Pedro e
João subiam juntos só templo à hora da oração, a nona. E era trazido um homem
que desde o ventre de sua mãe era cоко, о qual todos os dias punham à porta do
templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Ele, vendo a Pedro
e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. E Pedro,
com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E olhou para eles,
esperando receber deles alguma coisa. E disse Pedro: Não tersho prata nem ouro,
mas o que tenho, imo te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e
anda. E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos
se firmaram. E saltando ele, pos-se em pé, e andou, e entrou com eles no
templo, andando, e saltando, e louvando a Deus. (At 3.1-8)
No
contexto do Novo Testamento, a igreja começa, em primeiro lugar, como um
organismo vivo (At 2), que posteriormente sente a necessidade de organizar-se
(At 6). Dessa forma, organismo e organização aparecem como os dois lados de uma
mesma moeda. Assim, podemos dizer que não há função sem forma e organismo sem
organização.
Como um organismo vivo, a Igreja Primitiva era
conhecida, por exemplo, pela comunhão dos seus membros (At 2.42-46) e pelo exercício dos seus carismas (1 Co 12-14). Essa era a estrutura mística do Corpo
de Cristo. O apóstolo Paulo mostra esse fato quando faz a analogia da igreja
com um corpo humano (1 Co 12). Por outro lado, a organização é um processo
natural em tudo o que é humano. Todos nós sentimos a necessidade, de alguma
forma, de estarmos organizados.
Há,
entretanto, outro lado sobre o qual devemos fazer referencia a institucionalização da igreja. Nesse
aspecto, devemos destacar que organização não é a mesma coisa que institucionalização.
A organização é boa e é saudável para a vida da igreja; já a
institucionalização, não. A organização faz a igreja andar livremente; a
institucionaliza- ção só a enrijece, calcifica e fossiliza. A organização
preocupa-se em ter uma igreja adornada interiormente; a institucionalização
busca aparatos externos para fazer isso. A organização é divina (1 Co 14.30); a
institucionalização é humana. Devemos, portanto, buscar a organização e evitar
a institucionalização.
Buscando o Equilíbrio: Lições da História
É preciso,
portanto, voltarmos ao conceito de igreja neotesta- mentária se quisermos ter o
comportamento de verdadeiro Corpo de Cristo. Alguns, por temerem a
institucionalização da igreja, evitam qualquer forma de organização. Nesse
sentido, acreditam que a igreja não necessita de estrutura alguma. Devemos,
portanto, destacar que não é pecado e nem errado a igreja organizar-se ou
possuir alguma estrutura organizacional. A organização faz parte de toda
estrutura humana que funciona. Todavia, organização nunca deve ser confundida
com institucionalização. Enquanto uma une a igreja, a outra divide-a. A
organização quando não se transforma em institucionalização é necessária e útil
para a vida da igreja. Se a sociedade civil não possuísse estrutura
organizacional alguma, tudo seria um caos. A criação, por exemplo, dos três
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, bem presente nas democracias, foi
para manter o Estado de Direito da sociedade civil organizada. Da mesma forma, a igreja, como um organismo
vivo, quando não possui nenhuma organização, não funcionará da forma como
deveria.
Nesse aspecto, vale a pena lermos as palavras do
reverendo Antonio Gilberto:
A Igreja é, ao mesmo
tempo, um organismo e uma organização. É a Igreja invisível com seu aspecto
visível. As igrejas locais, com seus templos e tudo o que eles contêm, são
organizações, mas o povo que pertence a essas igrejas, que as frequenta,
servindo e adorando a Deus, compõe-se de pessoas nascidas de novo pelo
Espírito. Essas igrejas formam, no seu conjunto universal, um organismo
espiritual (1Pe 2.5). A igreja como organismo e orga- nização (Ef 4.12-16).
Vejamos as duas principais diferenças entre estes dois: (1). Um organismo tem
vida; uma organização, não. A Igreja Universal, como o corpo de Cristo, como um
organismo, não depende de cerimônias, de reconhecimento, de templos, de
estatutos civis, de livro de atas, de livros de rol de membros e coisas
semelhantes, mas ela como organização necessita de tudo isso e muito mais, como
veremos no desenrolar deste es- tudo. A Igreja Universal permanecerá inabalável
quando tudo isso terminar (2). Um organismo tem apenas uma cabeça; uma
organização pode ter mais. Como corpo de Cristo, a Igreja tem uma só cabeça que
é Ele mesmo. Ela é chamada de corpo porque não só é a expressão visivel dele
aqui, bem como executa a sua obra e faz o seu querer. Paulo antes da sua
conversão estava perseguindo a Igreja aqui na terra, quando do céu Jesus entrou
em ação a favor dela, perguntando: "Saulo, Saulo, por que me
persegues?". Perseguindo aos membros da Igreja, Saulo estava perseguindo a
Cristo! Ao passo que ela, como organização, tema os seus líderes e dirigentes
locais, regionais e nacionais. É bem patente em Ef 4.12-16 que a Igreja é
primeiramente um organismo, mas tanto no livro de Atos como nas Epístolas vemos
também a Igreja como uma organização local, regional e nacional. Alguns
espiritualizam de tal forma a Igreja que o assunto chega ao ri- diculo; outros
a organizam tanto com esquemas, planos, rotina, programas que ela passa a ser
apenas um corpo social como uma associação qualquer; um clube a mais.
Essas
sábias palavras ditas pelo pastor Antonio Gilberto refletem com precisão o
pensamento dos missionários suecos fundadores da
Assembleia de Deus no Brasil. Eles eram conscientes
de que a igreja
é um organismo vivo e que, de certa forma,
precisava organizar-se.
Contudo, por temerem o institucionalismo, sempre
foram muito cautelosos na questão do governo da igreja. Esses pentecostais da primeira
geração temiam que o pentecostalismo deixasse de ser um movimento livre e
acabasse se tornando um movimento meramente institucional. Na verdade, o que eles
temiam mesmo era o denomi- nacionalismo, pois acreditavam que este era o
caminho mais curto para a institucionalização da igreja.
Em 1909,
William Durham (1873-1912), pastor de uma missão metodista livre na Avenida
Norte, Chicago, EUA, com quem Gunnar Vingren congregou, publicou um artigo no
seu jornal The Pentecostal Testimony, no qual ele atacava duramente o que
denominava de "organização". Nos dias de Durham, o termo
"organização" era entendido como sinônimo de
"institucionalização". Durham escreveu:
Se um homem quer pregar
o Evangelho de Jesus Cristo como está na Bíblia, ele deve fazê-lo fora das
denominações religiosas deste dia. Enquanto ainda existiam muitas almas
honestas em muitas delas que amam a verdade, como organizações, eles
descartaram as verdadeiras verdades do Evangelho e, no seu lugar, substituíram
por teorias dos homens.
Durham,
portanto, era averso ao institucionalismo e à institu- cionalização da igreja.
Ele chegou a dizer num artigo que, se o mo- vimento pentecostal fosse
institucionalizado, ele perderia relevância e ficaria igual ao catolicismo.
Durham tinha autoridade para dizer isso. Ele filiara-se aos batistas, mas
abandonou a comunhão batista para mergulhar no movimento metodista livre por
achar esse mais parecido com a estrutura do Novo Testamento.
O jornal
Evangelii Harold, editado por Lewi Pethrus, na edição de 10 de agosto de 1916
(p. 129), republicou o artigo de William H. Durham, intitulado Organização.
Petrhus, por ter sido batista, era adepto do sistema de governo congregacional.
Nesse sistema, as igrejas são autônomas e mantêm independência em relação as
outras. Esse modelo possui um sistema de Convenção, mas este não tem autoridade
sobre a autonomia das igrejas locais. Pethrus mostra o cuidado com a
institucionalização da igreja quando sintetiza o texto de Durham no seu
periódico Evangelii Harold.
Assim, de
acordo com Pethrus:
Sindicatos, sociedades, associações e
denominações, podem ter seus valores, mas não são instituições divinas; (2).
Elas [institui- ções] constituem grandes riscos e perigos para a única
organização que o Novo Testamento conhece, ou seja, a igreja de Deus e Jesus
Cristo; (3). Eles [sistemas] reúnem o conselho e a liderança da obra de Deus e
os colocam nas mãos de alguns poucos homens que, como consequência disso,
tornam-se, na maioria dos casos, inflados e perdem seu poder espiritual; (4).
Ou "se eles não são inflados, os membros da igreja em geral os admiram
demais e, em muitos casos, simplesmente os adoram"; (5). Deus não quer que
nenhum de Seus servos ou testemunhas sejam elevadas acima de Seus irmãos, pelo
contrário, Ele quer que todos eles estejam diante Dele e do povo no mesmo
nível; (6). As organizações e credos denominacionais dão origem a divisões.
Numa
palestra dada por ocasião da Conferência Mundial Pentecostal ocorrida em
Estocolmo, Suécia, em 1939, Pethrus propôs-se a responder às perguntas:
"A organização ao lado ou acima da Igreja
local é aceitável? Que tipo de organização é mais bíblica e, portanto,
desejável?" 7 De acordo com Pethrus,
É bastante claro que uma
obra de Deus como o Cristianismo, que apareceu no dia de Pentecostes, deve ter
uma forma ex- terna para existir, um vaso no qual o poder divino pudesse ser
derramado e armazenado. Deve ter algum tipo de organização. E conseguiu isso também.
Na primeira era cristă, os grupos de atividades não eram desorganizados.
Portanto, a questão não é ...
71
como
congregação local: "E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também
não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano". No entendimento
de Pethrus, essas passagens bíblicas são claras em diferenciar a Igreja
Universal da local. A igreja local aparece com mais clareza em Atos 2.41:
"De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra;
e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas". É a igreja local em
Jerusalém que é mencionada aqui. A importância da igreja local é ressaltada por
Pethrus no contexto do pentecostalismo sueco. Mesmo sem possuir nenhuma
sociedade missionária organizada - isto é, as igrejas locais eram responsáveis
pelo envio dos seus próprios missionários, havia entre os pentecostais suecos
230 missionários espalhados em diferentes partes do mundo. Esse número
ultrapassava em 50 do total de missionários mantidos pela maior associação
missionária sueca daqueles dias.
Pethrus
lembra quando os pentecostais suecos começaram a organizar-se em torno de uma
sociedade missionária e como isso, segundo ele, estava tomando o lugar da
igreja local.
Houve um
tempo aqui na Suécia no movimento pentecostal, quando uma organização
missionária estava se infiltrando entre nós. De minha parte, no fundo do
coração, eu tinha essa opinião, que aqui expressei, mas pensei em ceder em prol
da paz. Talvez eu não precisasse ser tão determinado. E muitos de nossos irmãos
estavam no mesmo caminho. Eles cederam nesse ponto. Mas, por fim, pudemos ver
que um poder estava crescendo entre nós fora dos braços da Igreja local, e
começou a ameaçar nossa liberdade. Houve uma coisa que foi muito marcante: uma
batalha começou entre os irmãos em todo o país. Havia conflito e luta em todos
os lugares. Mas então tomamos uma posição, e Deus levou tudo a uma grande
crise, que abalou o avivamento pentecostal, e passamos por grandes sofrimentos,
mas Deus nos libertou da organização [institucionalização] que havia
começado.10
No
entendimento de Pethrus, esse tipo de organização acabava por tomar o lugar da
igreja local, o que não seria saudável para o movimento pentecostal. E, segundo
ele, isso era paradoxal - as orga- nizações institucionais eram criadas para
unir a igreja, mas acabavam dividindo-a. Em vez da paz, havia conflitos. Dessa
forma, Pethrus está convencido de que o padrão bíblico que mostra a relevância
da igreja local deve ser seguido.
Gunnar
Vingren, também por ter sido um pastor batista, manti- nha uma visão
congregacional da igreja. Assim como Durham, que o enviou ao Brasil, ele era
preocupado com a institucionalização da igreja. Em uma carta que ele enviou
para ser publicada no jornal sueco Evangelii Harold em 1927 deixou clara essa
preocupação. Vin- gren procura responder àqueles que estavam especulando sobre
a estrutura organizacional (institucional) que a igreja fundada por ele aqui no
Brasil estaria ganhando. Nesse aspecto, especulava-se que a igreja por ele
fundada não seguia o modelo de igreja livre como acontecia como as suas coirmãs
na Suécia e nos Estados Unidos. Vingren, portanto, segundo os seus patrícios,
estaria adotando al- gum tipo de estrutura institucional. Ele protesta e diz
que a igreja brasileira, contrariamente ao que insinuava os seus compatriotas,
seguia o modelo de igreja livre.
Vingren escreveu:
Já que o irmão William
Durham de Chicago, que nos enviou, cha- mou a sua congregação de
"Assembleia de Deus", então parecia natural para nós ligarmo-nos com
esse nome, não porque quería- mos formar uma organização, mas porque era
realmente verdade que nós que cremos no batismo do Espírito Santo éramos a
Igreja de Deus. E o motivo pelo qual nos registramos aqui no estado foi apenas
para obter direitos legais. (Em um ponto no Pará, a reunião dos Socialistas foi
dissolvida porque eles não estavam registrados no estado). Se agora alguns
irmãos entenderam mal essa relação e declaram que temos uma organização aqui,
então protestamos e declaramos que somos livres, queremos ser guiados apenas
pelo Espírito Santo e acreditamos que somente o Espírito Santo será o lider da
igreja. Opomo-nos a isso, e cada igreja aqui é independente das outras e não
pode decidir uma sobre a outra. Nem pode um irmão governar sobre o outro, mas
temos apenas em comum a preciosa fé de Jesus e as preciosas promessas que nos
foram dadas na Bíblia."
Vingren não somente
segue o modelo congregacional, como também o modelo de governo adotado pelas
Assembleias de Deus americanas, que tinham em William H. Durham a sua inspiração.
Isso fica perceptível a partir da organização do pentecostalismo
norte-americano. Edith L. Blumhofer (1950-2020), historiadora das Assembleias
de Deus, destaca que gradualmente, E. N. Bell, primeiro Superintendente Geral
das Assembleias de Deus americanas, e os seus associados começaram a tratar a
questão organizacional do Movimento Pentecostal.
De acordo
com Blumhofer:
O grupo entrou em
comunhão com H. G. Rodgers e outros pente- costais independentes no sudeste
para formar uma organização unida: A Igreja de Deus em Cristo e em unidade com
o Movimento de Fé Apostólica. Em 1913, a sua lista de ministérios incluía 352
nomes, e o nome do grupo foi encurtado para Igreja de Deus em Cristo. Uma
relação informal foi mantida com o grupo de santi- dade pentecostal de mesmo
nome. Em uma reunião campal em Eureka Springs, Arkansas, Bell decidiu fundir o
seu periódico Fé Apostólica com a Word and Witness, editado por M. M. Pinson.
Bell manteve o título Word and Witness e começou a publicar na sua base em
Malvern, Arkansas. A Igreja de Deus em Cristo era simplesmente uma associação
ministerial livre, sem autoridade obrigatória - um "acordo de
cavalheiros", como os participan- tes chamavam. Alguns acreditavam que
mais organização era necessária para evitar a formação de grupos cada um
seguindo a sua própria direção. Então, Bell convocou uma reunião para Hot
Springs em abril de 1914. depois de vários dias de trabalho cuidadoso e
fervoroso, foram formadas as Assembleias de Deus americanas. Rejeitando a
organização denominacional, os delegados concordaram em promover uma cooperação
voluntária que não afetaria o autogoverno congregacional. Eles decidiram que as
assembleias locais seriam chamadas pelo nome bíblico "Assembleia de
Deus". Representantes locais formariam o Conselho Geral das Assembleias de
Deus, cujo propósito era reconhecer os métodos escriturísticos e a ordem de
adoração, unidade, companheirismo, trabalho e negócios em prol do Reino de Deus
e para desaprovar todos os métodos, doutrinas e condutas antibíblicos.12
Observamos
que as Assembleias de Deus americanas surgem com uma dupla preocupação:
organizar-se para evitar a fragmenta- ção, mantendo-se, contudo, como um
movimento livre para evitar a institucionalização. Assim, o movimento
pentecostal uniu-se como uma associação de igrejas, respeitando, porém, a
autonomia de cada uma delas.
Dentro
desse contexto, convém destacar aqui que, na tradição protestante, há três
principais sistemas de governos eclesiásticos: o episcopal, o congregacional e
o presbiteral. Esses sistemas de governos praticados hoje nas diferentes
tradições protestantes, embora cada uma delas reivindique originalidade
bíblica, sofreram adaptações ao longo de suas histórias. Assim como outras
tradições protestantes, também procuramos ficar nivelados pelas Escrituras. A
meu ver, em nosso contexto, a compreensão que os pioneiros possuíam sobre o
governo da igreja deve servir-nos de balizamento. Isso não significa dizer que
a igreja precise voltar à estrutura que possuía anterior a 1930. Isso seria
ignorar oito décadas de um sistema de governo, que, mesmo não sendo perfeito
como os demais também não o são -, está na esteira de um dos maiores e
bem-sucedidos empreendimentos evangelísticos e missionários do pentecostalismo
global. Trata-se, sim, de dar maior espaço e voz à igreja, de forma que ela,
como organismo e organização, seja guardada dos males do institucionalismo, que
historicamente se destaca como causa maior da quebra de unidade e esfriamento
da igreja. Por outro lado, isso não significa, entretanto, dar voz aos
insubmissos (1 Ts 5.14) e facciosos (Tt 3.10), mas dialogar com a igreja e a
andar de mãos dadas com ela. Nesse aspecto, devemos destacar que não há um
padrão estabelecido no Brasil assembleiano, e as particularidades convencionais
de cada localidade devem ser levadas em conta.
Como ficou
demonstrado, os missionários fundadores das Assembleias de Deus, por conta da
herança batista que tinham, se- guiram no Brasil o sistema congregacional de
governo eclesiástico. Nessa época, a única liderança central eram os próprios
missionários suecos. Esse modelo perdurou até os anos 1930, quando os pastores
brasileiros reivindicavam maior espaço na liderança da denomina- ção. Dessa
forma, Gunnar Vingren convidou Lewi Pethrus para mediar a situação. É nessa
época que acontece o que viria a ser conhecida como a Primeira Convenção Geral
das Assembleias de Deus no Brasil, que aconteceu na cidade de Natal-RN. A bem
da verdade, essa Convenção era conhecida mais como uma Conferência de
Edificação Espiritual. Ainda não havia a estrutura organizacional que viria em
anos posteriores.
A partir
dos anos 1940, a Convenção Geral ganha personalidade jurídica e passa a ter uma
maior estrutura organizacional. Os brasi- leiros assumiram o comando das ADs do
Norte e do Nordeste, sendo que os missionários deslocaram-se mais para o sul e
sudeste, onde se dedicaram ao trabalho de implantação de igrejas. A partir
desse fato, observa-se que as ADs no Brasil passam a possuir um modelo de
governo híbrido ela agrega elementos do congregacionalismo, herança dos
missionários suecos, e episcopalismo, uma vez que a liderança torna-se mais
centralizada.
Vimos,
portanto, uma breve análise da relação existente entre organismo e organização.
Procurei destacar que um é a função, e o outro, a forma. Como não existe função
sem forma, é um mito, portanto, querer uma igreja sem organização. Toda igreja,
de alguma forma, possui ou deve possuir alguma estrutura organizacional. O
corpo precisa de uma cabeça. Os desigrejados reivindicam uma igreja onde
somente haja o organismo, rejeitando toda forma de organização. Contudo, o que
está por trás dessa postura é mais uma mentalidade insubmissa do que
propriamente um zelo cristão. São grupos que não refletem aquilo que a igreja é
de fato. Por outro lado, a igreja deve evitar a todo custo a
institucionalização. Isso porque o institucionalismo fragmenta a igreja e
sufoca os carismas do Espírito. Como alguém falou: "Os carismas acabam
quando começa a instituição".
O CORPO DE CRISTO -
origem, natureza e vocação da Igreja no mundo
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