domingo, 22 de outubro de 2023

CPAD : Até os Confins da Terra | Lição 05: Uma Perspectiva Pentecostal de Missões

 


TEXTO ÁUREO

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”

(At 1.8)

VERDADE PRÁTICA

O Espírito Santo derramado no Pentecoste é o mesmo Espírito que Deus deseja derramar de novo na Igreja da atualidade.

 LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 2.1-8, 14-18

1-Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2 – e de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3 – E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4 – E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

5 – E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6 – E correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7 – E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?

8 – Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

14-Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.

15-Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia.

16- Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel.

17- E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;

18 – e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão.

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

Paixão pelo Evangelismo e Missões é uma marca da identidade pentecostal no mundo e, especificamente, em nosso território pátrio. Essa prioridade no Reino de Deus, sob a dependência do Espírito Santo, é a causa do crescimento da obra pentecostal no mundo. No Pentecoste, a Igreja nasceu pregando o Evangelho aos que estavam presentes, advindos de diversas regiões do mundo (At 2.14-41). Na atualidade, o Movimento Pentecostal é responsável por levar o Evangelho aos lugares que ainda não tinham sido alcançados.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Apresentar uma perspectiva pentecostal de Missões;

II) Explicar a obra missionária após o Pentecostes;

III) Enfatizar a dependência do Espírito Santo na obra pentecostal de Missões.

B) Motivação: No Livro dos Atos dos Apóstolos, percebemos a obra do Espírito Santo como realidade estabelecida na primeira igreja. Essa imagem presente no livro do Novo Testamento que narra a história da Igreja Primitiva se torna realidade no tempo presente quando, por meio do Espírito Santo, o Evangelho chega aos povos com a confirmação dos sinais e maravilhas que mostram a veracidade da Palavra de Deus.

C) Sugestão de Método: Na lição anterior estudamos a respeito da natureza missionária de Deus no Novo Testamento. Nesta lição, apresentaremos uma perspectiva pentecostal da obra missionária fundamentada nas Escrituras Sagradas. Por isso, para concluir o primeiro tópico, sugerimos que você enfatize a marca e contribuição pentecostal para a causa missionária:

1) Marca Pentecostal: a crença na mesma experiência com o Espírito Santo ocorrida em Atos dos Apóstolos, um senso de profunda dependência do Espírito para fazer qualquer obra;

2) Contribuição pente- costal: o Espírito Santo como fundamento de qualquer projeto missionário, sinais e maravilhas confirmam a veracidade do Evangelho.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: Todo projeto missionário na Igreja de nosso tempo deve levar em conta a dependência do Espírito Santo para dirigir o início, o meio e o final de cada projeto.

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão.

 Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 95, p.38, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais:

 Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “Quem É o ‘Pentecostal’?”, localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da identidade pentecostal;

2) O texto “A Negligência do Papel do Espírito na Teoria e Prática Missionária”, ao final do terceiro tópico, amplia a reflexão a respeito da ênfase do Espírito Santo na perspectiva missionária de Missões.

INTRODUÇÃO

Uma característica notável do Movimento Pentecostal, desde o seu início, na virada do século passado, tem sido a paixão por Evangelismo e Missões. Nesta lição, estudaremos algumas características que marcam o trabalho pentecostal em Missões, uma marca da obra do Espírito Santo nestes últimos dias.

Palavra-Chave:

 Pentecostal



AMPLIANDO O CONHECIMENTO

“AS QUESTÕES MISSIONÁRIAS CONTEMPOR NEAS E PENTECOSTAIS.

[…] A atividade de Deus no mundo nunca mais seria a mesma após este ‘evento-Cristo’. Existe um novo paradigma para a atividade de Deus no mundo. Cristo voltou ao céu e foi entronizado para governar acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e o poder do Espírito Santo é liberado no mundo para capacitar o corpo de Cristo a cumprir a missão redentora de Cristo.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a obra A Força Pentecostal em Missões, editada pela CPAD, p.196.

AUXÍLIO MISSIOLÓGICO

“QUEM É O ‘PENTECOSTAL’?

O ‘pentecostalismo clássico’ refere-se às igrejas pentecostais que se separaram das igrejas históricas do protestantismo no início do século passado. A questão que ocasionou a ruptura foi a crença de que o evento no Dia de Pentecostes mencionado em Atos 2.4 refere-se a uma experiência disponível para os cristãos de todas as eras. Acreditava-se que o ‘batismo com o Espírito Santo’ é evidenciado pelo sinal de ‘falar em outras línguas, conforme o Espírito dá expressão vocal’ (Menzies, 1971, p. 9).

A questão da glossolalia fez com que as igrejas históricas banissem os ‘faladores de línguas’. Tornou-se também o principal fator unificador entre os primeiros pentecostais, que vieram de diversas tradições cristãs. Hollenweger enfatiza que o fator comum entre os pentecostais era ‘todos os grupos que professam pelo menos duas experiências de crise religiosa

 1. O batismo ou o novo nascimento; 2. O batismo com o Espírito), sendo o segundo subsequente e diferente do primeiro, e sendo o segundo, geralmente, mas nem sempre, associado a falar em línguas’ (Hollenweger, 1972, p. xix)” (POMERVILLE, Paul A. A Força Pentecostal em Missões: Entendendo a Contribuição dos Pentecostais na Teologia Missionária Contemporânea. 1.ed. Rio de Janeiro: 2020, pp.28-29).



AUXÍLIO MISSIOLÓGICO

“A NEGLIGÊNCIA DO PAPEL DO ESPÍRITO NA TEORIA E PRÁTICA MISSIONÁRIA
Há evidências na história e na teologia missionárias protestantes de que a negligência à pneumatologia tem afetado negativamente a herança missionária ocidental. Não é de surpreender que Lindsell (1949), Allen (1960), Boer (1961),. Kane (1974) e Hodges (1977) perceberam que o papel do Espírito Santo nas missões modernas é grandemente negligenciado. Allen enfatiza que a revelação do Espírito Santo como Espírito missionário em Atos dos Apóstolos faz com que essa parte do Novo Testamento permaneça sozinha. […] O desenvolvimento da pneumatologia na área de que Allen falou ainda permanece em grande parte subdesenvolvido. Tal negligência só poderia afetar adversamente o conceito de teoria e prática missionárias” (POMERVILLE, Paul A. A Força Pentecostal em Missões: Entendendo a Contribuição dos Pentecostais na Teologia Missionária Contemporânea. 1.ed. Rio de Janeiro: 2020, pp.122-23).

CONCLUSÃO

Nesta lição, estudamos uma das mais importantes contribuições dos pentecostais para as missões modernas: o poder do Espírito Santo na vida da Igreja. Vimos que assim ocorreu no ministério terreno de Jesus, bem como o ministério terreno da Igreja Primitiva. Tudo isso nos mostra que é indispensável para qualquer projeto missionário que toda obra comece e termine sob o poder e direção do Espírito Santo. É essa presença santa que garante o sucesso e eficácia da obra missionária em pleno século XXI.

   CPAD : Até os Confins da Terra – Pregando o Evangelho a todos os Povos até a Volta de Cristo

 | Lição 05: Uma Perspectiva Pentecostal de Missões

 


O

 Pentecostalismo, com o a “ terceira força” no cristianismo, tem uma contribuição significativa para as missões contem[1]porâneas. Essa expressão foi cunhada em meados do século X X , quando a vitalidade e o crescimento fenomenal do movimento pentecostal tornaram-se evidentes. Paul A. Pomerville, na obra A Força Pentecostal em Missões (CPAD), diz:

  Essa expressão não foi usada apenas para referir-se às estatísticas ou ao tamanho do movimento. Foi aplicada ao Pentecostalismo porque o movimento reviveu uma dimensão da fé cristã que quase foi ofuscada no mundo ocidental — a experiência do Espírito Santo.

  Uma característica notável do movimento pentecostal desde o seu início na virada do século tem sido a paixão por evangelização e missões. Devido ao rápido crescimento num período relativamente curto da História da Igreja, o movimento pentecostal pode ser consi[1]derado um fenômeno missionário moderno.

  William W. Menzies diz: “ Sentindo a urgência de alcançar os perdidos antes da volta iminente de Cristo, os crentes batizados com o Espírito Santo espalharam-se para lugares remotos levando o Evangelho” . William Wilberforce (1759—1833), um britânico considerado o principal responsável pela abolição da escravatura no Reino Unido, já advertia acerca da lassidão que tomava conta dos cristãos naquele momento histórico. Ao comentar sobre a apatia e falta de entusiasmo.

   com a mensagem cristã denunciadas por Wilberforce, o pastor César Moisés Carvalho, na obra Pentecostalismo e Pós-Modernidade CPAD), lembra que

   É exatamente nesse aspecto que a aceitação dos charismatas, isto é, dos dons do Espírito Santo, faz toda a diferença. É necessário lembrar, porém, que o Espírito Santo faz toda a diferença. E ne[1]cessário lembrar, porem, que o Espirito Santo e os seus chttTÍstnãtcis (1 C o 12.4-11), não nos são outorgados para beneficio próprio ou benesses religiosas, mas para aquilo que for útil (1 C o 12.7). Ele continua a revestir a Igreja com o poder do Pentecostes que sustenta e envia seu povo a realizar a obra missionária. O Espírito, inclusive, no que diz respeito à obra missionária, dirige e escolhe, segundo a Sua vontade a pessoa apropriada, o local e o momento (At 8.29,39; 13.1-3; 16.6,7; 20.23) [...]. À Igreja compete a missão de ser uma agência de Deus para a evangelização do mundo (cf. Mt 28.19,20; M c 16.15,16; At 1.8), e, um canal do propósito divino de edificar um corpo de santos aperfeiçoados à imagem de Cristo (1 C o 12.28; 14.12; Ef 4.11-16). Esse trabalho que deve ser feito, só poderá ter êxito se contar com a ajuda do Espírito Santo, tanto na sustentação e envio com o na habilitação espiritual.

  I - UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES

  Segundo o pastor Paul Pomerville, que serviu como missionário na Ásia e na Europa e com o professor de pós-graduação e chefe do Departamento de Missões Cristãs e Comunicações Interculturais no Seminário das Assembléias de Deus, autor da obra citada, chama a atenção para a contribuição pentecostal dada às missões contemporâ[1]neas, envolvendo um movimento pentecostal mundial que representa um crescimento fenomenal, e uma deficiência na teologia missionária cristã no contexto atual. Segundo Pomerville, as teologias missionárias contemporâneas negligenciam o papel do Espírito Santo.

   Por sua vez, Melvin Hodges (1909-1988), missiólogo pentecostal clássico, é específico em descrever essa negligência. Ele expõe que o “ silêncio sobre o Espírito Santo” é a negligência de uma qua[1]lificação indispensável para missões, a saber, a dotação do poder pentecostal. Ele liga o sucesso relativo das missões pentecostais diretamente com o "lugar” que os pentecostais dão ao Espírito Santo, um lugar semelhante ao que os crentes do Novo Testamento deram ao Espírito.

   Robert P. Menzies, teólogo pentecostal, na sua obra Pentecostes:

  essa história ê a nossa história (CPAD), ao afirmar a sua gratidão aos pente[1]costais do mundo inteiro, assim se expressa: A impressionante presença de Deus no meio de nós, sua vontade graciosa em conceder dons espirituais, seu desejo de curar, libertar e transformar vidas são temas muito centrais à piedade pentecostal e destacam o fato de que o Reino de Deus está presente. Os pente[1]costais proclamam um Deus que é próximo, um Deus cujo poder pode e deve ser experimentado aqui e agora. Esse elemento da prática pentecostal tem, em sua maior parte, servido do necessário corretivo da vida da igreja tradicional, que perdeu de vista a presença manifesta de Deus. Nesse ponto, mais uma vez, os pentecostais têm um rico legado para passar adiante.

   O que significa a conexão dos dois termos com um hífen (evangélico- -pentecostal)? Primeiramente pretende comunicar que os pentecostais fazem parte do evangelicalismo contemporâneo.

 1. Somos evangélicos

   O evangélico, uma geração atrás, era o protestante que enfatizava:

 (1) o compromisso pessoal com Jesus: “ novo nascimento” , (2) a auto[1]ridade bíblica, (3) o “interesse” em fazer conversões. Essa é a chave da identificação e definição que os evangélicos têm em comum. Esses princípios são chamados de impulso evangélico, que, de acordo com a tripla ênfase da Reforma, tinha a ver com: (1) a autoridade das Es[1]crituras, (2) a salvação pela fé e (3) o sacerdócio universal dos crentes.

  Pomerville cita os sete princípios que foram identificados com o impulso evangélico na história: (1) a autoridade da Palavra de Deus, (2) a ortodoxia (crença secreta), (3) a salvação pessoal pela graça, (4) a dedicação e o compromisso, (5) o evangelismo e as missões, (6) o ecumenismo (koinonia) e (7) a preocupação social. Segundo o autor, o evangélico é, portanto, o cristão que se identifica com essa configuração particular de crença e prática.

  O Pentecostalismo acrescenta um “ oitavo princípio” ao impulso evangélico descrito acima: o princípio da natureza dinâmica da fé cristã. Esse princípio envolve a atividade de Deus na experiência cristã contemporânea, em termos do ministério do Espírito Santo.

   O autor salienta que a experiência distintiva do pentecostalismo com o Espírito Santo dá nova nitidez ao termo “ evangélico” . A experiência distintiva com o Espírito faz com que os pentecostais retornem para além do fenômeno fundamentalista do século X IX , e da própria Reforma, para o “evangelho” , conforme descrito pela Igreja Primitiva no Novo Testamento. Como movimento de renovação, o pentecostalismo repre[1]senta uma renovação da experiência cristã do século I. Por essa razão, tem mais a contribuir para o evangelicalismo contemporâneo do que um ponto de referência específica do Novo Testamento (o Dia de Pentecostes). Consequentemente, traz à tona uma dimensão da fé cristã que quase foi ofuscada no cristianismo ocidental: a dimensão experiencial.

  O cristão evangélico não é aquele que diverge, mas que busca ser leal na sua procura pela graça de Deus, a fim de ser fiel à revelação que Deus fez de si mesmo em Cristo e nas Escrituras. A fé evangélica não é uma visão peculiar ou esotérica da fé cristã — ela é a fé cristã. Não é uma inovação recente. A fé evangélica é o cristianismo original, bíblico e apostólico. “ Os evangélicos consideram essencial crer não apenas no evangelho revelado na Bíblia, mas também em toda a revelação da Bíblia; crer não apenas que “ Cristo morreu por nós” , mas também que ele morreu “por nossos pecados” e, de forma que Deus, em amor santo, pode perdoar os crentes penitentes; crer não apenas que recebemos o Espírito, mas também que ele faz uma obra sobrenatural em nós, algo que, de variadas formas, foi retratado no Novo Testamento com o “ regeneração” , “ ressurreição” e “ recriação. Eis aqui três aspectos da iniciativa divina: Deus revelou-se em Cristo e no testemunho bíblico total sobre Cristo; Deus redimiu o mundo por meio de Cristo e tornou-se pecado e maldição por nós; e Deus transformou radicalmente os pecadores pela operação interna de seu Espírito. A fé evangélica, assim afirmada, é o cristianismo histórico, maior e trinitário, e não um desvio excêntrico dele. Pois não vemos a nós mesmos oferecendo um novo cristianismo, mas chamando a Igreja ao cristianismo original” . (Fonte: “ Cristianismo Autêntico - 968 Textos Selecionados da Obra de John Stott” , compilado pelo Bispo Anglicano Timothy Dudley-Smith, Editora Vida Acadêmica: São Paulo, 2006).

   O reverendo John Stott (1921-2011), ministro anglicano, foi escritor e ex-capelão da Rainha da Inglaterra, em Londres.

  2. Somos pentecostais

   De acordo com o pastor Isael de Araújo, escritor e diretor da FAE[1]CAD (Faculdade Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia), aprovada pela CGADB (Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil), na sua magnífica obra Dicionário Movimento Pentecostal (CPAD), no verbete PENTECOSTAL, encontramos a origem e o seu significado:

   Palavra usada a partir de 1907, Grã-Bretanha, pelas igrejas histó[1]ricas tradicionais (anglicanas, episcopais, metodistas, evangélicas), para se referir aos crentes que criam e recebiam o batismo no Espírito Santo, por causa da analogia entre esse movimento e o dia de Pentecostes (At 2.1-13), isto é, por causa da efusão do Espírito e das manifestações de poder, que eram observadas por toda a parte nas ilhas britânicas. Por sua vez, “pentecostal” é o crente que Crê (adepto) na possibilidade de receber a mesma experiência do Espírito Santo que os apóstolos receberam, no dia de Pentecostes.

  O termo “pentecostal” , utilizado por Pomerville na sua obra A Força Pentecostal em Missões, segundo ele, é para designar a renovação mais ampla da obra carismática do Espírito Santo em todas as formas de cristianismo.

  3. Contribuições pentecostais às missões

   O denominador comum em toda a diversidade teológica dos mo[1]vimentos, que é considerável mesmo entre os pentecostais clássicos, é a experiência com o Espírito Santo não diferente da experimentada pelos cristãos do século I. Segundo ele:

   Tal experiência do Espírito pontuou toda a história da igreja. Portanto, o “ movimento pentecostal” no sentido de movimento de renovação, remonta à obra do Espírito Santo com a igreja que começou no Dia de Pentecostes e continua ao longo dos “últimos dias” , até que Jesus Cristo volte para a Igreja.

   John Garret, ministro congregacional, após ter observado cuida[1]dosamente as atividades de igrejas pentecostais, escreveu:   

  Não se pode excluir a ênfase que o povo pentecostal dá ao Espírito Santo e a descida do mesmo sobre os discípulos em Jerusalém. Os pentecostais são crentes dinâmicos e anima-os o espírito missionário. Desde o primeiro pentecostes, todo o cristianismo é chamado a ser pentecostal. Será que os pentecostais compreendem melhor que os outros cristãos a ordem de Jesus? Será que a possibilidade de êxito desse povo se deve, em parte, ao fato de aderirem a uma verdade central da religião cristã? Seja com o for, o fato é que todos deviam transformar-se em membros revolucionários de uma sociedade espiritual tal com o fizeram os primeiros discípulos.

   Pesquisando em minha modesta biblioteca particular, deparei-me com o livro intitulado Porque Sou Pentecostal, de autoria do pastor Gesiel Gomes (1972, p. 127, 128), e vi lá nove razões do porquê eu sou pentecostal:

  Sou Pentecostal porque:

  1. Tenho consciência de que a Igreja em seus primeiros dias era PEN TECOSTAL, pois ela nasceu sob a experiência de um derramamento do Espírito Santo, com promessa de estender-se a “ toda a carne” e que sem dúvida alguma só findará com o arrebatamento da Igreja.

  2. Aceito a doutrina dos apóstolos, com o descrito em Atos 2.42, e tenho encontrado no Novo Testamento ensino a respeito da Obra Pentecostal com tal ênfase que na vida dos apóstolos não se podería encontrar se eles por sua vez não houvessem sido pentecostais.

  3. Não posso ler Atos 2.1, 1 Coríntios 14, Atos 19 e outros textos e permanecer à margem do Movimento Pentecostal.

  4. Creio firmemente que a chuva serôdia de que nos fala a Bíblia é o último derramamento do Espírito sobre a Eleita, que assim prepara a Noiva para a colheita, e eu desejo desfrutar as bênçãos do Evangelho completo até o momento final.

  5. Tendo buscado, recebi o precioso batismo no Espírito Santo, falei em línguas estranhas, tudo por misericórdia do Senhor e agora não posso retroceder, inclusive porque o batismo não é um fim em si, mas a porta aberta a outras gloriosas manifestações do Espírito de Deus.

  6. As Igrejas Pentecostais dão ênfase singular à Pessoa e à Obra do Espírito Santo na atualidade e a Bíblia é mui clara em afirmar que, durante a dispensação da Igreja, esta estaria aos cuidados da Ter[1]ceira Pessoa da Trindade, e certamente ignorá-la é ignorar a Cristo.

  7. As Igrejas Pentecostais são alegres, vivas, movimentadas e vibrantes, e eu sei que isso é plano de Deus, pois no princípio assim o foi e no Céu também o será. E a Bíblia quem o diz.

   8. As Igreja Pentecostais estendem a participação a toda a co[1]letividade, tornando mais intenso o ritmo de trabalho e a todos dando oportunidade, não restringindo a graduados a pregação do Evangelho e isso tem sido parte da razão do seu sucesso, pois ela tem crescido extraordinariamente.

  9. Tendo nascido numa Igreja Pentecostal, todo o meu ser tem recebido a satisfação espiritual que somente o Espírito de Deus pode produzir numa vida humana.

II - A OBRA MISSIONÁRIA DEPOIS DO PENTECOSTES

  1. A causa da obra missionária da primeira igreja

  A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes é o acontecimento impulsor da obra missionária da Igreja. Jesus disse aos discípulos que, capacitados pelo poder do Espírito Santo, eles seriam as suas testemunhas até aos confins da terra (At 1.8). O período em que a Igreja viveu o seu maior crescimento foi o do primeiro século de nossa era. Ali começou o movimento de missões. Os oito primeiros capítulos do livro de Atos dos Apóstolos explicam a razão desse crescimento: os discípulos deveríam estar revestidos de poder (At 1.4) antes de sair para alcançar as nações com o evangelho.

  2. A expansão missionária da primeira igreja Como resultado de terem ficado cheios do Espírito Santo, os discípulos puderam compartilhar a mensagem do evangelho de Jesus Cristo com outras pessoas além das fronteiras da Palestina.

   O livro de Atos dos Apóstolos relata de forma detalhada e precisa o avanço missionário dessa igreja do século primeiro. Nele, embora destaque a atuação do apóstolo Paulo — considerado o maior mis[1]sionário da Igreja Primitiva (1 Co 16.8,9) por ter estabelecido igrejas nas quatro províncias romanas: Galácia, Macedônia, Acaia e Âsia, num período de dez anos — , foram registrados trabalhos importantes de outros homens e mulheres de Deus, como, por exemplo, Barnabé, Pedro, Silas, Filipe, João Marcos, Apoio, Áquila, Priscila, etc.

  3. “ Deus não faz acepção de pessoas”

  Filipe foi o primeiro missionário transcultural enviado para pregar para um africano (At 8.26-30). Pedro, um missionário cheio do Espírito Santo, reconheceu que, para Deus, todos os seres humanos são alvos do seu amor (At 10.34,35; 11.17,18). Paulo, de perseguidor dos cristãos, tornou-se o apóstolo dos gentios (At 9.15,16; 3.8; 1 Tm 2,7; Tt 2.11). João relata que Deus está interessado pela salvação de todos os homens (Ap 5.9,10,13; 7.9; 11.15).

  A missão atingiría em pouco tempo a escala mundial, visto que pessoas de dezesseis nacionalidades estavam em Jerusalém naquele dia (At 2.5,9-11). Em Atos 2, após o derramamento do Espírito San[1]to, houve um grande acréscimo no número de cristãos, e o Espírito Santo manifesta-se ainda hoje com salvação.

  Os primitivos discípulos viviam cheios do Espírito Santo, de ale[1]gria e gozo espiritual. Isso explica todas as demais características da evangelização daqueles dias (At 4.8,31; 5.17-41; 7.55).

  O batismo com o Espírito Santo é de fundamental importância para o êxito da evangelização. O propósito principal do batismo com o Espírito Santo é o recebimento de poder divino para testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele e ensinar-lhes a observar tudo quanto Cristo ordenou. A sua finalidade é que Cristo seja co[1]nhecido, amado, honrado, louvado e feito Senhor do povo de Deus (Mt 28.18-20; Lc 24.29; Jo 5.23; 15.26,27). A Bíblia de Estudo Pentecostal (p. 1629) declara:

  O batismo no Espírito Santo não somente outorga poder para pregar Jesus como Senhor e Salvador, como também aumenta a eficácia desse testemunho, fortalecido e aprofundado pelo nosso relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo por termos sido cheios do Espírito Jo 14.26; 15.26,27).

   A igreja crescia em números.

  A igreja crescia diariamente. A igreja crescia por adição de vidas salvas. A igreja crescia por ação divina. Vejamos o crescimento da Igreja Primitiva em números:

  • Em Atos 1.15— 120 membros;

  • Em Atos 2.41 - 3.000 membros;

  • Em Atos 4.4 — 5.000 membros;

  • Em Atos 5 .1 4 - Uma multidão é agregada à igreja;

  • Em Atos 6 . 1 7 - 0 número dos discípulos é multiplicado;

  • Em Atos 9.31 - A igreja expande-se para ajudeia, Galileia e Samaria;

  • Em Atos 16.5 - Igrejas são estabelecidas e fortalecidas no mundo inteiro.

  III - A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A OBRA MISSIONÁRIA

  1. A função do Espírito na obra missionária

   Dentre as muitas funções do Espírito Santo, está a de ungir, inspirar, separar e enviar homens e mulheres para os quatro cantos da terra com o missionários do Senhor. A obra missionária é uma tarefa ligada à ação exclusiva do Espírito Santo. O próprio Senhor Jesus dependeu da unção do Espírito Santo para o exercício do seu ministério (Is 61.1-3; Lc 4.17-20).

   O Espírito Santo não permitiu que os próprios apóstolos ficassem envolvidos com problemas sociais e quaisquer outras atividades que não fosse a evangelização (At 6.1-4). Os cristãos primitivos, por seu turno, eram fiéis em suas contribuições, o que proporcionava alegria e liberdade para que os apóstolos tivessem mais ousadia e poder do Espírito Santo para pregar a Palavra de Deus (At 4.32; 9.31).

 2. O Espírito Santo capacita para a obra

  O Espírito Santo é quem escolhe e envia missionários para anunciarem as Boas Novas de salvação ao mundo (At 8.29; 13.2; 20.28). Em Atos 16.4-7, temos uma revelação clara de como o Espírito Santo deseja que a ação missionária seja realizada, onde e por quem. O Espírito Santo também é o instrutor dos ministros da Palavra de Deus (1 Co 2.1-18).

  A ação do poder do Espírito Santo na Igreja é a característica mais surpreendente no livro de Atos, a ponto de o livro ter sido chamado de “ Os Atos do Espírito Santo” . Tanto o ministério público de Jesus quanto o ministério público da Igreja no livro de Atos tiveram o início com a experiência com o Espírito Santo. O poder do Espírito Santo capacitou Jesus para anunciar o evangelho através da cura dos enfermos, da expulsão de demônios e da libertação dos cativos (Lc 4.14-19; Mt 4.23; At 10.38). Esse mesmo poder do Espírito Santo concedeu a mesma autoridade espiritual aos discípulos no capítulo 2 de Atos.

  3. Deus age por meio do Espírito Santo

  No livro Verdades Pentecostais (CPAD), o pastor Antonio Gilberto descreve a assistência do Espírito Santo na obra missionária. O Espírito Santo escolhe, envia, capacita e direciona os evangelizadores. No livro de Atos dos Apóstolos, observa-se o Espírito Santo agindo em meio à Igreja. O Deus bíblico não é conforme apregoa o deísmo, mas, sim, um Deus que intervém a todo instante pela providência e pelo poder ativo do Espírito Santo. A Igreja que dá espaço para a atuação do Espírito Santo será um celeiro da evangelização, com eficácia e na direção divina. “O evangelismo e a obra missionária são o fruto natural de uma vida e testemunho para Jesus Cristo de uma igreja cheia do Espírito” .

   E o Espírito Santo que convence os pecadores do seu pecado e culpa, que abre os seus olhos para que vejam Cristo, que os atrai para Ele, que os capacita a arrepender-se e a crer, e que implanta vida na alma morta dessas pessoas. Antes de Cristo enviar a Igreja ao mundo, Ele enviou o Espírito Santo à Igreja.

   A guisa de conclusão, vale a pena transcrever a observação do professor de Teologia Bíblica de Missões, Dr. John V York, missionário por vinte e cinco anos no continente africano, com ministérios de treinamento teológico da Assembléia de Deus na Nigéria e na Amé[1]rica, no seu livro Missões na Era do Espírito Santo — Como a fé pentecostal pode ajudar a Igreja a completar a evangelização do mundo (CPAD):

   O batismo no Espírito Santo não deve ser confundido com emocionalismo ou alguma outra reação humana à presença do Espírito Santo. Personalidades humanas são diferentes, e reações aprendidas variam. O que é essencial é a realidade da concessão de poder divino focalizado em testemunho e serviço. Existem aqueles que confundem o pentecostalismo com a exuberância na adoração ou com um comportamento emocional. A o passo que não seria sábio diminuir o significado das emoções humanas ou da adoração vivaz, esses conceitos não são a essência do pentecostalismo. Seu princípio fundamental é a capacitação sobrenatural de crentes com poder para que possam, em palavras e em obras, adequadamente testemunhar de Cristo às nações do mundo.



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