sábado, 4 de novembro de 2023

CPAD : Até os Confins da Terra | Lição 07: A Responsabilidade da Igreja com os Missionários

 


TEXTO ÁUREO

“Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.”

(Gl 6.10)

VERDADE PRÁTICA

É papel da Igreja responsabilizar- se integralmente com o cuidado de seus missionários

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Coríntios 9.9-14

9- Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarde a boca ao boi que trilha o grão. Porventura, tem Deus cuidado dos bois?

10- Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante.

11-Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?

12- Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes, suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.

13- Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do altar?

14-Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

O envio de missionários ao campo requer planejamento com o propósito de cuidar integralmente do missionário e sua família. Esse cuidado abrange todas as esferas de vida do missionário no contexto cultural específico em que a missão será realizada. Nesse aspecto, a adaptação de uma nova realidade transcultural do missionário e de sua família impõe um desafio complexo para a igreja que envia. Refletir sobre esse desafio é o tema desta lição.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Explicar o sistema de apoio da Igreja aos missionários;

II) Relatar o cuidado integral dos missionários;

III) Elencar maneiras práticas de se comprometer com os missionários.

B) Motivação: As necessidades dos missionários precisam ser comunicadas com precisão a fim de que haja conscientização da realidade do campo missionário, além de conclamar períodos de consagração, de oração e de jejum, pela família dos missionários do campo. São iniciativas singelas e simples que têm impactos permanentes na vida dos missionários.

C) Sugestão de Método: Na lição passada estudamos a respeito das três formas de se envolver com Missões: orar, contribuir e ir ao campo. Na lição desta semana, vamos estudar a respeito do cuidado integral no envio do missionário e sua família. Por isso, para introduzir a lição desta semana, enfatize a importância de a igreja sentir-se responsável pelo envio missionário, relacione a importância do “sistema de apoio local” com a obra de fé em Missões e afirme que tudo isso deve contribuir para o objetivo primeiro de toda obra missionária: fazer Cristo conhecido e adorado em todo lugar. A ideia aqui é construir uma ideia de responsabilidade coletiva a respeito do envio e manutenção do missionário.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: A lição desta semana nos convida a cuidar dos nossos missionários. Há muitas formas de fazer isso: orando, planejando ações eficientes, comunicando necessidades do campo, elaborando campanhas de auxílio, enfim. Desse modo, devemos assumir a responsabilidade de cuidar dos nossos missionários.



4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 95, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “Os Princípios de ação incorporada, ou associação de igrejas para a ação e serviço em conjunto”, localizado após o segundo tópico, aprofunda a reflexão a respeito das esferas do cuidado missionário;

2) O texto “Cooperação missionária”, após o terceiro tópico, amplia a reflexão a respeito da chamada da cooperação no comprometimento da igreja local com os missionários.

INTRODUÇÃO

Uma das importantes atribuições da Igreja é cuidar integralmente dos missionários, identificando, preparando, enviando e cuidando deles enquanto encerrarem a carreira. Esses cuidados ainda devem abranger o cônjuge e os filhos dos missionários, levando em consideração que todos precisam se adaptar em uma nova realidade transcultural para que o trabalho se desenvolva o mais próximo possível do planejado. Por isso, nesta lição, estudaremos a respeito da responsabilidade da igreja local para com o missionário e sua família.

AUXÍLIO MISSIOLÓGICO

“O PRINCÍPIOS DE AÇÃO INCORPORADA, OU ASSOCIAÇÃO DE IGREJAS PARA A AÇÃO E SERVIÇO EM CONJUNTO

A independência das igrejas é maravilhosamente equilibrada pela interdependência das igrejas e dos membros, tão bem exprimida pelas metáforas do corpo, do templo, da edificação, do sacerdócio e da casa. Nenhuma igreja local é corpo, templo, edificação, sacerdócio ou casa completos. Realmente, ninguém vive para si mesmo, nem mesmo a igreja local. Há força na mobilização e coordenação adequadas de nossa interdependência que resulta em unidade de propósito e ação. Isso precisa ser enfatizado várias vezes. […] Para ter-se força, ordem, eficiência e unidade é necessário que haja organização, mesmo dentro do sacerdócio dos cristãos” (PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.274-75).

AUXÍLIO MISSIOLÓGICO

COOPERAÇÃO MISSIONÁRIA

“Em nossos dias de tensão, obscuridade e buscas, fazemos bem em olhar com mais intimidade e confiança para Paulo como um exemplo, e para o Espírito Santo, e assimilar um pouco de seus princípios orientadores de cooperação em missões. Será fácil para nós adotarmos uma verdadeira parceria, pois “lado a lado”, “superior”, concorrência e anulação. Cooperação em missões é um conceito sagrado e amplo de iguais, unidos por uma confiança mútua, um propósito único e um esforço único, aceitando responsabilidades, autoridade, elogio e culpa iguais; compartilhando tarefas, alegrias, tristezas, vitórias e derrotas. Isso significa planejamento em conjunto, legislação em conjunto, programação em conjunto, e envolve as igrejas que enviam e acolhem em uma mesma base. Cooperação de igualdade e mutualidade em missões é tanto uma atitude, uma relação espiritual, social e teológica, uma filosofia de ministério, um estilo de vida e missões, quanto é um padrão definido de relacionamento entre missão e igreja para efeitos de administração e legislação” (PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.289).

CONCLUSÃO

Nesta lição fomos estimulados a conhecer as necessidades dos missionários. Você e sua família podem fazer muita diferença na vida deles e de suas respectivas famílias. Se o nosso coração estiver em missões, nossos joelhos estarão dobrados, nosso testemunho alcançará pessoas e nossas finanças investirão no que é eterno (Mt 6.19-21). Por isso, Deus deseja que seu povo se comprometa e assuma a responsabilidade com os missionários que servem no campo. Há bênçãos sem medidas.

   CPAD : Até os Confins da Terra – Pregando o Evangelho a todos os Povos até a Volta de Cristo

| Lição 07: A Responsabilidade da Igreja com os Missionários

 


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 ma das importantes atribuições da Igreja é, sem dúvida, o cuidado integral dos missionários que deve identificar, preparar, enviar e cuidar dos mesmos enquanto estiverem atuando e quando precisarem encerrar as suas carreiras. Esse cuidado deve ainda abranger não somente o missionário, mas o seu cônjuge e filhos, levando em consideração que todos precisam adaptar-se a uma nova realidade transcultural para que o trabalho possa ser desenvolvido o mais próximo possível do que foi planejado.

  O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 9, trata da liberdade cristã e dos direitos do seu apostolado, sendo que, nos versículos 9 a 14, ele ensina que a Igreja precisa estar atenta à responsabilidade de cuidar integralmente dos seus missionários:

  Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura, tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes, suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.

  No Comentário Bíblico Beacon (CPAD), encontramos uma explicação bastante elucidativa a respeito desse texto bíblico:

  A lei até se preocupava com o cuidado dos animais que ajudavam a atender às necessidades do homem. Assim, o boi que puxava a pesada mó do debulhador não devia usar uma focinheira, e precisava ter a permissão de comer o grão que ajudava a debulhar. Os gentios geralmente colocavam uma mosaica nesses bois, mas os judeus acreditavam que faziam parte da criação divina, portanto eram dignos de um tratamento mais humano. Entretanto, o bem-estar do animal não era a principal razão de a lei se preocupar com o cuidado dos bois. Paulo pergunta: ‘Porventura, tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? (w. 9-10). ‘A boa ação ao espírito imortal do homem supera o simples conforto físico de um animal que é mortal’.

 Além disso, o homem que se dedica ao exaustivo trabalho de lavrar a terra precisa do estímulo de uma futura recompensa. Aqueles que estão envolvidos na debulha e na lavoura fazem isso na esperança de comparülhar os resultados do seu trabalho, e os apóstolos e os ministros devem fazer o mesmo. As contribuições do apóstolo nas coisas espirituais (v. 11) era incalculável. Portanto, se ele pedisse um pouco de sustento material, que importância teria? A expressão coisas... carnais não se refere aqui a qualquer coisa pecaminosa, mas a coisas materiais e terrenas, e foi usada para fazer contraste com as coisas espirituais.

 No versículo 12, Paulo argumenta que se os outros, como os mestres judeus, gozam do privilégio de serem mantidos por suas congregações, ele tem direito ainda maior de receber esse apoio. Entretanto, ele nunca exerceu esse direito. O argumento de Paulo para não ter exercido essa opção era que ele não queria colocar impedimento algum ao evangelho de Cristo. O termo impedimento significa literalmente uma incisão ou uma violenta ruptura. Talvez esta seja uma metáfora sobre a destruição de pontes ou estradas para impedir a marcha do inimigo’. Paulo tinha plena liberdade — de acordo com a natureza, a razão, a prática, e as Escrituras — de exigir o sustento; no entanto ele voluntariamente desistiu dessa liberdade. ‘Ele estava preocupado em exaltar a dignidade da sua mensagem tornando-a gratuita’. Se Paulo tivesse exercido seu direito nesse assunto, ele podería ser acusado de pregar por ganhos pessoais e, dessa forma, teria enfraquecido sua influência. Uma questão final está diretamente relacionada com o apoio da congregação ao ministério. Tanto a história judaica quanto as práticas dos gentios mostram que os sacerdotes que oficiavam junto ao altar (v. 13) viviam das ofertas. Os que de contínuo estão junto ao altar é uma expressão geral que inclui todas as pessoas dedicadas ao serviço do Templo. A expressão estar junto ao altar se aplica apenas os sacerdotes que eram os únicos que ofereciam os sacrifícios. Estar junto significa ‘sentar-se ao lado constante e firmemente’. Os sacerdotes estavam sempre à disposição; portanto, precisavam receber o seu sustento. O Cristianismo substituiu o Templo e exige do ministro a mesma dedicação do sistema antigo.

  A conclusão final é ‘que aqueles que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho (v. 14)’. Quando Paulo afirma: ‘Assim ordenou também o Senhor’, ele está se referindo à prática geral do Antigo Testamento e às palavras de Cristo em particular (Mt 10.10; Lc 10.7). Com o alguns haviam recebido uma chamada especial e se dedicaram totalmente à tarefa espiritual, abandonando os ganhos terrenos, ‘a igreja à qual eles consagraram suas vidas tem a obrigação de prover ao seu sustento material’. A expressão ‘viver do evangelho’ pode ser aplicada, ‘de acordo com o tempo e o espaço, às ofertas ou a um salário regular’. Paulo mostrou que era um verdadeiro apóstolo e que todos os apóstolos e ministros têm direito a um sustento material da congregação. Em seguida, ele passa a explicar porque não havia aceitado esse sustento que havia tão insistentemente reclamado com o direito apostólico.

  I - A IGREJA E O SISTEMA DE APOIO AOS MISSIONÁRIOS

  1. A responsabilidade da igreja

  A Bíblia ensina-nos que os que se dedicam à proclamação da Palavra de Deus, sendo reconhecidos pela Igreja, devem ser sustentados pela mesma (G1 6.6; Rm 15.25-28; 1 Tm 5.18; 1 Co 9.9-14). O sustento financeiro de missões é uma responsabilidade básica e contínua das igrejas em todo lugar. Greenway lembra que certos princípios devem permanecer claros no que tange ao sistema de apoio aos missionários:

  Os missionários não devem ter que “implorar” por apoio. Eles não são obreiros de “segunda classe” , que necessitam ou merecem menos dinheiro do que pastores, professores ou os demais trabalhadores.

  A visão missiológica proposta pelas Sagradas Escrituras e que deve ser absorvida pela Igreja deixa-nos claro que o missionário está total[1]mente ligado à igreja local (At 13.1-5; 14.25-28). O missionário é um obreiro formado no ministério local (At 11.19-26; 16.1-8), orientado pelo pastor da igreja e enviado para fazer a obra missionária conforme a visão que o Espírito Santo concede à igreja (At 13.1-5; At 6.6; 1.24). Consequentemente, é dever do missionário, em contrapartida, prestar relatórios periódicos sobre o desenvolvimento da obra que está sendo realizada (At 14.25-28; 15.4,12; 21.19).

  2. O sistema de apoio e a “ obra de fé”

   O sistema de apoio deve permitir que os missionários utilizem o má[1]ximo do seu tempo e energia no trabalho missionário.

  Todo trabalho missionário é “uma obra de fé” do começo ao fim. Qualquer que seja o sistema de sustento financeiro, os missionários devem confiar em Deus e depender da fidelidade do seu povo. Sem a fé, a oração e o sacrifício, qualquer obra missionária falhará. Tanto os missionários quanto os que os sustentam devem ser pessoas de fé, que irão crescer na medida em que obedecerem ao mandamento de Jesus: “ Ide e fazei discípulos” (Mt 28.19).

  3. O objetivo de missões

  É bom lembrar que o objetivo de missões é que Cristo seja conhecido e adorado em todo lugar. Aqueles que fazem o trabalho missionário, de maneira que este honre a Cristo, terão todas as suas necessidades supridas (Fp 4.19).

  II - O GUI DADO INTEGRAL DOS MISSIONÁRIOS

  1. O cuidado integral

  A visão missionária das igrejas de um modo geral, com raras exceções, limita-se tão somente ao sustento financeiro dos missionários. Entretanto, cabe à igreja uma responsabilidade maior, mais abrangente, zelando por aqueles que estão trabalhando no campo missionário. O missionário precisa ser cuidado integralmente pela igreja, não somente na área financeira, mas também na área espiritual, emocional, física, mental e social.

  E necessário um acompanhamento pastoral enquanto o missionário está no campo, com amor e respeito, para que ele possa superar as dificuldades internas e externas que surgem.

  A igreja deve ter um planejamento de visitas aos missionários, manter contato permanente com os missionários, incentivar os membros a manterem contato com os missionários e a sua família, principalmente nas datas de aniversário, dias festivos e organizar grupos de intercessão em favor da família missionária.

  E de bom alvitre que líderes da igreja visitem os missionários proporcionando aconselhamento pastoral aos missionários e a sua família, compartilhando das suas lutas, dores, frustrações e alegrias, orando com eles.

   O estresse faz parte da vida. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de uma atitude biológica necessária para a adaptação a novas situações. E uma reação natural do organismo a um estímulo e gera alterações emocionais e físicas — há liberação de uma complexa mis[1]tura de hormônios e substâncias químicas como adrenalina, cortisol e norepinefrina (também chamada de noradrenalina).

   Situações contínuas, recorrentes e/ou agudas de estresse, contudo, podem levar ao esgotamento físico e emocional, reduzindo (ou até eliminando) a capacidade laborativa de uma pessoa. Quando esses fatores estressores estão ligados a situações de trabalho desgastantes, pode ocorrer a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, distúrbio psíquico registrado no grupo 24 do C id-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Re[1]lacionados à Saúde).

  A seguir, transcrevemos as palavras da Dra. Lorraine Oliveira, médica cardiologista, no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) realizado para o POS - Postgraduate Studies on Missiology (Missões) do Seminário Teológico Servo de Cristo.

  Já foram feitos estudos com diversas classes de profissionais, principalmente aquelas cujas athidades exigem envolvimento interpessoal direto e intenso: professores, enfermeiros, agentes penitenciários, religiosos, etc. No entanto, ainda é pequeno o número de estudos com missionários, um grupo cujo trabalho reúne inúmeras dificul[1]dades, agravadas pelo fato de os obreiros transculturais viverem em locais isolados (na maior parte dos casos), sem o apoio neces[1]sário. O missionário frequentemente muda de terra e de cultura, deixando para trás amizades e estruturas sociais já estabelecidas. Além disso, muitas vezes vive em ambiente hostil, com o áreas de conflito nas quais há até risco de vida. O presente estudo identifica fatores preponderantes que levam esse grupo ao estresse, bem como sugere algumas formas de reduzir o estresse entre os missionários, (https:// ultimato.com.br/sites/caminhosdamissao/2020/1 0 /1 5 / causas-de-estresse-entre-missionarios/).

  No seu TCC, a Dra. Lorraine fornece conselhos “ Com o evitar o estresse na vida dos missionários” :

   A percepção de sintomas do estresse é o marco do limite emocional e físico do corpo. Identificá-los é fundamental para iniciar o processo de tentar aliviar a tensão. A psicóloga Marilda Lipp afirma: “O corpo fala” . Devemos, então, compreender a sua linguagem em vez de nos desesperarmos. Alguns desses sinais (falas) são: falha de memória para coisas pequenas e corriqueiras, acordar cansado após um bom período de sono, tensão muscular excessiva, hiperacidez gástrica sem causa aparente, irritabilidade excessiva, ansiedade, vontade de sumir, sensação de incompetência e distúrbios do sono. (LIPP, 2013, p. 14)

  Quanto à responsabilidade de evitar o estresse na vida do missionário, a referida médica é de parecer que deve ser dividida entre o próprio obreiro transcultural e a instituição enviadora, no caso, da igreja. Entretanto, cada missionário deve ser o principal responsável por sua saúde. O apóstolo Paulo já aconselhava Timóteo, seu cooperador no trabalho missionário: “Fique atento a seu modo de viver e a seus ensinamentos. Permaneça fiel ao que é certo, e assim salvarás a si mesmo e àqueles que o ouvem” (1 Tm 4.16, NVT).

  Cabe ao indivíduo cultivar uma boa saúde mental por meio de boa alimentação, atividades físicas, disciplinas espirituais, tempo de descanso, além de perceber suas necessidades individuais e buscar auxílio quando necessário.

  Lorraine cita Kelly 0 ’Donnell, autora do livro Cuidado Integral do Missionário, a qual afirma que, no nível mais alto do cuidado missionário, está o cuidado do Mestre. O relacionamento com Jesus, cultivado por disciplinas espirituais, proporciona, com o diz a autora: “ Correr com resistência e entrar no seu descanso” (baseado nos textos de Hebreus 12.1-2 e 4.9-11).

  2. Uma agenda quanto à volta do missionário

  Jesus ensinou aos seus discípulos a necessidade e a importância do descanso: “ Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam, e vinham, e não tinham tempo para comer. E foram sós num barco para um lugar deserto” (Mc 6.31,32).

   Quando os doze apóstolos retornaram da sua missão (Mc 6.30), de uma prolongada jornada de trabalho, enviados por Jesus de dois em dois (Mc 6.7-13), relatando que tinham pregado o evangelho, curado os enfermos e expulsado demônios dos oprimidos e feito outras maravilhas, Jesus levou-os para descansar. Fazer a obra de Deus é muito importante, mas Jesus reconheceu que, para fazê-la com eficiência, precisamos de um descanso periódico e de renovação. O obreiro, de modo geral, principalmente o missionário, deve entender que o seu corpo é um instrumento do Senhor e que ele deve cuidar bem desse instrumento. Por essa razão, o missionário deve reservar um dia da semana para o necessário descanso.

  O saudoso pastor Antonio Gilberto, no seu comentário acerca do texto em epígrafe, na Bíblia com Comentários de Antonio Gilberto (CPAD), assim se expressa:

  É-nos confortador saber que Jesus compreende mais do que nós a fragilidade e limitações humanas; primeiro, porque “Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (SI 103.14), e segundo, porque Ele experimentou aqui na terra as nossas fraquezas. “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos” (Hb 2.17). Fazendo o trabalho do Senhor, todos nós precisamos vez por outra de algum tempo de repouso para renovação das energias físicas, mentais e espirituais.

   A igreja que envia o missionário deve orientá-lo a gozar um período de férias anuais para um merecido descanso. Essa concessão não necessariamente significa que ele tenha que voltar ao seu país de origem. Tudo deve ser estabelecido com critério pela igreja enviadora.

  Todavia, a igreja deve ajudar a organizar a agenda do missionário durante o seu retorno para gozo de férias, no que diz respeito a visitas, consultas ou tratamentos médico-odontológicos, período de lazer e descanso, bem com o atividades. Será muito bem-vinda a ajuda ao missionário na hora de fazer compras, resolver questões bancárias, de documentos, etc.

  III - MANEIRAS PRÁTICAS DE SE COMPROMETER CO M OS MISSIONÁRIOS

  1. Comunicar as necessidades

  David Platt, pastor e escritor norte-americano, dá algumas sugestões das maneiras práticas pelas quais as igrejas locais podem cuidar melhor e apoiar os missionários:

  Comprometa-se com a comunicação regular (e-mail, telefone, mensagens de texto, Skype, etc.). Envie mantimentos e doações. Ajude nas licenças e atividades dentro do país (forneça casa, veículo, celular, ajuda com escolas, cuidado com as crianças e ofereça o tempo de folga com ênfase em descanso e retiro). Dê-lhes a oportunidade de testemunhar e compartilhar em um ambiente congregacional quando eles retornam e visitam. Ouça e demonstre o seu interesse e empenho no trabalho deles. A vida no campo missionário pode ser desafiadora, exaustiva e difícil. No meio do estresse e das lutas, muitos missionários frequentemente se sentem desconectados e esquecidos pela igreja que os envia. Portanto, uma das maneiras mais práticas pelas quais as igrejas locais podem se envolver em missões mundiais é esforçando-se para cuidar, servir e ser uma bênção para os missionários transculturais.

  2. Doar para suprir necessidades

  Doar sacrificialmente à missão transcultural permite que toda a igreja esteja envolvida. Crianças, jovens, adultos e idosos podem contribuir juntos para a expansão do evangelho até aos confins da terra.

  Em Filipenses 4.15-19, o apóstolo Paulo fala sobre o suporte financeiro que ele recebeu:

  E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente. Porque também, uma e outra vez, me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta. Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, com o cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus. O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.

  3. Orar e jejuar pela causa

  A oração é um elemento essencial da vida do crente (1 Ts 5.17) e uma parte crucial da vida na igreja local (1 Tm 2.1).

  Enquanto a igreja em Antioquia jejuava e orava, Deus separou Paulo e Barnabé para levarem o evangelho aos gentios (At 13.1-3). No Novo Testamento, oração e jejum como esses eram fundamentais para o povo de Deus quando se envolvia em missões. A oração e o jejum fervorosos são uma maneira vital de as igrejas locais estarem envolvidas na missão de Deus entre as nações.

 Encontramos, ainda, no Novo Testamento exemplos de congregações locais que dão apoio às igrejas locais em diferentes lugares (Rm 15.25-28), bem com o de igrejas locais que doam a partir da sua pobreza e de modo sacrificial, acima do seu poder, para apoiar o avanço do evangelho (2 Co 8.1-4).

  Ore regularmente pelos missionários que você conhece e diga a cada um que você está orando por ele e por aquele pedido específico que ele falou. Acrescente no fim da sua mensagem: “ Missionário, você não está sozinho!” .

  Um missionário compartilhou sobre quando foi dar uma olhada nas estatísticas dos e-mails de oração que ele enviava: descobriu que mais da metade das pessoas na lista não abriam o e-mail, justamente as pessoas que ele contava como “guerreiros de oração”.

   Escrever um e-mail para o missionário que você conhece e ora, falando que você tem orado pelos motivos citados por ele — mesmo que seja um e-mail curto — , mostra o seu comprometimento com esse apoio e suporte.

  A obra missionária não deve ser feita com nossos restos, mas com aquilo que revela o amor do Pai. Em 1 Crônicas 21.23,34, Davi  recusa-se a dar ao Senhor algo que não lhe custasse nada. Ele queria pagar o preço, queria investir! Davi era generoso com as coisas de Deus, e o povo seguiu o seu exemplo, dando voluntária e liberalmente ao Senhor (2 Cr 29.9).

  Procure conhecer as reais necessidades dos missionários. Você e sua família podem fazer muita diferença na vida de missionários e respectivas famílias. Se nosso coração estiver em missões, nossos joe[1]lhos estarão dobrados, nosso testemunho alcançará pessoas, e nosso bolso investirá no que é eterno! (Mt 6.19-21). Deus recebe a oferta que oferecemos aos missionários e compromete-se em abençoar-nos e em suprir todas as nossas necessidades.

   Até os Confins da Terra – Pregando o Evangelho a todos os Povos até a Volta de Cristo

 


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