quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

CPAD – TEMA: O CORPO DE CRISTO | Lição 08: A Disciplina na Igreja


TEXTO ÁUREO

E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido.

(Hb 12.5)

VERDADE PRÁTICA

A disciplina cristã é uma doutrina bíblica necessária, pois permite ao crente refletir o caráter de Cristo.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Hebreus 12.5-13

5 – E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido;

6 – porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.

7 – Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem opai não corrija?

8 – Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos.

9 – Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?

10 – Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.

11 – E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.

12 – Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,

13 – e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.



PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO                    

Caro professor, prezada professora, esta lição tem como finalidade apresentar a prática da disciplina na igreja. Haja vista o nosso Deus ser santo, convém que os seus servos o sirvam em santidade. Por essa razão, a disciplina é uma prática indispensável para a igreja, pois tem o propósito de corrigir maus comportamentos, afugentar o pecado e preservar o bom testemunho cristão.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Mostrar a necessidade de disciplina na igreja;

II) Destacar que a disciplina tem como propósito preservar a honra cristã e repelir a prática do pecado;

III) Apresentar as diferentes formas de disciplina elencadas na Bíblia.

B) Motivação: A disciplina sempre existiu entre o povo de Deus. Desde os tempos em que os hebreus saíram da escravidão no Egito até os dias atuais, a disciplina tem sido o método instituído pelo Senhor como forma de preservar a santidade e a comunhão com o seu povo. Esse processo pode ser compreendido pela forma como Deus usou a Lei, os profetas e, por fim, seu próprio Filho anunciando a mensagem do Reino.

C) Sugestão de Método: Nesta lição, a compreensão do processo de disciplina é fundamental para que os crentes possam manter-se compromissados com o Evangelho. Analise com seus alunos os métodos de disciplina instruídos na Bíblia, especificamente, nas Cartas Pastorais. Em seguida, relacione se tais métodos têm sido adotados com frequência atualmente e converse com seus alunos sobre o que pode ser feito para estimular a prática da disciplina na igreja.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: A prática da disciplina, embora pareça indigesta para alguns crentes, não deve ser entendida como uma punição que tem a pretensão de humilhar o pecador. Antes, a disciplina é a prova mais clara de que o Senhor repreende e corrige a todos que Ele ama. Nesse sentido, o crente deve aceitar a disciplina como indispensável para melhorar o seu comportamento e testemunho cristãos.

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 96, p. 40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “Correção”, localizado depois do primeiro tópico, traz a definição do conceito de correção e o seu propósito na vida cristã;

2) O texto “Deus disciplina seus filhos”, ao final do terceiro tópico, amplia a reflexão sobre o bom efeito da disciplina. A forma como os pais corrigem seus filhos exemplifica e justifica por que Deus também aplica a correção para com os seus filhos por adoção.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

CORREÇÃO – Esta palavra é usada para regenerar, emendar, restaurar, disciplinar. A correção é uma função e uma responsabilidade do pai para com os seus filhos (Pv 23.13; 29.17; Jr 2.30; Hb 12.9) é de Deus para com o seu povo (Jó 5.17; Pv 3-12; Hb 12.7, 9). Tanto os termos em hebraico como em grego sugerem um significado duplo; instruir, guiar, argumentar; e, também, punir, castigar, reprovar. A correção é visível em todo o processo de criação dos filhos, como sugere o termo grego mais comum paideuo, ‘educar um filho’, envolvendo tanto a orientação positiva, como a disciplina negativa, no caso de má conduta. A expressão que mostra que a Palavra de Deus é útil para a correção (2 Tm 3.16), ressalta o seu valor na melhoria de vida e do caráter do crente. O termo grego aqui significa ‘restauração a um estado de retidão”‘ (PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.466).


AUXÍLIO TEOLÓGICO

DEUS DISCIPLINA SEUS FILHOS (HB 12.4-15)
A correção de Deus é dirigida à produção de justiça e paz (Hb 12.10b, 11). O autor revela o fim para o qual se destina a disciplina ou a correção de Deus. Não importa o quanto possam ser desagradáveis as experiências difíceis das nossas vidas, ou dolorosos os nossos sofrimentos, nós podemos obter consolo do fato de que ‘mais tarde’ tais experiências produzirão ‘um fruto pacífico de justiça’. O resultado, entretanto, não é automático. A palavra traduzida como ‘exercitados’ no versículo 11 é gegymnasmenois, que deriva do atletismo, onde ela significa um exercício contínuo. O atleta diz: ‘sem esforço não há resultados’, querendo dizer que somente rompendo o tecido muscular e reconstruindo tecidos mais fortes é que ele pode atingir e seu objetivo. A correção que Deus impõe nos dá oportunidades cada vez mais novas para nos exercitarmos espiritualmente, e desta forma nos aproximarmos mais do objetivo de Deus para nós, de vidas verdadeiramente justas e de paz interior” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.510,11).

CONCLUSÃO

Nesta lição, vimos o valor da disciplina cristã sob diferentes aspectos. A disciplina se mostra necessária quando sabemos que Deus é santo e exige que seu povo seja santo. Por outro lado, a disciplina também cumpre os propósitos de Deus quando ela conduz o cristão a se conformar com o caráter de Cristo. Uma igreja indisciplinada, portanto, perdeu o bom cheiro de Cristo (2 Co 2.14).

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| Lição 08: A Disciplina na Igreja

 

  Já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quan- do, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem Ihes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado. (Hb 12.5-13)

  Sou convertido à fé evangélica há exatamente quatro décadas, pouco mais da metade delas dedicado ao ministério pastoral de tempo integral. Já vi o bastante para saber que a igreja evangélica brasileira vem perdendo cada vez mais a sua capacidade de testemunhar perante um mundo incrédulo.

    Basta acessar as redes sociais para ver que a moral cristã está em baixa. Os escândalos parecem fazer parte da ordem do dia. O ruim não é apenas vermos acontecer os escândalos, mas saber que nada acontecerá com essas pessoas que escandalizam. Não há disciplina alguma para elas. Precisamos entender o que é a disciplina bíblica, a sua natureza e propósito, se quisermos, de fato, ser reconhecidos como Igreja do Senhor. Sendo uma doutrina bíblica, a questão disciplinar não se encontra na esfera de uma preferência pessoal e que depende das circunstâncias. Não! A disciplina bíblica é algo muito sério e não pode, de forma alguma, ser relativizada sem que isso traga graves consequências para a igreja.

  O reverendo Antonio Gilberto escreveu sobre a disciplina no contexto da igreja:

  o sentido do termo disciplina na Bíblia (Hb 12.7). Devido à má aplicação da disciplina cristă na igreja, ela passou a ter um sentido negativo e repulsivo, quando devia ser o inverso. "Disciplina" vem da mesma palavra que originou "discípulo" e "aprendiz" o alvo da verdadeira disciplina é ajudar o crente a ser um bom discípulo. Por outro lado, todo bom discípulo de Jesus deve ser amigo da disciplina. A aplicação da disciplina pode ser em forma de advertência pessoal (Mt 18.15); visitação acompanhada (1 Co 4.19-21; Mt 18.15-17); advertência pública (1 Tm 5.20); comunicação escrita (2 Co 7.8-10); exortação pessoal (Gl 6.1, ARA); suspensão (2 Ts 3.14,15, Tt 3.1); exclusão do rol de membros (Mt 18.17): "considera-o como gentio e publicano". Nesse caso, o ato da exclusão da igreja é apenas uma expressão visível que o Senhor da Igreja já fez.

  Quando não há prática da disciplina, o testemunho cristão da igreja é enfraquecido. É preciso, portanto, buscar o caminho bíblico para que a disciplina não desapareça da vida da igreja. Aqui, disciplina não é sinônimo de "castração", mas de "restauração". A disciplina não visa matar o faltoso, mas tratá-lo de forma adequada. Tão logo termine o processo de correção, o crente, agora restaurado, volta à comunhão.

  A Necessidade da Disciplina na Igreja

Ao comentar sobre a falta de disciplina na Igreja, Lewi Pethrus escreveu:

   A frouxidão na disciplina da igreja tem a sua raiz nas tendências que discutimos. As pessoas não querem ouvir sobre punição, pois não é agradável para esta geração atual, nem se presta bem ao cristianismo moderno. Vivemos numa época de tolerância. Muitas vezes ouvimos que Deus é amor, mas raramente que Ele é justo. A frouxidão na disciplina da igreja cristă resulta na rejeição do ensino bíblico de que Deus pune o mal. Essa frouxidão é causada pela falha em entender a Justiça e pela falta de conhecimento a respeito de Deus e a sua personalidade. Os homens acreditam que a indiferença para com o pecado é o mesmo que o amor divino, mas é algo totalmente diferente. A Palavra de Deus nos diz para odiar o mal. Foi dito a respeito de Jesus: "Amaste a Justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros" (Hb 1.9). Aquele que ama a Justiça e odeia a iniquidade considera quão fácil é pecar, e que Deus deve, para manter a ordem no seu grande Universo, punir o pecado e que isso deve ser feito na igreja de Deus. A igreja que ama a Justiça e odeia a iniquidade viverá na plenitude do Espírito Santo e será ungida com o óleo da alegria.

  Pethrus está coberto de razão quando aponta nossa complacência para a falta de disciplina na igreja. Devemos, sim, ser misericordiosos, o que é totalmente diferente de sermos complacentes. Infelizmente, há uma tendência no meio cristão de fazer "vista grossa" para certas práticas e comportamentos pecaminosos. Deixar as coisas como estão virou sinônimo de demonstrar empatia. Tudo é validado em nome do "amor".

Amor versus Santidade

  Nesse aspecto, há duas coisas que devem ser levadas em conta. Em primeiro lugar, devemos entender o que a Biblia quer dizer quando fala que "Deus é amor" (1 Jo 4.8). Esse texto é usado muitas vezes para validar todo tipo de prática onde supostamente há amor. Assim, o texto é lido de trás para frente: "O amor é Deus". Em outras palavras, tudo é permitido e válido se há "amor." Contudo, no texto bíblico, a expressão "Deus é amor" é uma figura de linguagem conhecida como "metonímia", onde se toma o abstrato pelo concreto e vice-versa. Portanto, Deus é amor, mas o amor nunca será Deus. Gramaticalmente, o "amor" aparece como um dos atributos de Deus, assim como o são a santidade e a justiça. Deus não é definido apenas por um dos seus atributos, pois Ele possui muitos. O amor é apenas um deles. O amor, portanto, não pode ser usado como justificativa para validar qualquer comportamento pecaminoso.

  O gramático Genival Costa e Silva, meu professor de grego no Seminário Batista de Teresina, explicou esse texto da seguinte forma:

  Dizer que Deus é amor é afirmar que Deus é um ser abstrato, portanto, não possuidor de vida própria; dependente de outro ser, já que o substantivo abstrato amor não tem vida própria, depende de outro ser para existir [...] analisando a oração: Deus é amor, no aspecto sintático, teremos outro conceito de Deus. Vejamo-lo: Deus é o sujeito da oração, predicado nominal "é amor" e predicativo do sujeito: amor. Que vem a ser predicativo do sujeito? É a palavra que exprime uma qualidade ou estado do sujeito. Por conseguinte, Deus é uma pessoa divina que tem existência independente e atributo moral o amor. Na exegese de um texto literário, seja ele bíblico ou não, para que venha- mos entendê-lo, temos de passá-lo para a linguagem literal, chamada denotativa na literatura, a arte de expressar o belo. É errado dizer-se que Deus é amor? Não, já que se trata de uma linguagem figurada chamada na literatura conotativa, e a Biblia é uma obra literária, e esta é predominantemente figurada, mas para entendê-la, como já se disse, precisamos passar para a linguagem denotativa, isto é, não figurada.

   Em outras palavras, o "amor" não é um "deus" em nome de quem todo sentimento deve ser validado. O problema dessa cultura é que criaram um "deus" que atende pelo nome de "amor" e em nome de quem tudo é permitido. Nesse aspecto, o lema torna-se: "se há amor, então vá em frente". Não é de forma nenhuma esse tipo de amor que se refere o texto bíblico. O verdadeiro amor não valida o pecado. O verdadeiro amor, aquele que emana da cruz, cobre multidão de pecados (1 Pe 4.8), mas não o legaliza.

  Por conseguinte, o "amor" não é amor se ele contrapõe-se a outro atributo de Deus, como, por exemplo, a sua santidade. Quando alguém invoca o "amor" para validar um comportamento notadamente peca- minoso, mostra que desconhece os fundamentos básicos da teologia cristă. Deus é amor, mas também é santo. Ele é amor, mas também é justo, e assim por diante. Dessa forma, como o amor, a santidade também é um atributo de Deus. Um não existe sem o outro. O amor de Deus exige o perdão; contudo, a sua santidade exige que Ele seja honrado: "[...] santificado seja o teu nome" (Mt 6.9).

  O mesmo princípio é exigido no caso da disciplina na igreja. Não se trata de falta de amor ou empatia, mas, sim, se a santidade de Deus está sendo respeitada ou não. Um pastor, por exemplo, pode ser empático com alguém que pecou e, numa demonstração de "mi- sericórdia", não tomar nenhuma atitude com respeito a um pecado cometido. Todavia, embora a sua prática transpareça ser uma demons- tração de amor, na verdade não é. Falta o outro lado a santidade da Igreja de Deus. Quando nenhuma atitude é tomada diante de um pecado cometido, a santidade de Deus é afrontada. Nesse caso, não é a expressão de um amor cristão, mas a manifestação de uma mera complacência humana. Em muitos casos, a coisa é mais grave -é pura conivência. A Biblia mostra, por exemplo, que o pai que ama, embora isso lhe pareça muito doloroso, corrige o seu filho (Pv 3.12; Hb 12.6). Não corrigir, por exemplo, um membro da igreja por uma simples questão de afinidade é corporativismo e complacência, e não demonstração de amor cristão.

  Precisamos, portanto, conscientizarmo-nos de que a doutrina da disciplina na igreja é bíblica como qualquer outra doutrina. Corrigir os seus membros sempre foi uma necessidade de uma igreja que tem nas Escrituras o seu padrão de norma de conduta. Uma igreja sem disciplina é fraca e irrelevante. Pethrus destaca que:

  Devemos exercer a disciplina da igreja para que a Igreja Cristă possa ser um instrumento divino. A Igreja deve ser o instrumento através do qual Deus pode trabalhar. Sabemos que, com o passar do tempo, a Igreja Cristă decaiu até tornar-se uma união humana comum, uma sociedade comum, onde o trabalho é feito segundo os principios humanos comuns de organização. Não é a intenção que assim seja, mas que a igreja seja um lugar onde o próprio Deus vive e trabalha. Aleluia!"

O Fermento que Leveda toda a Massa

   Quando não há disciplina, o pecado prolifera-se com incrível rapidez. Algo de que precisamos levar em conta, quando tratamos da disciplina da igreja, é a questão do poder de contaminação do pecado. O apóstolo Paulo fez referência a esse fato quando escreveu sobre um membro da igreja em Corinto que se envolvera com a mulher do pró- prio pai (1 Co 5.1-8). Diante da indiferença da liderança coríntia, que não tomou atitude nenhuma diante de um caso tão grave, o apóstolo destacou o mal que isso iria causar. De acordo com ele, "um pouco de fermento leveda toda a massa" (1 Co 5.6-8). Fica evidente que o após- tolo refere-se aqui ao fermento como exemplo de uma coisa ruim. Um pouco de fermento já é suficiente para fazer a massa "inchar".

  Ao comentar sobre o poder do pecado para contaminar em 1 Coríntios 5.6-8, Pethrus escreveu:

   Tendo em mente o poder indescritível do pecado de contaminar e espalhar, devemos exercer a disciplina da igreja. Talvez alguém ache que não deveria ser necessário ser tão meticuloso e que um pequeno pecado poderia ser tolerado aqui e ali [...]. O apóstolo, no entanto, deixa claro que, se uma pessoa que vive em pecado puder permanecer na igreja, ela contaminará toda a igreja. "Um pouco de fermento leveda toda a massa". O indivíduo é o único responsável pelo seu pecado enquanto ninguém mais souber dele, mas, assim que for revelado à igreja, o corpo também se torna responsável por ele. Se for tolerado, fica claro que contaminará os outros.    Em uma igreja, há pessoas que não têm uma compreensão moral e espiritual clara e estabelecida. A sua concepção é formada pelo ambiente em que vivem e, principalmente, pela igreja a que pertencem. Quando se unem a uma igreja cristă, eles são, de um modo geral, completamente ignorantes das coisas. Eles talvez entrem na igreja com os pensamentos mais elevados sobre os membros da igreja vivendo inteiramente para Deus, mas então eles veem os velhos cristãos fracassarem em coisas que eles mes- mos superaram depois de muita luta e sacrificio. Naturalmente, eles são tentados a pensar: "Estes são cristãos antigos, e se eles podem se permitir fazer tais coisas, por que eu deveria lutar tanto para me livrar deles? Não posso ser um bom cristão de qualquer maneira?". E assim, o bom entendimento moral e espiritual que foi obtido através da salvação é rebaixado e destruído.

  Mais uma vez, Pethrus foi muito preciso nos seus comentários. Temos muitas vezes a tendência de minimizar uma ação pecaminosa ou relativizar o pecado. É um erro crasso! No caso de Corinto, o apóstolo mandou, literalmente, "expulsar o malfeitor". Isso soa muito forte para mim, mas é a Bíblia que está dizendo. Quando relativizamos o pecado, acabamos enfraquecendo a igreja. Até mesmo nos esportes a questão disciplinar é levada muito a sério. Já ví, por exemplo, uma dezena de vezes atletas de ponta, campeões olímpicos e mundiais serem banidos do esporte porque violaram o código disciplinar da categoria. Eles não podem, por exemplo, ser flagrados no exame anti- doping. E quanto a nós, não deveria haver um maior rigor na questão disciplinar, já que estamos tratando de coisas muito mais sérias?

  O que foi tratado aqui neste capítulo deve servir de apoio às Lições Bíblicas da EBD, onde tratamos de forma mais sistematizada desse assunto. Nosso intuito não é promover uma "caça às bruxas" e muito menos fazer uma apologia a um modelo de disciplina "castra- dora". Nosso objetivo é buscar o padrão divino para um viver santo. Nesse aspecto, nosso modelo de vida santa deve ser sempre a Biblia, a Palavra de Deus, e ela afirma com todas as letras que "o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho" (Hb 12.6).

  O CORPO DE CRISTO – Origem, Natureza e Missão da Igreja no Mundo

 





















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