico aborda a primeira aparição de Jesus após a ressurreição, evidenciando sua presença viva e triunfante. O segundo destaca o impacto dessa revelação, que trouxe esperança e um profundo sentido de alegria. Por fim, o terceiro tópico explora a forma como Jesus fortaleceu a fé dos discípulos, especialmente a de Tomé, demonstrando que a fé nEle está alicerçada em provas concretas.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição: I) Analisar a importância da Ressurreição de Jesus como prova de sua vitória sobre a morte; II) Reconhecer como a presença de Jesus transforma tristeza e medo em esperança e alegria; III) Fortalecer a convicção de que a fé em Jesus é fundamentada em sua Ressurreição e em suas promessas eternas.

B) Motivação: Assim como os discípulos enfrentaram dúvidas, medos e incertezas, também enfrentamos desafios semelhantes em nossa jornada de fé. A aparição de Jesus após a ressurreição renovou a esperança, trouxe alegria e fortaleceu a convicção dos discípulos, mesmo em momentos de fraqueza. Essa mesma presença viva de Cristo pode transformar nossas vidas hoje, trazendo esperança renovada e fé inabalável.

C) Sugestão de Método: Comece a aula lendo em voz alta a Leitura Bíblica em Classe, enfatizando expressões que refletem “medo”, “alegria”, “dúvida” e “fé”. Aborde cada tema da lição de maneira sequencial, utilizando recursos visuais como um quadro ou slides para demonstrar como a aparição de Jesus revitalizou a esperança dos discípulos. Durante a apresentação, faça perguntas direcionadas aos alunos, como: “Que lições podemos retirar sobre a paz que Jesus oferece?” ou “Qual é o significado da resposta de Tomé para a fé cristã?”. Para encerrar a aula, desafie os alunos a reconhecer áreas nas suas vidas onde precisam renovar a esperança e confiar plenamente em Cristo.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: Conforme a Leitura Bíblica em Classe desta lição, podemos contemplar de que maneira a presença de Cristo pode revitalizar a nossa esperança nos dias de hoje, tal como aconteceu com os discípulos.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 101, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Paz seja Convosco”, localizado após o segundo tópico, contextualiza João 20.20; 2) No final do terceiro tópico, o texto “Senhor meu, e Deus meu!” traz uma reflexão significativa a respeito da bela afirmação de Tomé.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Chegamos à última lição deste trimestre. A palavra que a define é esperança. A ressurreição do nosso Senhor simboliza o ponto culminante da esperança cristã. Por meio dela, conseguimos reforçar a nossa fé em Cristo, promover a alegria em vez da tristeza, afastar o medo e acolher a mensagem destemida do Evangelho. Nesta lição, somos convidados a renovar a nossa esperança.

Palavra-Chave:

ESPERANÇA

AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

PAZ SEJA CONVOSCO!

 “As palavras de Jesus, ao entrar, foram: Paz seja convosco!, uma saudação hebraica normal. Mas neste contexto (21,26), e à luz da promessa de 14.27, parece ser um lembrete da ‘sua paz como um presente de despedida para os seus discípulos’. Também é um lembrete, como diz Strachan, de que ‘esta paz não está em conflito com as dificuldades da vida, mas é a paz alcançada através da luta contra um mundo hostil, e da vitória contra este’.

Como testemunhos da intensidade da batalha e da certeza da vitória, Ele lhes mostrou as mãos e o lado (20). Tendo ouvido a saudação de Jesus, e visto as evidências da sua ressurreição, os discípulos se alegraram (‘se encheram de alegria’, Weymouth)” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.164)

AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

SENHOR MEU, E DEUS MEU!

 “Tomé deve ter ficado chocado por ver que o seu Senhor ressuscitado tinha estado presente (14.23,28), embora não pudesse ser visto nem por eles, nem pelos demais, naquela ocasião específica (cf. 2.25). Não há nenhuma indicação de que Tomé tenha aplicado os testes que havia exigido. Ao contrário, a fé foi ativada, e Tomé exclamou: Senhor meu, e Deus meu! (28). ‘A ideia central com que se iniciou o Evangelho (1.1) ocorre novamente no seu final: para o cristão fiel, Cristo é o próprio Deus’. Westcott afirma que ‘as palavras, sem dúvida, são dirigidas a Cristo e são uma confissão de sua pessoa... as palavras que se seguiram mostraram que o Senhor aceitou a declaração da sua divindade, como uma verdadeira expressão de fé’” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.165).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

 RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA

Chegamos ao final de mais um trimestre e rogamos a Deus que as ricas bênçãos continuem a se derramar sobre seu ministério. Neste trimestre, sua classe aprendeu lições preciosas acerca do Evangelho de João e, para finalizarmos, nesta última lição veremos que a esperança do crente é renovada a partir da ressurreição de Cristo. A fé e a esperança dos discípulos foram renovadas quando Jesus lhes apareceu estando todos reunidos com as portas fechadas (Jo 20.9).

   Como sabemos pelas narrativas dos Evangelhos, os discípulos estavam arrasados em decorrência da morte prematura de Jesus. Por um momento, perderam a esperança na manifestação do reino messiânico, bem como na restauração de Israel enquanto nação. Mas não somente isso: perderam também a esperança nas promessas proferidas pelo próprio Mestre, de quem aprenderam preciosas lições e na companhia de quem testemunharam grandes maravilhas. Seria este o triste final da manifestação do Filho de Deus ao mundo? O relato de João nos mostra que a história teve um desfecho completamente diferente do que os discípulos imaginavam. O mesmo Cristo que havia sido ultrajado estava agora vivo diante deles (Jo 20.10-18).

  O Comentário Devocional da Bíblia (CPAD) afirma: “A primeira reação à descoberta de que o sepulcro de Jesus estava vazio foi de pânico. Alguém devia ter roubado o corpo! João, o ‘outro discípulo’, viu os panos em que Jesus fora envolvido sobre uma laje de pedra e supôs que o corpo de Jesus ainda estava lá. Pedro inclinou-se, entrou e descobriu que os lençóis de linho que envolviam o corpo de Cristo estavam vazios! Não havia nenhum corpo dentro! João entrou e viu os lençóis e os lenço que tinha estado sobre a cabeça de Jesus. A prova era indiscutível. Os dois não entenderam, mas sabiam. Jesus ressuscitara dos mortos. Não existe nenhum acontecimento na história antiga que tenha sido mias documentado do que a morte e ressurreição de Jesus. A prova é indiscutível. As pessoas não têm de entender. Mas qualquer exame cuidadoso do testemunho obriga à crença de que Jesus realmente ressuscitou” (2012, p.709).

  Ao testemunharem que Jesus havia ressuscitado, João e Pedro rapidamente foram ao encontro dos demais discípulos para confirmar as palavras de Maria Madalena: Jesus ressuscitou! (Jo 20.1-9). Não era mais só o testemunho dela; eles mesmos contemplaram que a ressurreição era real. Não é só o que lemos ou cremos, mas a experiência com o Espírito Santo nos testifica que nossa esperança no Cristo ressuscitado não é debalde (At 1.8). Ele renova a fé e fortalece por Sua graça até o fim.

CONCLUSÃO

Durante este trimestre, exploramos ensinamentos valiosos que nos ajudam a entender melhor a divindade de Jesus. O nosso Senhor é eterno; é diferente do Pai, mas igual a Ele; é Deus em sua essência; o Criador de tudo; e, por conseguinte, a fonte de toda salvação e vida espiritual. Este foi um dos propósitos que o evangelista redigiu seu Evangelho: para que possais crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, ao crerdes, tenhais vida em seu nome (Jo 20.31).

   CPAD : E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

   Comentarista: Elienai Cabral

    Lição 13: Renovação da esperança

 


Capítulo 13

Jesus Renova a Esperança dos Discípulos

"Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele."

1 Tessalonicenses 4.14

João 20.19-31

19- Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discipulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pós-se no meio, e disse -thes: Paz seja convosco!

20- E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discipulos se alegraram, vendo o Senhor,

21- Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu τοις επετο ατός

22- E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-thes: Recebei Espirito Santo

23- Aqueles a quem perdoardes as pecades, thes são perdoa-dos, e, aqueles a quem os retiverdes, thes são retidos.

24- Ora, Tomé, um dos doze, chamado Didimo, não estava com eles quando veio Jesus.

25-Disseram-lhe, pois, os outros discipulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-Lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma e crerei.

26- E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discipulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meia, e disse: Paz, seja convosco!

27- Depois, disse a Tomé: Pse aqui o teu dedo e vë as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lados não sejas incré-dula, mas crente.

28- Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

29-Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!

30- Jesus, pois, operou também, em presença de seus discipulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.

31- Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

   Introdução

A

pós a ressurreição, Jesus apareceu a seus discípulos várias A vezes. Entretanto, a sua residência não era mais terrena, porque Ele não estava mais restrito como "nos dias de sua carne" (Hb 5.7) porque já estava glorificado, em corpo celestial.

Na primeira aparição de Jesus como ressurreto, Ele apareceu a apenas uma mulher, Maria Madalena (Jo 20.14), sua discipula fiel, juntamente com os demais apóstolos.

  Na segunda aparição ressurreto, Jesus foi visto por seus seguidores, homens e mulheres, e o cenário é outro. O sepulcro continua vazio e, agora, os discipulos ainda assustados se escondiam dos olhos do povo, mas esses homens e mulheres, onde todos estavam reunidos, com portas e janelas fechadas, não esperavam qualquer surpresa. Eles estavam em uma casa de algum conhecido na periferia popular da cidade de Jerusalém. Todos os discípulos estavam em expectativa e dominados pelo medo de se exporem fora daquela casa. Já era tarde daquele primeiro dia da semana quando Maria Madalena levou aos discípulos a mensagem de que teria visto e falado com Jesus ressurreto. Mas eles estavam céticos de que Maria Madalena tivesse falado e visto Jesus vivo.      Talvez imaginassem que Maria Madalena tivesse alguma alucinação, porque em suas mentes, aquele grupo de homens e mulheres ainda estava dominado pelo medo dos judeus e sentiam-se desamparados. A verdade é que os discipulos haviam fugido para suas casas por ocasião da prisão de Jesus, ficando apenas, de longe, Pedro e João Jo 16.32; 18.8; 19.27). Dois daqueles discípulos, Pedro e João, foram ao local do sepulcro e constataram que estava vazio e viram apenas "o lenço" que haviam colocado sobre a sua cabeça e "os lençóis". Vendo esses objetos enrolados e colocados à parte, voltaram para as suas casas (Jo 20.6-8).

  Oito dias mais tarde, depois de terem recebido o Espírito Santo, todos os discípulos estavam escondidos com portas trancadas em um cenáculo alugado. Quando Jesus voltou a aparecer entre eles, por três vezes, lhes disse: Paz seja convosco! (Jo 20.19,21,26).

  I - Ocasiões nas quais Jesus se Manifestou entre os Discípulos

  1. Dez registros de suas aparições aos discípulos

  Durante os 40 dias entre a sua ressurreição e a sua ascensão ao Pai, temos registradas pelo menos dez ocasiões em que Jesus apareceu a seus discípulos. Suas aparições aconteceram primeiro a Maria Madalena junto ao túmulo vazio (Jo 20.11-18); depois, às mulheres que voltavam da sepultura para anunciar aos discipulos que Cristo não estava no sepulcro (Mt 28.8-10); em seguida, a Pedro (Lc 24.34; 1 Co 15.5); aos discípulos que foram pelo caminho de Emaús ao anoitecer (Me 16.12; Lc 24.13-32); aos discípulos reunidos em uma casa em Jerusalém, quando Tomé estava ausente (Mc 16.14; Lc 24.36-43; Jo 20.19-25); depois com Tomé presente (Jo 20.26-31; 1 Co 15.5); também, a sete discípulos junto ao mar da Galileia (Jo 21); aos apóstolos e mais de 500 seguidores de Jesus (Mt 28.16-20; Mc 16.15-18; 1 Co 15.6); e, finalmente, a Tiago, meio-irmão de Jesus (1 Co 15.7), que fora um dos mais reticentes a aceitar a divindade de Jesus. Por último, Jesus apareceu aos discípulos no monte das Oliveiras quando se despediu e foi gloriosamente elevado às alturas ao encontro do Pai (Mc 16.19-20; Lc 24.44-53; At 1.3-12). Todas essas aparições de Jesus até a sua ascensão aos céus revelam e confirmam que Cristo, de fato, ressuscitou. No texto de João 20.22-23, está registrada não apenas a sua aparição aos discípulos, mas quando Ele soprou sobre eles o Espírito Santo e lhes disse: "Recebei o Espírito Santo" (v. 22).

   2. Duas preciosas lições para o cristianismo

   A primeira lição é o fato de que a ressurreição de Cristo se constitui no ponto máximo da fë crista. Paulo escreveu aos coríntios dizendo: "E, se Cristo não ressuscitou, logo é và a nossa pregação, e também é vă a nossa fe" (1 Co 15.14).

  Não há como negar o fato da ressurreição de Cristo. Segundo o texto de 1 Coríntios 15.12-15, alguns cristãos de Corinto negavam a possibilidade da ressurreição e faziam da mensagem de Paulo e de outros apóstolos, fiéis ao que receberam da doutrina de Cristo, uma mentira e um engano doutrinário. Esses cristãos haviam se convertido com a mensagem do Evangelho, mas ainda eram influenciados por filosofias gregas em relação à imortalidade da alma humana, porque lhes foi ensinado que depois da morte fisica a alma saía do corpo e era absorvida por algo celestial, ou então, as almas saíam do corpo para continuar em uma existência sombria no Inferno. Essencialmente, para essa filosofia, a ressurreição fisica era impossível (At 17.18,32). Entretanto, o testemunho dos Pais da Igreja era suficiente para con-firmar que Jesus ressuscitou, e pela sua ressurreição nós temos vida. A expressão "ressurreição de entre os mortos" aparece no texto grego original como "he anastasis ek nekron" para indicar que Jesus foi tirado do meio dos mortos fisicamente. O salmista fala da esperança da ressurreição quando diz: "Mas Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá" (Sl 49.15). A Bíblia Tradução Brasileira traduziu o texto assim: "Mas Deus remirá a minha alma do poder do sheol". Na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) está traduzido assim: "Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte".    Essencialmente, entendemos que a mensagem do texto do salmista indica um fato e uma esperança ao mesmo tempo, para afirmar que nem a sepultura, nem o Sheol (ou Hades) puderam prendê-lo mediante o poder da ressurreição. A essência da Escritura é a ressurreição, porque a alma e o espírito vão para o estado intermediário que chamamos de Sheol (hb., no Antigo Testamento) ou Hades (gr., no Novo Testamento). A sepultura não é o Sheol ou o Hades; ela é apenas o lugar fisico dos corpos dos mortos. A alma e o espírito se desligam da sepultura e aguardam em lugar provisório até a ressurreição de seus corpos (Is 26.19). Contudo, a grande máxima do cristianismo é a verdade da ressurreição conforme o apóstolo Paulo falou: "é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho" (2 Tm 1.10). O próprio Senhor Jesus enfatizou e deu sentido especial à doutrina da ressurreição quando falou: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação" (Jo 5.28,29).

   A segunda lição é que a ressurreição é um acontecimento indiscutível que renova a certeza e a alegria de que Ele está vivo. A certeza da ressurreição renova a esperança de que os mortos em Cristo um dia ressuscitarão para vida eterna (1 Ts 4.14-16). O pastor e teólogo John MacAthur, em sua Bíblia Comentada, escreveu o seguinte: "A esperança da ressurreição faz com que todos os esforços e sacrifícios no trabalho do Senhor valham a pena. Nenhum trabalho feito em nome do Senhor é desperdiçado à luz da glória e da recompensa eterna".

  É importante analisarmos que a ressurreição nos assegura uma verdade insofismável e indiscutível de que, literalmente, a ressurreição de Jesus foi corporal. Os elementos históricos que envolvem a ressurreição devem merecer a nossa apreciação.

  II - Elementos Materiais e Espirituais da Ressurreição de Cristo (Jo 20.1,9,10)

  1. O Túmulo Vazio (Jo 20.1-8; Lc 24.2,3,6)

  Ora, todos sabemos que o caminho do túmulo é inevitável e é o caminho de todos os mortos, e Jesus teve de passar por ele, como todos os homens. Mas para cumprir toda a Escritura, Ele não ficou preso na sepultura cavada na rocha, porque os anjos de Deus vieram e removeram a pedra redonda e pesada.

Já dissemos anteriormente, mas, para fortalecer esse fato, precisamos considerar algumas ações típicas dos costumes romanos.    Por exemplo, naquele tempo, os romanos tinham a prática de deixar a vítima da crucificação exposta ao relento, e as aves de rapinas, bem como alguns animais carnívoros, comiam a carne dos corpos expostos. José de Arimateia era dono de uma sepultura nova, bem próxima do lugar do monte do Calvário. Esse homem, gentilmente, cedeu aquela sepultura nunca usada antes para colocar o corpo de Jesus. Ele fez mais do que isso, pois teve coragem de se expor como discípulo secreto de Jesus e pedir diretamente a Pilatos que lhe concedesse o direito de tirar o corpo de Cristo da cruz e sepultá-lo decentemente (Jo 19.38).

  2. A pedra redonda removida da entrada do sepulcro (Mc 16.4; Jo 20.1)

  Os ricos daquela época não sepultavam seus mortos em terra nua. Normalmente, quem podia comprava algum terreno com rochas, as quais eram cavadas, criando uma gruta com espaço suficiente para colocar os seus mortos. A sepultura na qual foi colocado Jesus não era em terra nua, típica das covas feitas para as pessoas comuns de classes mais pobres. A pedra colocada na entrada da sepultura tinha a forma de um disco rochoso que podia ser girado dentro de uma canaleta feita na rocha, na parte baixa da entrada, onde o disco rochoso podia rolar para fechar a sepultura. O disco de pedra era pesado e requeria muita força para fazê-lo rolar naquela canaleta. Porém, milagrosamente, essa pedra redonda foi removida pelos anjos ao dar assistência ao Senhor Jesus (Mt 28.2,3). Não há força alguma, fisica ou espiritual, que impeça a força dos anjos enviados por Deus para mover pedras e portas.

  3. O selo e a guarda romana (Mt 27.64-66)

  Os judeus inimigos de Jesus, por temerem que os discípulos rou-bassem o corpo e para evitar que a notícia da ressurreição pudesse surpreender a todos, foram até Pilatos e solicitaram que soldados guardassem o sepulcro. Então disseram a Pilatos:

  Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; não se de o caso que os seus discipulos vão de noite, e o furtem e digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro. Disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes. E, indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra". (Mt 27.64-66)

  Na verdade, esses homens maus fizeram o lacre com o selo impresso do anel do rei ou do governador, e significava que ninguém podia destrui-lo. A guarda romana montou guarda junto à entrada do sepulcro para impedir que qualquer pessoa se aproximasse ou tentasse remover a pedra e quebrar o selo oficial. Mas o poder de Deus, superior a qual-quer força humana, agiu poderosamente naquele local, pois "eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela" (Mt 28.2).

  4. A grande surpresa (Jo 20.1; Mc 16.4,6)

  Para que se efetivem os designios de Deus, não há nada que possa impedir o seu cumprimento. Quando Maria Madalena e as outras mulheres perceberam que a pedra redonda havia sido deslizada para o lado da entrada do sepulcro, elas viram o anjo "e o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste branca como a neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados e como mortos". Aqueles homens caíram desmaiados de terror e de medo, porque os anjos de Deus removeram a pedra (Mt 28.3,4).

  5. A mensagem de conforto dos anjos de Deus às mulheres (Mc 16.6-8)

  Essa mensagem angelical teve um caráter bem pessoal, porque foi Maria Madalena que, ainda chorando muito, abaixou-se para entrar na gruta cavada e, chegando lá, teve a maravilhosa visão de dois anjos vestidos de branco, os quais estavam assentados onde jazia o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés (Jo 20.11,12).     Existem peque nas discrepancias quanto ao fato de que Maria Madalena tenha ido só ao sepulcro, mas Mateus, Marcos e Lucas, os Evangelhos Sinóticos, afirmam que outras mulheres estavam com Maria Madalena. O que aquelas mulheres se depararam foi com a presença daqueles seres celestiais, os quais as consolaram, dizendo-lhes: "Não tenhais medo" (Mt 28.5). Aqueles anjos de Deus ainda lhes mostraram o lugar vazio no interior do túmulo. Hoje, é o Espírito Santo, o Consolador, que glorifica a Jesus, mediante a sua obra expiatória.

  Os inimigos de Jesus ficaram calados ante a evidência do túmulo vazio. Era, de fato, o testemunho silencioso da ressurreição. A vida dos discípulos foi transformada poderosamente e a igreja foi estabelecida após o Dia de Pentecostes (At 1.21,22; 2.31,32).

   O texto de Atos 2.32,33, o sermão de Pedro, revela o seu conhecimento das Escrituras, quando disse: "Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas, de modo que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis".

III - A Formação da Doutrina da Ressurreição

Na Declaração de Fé das Assembleias de Deus, no capítulo que trata da Doutrina da Ressurreição e Ascensão de Cristo, está escrito que:

Cremos e ensinamos que o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia, "segundo as Escrituras" (1 Co 15.4), e apresentou-se vivo, com muitas e infaliveis provas aos seus discípulos por espaço de 40 dias. A ressurreição de Jesus. foi corporal, conforme profetizado no Antigo Testamento, anunciado de antemão pelo próprio Senhor Jesus Cristo, testemunhado pelos apóstolos: "Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas". (At 2.32)

  A doutrina tinha na sua essência tudo aquilo que o mundo precisava saber e conhecer, e, para que se formasse essa doutrina, foi necessário que houvesse o testemunho e as evidências da ressurreição. Porém, os

inimigos gratuitos de Cristo criaram teorias, as mais fantasiosas, para negar as evidências.

  1. Teorias falsas contra as evidências da ressurreição

  Existem, pelo menos, quatro teorias criadas para negar a ressurreição de Jesus.

  Teoria do Desmaio. Os defensores dessa teoria declaram que Jesus nunca morreu. Quando o corpo de Jesus foi colocado no túmulo de José de Arimateia, Cristo ainda estava vivo. Segundo essa teoria, Jesus estava apenas desmaiado, e depois de várias horas seu corpo foi reanimado pelo ar frio do túmulo. Após ser reanimado pelos discípulos, Ele havia se levantado e partido fora daquele túmulo.

  Teoria do Roubo do Corpo do Morto. Há pessoas que declaram que as autoridades judaicas pagaram e subornaram os sol-dados para mentir aos que os perguntassem sobre o corpo de Cristo. Essa teoria afirma ainda que os discipulos vieram durante o tempo em que o corpo de Jesus ficou na sepultura e o roubaram, levando-o para lugar desconhecido.

  Teoria da Alucinação. Esse grupo declara que todas as aparições de Cristo após a sua morte foram hipotéticas. Declaram que o estado de espírito dos discípulos era dominado por grandes emoções, provocando alucinações, com a ideia de que tenham visto alguma coisa, quando, de fato, não passava de alucinação. Certo escritor escreveu que "a igreja cristă está fundada sobre uma experiência patológica de certas pessoas do primeiro século de nossa era. Se houvesse um bom neurologista que consultasse a Pedro e os demais discípulos de Jesus, nunca haveria a igreja crista". Mas a igreja de Cristo é uma realidade viva. Cristo está vivo, e o Espírito Santo é quem aviva, não apenas a memória histó rica da morte e ressurreição de Jesus, mas a sua presença imanente na vida da igreja é inconfundível!

   Teoria do Equívoco. Essa teoria levanta dúvidas quanto à visita das mulheres ao túmulo. Acredita-se que elas se equivocaram quanto à aparição do Cristo ressurreto. Afirma ainda que elas foram a outro sepulcro, pois havia muitos túmulos parecidos. Declaram também que o encontro de Maria Madalena não foi com Jesus Vivo, mas, sim, com o jardineiro.

  Essas teorias todas caíram por terra, porque as evidências reais do Cristo ressurreto são indiscutíveis e inconfundíveis. Isso fortalece ainda mais o fato de que Jesus realmente ressuscitou.

  Conclusão

  Para João, o autor desse Evangelho, e para todos os cristãos primi-tivos, bem como para todos nós no tempo presente, a ressurreição de Jesus é uma verdade imutável sobre a qual a fé cristă está alicerçada no testemunho daqueles que realmente viram que Cristo voltou a viver. O testemunho daquelas pessoas hoje, após mais de 2 mil anos, fortalece a nossa fë na obra salvifica de Cristo. Ainda é possível ouvir as palavras do apóstolo Paulo: "E, se Cristo não ressuscitou, logo é và a nossa pregação, e também é và a vossa fé" (1 Co 15.14).

"A ressurreição de Cristo se tornou

 o ponto máximo da fe crista."

 

   E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

Elienai Cabral


























sexta-feira, 20 de junho de 2025

CPAD : E o Verbo se fez carne — Lição 12: Do julgamento à ressurreição

  


TEXTO ÁUREO

E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

(Jo 19.30).

VERDADE PRÁTICA

Na cruz, Jesus triunfou sobre o pecado; na Ressurreição, conquistou a vitória sobre a Morte.

E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

Comentarista: Elienai Cabral

Lição 12: Do julgamento à ressurreição

 




 

 

Capítulo 12

Do Julgamento à Ressurreição

"E quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito."

João 19.30

João 19.17,18,28-30,41; 20.6-10

17- E, levando-o às costas a sua cruz, saindo para o lugar chamado Calvário, que em hebraico se chama Golgota,

18- onde o crucificaram, e, com ele, outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

28- Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.

29- Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca.

30-E quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

41- E, havia um horto naquele lugar onde fora crucificado e, no horto, um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto.

20.6- Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis.

7-E que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava entre os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte.

8- Então, entrou também o outro discipulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.

9- Porque ainda não sabiam a Escritura que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos.

10- Tornaram, pois, as discípulos para casa.

    Introdução

   A pós a última ceia da Páscoa e o seu último discurso para os discipulos no capítulo 17, Jesus, junto com os seus discípulos, cantou um hino que podia ser um dos salmos que faziam parte dos cultos, naqueles dias, nas sinagogas. No texto de 18.1, está registrado por João que Jesus saiu com os seus discipulos "para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou com seus discípulos". Embora não se mencione o nome Getsemani, ou monte das Oliveiras, esse lugar era o predileto de Jesus para orar e estar a sós com os seus discípulos. A oração de João 17 não foi feita nesse jardim, mas foi realizada na casa onde Ele os discípulos cearam juntos celebrando a Páscoa.

É interessante notar que nos capítulos 17 e 18 do Evangelho de João, Jesus, depois de ter proferido o seu último discurso aos discípulos e tê-los preparado para o episódio da traição de Judas Iscariotes, passou pelo vale de Cedrom e parou no jardim do Getsemani. Nesse lugar, o ambiente, naquela madrugada, pareceu ter-se enchido de tristeza e angústia, porque os discípulos já sabiam que o Mestre se entregaria nas mãos dos seus inimigos. Os soldados romanos e os da Guarda do sumo-sacerdote, depois de terem comprado a traição por 30 moedas de prata, foram conduzidos por Judas Iscariotes até o local onde Jesus estava com os seus discipulos. Ao chegarem ao local do jardim, Judas deu a reconhecer o Filho de Deus beijando a sua face, indicando aos soldados romanos quem era Jesus. Eles o prenderam e o levaram até a presença do sumo-sacerdote Anás para ser interrogado. Assim, Jesus foi esbofeteado e levado perante o governador Pilatos (18.28-19.6).

  I - Jesus Foi Sentenciado por Pôncio Pilatos (Jo 19.1-16)

  1. Pilatos interroga Jesus (Jo 18.33-38)

  No texto de João 18.13, Jesus foi levado primeiramente perante o sumo-sacerdote Anás, muito respeitado pelos sacerdotes, mesmo sendo o comandante do serviço sacerdotal um homem chamado Caifas. Na realidade, houve dois julgamentos iniciais. Perante Anás, Jesus foi inter-rogado sem poder de decisão (Jo 18.12-14,19-23), e depois o julgamento com os membros do Sinédrio (Mt 26.57-68), O Sinédrio entendeu que Jesus deveria ser enviado a Pilatos, o governador da província romana da Judeia. A avaliação de Caifás não foi registrada por João, mas está registrada em Mateus 26.57-68. Decidiram os sacerdotes sob a lide-rança de Caifás e Anás levar Jesus para ser julgado por Poncio Pilatos, na casa sede, ou seja, no pretório do comando da cidade de Jerusalém.

   Inicialmente, Pilatos questiona a acusação dos judeus. Jesus havia sido preso pela madrugada e, quando chegou pela manhã cedo, depois de ter sido interrogado por Anás e Caifas, o sumo-sacerdote oficial, os judeus preferiam que a condenação procedesse da casa do governa-dor Pilatos. Por isso, levaram Jesus até ele. Mas Pilatos preferia que os judeus julgassem a Jesus pelas leis judaicas. Os judeus acusadores, no entanto, justificaram a sua ação afirmando que Jesus havia se declara-do rei, afrontando ao César dos romanos. Contudo, Pilatos, querendo abrandar a resistência politica dos judeus, cedeu ao ímpeto de ódio dos judeus. Trouxeram Barrabás, um criminoso conhecido que estava preso, e, entre Jesus e Barrabás, preferiram libertar Barrabás. Mesmo assim, os judeus não desistiram de levar Jesus à crucificação. O ódio religioso os dominava, e aqueles homens não podiam ver nada que impedisse a condenação do Filho de Deus.

   2. Jesus foi sentenciado e flagelado por Pôncio Pilatos (Jo 19.1)

  Pilatos não encontrou motivo para acusar Jesus, porque, de fato, Ele não era culpado de nenhum pecado ou crime. Pilatos queria que os judeus soubessem que aquele julgamento era uma severa injustiça. Para não se prejudicar com os judeus, Pilatos mandou açoitá-lo. A seguir, o entregou nas mãos dos soldados romanos para humilhar Jesus ainda mais. Os soldados, para zombarem dEle como Rei dos judeus, teceram uma coroa de espinhos pontiagudos e longos feita com algum galho seco cheio de espinhos compridos tirados de uma árvore chamada rhamnus spina que existe na Siria, no Líbano e algumas outras partes da Arábia. Os romanos a teciam para torturar seus condenados e tiveram a ideia de fazer o mesmo com Cristo. Os romanos fincaram a coroa em Jesus e isso provocou lesões terríveis que encheram a sua cabeça de sangue. Essa foi uma forma de zombar a realeza de Jesus. Segundo a flagelação romana, podia-se ser aplicada por três modos distintos de martirio. Primeiro, o modo chamado fustigatio, em que a pessoa era espancada de forma menos severa por crimes leves; o segundo modo é denominado flagelatio, punição que era aplicada de forma brutal por crimes considerados mais graves; e o terceiro era o modo verbenatio, que se aplicava como o castigo mais cruel que era a crucificação. Nessa terceira forma de castigo, a vítima era despida e amarrada a uma estaca para ser torturada pelos soldados romanos. O instrumento de castigo deles era um chicote com tiras pontiagudas de couro que tinham pedaços de ossos grudados, ou de pedras pon-tiagudas. Jesus foi ferido e teve sua carne dilacerada e rasgada pelos açoites. Assim, cumpriu-se a profecia de Isaias 53.4,5:

   Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moido pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.

  II - Jesus Foi Levado à Crucificação (Jo 19.1-16)

  1. O caminho do Calvário (Jo 19.16)

  Pilatos tentou evitar a crucificação de Jesus e soltá-lo, mas não con-seguiu evitar o castigo maior. Sob o açoîte dos soldados, levou sua cruz

até chegar ao Gólgota, lugar conhecido como Lugar da Caveira, porque o monte era uma colina em forma de um crânio e tinha a aparência de uma caveira. Até chegar ao Gólgota, os soldados aplicaram o terrível castigo, identificado como verbenatio. A vítima tinha que carregar a sua cruz nas costas até o local da execução final. Segundo narrou Mateus 27.27-31, para zombar de Jesus, os soldados o vestiram com uma tú nica resplandecente para escarnecer ainda mais do Filho de Deus (Lc 23.8-12). Mas Herodes devolve Jesus a Pilatos sem qualquer acusação que se pudesse comprovar (Lc 23.13-15). Pilatos não encontrou nada que merecesse a crucificação, mas ele ainda não o solta e ordena que os soldados chicoteiem Jesus. Então, o governador entrega o Salvador nas mãos dos soldados romanos para a crucificação.

  2. Jesus leva a própria cruz (v. 17)

  No caminho até o Gólgota, Jesus é golpeado, cuspido, chicoteado e levado para fora da cidade. Ele caiu algumas vezes porque estava fraco e sem forças para fazer a caminhada com uma cruz de madeira pesada sobre os ombros. A cruz era uma viga de madeira com um travessão na parte superior, os condenados eram obrigados a carregá-la até o lugar de execução.

  3. Jesus é crucificado "onde o crucificaram" (Jo 19.18)

  Ao chegar ao cume do Gólgota, deitaram Jesus de costas no chão, esticaram seus braços sobre o travessão e pregaram os pregos agudos e grandes naquele travessão (Lc 23.33). Quando levantaram a cruz para firmá-la no chão, os pregos (ou cravos) sobre as mãos e os pés de Jesus entranhados entre os tendões pareciam rasgar a carne (Jo 20.25). Nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), alguns detalhes foram registrados. No texto de João 19.18, o Gólgota era público e as pessoas podiam assistir ao drama de horror a que os soldados romanos submetiam as suas vítimas. Ao lado de Jesus, à sua esquerda e à sua direita, dois outros homens acusados como criminosos foram com Ele crucificados (Lc 23.40-43). No Evangelho de Lucas, encontramos o relato do arrependimento de um daqueles homens, enquanto o outro criminoso zombava de Jesus. No Antigo Testamento, o profeta Isaías, mais uma vez, no capítulo 53.12, registrou que Ele seria "contado entre os transgressores".

  4. Jesus, a fonte que sacia toda sede (Jo 4.14; 19.28)

  Sabendo o Filho de Deus que "todas as coisas estavam terminadas" Jo 19.28) disse para que todos os que estavam perto ouvissem: "Tenho sede". Como homem, Jesus sentiu sede, como sua última necessidade humana e pessoal, estando ainda vivo na cruz. A sede fisica de Jesus foi momentânea e saciada por uma esponja, não de água, mas de vinagre, oferecida pelos soldados romanos. Jesus, ao pedir água para saciar sua sede, sabia que estava se cumprindo a Escritura e que aquele momento final como homem estava chegando ao fim.

  Quando Ele disse "Tenho sede", imediatamente, tomaram uma esponja e a mergulharam no vinagre e a puseram nun hissopo, um líquido que é retirado de um arbusto que cresce nas rochas áridas das regiões mediterrâncas e asiáticas que possui propriedades terapêuticas, isto é, que ajuda a aliviar de dores, mas Jesus rejeitou essa bebida. Ele, sendo a fonte de água viva, estava com sede, porém os soldados romanos só tinham vinagre azedo para lhe oferecer. Alguns estudiosos afirmam que o vinagre era um vinho misturado com mirra que servia como um sedativo que visava aliviar a agonia de morte.

   Sabendo que sua missão na terra estava concluída (v. 28), Jesus não teve restrição nenhuma ao declarar a vitória do plano divino, quando disse: "Está Consumado!" (Jo 19.30). A obra de Jesus foi completada. Seu grito não foi de derrota, nem foi para anunciar sua morte, mas foi brado de vitória. A tarefa delegada pelo Pai se cumpriu.

5. Jesus entregou o Espírito ao Pai (Jo 19.30)

Num dado momento, Jesus inclina a cabeça e entrega seu espírito (v: 30). Quando Ele falou em voz forte "Está consumado", estava, de

fato, declarando que havia completado a obra redentora em favor de toda a humanidade. O espírito de Jesus, no contexto dessa Escritura, refere-se à vida que Ele recebeu do Pai. A palavra espírito, nesse versículo, não se refere ao Espírito Santo. Não quer dizer que Ele entregou o Espírito Santo aos seus discípulos.

  6. A perfuração do lado de Jesus (Jo 19.31-37)

  A Lei Mosaica prescrevia que qualquer pessoa que fosse pendurada num madeiro como castigo não deveria permanecer exposta durante à noite. Assim afirma Deuteronômio 21.22,23.

   Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e haja de morrer, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia, porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim, não contaminarás a tua terra, que o Senhor, teu Deus, te dá em herança.

Como a pessoa crucificada não podia ficar exposta, as autoridades religiosas dos judeus foram a Pilatos para ordenar que se quebrassem-lhes as pernas, caso ainda estivessem vivos. Quando os soldados romanos foram averiguar o estado das vítimas crucificadas, somente os crucificados à esquerda e à direita estavam vivos, por isso foram-lhes quebradas as pernas para que morressem (Jo 19.36). Porém, constataram que Jesus já estava morto, e um dos soldados preferiu perfurar o lado de Jesus com uma lança e apenas saiu "água e sangue" (Jo 19.34).

  7. O sepultamento de Jesus (Jo 19.38-42)

   Um discípulo discreto chamado José de Arimateia, que procurava não aparecer, mas reconhecia que Jesus era o Salvador de todos os homens (Jo 19.38), foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus para ser sepultado. Geralmente, as vítimas de crucificação eram lançadas numa vala comum para criminosos e não havia permissão para prantear em público pelos mortos. José de Arimateia era um membro do Sinédrio (Mc 15.43) e era um homem rico (Mt 27.57). Por ter medo dos judeus, ele evitava aparecer entre os discípulos, mas foi capaz de superar seu medo quando tomou coragem para ir a Pilatos pedir o corpo de Jesus para ser sepultado. O texto indica que o túmulo onde Jesus foi sepultado não era distante do monte do Calvário, por pertencer a um homem proeminente na cidade.

  III - A Ressurreição de Jesus

  1. O túmulo vazio (Jo 20.1)

  A noite passou e o brilhante amanhecer surgiu. Jesus ressuscitou de entre os mortos! Ele voltou à vida com o mesmo corpo que havia sido sepultado no sepulcro da rocha. Jesus, gloriosamente, apareceu com as mesmas cicatrizes da lança que perfurou seu lado e dos cravos que furaram suas e mãos e pés. De repente, maravilhosamente, Jesus rompe com a força da morte e ressurge glorioso, em primeiro lugar, para algumas mulheres que foram ao sepulcro e depois para os discipulos que lamentavam a morte do seu Mestre.

Vamos considerar a narrativa de João 19.40-42, contando a história do sepultamento de Jesus e como se concretizou. Literalmente, Jesus morreu na sexta-feira, depois das 3 horas da tarde (Mt 27.45-46). José de Arimateia, juntamente com os outros discípulos, levou o corpo de Cristo e o sepultou num sepulcro novo, e uma pedra pesada e redonda foi colocada na entrada do sepulcro. Ao nascer do primeiro dia (domin-go), houve um terremoto onde estava o sepulcro e um anjo de Deus fez rolar a pedra e assentou-se sobre ela (Mt 28.2), e Jesus levantou-se do lugar onde estava seu corpo. O túmulo ficou vazio como testemunho vibrante de que Jesus havia ressuscitado de entre os mortos.

  2. A constatação da ressurreição (Jo 20.1; Mt 28.1)

  Já era domingo pela manhã, bem cedo, quando Maria Madalena foi ao sepulcro e, ao entrar na rocha cavada, o corpo de Jesus não estava mais lá. Desesperada, ao ver a pedra redonda que ficava à frente do sepulcro removida, presumiu que alguém havia roubado o corpo.

  Saiu correndo e foi contar a Pedro e ao outro discípulo, possivelmente, o próprio João, que sairam correndo em direção ao sepulcro e tudo o que viram, principalmente o outro discípulo, foram os lençóis. No Evangelho de Marcos está escrito que, depois do sábado judaico, quando ninguém podia trabalhar ou fazer grandes esforços, porque era dia sagrado para os judeus, algumas mulheres que eram discípulas de Jesus, como Maria Madalena, Maria, que era mãe de Tiago e Salomé (Mc 16.1-3) foram ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus. Essas mulheres viram a pedra removida (Mc 16.4) e entraram no sepulcro, mas não encontraram o corpo de Jesus. Assustadas, aquelas mulheres saíram em imediato para dizer aos discípulos o que viram: o sepulcro vazio. A notícia do sepulcro vazio deu margem para que se levantassem dúvidas quanto à ressurreição, quando, na verdade, Jesus já havia ressuscitado

  3. A experiência vivida por Maria Madalena (Jo 20.1-5)

  Na realidade, Maria Madalena e outras mulheres foram ao sepulcro para certificar-se, de fato, que o corpo de Jesus não estava no sepulcro. Especialmente, Maria Madalena tomou a iniciativa e foi ao encontro de Pedro e João e contou-lhes acerca do túmulo vazio. Os dois discipulos correram e encontraram os lençóis sobre o lugar onde estava o corpo de Jesus e o lenço que usaram sobre a cabeça ferida do Mestre. Os dois discípulos voltaram desolados, mas Maria Madalena resolveu permanecer mais um pouco naquele lugar. Quando ela resolve olhar para dentro do sepulcro, vê dois seres angelicais vestidos de branco, como que esperando que alguém viesse lhes perguntar sobre o corpo de Jesus. No Evangelho de João, capítulo 20, versículos 13 a 18, encontramos o relato de Maria Madalena e o seu Mestre.

   E disseram-lhe eles [os anjos]: Mulher, por que choras? Ela Ihes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isso, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer Mestre)! Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor e que ele lhe dissera isso.

  4. A ressurreição de Jesus: a base da fé cristā

  O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 15.12-14, escreveu acerca da importância da ressurreição para a f cristă:

Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não hå ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é và a nossa pregação, e também é vă a vossa fë" (1 Co 15.12-14).

  Existem duas razões para crer na ressurreição de Jesus. Primeira razão: nas Escrituras está registrado que "era necessário que ressuscitasse dos mortos" (Jo 20.9). A segunda razão era o fato de que Pedro e João viram que Jesus não estava mais no túmulo. Porém, quando Maria Madalena voltou a olhar para dentro do túmulo e viu dois anjos de Deus que lhe garantiram que Jesus estava vivo, ela não podia imaginar que seria a primeira pessoa a ver, literalmente, Jesus de forma resplandecente (Jo 20.11-17). Jesus lhe ordenou que anunciasse aos discípulos que Ele estava vivo e, em breve, que eles o veriam também (20.18,19).

  5. O Cristo ressurreto quebrou a incredulidade de algumas pessoas

  Maria Madalena foi a primeira pessoa que viu o Senhor ressuscitado. Ela havia chorado junto ao sepulcro vazio, mesmo que não soubesse onde estava Jesus (Jo 20.11-18). Porém, na noite daquele mesmo dia, Jesus apareceu aos discípulos reunidos numa casa porque estavam com medo dos judeus. Jesus entendeu a fraqueza de seus discípulos, que para crerem que Ele havia ressuscitado de fato teriam que vê-lo fisicamente, mesmo tendo ouvido o testemunho de Pedro e João, e, principalmente, de Maria Madalena que viu e falou pessoalmente com Jesus.

   Jesus, naquele primeiro dia da semana, apareceu entre os discípulos que estavam com as portas fechadas com medo dos judeus e lhes disse: "Paz seja convosco!" (Jo 20.19). Algumas outras vezes Jesus apareceu aos discípulos antes de sua ascensão aos céus (Jo 21.1,2). A Pedro e alguns outros que o seguiram, Jesus se apresentou e operou o milagre da multidão de peixes (Jo 21.3-11). Essa foi uma demonstração do poder do Cristo ressurreto.

  Conclusão

  Uma das maiores bênçãos do Cristo ressurreto foi quando Ele disse aos discípulos: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20.22). Alguns intérpretes do Texto Sagrado entendem que o Espírito Santo veio sobre os discípulos na mesma hora que Jesus falou. Outros entendem que essa declaração foi efetivada exatamente no Dia de Pentecostes (At 2.14). Não importa se o Espírito Santo veio imediatamente à palavra de Jesus ou 50 dias depois da Páscoa. O que importa é que o Espírito Santo veio para ficar na vida dos crentes até a vinda de Cristo.

"Na cruz, Jesus venceu o pecado; na sepultura, venceu a morte; e na ressurreição, obteve a vitória sobre o túmulo."

  E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

Elienai Cabral