TEXTO AUREO
“Portanto, ide, ensinai todas as
nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
(Mt 28.19)
VERDADE PRÁTICA
O batismo é uma ordenança de Jesus Cristo e, por isso, deve ser uma
prática obedecida pela igreja.
LEITURA BIBLICA EM CLASSE
Romanos
6.1-11
1 – Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja
mais abundante?
2 – De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda
nele?
3 – Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos
batizados na sua morte?
4 – De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como
Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim
andemos nós também em novidade de vida.
5 – Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte,
também o seremos na da sua ressureição;
6 – sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o
corpo do pecado seja desfeito, afim de que não sirvamos mais ao
pecado.
7 – Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
8 – Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;
9 – sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte
não mais terá domínio sobre ele.
10 – Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a
viver, vive para Deus.
11 – Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para
Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
O Batismo em águas é uma importante
prática da Igreja de Cristo. É um rito valorizado pelo nosso Senhor Jesus e
praticado por toda a Igreja Primitiva. Ao longo dos séculos, esse rito tem
sido uma identidade da Igreja de Cristo. Infelizmente, também ao longo dos
anos, temos visto desvios tanto no seu propósito quanto em sua forma. Por isso,
esta lição trará uma exposição da doutrina bíblica do Batismo em águas e,
também, lições da história com o objetivo de instruir-nos.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Pontuar os pressupostos
bíblico-doutrinários do Batismo;
II) Explicar o símbolo e o propósito
do Batismo;
III) Esclarecer a fórmula e o método
do Batismo.
B) Motivação: o Batismo é a
declaração pública da alma que abraçou a verdade do Evangelho. Por isso, o seu
símbolo mais eloquente é o da alma que foi sepultada para o mundo e seus
valores e ressuscitou para Deus a fim de andar em novidade de vida.
C) Sugestão de Método: Na exposição
do primeiro tópico, há uma palavra que, talvez, algum aluno nunca tenha ouvido
falar: sacramento. Por isso, aproveite a oportunidade para explicá-la e
reforçar a diferença entre sacramento e ordenança. Explique que a palavra
“sacramento” traz uma ideia de um ritual ou sinal que tem como resultado uma
graça de Deus sendo transmitida ao indivíduo. Já a palavra ordenança traz a
ideia de uma prática ou cerimônia prescrita
no Novo Testamento dentro de uma perspectiva memorial. Por exemplo, a Ceia do
Senhor é um memorial do sacrifício do Senhor, instituído por Jesus e, por isso,
deve ser celebrada por seus seguidores.
3-
CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A)
Aplicação: O Batismo
é um símbolo que nos relembra de uma vida integralmente dedicada a Cristo. É
uma imagem poderosa para que o nosso relacionamento com Cristo seja muito mais
profundo, intenso e edificante.
4-
SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A)
Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e
subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 96, p.40, você
encontrará um subsídio especial para esta lição.
B)
Auxílios Especiais: Ao final
do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua
aula:
1) O texto “A Ordenança do Batismo”, localizado
depois do primeiro tópico, aprofunda a compreensão do Batismo em águas como uma
ordenança de Cristo;
2) O texto “O Propósito do Batismo”, ao final
do segundo tópico, amplia a reflexão a respeito do símbolo e do propósito do
Batismo.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A ORDENANÇA DO BATISMO
A ordenança do batismo nas águas tem feito
parte da prática cristã desde o início da Igreja. Era tão intima da vida da
Igreja Primitiva, que F. F. Bruce comenta: ‘A ideia de um cristão não batizado
realmente sequer é contemplada no Novo Testamento’. Existiam, na realidade,
alguns ritos batismais similares já antes do Cristianismo, inclusive entre
algumas religiões pagas e a comunidade judaica (para os prosélitos gentios
convertidos ao Judaísmo). Antes do ministério público de Jesus, João Batista
enfatizava um ‘batismo de arrependimento’ aqueles que desejassem entrar no
prometido Reino de Deus. A despeito de algumas semelhanças com esses vários
batismos, o significado e propósito do batismo cristão vai além de todos eles.
Cristo estabeleceu o modelo para o batismo cristão quando Ele mesmo foi
batizado por João, no início de seu ministério público (Mt 3.13-17).
Posteriormente, ordenou que seus seguidores saíssem pelo mundo, fazendo
discípulos, ‘batizando-os em [gr. eis para dentro de’] nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo’ (Mt 28.19)- Cristo, portanto, instituiu a ordenança do
batismo, tanto pelo seu exemplo quanto pelo seu mandamento” (HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2023, pp. 569-70).
AUXÍLIO TEOLÓGICO
O PROPÓSITO DO BATISMO
“[…] O batismo indica que o crente morreu para
o velho modo de viver e entrou na ‘novidade da vida mediante a redenção em
Cristo. O ato do batismo nas águas não leva a efeito essa identificação com
Cristo, ‘mas a pressupõe e a simboliza’. O batismo, portanto, simboliza a
ocasião em que aquele antes inimigo de Cristo faz sua ‘rendição final’. O
batismo nas águas também significa que os crentes se identificaram com o corpo
de Cristo, a Igreja. Os crentes batizados são admitidos na comunidade da fé e,
com sua atitude, testificam publicamente diante do mundo sua lealdade a Cristo,
juntamente com o povo de Deus. Essa parece ser uma das razões principais por
que os crentes nectestamentários eram batizados quase imediatamente após a
conversão. Num mundo hostil à fe crista era importante que os recém-convertidos
tomassem posição lado a lado com os discipulos de Cristo e se envolvessem
imediatamente na vida total da comunidade cristă. Talvez um dos metivos por que
o batismo com água não orupa mais lugar de destaque em muitas igrejas seja por
estar tão frequentemente separado do ato da conversão. O batismo é mais que ser
obediente ao mandamento de Cristo. Relaciona se com o ato de se tornar seu
discipulo” (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Ferspectiva Pentecostal.
ted. Rio de Janeiro CPAD, 2023, p. 570).
CONCLUSÃO
Procuramos abordar as questões mais relevantes
concernentes ao Batismo em águas. Mostramos que, embora não tenha a atribuição
de salvação a quem dele participa, o Batismo é, sim, uma prática que deve ser
levada a sério por todo crente que quer seguir as Palavras de Jesus. Por meio
do Batismo nos identificamos com Cristo Jesus e tornamos pública a nossa
profissão de fé.
CPAD TEMA : O CORPO DE CRISTO – Origem, Natureza e
Missão da Igreja no Mundo
| Lição 09: O Batismo – A Primeira Ordenança da Igreja
Que diremos, pois?
Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum!
Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis
que to- dos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como
Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em
novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança
da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto: que o
nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja
desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está
morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que
também com ele viveremos; sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos,
já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. Pois, quanto a ter
morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus,
em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 6.1-11)
O batismo em águas é um antigo ritual cristão
cuja prática remonta a João Batista (Mt 3.7). O quarto evangelho destaca que
João batizava em Enom porque ali "[...] havia ali muitas águas" (Jo
3.23). Marcos registra que muitas pessoas foram batizadas por ele, inclusive
Jesus Cristo (Mc 1.5,9). Por outro lado, Lucas registra no terceiro evangelho
que o batismo de João exigia como requisito o arrependimento (Lc 3.3) e que
este era preparatório (Mt 3.11,12).
Em o Novo Testamento, o batismo aparece como
uma ordenança de Cristo, e não como um sacramento. Jesus ordenou que os seus
discípulos batizassem aqueles que respondessem positivamente à mensagem do
evangelho: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19); "E disse-lhes:
Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).
Gregg Alisson observa que um sacramento é "um sinal externo que tem o
poder inerente de comunicar a graça divina necessária para a salvação".
Essa crença que enxerga o batismo como um sacramento e não como uma ordenança
foi primeiramente defendida por Tertuliano (160-230 d.C). O termo sacramento
foi a princípio usado em referência a um juramento feito por um soldado do Império
Romano. Tertuliano também via o batismo como um tipo de juramento que o cristão
fazia e, assim, tomou de empréstimo o seu sentido sacramentalista em relação ao
batismo.
É somente no início do periodo medieval que a
crença do batismo como um sacramento vai ganhar novas nuances. Isso acontece no
con- texto dos debates que Agostinho (354-430), bispo de Hipona, vai ter com os
donatistas e pelagianos. Agostinho acreditava que o batismo concedia graça a
quem era conferido independentemente de quem realizasse o rito. Dessa forma,
até mesmo um herege podia realizar o batismo que, segundo ele, não retiraria a
sua validade. Isso porque "o sacramento opera por sua própria natureza (ex
opere operato-independente do ato realizado). Sua validade em nada depende da
fé do recipiente: basta que não haja impedimento de sua parte". Essa
compreensão sacramentalista, conforme entende o catolicismo, teve importantes
desdobramentos sobre o rito do batismo. Agostinho, que posteriormente ajudou a
consolidar a compreensão sacramentalista católica, vivenciou esse rito em
Milão.
De acordo com William Harmless,
O rito começava
precisamente diante do batistério com o effatha, uma "abertura" dos
sentidos (lembrando o episódio do Cristo abrindo os olhos do cego em Mc 7.34).
Em seguida, os catecúmenos entravam no batistério propriamente [...] Os
candidatos provavelmente retiravam aí suas vestes e eram ungidos de óleo,
talvez sobre todo o corpo. Renunciavam primeiramente, ao diabo (voltando-se,
talvez ocidente) e, em seguida, voltavam-se para o oriente para proclamar sua
fidelidade ao Cristo (myst. 2.7). Segundo Ambrósio, o bispo consagrava a água
da fonte batismal com uma oração e o sinal da cruz [...]. Quando os catecúmenos
saíam da fonte, recebiam de novo uma unção, dessa vez com o crisma, derramado
sobre a cabeça. Depois disso, num rito especificamente milanês, o bispo lavava
os pés desses catecúmenos. Em seguida, eram vestidos de novas vestes brancas.
Seguia-se a confirmação, na qual o bispo invocava o Espírito Santo pedindo os
sete dons mencionados em Is 11,2, e os catecúmenos eram marcados com o sinal da
cruz, provavelmente com o crisma. No ocidente latino, essa unção pós-batismal
será mais tarde, o sacramento da confirmação; mas, nessa época, era parte
integrante da celebração do batismo. Depois do batismo, os recém-batizados eram
reconduzidos à assembleia cristă e podiam participar pela primeira vez da
liturgia eucarística. Cada dia, durante a semana da Páscoa, Agostinho e os
outros recém-bati- zados deviam ir à Basilica, com suas vestes brancas, receber
uma espécie de instrução, conhecida como mistagogia, quer dizer, o
"ensinamento dos mistérios" [...] depois desses ritos, os recém-batizados
vestiam as novas vestes feitas, muito provavelmente, de linho branco (s. 120;
223; 260 C, 7). Durante os oito dias
seguintes, usavam suas vestes batismais para manifestar seu compromisso com uma
vida pura. É igualmente possível que tenham tido um véu sobre a cabeça (s.
376A,1). Finalmente usavam sandálias especiais para que seus pés não tocassem o
chão [...] pensava-se que aqueles que saiam do batistério fossem dotados de
poderes milagrosos de cura e intercessão.
Não há dúvidas de que a compreensão
sacramentalista no batismo em águas conduziu a ensinos heréticos e práticas
contrárias ao ensino biblico. Isso fez com que alguns deixassem de dar o devido
valor para essa ordenança de Cristo. Se, por um lado, é errado supervalorizar o
batismo, por outro, é igualmente errado minimizar o seu valor. Geral- mente, o
texto que relata a conversão do ladrão na cruz (Lc 23.39-42) é usado para
fundamentar esse ponto de vista. Se não houve necessidade de o ladrão ser
batizado, então deduzem que essa prática não é importante ou necessária. Nesse
caso, a exceção vira regra. Convém dizer que tanto um posicionamento como o
outro são extremos e devem ser evitados. Se, por um lado, não é bíblico ensinar
que o batismo tem poder salvífico, isto é, que não há regeneração batismal, por
outro lado, também é igualmente errado não ver valor nenhum nesse importantíssimo
rito cristão. O batismo foi ordenado por Cristo, e isso por si só já o faz
revestir-se de grande importância. Se, por um lado, o batismo não significa a erradicação da natureza
pecaminosa, por outro lado, não é meramente um rito destituído de significação
alguma.
O Batismo
de Infantes
Um importante desdobramento da teoria
sacramentalista agostiniana pode ser vista no batismo infantil. Convém dizer,
em primeiro lugar, que o batismo infantil não é um ensino do Novo Testamento.
Tertuliano, um dos Pais da Igreja, desaprovou essa prática. Por outro lado,
Cipriano de Cartago defendia o batismo infantil. É, contudo, no início da Idade
Média que Agostinho, bispo de Hipona, vai defender com fervor o batismo de
crianças. Isso aconteceu por conta do seu conflito com os pelagianos. Celésio,
discípulo de Pelágio, acreditava que o pecado de Adão só prejudicou o próprio
Adão e a mais ninguém. Da mesma forma, defendia que as crianças recém-nascidas
eram iguais a Adão antes da Queda, isto é, não tinham pecados. Dessa forma,
Celésio entendia que as crianças poderiam, sim, ser batizadas, mas não por
conta do pecado original que elas não haviam herdado. Por outro lado, Agostinho
defendia que a igreja deveria batizar as crianças "para a remissão dos
pecados - não, de fato, dos pecados que elas cometeram, imitando o exemplo do
primeiro pecador, mas dos pecados que contraíram por seu próprio nascimento,
dada a corrupção de sua origem". Em outras palavras, as crianças deveriam
ser batizadas para livrarem-se do pecado original. Harmless observa que
Agostinho "insistia que o batismo significava remissão de pecados", e
como ele entendia que os infantes carregavam o pecado original, o batismo era a
única forma segura de removê-lo: "O que estamos discutindo diz respeito à
eliminação do pecado original de bebês".
O
Concilio de Cartago de 414 d. C. deixou claro o posicionamento católico sobre
esse assunto:
Se alguém diz que os
recém-nascidos não precisam ser batiza- dos, ou que são batizados para o perdão
de pecados, mas que nenhum pecado original é derivado de Adão para ser removido
pelo lavar da regeneração de modo que, nesse caso, a fórmula batismal
"para perdão de pecados" deve ser considerada em um sentido ficticio,
e não no sentido verdadeiro, que seja anátema (condenado ao inferno)."
A doutrina agostiniana do batismo infantil
prevaleceu no catolicismo medieval e acabou influenciando até mesmo os
reformadores da chamada Reforma Magistral. Nem Lutero, Calvino e Zuinglio conseguiram
romper com essa tradição. Foi somente com os anabatistas, inseridos dentro da
chamada Reforma Radical, que o batismo infantil vai ser abandonado. De alguma
forma, esses reformadores mantiveram aspectos da posição sacramentalista do
batismo católico. Os anabatistas foram os primeiros, portanto, a batizar
adultos. Ao fazerem isso, rompiam não somente com o catolicismo, mas,
sobretudo, com os reformadores protestantes do século XVI. Alisson observa que,
para os anabatistas, "somente quem é capaz de entender o evangelho de modo
consciente, arrepender-se de seus pecados e crer em Jesus Cristo para a
salvação deve ser batizado." Eles pagaram caro por isso. Muitos deles
foram expulsos das suas terras, e muitos outros foram executados.
Os
anabatistas mais importantes que romperam com a tradição do batismo infantil
foram Félix Manz (1498-1527), Connrad Grebel (1498-1526) e George Blaurock
(1491-1529). Eles passaram a defender abertamente que somente pessoas que
fossem capazes de demonstrar arrependimento e crer no Senhor Jesus deveriam ser
batizadas. Em resposta à posição anabatista, o Concilio de Zurique, adeptos da
teologia de Zuinglio, publicou um decreto em 18 de janeiro de 1525 condenando a
posição anabatista.
Embora tenha
surgido um erro a respeito do batismo, de que crianças pequenas não devem ser
batizadas enquanto não chegarem à idade de prestação de contas e souberem o que
é a fé, e embora alguns tenham, consequentemente, deixado de providenciar para
que os seus filhos fossem batizados, nossos senhores, o burgomestre, o concilio
e o grande concilio realizaram um debate a respeito dessa questão para
descobrir o que as Escrituras Sa- gradas têm a dizer a seu respeito. Uma vez
que eles constataram nas Escrituras que, não obstante esse erro, as crianças
devem ser batizadas assim que nascem, todos os que até aqui permitiram que seus
filhos ficassem sem batismo devem providenciar para que sejam batizados dentro
da próxima semana; e aqueles que não o fizeram devem, com sua esposa e filho e
haveres [bens], deixar nossa cidade, jurisdição e domínio ou aguardar o que
lhes será feito. Diante disso, todos saberão como se comportar."
Alisson destaca que, apenas três dias depois
da publicação desse decreto, no dia 21 de janeiro de 1525, os anabatistas
reuniram-se e resolveram realizar o batismo de adultos. Numa reunião que foi realizada
na casa de Félix Manz, George Blaurock pediu que Conrad Grebel batizasse-o. Depois de batizado, Blaurock batizou os outros
companheiros. Com esse ato, começou o que viria a ser conhecido na história
como anabatista, isto é, os rebatizadores. O primeiro mártir anabatista a ser
morto por praticar o batismo de adultos foi Félix Manz Ele foi afogado no rio
Limmat perante Zuinglio e uma multidão que assistia à execução.
Os anabatistas posicionaram-se contra o
batismo infantil pelo seguintes aspectos:
1. Não há justificativa bíblica para a prática do
batismo infantil.
2. Não havia um único relato no Novo Testamento
mostrando a prática do batismo infantil.
3. Se o batismo era um sinal de "iniciação",
isto é, o recebimento do Espírito, início da fé e inicio de uma nova vida, como
defendia Zuinglio, ele deveria ser imediatamente suspenso, já que nenhum desses
requisitos é cumprido numa criança.
A defesa do pedobatismo, isto é, do batismo
infantil, acabou criando uma "teologia" em favor dele. Assim, alguns
textos e práticas do Novo Testamento onde supostamente há uma justificativa
para essa prática são invocados. Norman Geisler rebateu esse posicionamento
como segue:
Os adeptos do
batismo infantil apelam para versículos como os de Colossenses 2.11, 12.1.
"No qual Cristo também estais circuncidados com a circuncisão não feita
por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com
ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o
ressuscitou dos mortos". Eles argumentam que se o batismo é a circuncisão
do Novo Testamento, essa circuncisão era realizada nas crianças, então o
batismo também deve ser realizado nas crianças. Em resposta, isso está muito
longe de provar que o Novo Testamento ensina que as crianças devem ser
batizadas. Primeiro, o texto não diz nada sobre batizar as crianças e qualquer
conclusão em contrário será estritamente uma inferência especulativa. Segundo,
somente os homens eram circuncidados no Antigo Testamento. Os adeptos do
batismo na infância obviamente também batizam as mulheres, portanto esse
argumento, além de ser fraco, também é inconsistente. Terceiro, esse texto
(como numerosas outras passagens do Novo Testamento) menciona que a
"fé" é o meio pelo qual alguém é salvo (cf. Ef 2.8). A fé é o único
meio de salvação; e as crianças não têm idade suficiente para crer (para ter
fé). [A alegação de que] havia muitos Batismos de Lares Inteiros no Novo
Testamento. O Novo Testamento menciona quatro vezes o fato de todos os membros
da casa serem batizados. Familias inteiras geralmente incluem infantes ou
crianças pequenas. Portanto, parece razoável concluir que esses são exemplos de
batismos de crianças. Em resposta, vários fatos devem ser destacados. Primeiro,
em nenhuma passagem o texto diz que todas as crianças eram batizadas; isso é
mera suposição. Segundo, existem provas nessas passagens de que não havia o
envolvimento de crianças. No caso do carcereiro de Filipos, todos os que foram
batizados creram, pois Paulo disse: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás
salvo, tu e a tua casa" (At 16.31). Lucas continua: "... com todos os
seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus" (v. 34; cf.
18.8). Paulo também batizou toda a "familia de Estéfanas" (1 Co
1.16), na qual está claro que não havia crian- ças, pois ficamos sabendo depois
"que a casa de Estéfanas são as primícias da Acaia e que se consagraram ao
serviço dos santos" (16.15, RA); crianças não têm idade suficiente para
servir. Terceiro, Lídia era claramente uma mulher de posses (tinha a sua própria
casa-At 16.15,40): como era uma mulher solteira e virtuosa, ela não tinha
filhos, e como era uma mulher dedicada ao comércio, é claro que possuía servos.
Assim sendo, sua "casa" seria formada apenas por adultos. Novamente,
então, tudo que é a favor do batismo de crianças pertence a um argumento
silencioso - Atos 16.15 não diz nada sobre crianças sendo batizadas.2
O Simbolo
do Batismo
Biblicamente, o batismo é um símbolo visível
de uma realidade invisível. O teólogo sistemático Augustus Hopkins Strong
(1836-1921) escreveu sobre o que seria um Simbolo, um Rito e uma Ordenança:
Quero estabelecer
bem uma distinção entre cada uma das três palavras símbolo, rito e ordenança.
1. Símbolo é o sinal, ou representação visível, de uma verdade ou ideia
invisível; por exemplo, o leão é símbolo da força e da coragem; o cordeiro, da
mansidão o ramo de oliveira, da paz; o cetro, do domínio; a aliança, do casa
mento; e a bandeira, do país. Os símbolos podem ensinar grandes lições [...] a
lavagem dos pés dos discípulos de Jesus ensinava a sua descida do céu para
purificar e salvar, e o serviço humilde requerido dos seus seguidores. 2. Rito
é o símbolo que se emprega com regularidade e intenção sagrada. Os símbolos
tornam-se ritos quando empregados desta forma. A imposição de mãos na
ordenação, e o cumprimento apertando a mão direita em sinal de companheirismo
são exemplos de ritos autorizados na igreja cristă. 3. Ordenança é um rito
simbólico que destaca as verdades centrais da fé cristă, e é de obrigação
universal e perpétua. O batismo e a ceia do Senhor são ritos que se tornaram
ordenanças através da determinação especifica de Cristo e através do
relacionamento delas com as verdades essenciais do reino de Cristo."
Assim
também, John Landers observa que:
O fato de alguns transformarem o Batismo e a Ceia em meios da graça
[sacramento] não deve levar os mais esclarecidos a menosprezarem os atos que
Cristo ordenou [...] Além dessa ênfase negativa, que se torna necessária, é
preciso apresentar uma doutrina positiva das ordenanças. Uma ordenança é um
símbolo, isto é, ela concretiza uma ideia abstrata. A Bandeira Brasileira é o
"querido simbolo da terra". A bandeira não é o Brasil, mas ela
representa o Brasil. O brasileiro respeita a bandeira, não por seu pano ter uma
qualidade especial, mas porque ela representa seu país [...]. Um símbolo...
participa da realidade que representa. O motorista vë na sinalização uma seta,
chamando sua atenção para uma curva à frente. A seta é um símbolo; ela
praticamente dispensa explicação. Ninguém esquece o sentido da seta, porque
ela, sendo símbolo, participa da realidade que representa [...] Batismo e a
Ceia do Senhor são verdadeiros símbolos, porque participam da realidade que
representam. O Batismo simboliza sepultamento e ressurreição, e os elementos da
Ceia simbolizam corpo e o sangue de Jesus Cristo. O significado das ordenanças
é inesquecível, porque elas encerram sua própria mensagem com naturalidade
[...]. As ordenanças simbolizam a cruz e a ressur- reição. A repetição desses
atos, através dos séculos, serve como aviso constante da obra salvadora de
Jesus Cristo na história. As ordenanças não são apenas alegorias morais,
símbolos de senti- mentos nobres ou preceitos bonitos. Muito mais, elas
testificam poderosamente do evento central de Deus na história. Por esta razão,
as ordenanças permanecem como simbolos para observação perpétua até a volta de
Cristo. Elas estão sempre diante do povo de Deus, chamando-o de volta às
realidades centrais da fé. O que é, afinal, uma ordenança? É um ato simbólico
ordenado por Jesus Cristo para observação perpétua, até a sua volta, como
testemunha das verdades centrais do evangelho, e cuja celebração representa um
fator constitutivo da igreja."
A exposição teológica de Strong e Landers são
complementares. Elas revelam que o batismo simbolicamente mostra nossa
identificação com Cristo. Na verdade, o batismo é um público testemunho de fé
de nossa nova vida em Cristo. Mediante esse rito, estamos mostrando ao mundo
que nos identificamos na morte e ressurreição de Jesus. Assim como Cristo
morreu, foi sepultado e ressuscitou, da mesma forma, por intermédio do batismo,
estamos unidos com Ele. Não somos mais filhos deste mundo. "Ou não sabeis
que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como
Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em
novidade de vida" (Rm 6.3,4).
A Fórmula e
Método do Batismo
A fórmula batismal mostrada no Novo Testamento
é trinitariana, isto é, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). A forma de realizar o batismo é
por imersão. O costume de batizar por aspersão, isto é, derramando água sobre a
cabeça do batizando, é encontrada na literatura apócrifa. No livro denominado
DIDAQUÊ: ensino dos doze apóstolos, um texto escrito no segundo século,
encontramos a instrução sobre o batismo:
Com respeito ao
batismo, batizem da seguinte forma: Quanto ao batismo, faça assim: depois de
ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo. Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se
não puder batizar com água fria, faça com água quente. Na falta de uma ou outra,
derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como
aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um
jejum de um ou dois dias, 15
Embora siga a fórmula trinitariana
neotestamentária, esse documento, contudo, já altera a forma de o batismo ser
realizado. A aspersão, e não somente a imersão, passa a ser admitida como forma
válida de realizar o batismo. Esse entendimento é posteriormente seguido tanto
por católicos como também segmentos do protestantismo histórico.
Uma simples verificação nos relatos sobre o
batismo no Novo Testamento desfaz esse entendimento: "E, sendo Jesus
batizado, saiu logo da água [...]" (Mt 3.16). Se o batismo fosse por
aspersão, não ha- veria necessidade alguma de Jesus entrar num rio para ser
batizado. Bastava, nesse caso, usar uma vasilha para aspergi-lo fora do rio: "Ora,
João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e
vinham ali e eram batizados" (Jo 3.23). Essa observação de que "ali
havia muitas águas" seria totalmente desnecessária se o batismo fosse por
aspersão. O fato de haver muitas águas deixa claro a necessidade de imergir o
candidato na água: "[...] e desceram ambos ás águas" e "[...]
saíram da água" (At 8.38,39). Mais uma vez, essas observações dadas por
Lucas com respeito ao batismo do eunuco realizado por Filipe seriam totalmente
desnecessárias se o batismo não fosse por aspersão. No contexto do Novo
Testamento, portanto, o batismo segue a fórmula trinitariana e é realizado por
imersão.
O CORPO DE CRISTO
– Origem, Natureza e Missão da Igreja no Mundo
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