domingo, 10 de dezembro de 2023

CPAD : Até os Confins da Terra | Lição 12: O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia

  


CPAD : Até os Confins da Terra – Pregando o Evangelho a todos os Povos até a Volta de Cristo

| Lição 12: O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia




   I - A IGREJA NASCEU EM UM CONTEXTO DE PERSEGUIÇÃO

  A palavra perseguição vem do latim per, “ através” , e segui, “ seguir” , que dá a ideia de algo que nos segue opressivamente, correndo atrás de nós, alguma severa ou sistemática opressão. O original latino fala sobre o caçador que segue após a sua vítima, com intenção de prejudicá-la ou matá-la. A perseguição geralmente é uma tentativa constante e, por muitas vezes, sistemática, para eliminar ou prejudicar o indivíduo perseguido. Pode empregar ou não meios violentos. A perseguição pode ser mental. Pode envolver o ostracismo social. E, quando os costumes sociais assim o permitem, a perseguição pode tornar-se violenta.

   Vejamos uma síntese histórica com relação à perseguição cristã. Paulo fora um grande perseguidor antes da sua conversão. E assim sucedeu que, depois, ele passou a ser o grande perseguido. O livro inteiro de Atos demonstra o fato.

  1. A perseguição contra Estêvão, o primeiro mártir

  Estêvão foi o primeiro mártir cristão. E os agentes da perseguição foram os membros do Sinédrio, o mais alto corpo religioso e judicial de Israel (At 7.52).

  Os justos de qualquer época são alvos da perseguição movida por indivíduos injustos (Hb 11.38; 1 Jo 3.12). O próprio Jesus predisse que os seus seguidores sofreriam muitas perseguições e aflições (Mt 5.11,44; Lc 11.48; M c 4.17;Jo 15.20).

  Os sofrimentos e a morte de Jesus são conspícuos exemplos nas páginas do Novo Testamento, com bases religiosas e políticas Jo 10.24ss; 19.12ss), como exemplos de trechos neotestamentários que falam sobre a questão. Tanto os judeus quanto os romanos tiveram participação ativa na perseguição contra Jesus. Ele era tanto uma ameaça aos olhos dos religiosos judeus, como também uma alegada ameaça contra o poder político de Roma.

  2. A igreja foi dispersada

  Os primeiros discípulos de Jesus, incluindo os apóstolos, foram per[1]seguidos e mortos (At 3 e 4; 6 e 7; 12).

  O apóstolo Paulo foi um caso especial (At 9.1-9; Fp 3.6; 1 Co 15.32; 2 Co 11,23ss). Ele foi perseguido pelos judeus, mas também por quem se dizia cristão, conforme se vê em vários textos de 2 Coríntios 11.

  A igreja em Esmirna tipifica a Igreja cristã antiga, que começou a ser oficialmente perseguida pelo Império Romano (Ap 2.9). O versículo 13 desse capítulo provavelmente se refere ao culto ao imperador (os imperadores romanos chegaram a ser adorados com o deuses), e os que não quisessem participar dessa forma de culto eram perseguidos.

  As perseguições dos gnósticos contra a corrente principal da Igreja apostólica são evidentes na história, tendo sido mencionadas em 3 João 9ss.

   Durante e após a Era Apostólica, dez imperadores romanos estiveram envolvidos nas perseguições contra o cristianismo, um período de terror que se prolongou até os dias de Constantino, já no começo do século IV d.C. Nero foi o principal perseguidor imperial da Igreja, ainda no tempo dos apóstolos. Foi ele o responsável pelo martírio de Pedro e de Paulo.

  O relato de Lucas-Atos foi escrito em parte com o intuito de convencer as autoridades romanas a aceitar o cristianismo como uma fé legítima, e não com o uma traição contra o Estado. Porém, esse propósito de Lucas não teve bom êxito, tendo-se seguido vários séculos de perseguições e matanças contra os cristãos. O imperador Nero foi quem deu o exemplo, acusando falsamente os cristãos de terem incendiado a cidade de Roma no ano 64 d.C. Em uma falsa retaliação, conforme o historiador romano Tácito informa-nos, muitos cristãos foram torturados ou mesmo mortos. Estes foram o dez imperadores romanos perseguidores: Nero, Dom iciano, Trajano, M arco Aurélio, Severo, Maximino, Décio, Valeriano, Aurélio e Diocleciano.

  Este, o último deles, reinou de 284 a 305 d.C. Mas, quando Constantino converteu-se ao cristianismo, mediante uma visão, as perseguições contra os cristãos cessaram no com eço do século IV d.C. Constantino governou entre 272 a 337 d.C.Juliano, o Apóstata (governou entre 361 a 363 d.C.), renovou as perseguições, mas em muito menor escala, demitindo cristãos dos seus postos oficiais e proibindo-os de ensinar os clássicos. Esse imperador tentou restaurar o paganismo e restabelecer as tradições antigas, só que os resultados dos seus esforços não perduraram após a sua morte.

  É impossível alguém possuir qualquer grau de santidade e não sofrer oposição por parte de um mundo hostil (2 Ts 3.12). Existe a “ofensa da cruz” (1 Co 1.23). A missão remidora de Cristo necessariamente inclui muitos sofrimentos. Ora, participamos dos seus sofrimentos, em razão de nossa união espiritual com Ele (Cl 1.24). A missão de Cristo (trazer os homens de volta a Deus) é compartilhada por nós, e essa missão requer grande dose de sofrimento e sacrifício. Portanto, passamos por certo sofrimento na tentativa de cumprir nossas respectivas missões.

   Ao escrever a sua Segunda Epístola a Timóteo, mais precisamente no capítulo 3, versículos 10 e 11, o apóstolo Paulo fala sobre o exemplo de resistência que ele mesmo fixou:

  Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou.

   Esses exemplos de perseguições e aflições que Paulo suportou foram tirados da primeira viagem missionária do apóstolo à região da Ásia Menor, onde Timóteo morava. O jovem Timóteo pode ter sido testemunha ocular de algumas dessas perseguições e aflições, ocorridas, talvez, antes de ele converter-se a Jesus.

  Paulo está convencido de que não há caminho fácil para os filhos de Deus: “ E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3.12). Jesus declarou que a cruz seria inevitável para quem o seguisse, e assim sempre tem sido. Pode[1]mos ser cristãos nominais sem sofrer muitos inconvenientes. Mas os que querem ser cristãos genuínos tem de pagar o preço inevitável do sofrimento, embora tenham a garantia do poder libertador de Deus.

   Nesse versículo, Paulo diz a Timóteo que os que obedecem a Deus e vivem para Cristo serão perseguidos. Não fique surpreso quando as pessoas lhe entenderem mal, criticarem e até tentarem feri-lo por causa daquilo em que você crê e do m odo com o vive. Não desista! Continue a viver da maneira que você sabe que um cristão deve viver. Deus é o único a quem você precisa agradar. 3. A perseguição cristã é um a realidade

   O pastor Antonio Gilberto lembra que o sofrimento, a perseguição e a tribulação são inevitáveis na vida do cristão; fazem parte da vida cristã (1 Ts 3.3). O sofrimento na vida cristã pode ser mensurado desde a feição mais comum com o a caçoada, a crítica mordaz, o desprezo pelos amigos, pelos conhecidos e pelos membros da própria família. Podem ser também o ostracismo, a perda de amigos, a perda de emprego, um prejuízo financeiro, ou prejuízo educacional, boicote nos negócios e queda na produção; podendo chegar a maus tratos pessoais, violências, ofensas, sofrimento físico, agressão física, destruição de bens, de propriedades (culturas, animais, benfeitorias, etc.), pressão e até morte.

   A perseguição aos cristãos está aumentando em muitas partes do mundo. De acordo com os dados da Lista Mundial da Perseguição 2022, fornecidos pela Missão Portas Abertas, “mais de 360 milhões de cristãos no mundo enfrentam algum tipo de oposição como resultado da identificação com Cristo” . Eles são objetos de discriminação em alguns lugares e em outros são presos, torturados e mortos, as suas igrejas e casas são queimadas, e as suas carreiras, arruinadas.

   As crianças cristãs são tomadas dos seus pais. Os líderes da igreja, missionários e evangelistas são, geralmente, alvo especial de perseguição (1 Co 4.11-13).

  Devemos reconhecer que aqueles que confessam a fé em Cristo pagam um alto preço nos lugares onde os cristãos são minoria e onde a oposição ao cristianismo é forte (Mt 5.9-12). Por essa razão, devemos orar por eles sem cessar (1 Ts 5.17).

  II - A PERSEGUIÇÃO CRISTÃ NA ATUALIDADE

   Julgo oportuno citar a diferença entre sofrimento e perseguição, segundo a Missão Portas abertas:

   Sofrimento implica todos os esforços e sacrifícios inerentes ao cumprimento da missão cristã em qualquer lugar onde o cristão viva. Ou seja, todos os cristãos envolvidos na vida da igreja podem se considerar “cristãos sofredores” . O sofrimento também pode vir de situações variadas de angústia, com o doenças, questões familiares, problemas financeiros etc. Então dizemos que é sofrimento quando tais situações não são resultado direto de professar a fé cristã. Perseguição implica todos os tipos de injustiça, de maus tratos e desrespeito aos direitos humanos com o objetivo de impedir a proclamação do evangelho, seja por parte de um indivíduo, seja de um grupo ou comunidade. Resumindo, “sofrimento” é uma afirmação passiva, enquanto “per[1]seguição” é uma afirmação ativa. E por isso que nós escolhemos falar sobre “ os cristãos perseguidos” ou a “ Igreja Perseguida” , e decidiu-se deixar de usar as expressões “ cristãos sofredores” ou “ Igreja Sofredora” no contexto do ministério da Portas Abertas. O foco da Portas Abertas é apoiar a parte do corpo de Cristo que é perseguida. E por isso que quando a Portas Abertas é solicitada a atender cristãos que estejam sofrendo, mas não vivendo sob perseguição, ela busca o contato com alguma outra missão ou organização voltada a atender aquele tipo de fonte de sofrimento. Reconhecendo, assim, a importância de que irmãos que estejam sofrendo recebam a ajuda adequada.

   O pastor Olinto de Oliveira, na obra Missões: a Hora Chegou (CPAD), comenta que perseguição, de forma generalizada, pode ser definida como o “ ato de assediar, oprimir, dificultar ou negar os direitos de ir e vir; torturar e /o u executar pessoas com base em diferenças de etnicidade, postura política ou crença religiosa” .

  A perseguição é mencionada na Bíblia Sagrada tanto no Antigo como no Novo Testamento (Gn 4.3-7; Dn 6;Jo 15.18-21; Mt 23.34- 37; Mt 24.9; 2 Co 11.23-27).

  A igreja tem sido perseguida quase desde a sua fundação. Com o seu rápido crescimento, com muitas conversões depois do dia de Pentecostes, os líderes religiosos dos judeus sentiram-se ameaçados. Eles começaram a perseguir os apóstolos, que lideravam a igreja, depois prenderam e mataram Estêvão, o primeiro mártir cristão (At 7.57-59). Depois da morte de Estêvão, toda a igreja passou a ser perseguida. Mais tarde, a perseguição veio também da parte dos romanos e de outros povos. Desde então, têm sempre existido cristãos perseguidos por causa da sua fé em Cristo. Apesar disso, o evangelho espalha-se cada vez mais (At 4.29-31).

   Vejamos o trecho da 1 Pedro 4.12-16, escrita em contexto de intensa perseguição ao evangelho:

   Amados, mão estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, com o se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus. Que nenhum de vós padeça com o homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou com o o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece com o cristão, não se envergonhe; antes, glorifique a Deus nesta parte.

  Paulo compartilha com Timóteo que, apesar de estar preso, a Palavra de Deus não está algemada (2 Tm 2.8-10):

  Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho; pelo que sofro trabalhos e até prisões, com o um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa. Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.

  1. Em muitos lugares, ser cristão é perigoso

  O século X X teve início com a chamada Rebelião dos Boxers na China, e essa rebelião levou à morte de mais missionários protestantes do que qualquer outra crise na história — uma crise que, de alguma forma, foi um prenuncio do restante do século.

   A pressão e a perseguição dos cristãos, bem com o o controle das igrejas por um sistema estatal de ideologia comunista,

  é consequência de uma ‘dinâmica de poder” social que normal[1]mente representa uma visão de mundo que tem uma reivindicação de superioridade sobre outras visões de mundo. [...] A chave para controlar as igrejas é um sistema rígido de registro e monitoramento do Estado. Esse sistema ainda pode ser usado em países após a queda do comunismo, como é o caso na Ásia Central. Embora dependa de uma combinação de pressão e violência, a violência geralmente não é particularmente visível nesse sistema porque seu controle sobre a igreja é completo e firme.

   Desde os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos, a violência e o radicalismo de matriz muçulmana têm aumentado. Isso tem, sim, uma base doutrinária forte, porque o Alcorão tem 118 passagens que estimulam a morte dos infiéis, ou seja, os que não seguem o Islã — particularmente, os judeus e os cristãos. Nos países muçulmanos, a lei islâmica proíbe a conversão de um muçulmano para outra religião. Os casos de maus tratos são bastante numerosos, pois, nesses países, pela lei, um muçulmano que se converte ao cristianismo é passível de pena de morte e, quando isso não acontece, há aprisionamentos, torturas e pesadas multas (Mt 5.10-12).

  Quando os cristãos ao redor do mundo têm os direitos nega[1]dos, por escolherem seguir a Jesus, eles se tornam vulneráveis a hostilidades em diferentes esferas da vida: na vida privada, na família, comunidade, na nação e na igreja. Isso faz com que eles sejam considerados cristãos perseguidos e pertençam à Igreja Perseguida. [...]

 A perseguição também pode depender da região do país onde vivem os cristãos. Áreas dominadas pelos muçulmanos em países de maioria cristã podem exercer uma forte pressão sob os cristãos, até mesmo cometer atos de violência contra eles, mesmo que o país seja de maioria cristã.

  2. Coréia do Norte: a nação mais fechada ao evangelho

  Segundo a classificação do portal Missão Portas Abertas, em primeiro lugar em perseguição mundial, a Coréia do Norte é apontada como a nação mais fechada para o evangelho desde o início deste século. Nestes últimos anos, o país norte-coreano teve três milhões de pessoas mortas pela fome. É um quadro desastroso. E, ao mesmo tempo, a perseguição religiosa é extrema. Infelizmente, a Coréia do Norte é uma vítima de uma tirania que arruinou a nação, tendo os cristãos sob intensa e horrorosa tortura. Por esse, e muitos outros motivos, a igreja mundial deve orar e se interessar pela Coréia do Norte. Imagine o que é fazer a obra missionária num país com o a Coréia do Norte? Há muitos missionários que se arriscam para levar o evangelho para os norte-coreanos.

 III - CO M O AJUDAR A IGREJA PERSEGUIDA

  1. Conhecer a gravidade da situação

  Para muitas pessoas no mundo atual, converter-se ou não renunciar à sua fé significa oposição, abandono ou até violência da família, perda de emprego, perda de bens, perda de direitos básicos, exílio, prisão, tortura, mutilação e morte. Existem algumas maneiras pelas quais podemos ajudar a Igreja Perseguida.

   Primeiramente devemos orar pelos cristãos perseguidos. Sabemos que a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16). Ore para que tenham coragem e não desanimem; ore também por proteção das suas vidas, as suas famílias e as suas comunidades (Ef 6.19-20). Ore pelos perseguidores, pois eles também precisam de Jesus!

   Ore para que se arrependam e convertam-se, como o apóstolo Paulo. Pesquise mais sobre a Igreja Perseguida, transmitindo essas informações para mais pessoas, a fim de que todos possam ajudar. Seja solidário aos crentes perseguidos, através de ajuda financeira, além das suas orações. Lembre-se sempre de que o amor de Cristo vence todo ódio e toda perseguição (Rm 8.35-39).

   Mais do que nunca, nós, brasileiros, devemos ser muito gratos ao Senhor pela liberdade de culto que ainda desfrutamos em nossa pátria (SI 33.12-22). No Brasil, dia 7 de janeiro, é o Dia da Liberdade de Culto. A data reforça que todos os brasileiros podem exercer as suas crenças de forma livre, sem sofrer perseguições:

  Na Constituição Federal de 1988, o artigo 5o, inciso V I diz: “ É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias” . O artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), afirma [...]: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular” .

  À guisa de sugestão, uma das maneiras de motivar e engajar a igreja local na ajuda à Igreja Perseguida é estabelecer o Domingo da Igreja Perseguida (DIP). “

  O que é o Domingo da Igreja Perseguida (DIP)?

 O Domingo da Igreja Perseguida (DIP) é um movimento de ora[1]ção em favor dos cristãos perseguidos idealizado pelo Irmão André, fundador da Portas Abertas. Atualmente, estima-se que mais de 360 milhões de cristãos enfrentam algum tipo de perseguição. O DIP acontece no Brasil desde 1988 e tem como objetivo servir aos cristãos perseguidos por meio da oração e contribuição para fortalecê-los em meio a adversidades, além de conscientizar a igreja brasileira a respeito da hostilidade enfrentada por nossos irmãos e irmãs. Milhares de igrejas do Brasil participam do DIP por entenderem que um dos papéis fundamentais que exercemos com o igreja, em um país livre, é interceder por nossos irmãos perseguidos, que não desfrutam da mesma liberdade de adorar sem medo.

  Como é possível participar do DIP?

 A participação da sua igreja no DIP consiste em um compromisso de mobilizar os membros para orar e agir em favor dos cristãos presos nos países da Lista Mundial da Perseguição. Esse tempo dedicado à Igreja Perseguida pode acontecer antes, durante ou após o culto. Cada igreja local decide o formato que o DIP terá.

  A data da realização do DIP pode variar a cada ano, pois acontece no domingo após o Pentecostes. Isso porque o relato bíblico de Atos 4 marca o início da perseguição aos cristãos logo após a descida do Espírito Santo, com a prisão de Pedro e João. Simbolicamente, então, podemos dizer que esse foi o "início’' da Igreja Perseguida” . 2. Ore pela igreja perseguida A oração é parte fundamental do trabalho missionário. O Senhor disse: “ Pede e eu te darei as nações por herança” (SI 2.8); logo, as nações pertencem ao Senhor. A oração coloca-nos na condição de intercessores da obra missionária (Is 62.6-10).

   Em Salmos, contemplamos um número significativo de orações a Deus. A tônica de grande parte dessas orações consiste no pedido que as nações, além de Israel, venham a conhecer o único e verdadeiro Deus e a adorar somente a Ele (SI 67.1-3).

   Jesus disse aos discípulos: “ [...] A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.37,38).

  É nosso dever orar para que o Senhor chame e envie pessoas da sua própria escolha. Os mesmos crentes que deveríam orar por ceifeiros em Mateus 9 são os que foram enviados por Jesus para ceifar em Mateus 10.

   Os muros do comunismo ateísta ruíram pelas orações dos crentes sofredores do lado de dentro e pelas orações missionárias intercessoras de guerreiros do lado de fora. Podemos fazer uma oração neste lado do planeta, e as coisas acontecerem no outro lado. Podemos orar por um professor missionário em uma sala de aula da escola bíblica num longínquo campo missionário, e o Espírito Santo ser derramado de maneira especial no ensino da bendita e eterna Palavra. Missionários e pregadores nacionais correndo perigos inspirados pelo inferno podem ser livres pela mão de Deus através das orações de pessoas em altares distantes. Os obreiros avançarão com eficiência na seara do Senhor, à medida que atendermos o único pedido de oração que Jesus fez: “ [...] rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara” (Lc 10.2).

   Pastor, nunca deixe de conduzir e ensinar sobre o impressionante poder e lugar da intercessão na obra de alcançar nosso mundo! Torne sua igreja o “ centro do mundo” , a partir do qual emanem bênçãos divinas e a influência transformadora de vidas para todas as searas do mundo.

   Graças a Deus que está havendo um avivamento da oração entre os cristãos ao redor do mundo, hoje. Esse avivamento começou na América Latina e Coréia do Sul e, hoje, as “ Casas de Oração” são centros de crescimento e testemunho cristão comuns na índia.

  Lembramos e, ao mesmo tempo, agradecemos ao Senhor pelas mi[1]lhares de valorosas “guerreiras de oração” que fazem parte do Círculo de Oração nas suas igrejas, as quais fazem da oração um poderoso e indispensável ministério na obra de Deus, sendo verdadeiras colunas de sustentação, principalmente da obra missionária. Desejamos a essas heroínas anônimas, que o nosso Sumo Pastor conceda a elas as mais selecionadas bênçãos espirituais.

   A obra missionária está no coração de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo desde a fundação do mundo. Aqui neste mundo, toda a sua vida foi dedicada ao cumprimento da Grande Comissão Jo 18.37; Lc 2.48,49).

  Satanás, por sua vez, pessoalmente combateu a obra missionária de Jesus. Ele fez isso com prioridade (Mt 4.1-11), com sutileza (Mc 8.32,33), com audácia Jo 13.27), com persistência (Lc 23.35-39). Não podemos ignorar os ardis de Satanás contra a obra missionária (2 Co 2.11), principalmente porque ele sabe que os missionários são como cordeiros enviados para o meio de lobos: “ Ide; eis que vos mando com o cordeiros ao meio de lobos” (Lc 10.3). O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) diz:

   Que paradoxo: Cordeiros saindo para salvar ovelhas de lobos! Aqui está a simplicidade unida ao desamparo: nenhuma arma carnal com o defesa. Mas Deus tem uma maneira de criar a força a partir da fraqueza, e de usar até a morte como uma arma da vitória e da vida. Aqui vemos a supremacia de Cristo. Ele é o maior vencedor do mundo, e ainda assim as suas forças não foram utilizadas no que se refere à defesa carnal ou terrena. Os cristãos têm sido assassinados aos milhares, mas o avanço triunfal continua. Uma vez que a própria morte não nos vence, podemos começar a entender que somos imbatíveis. Mas, se começarmos a nos equipar com armas carnais, estaremos caminhando em direção à derrota.

  Embora considerado um “ gigante” na fé, o apóstolo Paulo não dispensava as orações das igrejas, pois possuía um profundo senso de necessidade da oração. Para ele, orar era considerado uma prioridade no seu ministério, pois orar era uma atividade missionária (6.19,20; Rm 15.30-33; Cl 4.3,4; 2 Ts 3.1,2).

  A oração é nossa arma mais poderosa contra os ataques de Satanás. Ela é uma “arma secreta” para os fiéis e que o Inimigo não pode derrotar.

   Eis algumas das principais razões pelas quais temos o dever de orar pelos missionários:

  1. Os missionários precisam de nossas orações, porque são pessoas com necessidades humanas normais, fraquezas e problemas. Esses escolhidos de Deus precisam de vitalidade fisica, emocional e espiritual.

  2. Porque os missionários são pessoas que Deus usa, pois a estratégia missionária de Deus é de sempre alcançar o perdido por meio da sua Palavra, dada pelos seus servos, que Ele mesmo enviou (Rm 10.14,15).

  3. Os missionários são os alvos principais do ataque e da oposição de Satanás, porque eles são usados por Deus. Satanás é inimigo dos missionários e usa de muitos métodos para impedir que o evangelho seja propagado. Satanás trata os missionários com o “ invasores” do seu território, do qual ele não abre mão, nem um centímetro sequer, sem uma batalha.

  4. Para que o Senhor capacite os missionários a conquistarem o território de Satanás.

  5. Para que o Senhor dê a eles poder para falar do evangelho com coragem e clareza, a fim de que eles vejam as pessoas arrependerem-se e voltarem-se para Cristo. 6. Para que o Senhor abra portas e remova barreiras, principalmente nos países sob o domínio das potestades demoníacas, da feitiçaria (trevas profundas), até que o Reino de Cristo seja estabelecido.

  Paulo sabia que a oração trazia resultados: “ Ele continuará nos livrando, enquanto vocês nos ajudam com as suas orações. Assim muitos darão graças por nossa causa, pelo favor a nós concedido em resposta às orações de muitos” (2 Co 1.10b, 11 — NVI).

   Da mesma forma como Arão e Hur sustentaram os braços de Moisés na batalha contra os amalequitas (Ex 17.12), você pode sustentar os braços cansados de missionários por meio das suas orações!

  O apóstolo Paulo pediu oração por livramento aos crentes de Roma (Rm 15.30,31). Esta é, sem dúvida, a arma mais poderosa que temos, e não podemos ficar omissos quanto ao seu uso.

  3. Envolva-se com a causa da igreja perseguida

   É indispensável interceder continuadamente pelos missionários, mas principalmente pelos seus filhos, para que estes entendam a vocação dos pais e para que as suas igrejas sejam fiéis em sustentá-los com dignidade.

   Não há mais tempo a perder. Se você, leitor, está consciente da importância da oração pela obra missionária, não deixe para depois. Comece a interceder agora.

  Que Deus conceda à igreja brasileira, mormente a Assembléia de Deus, a graça de ser uma igreja que se alegre em estar em sua presença, intercedendo dia após dia pela obra missionária, principalmente pela igreja perseguida. Orai sem cessar! (1 Ts 5.57).

 

I - A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E CARACTERÍSTICAS

1. Antioquia da Síria

  Antioquia estava localizada às margens do rio Orontes e foi fundada por Seleuco I Nicátor (358-281 a.C.), um dos generais de Alexandre, o Grande, em 300 a.C. Era conhecida como Antioquia da Síria, a fim de ser distinguida de Antioquia da Pisídia (At 13.14). A cidade cresceu a ponto de contar com uma numerosa população nos tempos do apóstolo Paulo, incluindo muitos judeus que, desde tempos remotos, haviam obtido o direito de cidadania. A cidade era sede do legado imperial da província romana da Síria e da Cilícia, sendo conhecida como “a rainha do Oriente” . Fláviojosefo (37 ou 38 d.C.-100 d.C.), o historiador judeu do tempo dos apóstolos, diz-nos que Antioquia era a terceira maior cidade do Império Romano, perdendo em importância somente para Roma e Alexandria. A grande maioria da população era síria, embora houvesse numerosa colônia judaica, tornando-se num grande centro da erudição judaica.

   Paulo começou e terminou ali a sua segunda viagem missionária. Não se sabe exatamente quão grande era a cidade nos dias de Paulo, mas, à base de informação dada por Crisóstomo, deve ter contado com uma população de cerca de 800 mil habitantes em 300 d.C. A

  sua cultura era tipicamente greco-helenista. O seu porto era Selêucia (At 13.4), que era uma reputada cidade comercial e centro marítimo. Antioquia da Síria continuamente recebia caravanas de comerciantes que movimentavam a sua economia. Era também um dos destinos pre[1]feridos dos oficiais aposentados do Império. Ela atraía as pessoas com a sua culinária exótica, com atividades esportivas — especialmente as corridas de carruagens que chamavam a atenção dos apostadores — e conhecidos banhos públicos. A cidade também tinha vários templos, teatros e importantes avenidas no melhor estilo greco-romano. Em razão de tantas nacionalidades, dizia-se ser possível conhecer os costumes do mundo inteiro por conta da mistura de povos que frequentavam as suas praças. A cidade ficava no atual território da Turquia, na região sudeste. A cidade moderna de Antáquia está estabelecida onde ficava a antiga Antioquia da Síria.

  Diz-se que as suas muralhas encerravam uma área maior do que as de Roma. A oito quilômetros da cidade, ficava o bosque de Dafne, um importante centro de adoração a Apoio e Artemis (ou Artemisa). Com o um resultado parcial disso, Antioquia era famosa pela sua imoralidade. Ainda assim, muitos judeus e prosélitos viviam ali. Eles foram evangelizados em primeiro lugar, pois foi dito que os missio[1]nários não estavam anunciando a ninguém a Palavra senão somente aos judeus. Isso provavelmente aconteceu antes da experiência de Pedro em Cesareia.

   2. A igreja em Antioquia

  Felizmente, havia alguns homens de Chipre e Cirene (norte da Áfri[1]ca) que eram um pouco mais esclarecidos. Quando eles chegaram a Antioquia, pregaram o Senhor Jesus aos gregos (At 11.20).

   Com o estavam obedecendo às ordens de Cristo (Mt 28.19), eles viram o cumprimento da sua promessa (At 1.8) — “E a mão do Senhor era com eles [...]” (At 11.21), isto é, o seu poder manifestava-se no seu ministério. O resultado foi que grande número creu e converteu-se ao Senhor. Antioquia tornou-se o principal centro do cristianismo em pouco tempo.

   A fama do que estava acontecendo em Antioquia chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém (At 11.22). Preocupados quanto a essa evangelização dos gentios estar de acordo com a ordem divina, os líderes enviaram Barnabé até Antioquia. Isso pode implicar que ele verificaria o trabalho na Fenícia (At 11.19) no seu caminho para o norte.

   A igreja de Jerusalém não podería ter escolhido alguém melhor do que Barnabé para essa missão. Ele era um verdadeiro “filho da consolação” (At 4.36), aonde quer que fosse. Um cristão judeu legalista e preconceituoso certamente teria impedido o maravilhoso movimento do Espírito de Deus em Antioquia. Mas Barnabé encorajou-o: “o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (At 11.23). Barnabé estava tão integralmente consagrado ao seu Senhor que se alegrava por ver qualquer pessoa, até mesmo um gentio, aceitando a Cristo. Em vez de criticar o novo movimento, deu-lhe a sua aprovação e a sua bênção. Ele alegrou-se por ver a graça de Deus em operação naquela cidade tão necessitada. Pelo fato de Barnabé ser um judeu natural de Chipre (At 4.36), fazia com que se harmonizasse perfeitamente com os evangelizadores de Chipre e Cirene. Ele exortou os novos convertidos, cumprindo, assim, outro significado do seu nome: “filho da exortação” .

   Barnabé, todavia, precisava de ajuda. A tarefa em Antioquia era excessivamente grande para ele. Essa metrópole cosmopolita de língua grega exigia os serviços tanto de um gigante intelectual quanto de um exortador cheio do Espírito Santo. Barnabé foi até Tarso, a uns 200 quilômetros a noroeste de Antioquia, para buscar Saulo, trazendo-o para Antioquia (At 11.25,26). Feliz aquele que percebe as suas limitações e que está disposto a trazer um ajudante à altura da situação. Durante todo um ano, Barnabé e Saulo permaneceram em Antioquia, ensinando os novos cristãos. Eles poderíam ter ido a outras cidades, mas viram a importância do discipulado.

   A nova Igreja em Antioquia era constituída de judeus, que falavam grego e/ou aramaico, e gentios. Uma afirmação muito interessante aparece no fim do versículo 26: “ [...] Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” . Há uma controvérsia razoável sobre quando e quem lhes teria dado o nome “cristãos” , isto é, aqueles que seguem a Cristo. Provavelmente deve ter sido como uma forma de zombaria por gentios incrédulos. E pouco provável que os próprios crentes tivessem inventado esse nome, pois eles usavam outros termos para referirem-se a si mesmos, com o “ discípulos” ou “ santos” ou, ainda, “irmãos” (At 11.26). Eles chamavam a si mesmos de “seguidores do Caminho” (At 9.2). Os judeus chamaram-nos de nazarenos e de seita (At 24.5,14); certamente, eles nunca iriam querer a sua palavra “Messias” (christos) associada com esse novo movimento.

  Os judeus incrédulos não acre[1]ditavam que Jesus fosse o Cristo. Portanto, é provável que o termo “ cristão” tenha sido inventado pela cultura não cristã de Antioquia.

   Considerando que não há unanimidade entre os diversos comentaristas bíblicos acerca da origem desse tratamento dado aos crentes em Antioquia, ao serem chamados pela primeira vez de cristãos, creio que é mais aceitável acreditar que os de fora (gentios não convertidos) identificam os crentes assim, porque eles confessam Cristo como Senhor. Eles são o povo do Messias. Referindo-se a eles como “cristãos” , os incrédulos distinguem a Igreja da comunidade judaica. Foram chamados de cristãos — aqueles que seguem a Cristo — , por[1]que tudo o que tinham em comum era Cristo; não se identificavam pela naturalidade, pela cultura e nem pelo idioma. O amor de Cristo ultrapassa todas as fronteiras e une todas as pessoas.

   A palavra “ cristão” aparece no Novo Testamento três vezes (At 11.26; 26.28; 1 Pe 4.16), principalmente usada pelos não crentes para descrever os discípulos.

   O centro da Igreja cristã passou de Jerusalém, o seu berço original, para Antioquia da Síria, o seu centro gentílico, tornando-se a segunda capital do cristianismo e sede de missões da igreja, pois a igreja cristã tornou-se cada vez mais uma instituição gentílica.

   A tradição associa o apóstolo Pedro a essa cidade, considerando-o o primeiro dos seus bispos. Nomes ilustres posteriores associados a essa cidade foram os de Inácio e João Crisóstomo, ambos chamados bispos de Antioquia. Crisóstomo foi um grande escritor de comentários bíblicos e exerceu notável influência sobre o desenvolvimento doutrinário da igreja cristã.

  3. Um a obra de leigos

  Em Atos 11.19-26, temos um relato da plantação e irrigação de uma igreja em Antioquia, a principal cidade da Síria, como já vimos.

  De acordo com Matthew Henry, na sua obra Comentário Bíblico Novo Testamento - Volume VI (CPAD), os primeiros pregadores do evangelho em Antioquia eram “os que foram dispersos” (v.19) de Jerusalém pela perseguição que surgiu cinco ou seis anos antes (segundo còmputos de alguns), por causa da morte de Estêvão. Eles caminharam até à Fenícia e outros lugares anunciando a palavra. Deus permitiu que eles fossem perseguidos para que fossem dispersos pelo mundo, semeados com o semente para Deus a fim de darem muito fruto. Esse era o plano para que a lesão da Igreja contribuísse para o seu bem, assim com o foi transformada em bênção a maldição de Jacó à tribo de Levi (Gn 49.7). O propósito do inimigo era espalhá-los para que desaparecessem, mas o propósito de Jesus era espalhá-los para que fossem usados. Assim, a cólera do homem redunda em louvor a Deus (SI 76.10).

   Eles não estavam fugindo do trabalho. Embora sob as atuais circunstâncias eles recusassem sofrimento, eles não recusavam serviço. Pelo contrário, eles envolveram-se numa área de maior amplitude que anteriormente. Aqueles que perseguiram os pregadores do evangelho queriam evitar que as Boas Novas fossem anunciadas no mundo gentio. Após terem sido bem-sucedidos na pregação do evangelho na Judeia, Samaria e Galileia, eles cruzaram as fronteiras de Canaã e viajaram até à Fenícia, ilha de Chipre e Síria (v. 20).

  Esses pregadores dedicaram-se especificamente a pregar para os judeus helenistas, chamados gregos, que estavam em Antioquia (v. 20). A pregação deles foi acompanhada pelo poder divino: “A mão do Senhor era com eles” (v. 21), porque Ele confirmava a Palavra com os sinais que se seguiram (Mc 16.20). Por esses sinais, Deus testificava com eles: “Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?” (Hb 2.4).

  Não foram os apóstolos ou obreiros, mas, sim, os leigos, os discípulos, os crentes em geral, que foram dispersos que anunciaram a Palavra, que fundaram a igreja em Antioquia (At 11.19). Ao anunciarem Jesus, a mão do Senhor sobre eles fez com que se convertesse muita gente.

  A notícia do avivamento em Antioquia chegou a Jerusalém levando os líderes da igreja de Jerusalém a enviar alguém para investigar.

   Barnabé foi o escolhido para verificar de perto o que estava acon[1]tecendo. Ele foi uma escolha sábia por várias razões. Sendo natural de Chipre, ele teria conexão natural com os evangelizadores que tinham iniciado o movimento em Antioquia. Ele viajou mais de 400 quilômetros, de Jerusalém até Antioquia. Barnabé era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé. O seu nome quer dizer “ Filho da consolação” (At 4.36) e estava à altura dele, pois a Bíblia relata que ele alegrou-se em constatar a graça de Deus através da salvação de muita gente, exortando a todos que permanecessem no Senhor. O ministério do Evangelho estava prosperando — muita gente creu.

  II - UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO

  1. “ Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1)

   Na igreja que estava em Antioquia, havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Niger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, ser[1]vindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:

  Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus; e tinham também a João com o cooperador. (At 13.1-5)

  Lucas passa o foco da História da Igreja para o ministério aos gentios e a subsequente disseminação da igreja pelo mundo. Começando no capítulo 13, o Espírito Santo escolhe Paulo e Barnabé para serem missionários especiais. Paulo substitui Pedro com o o personagem central do livro de Atos à medida que a igreja, guiada pelo Espírito Santo, continua a penetrar cada vez mais no mundo além de Jerusalém. A igreja em Antioquia da Síria tornou-se o centro de partida da missão de penetração no mundo (a última parte da comissão de Jesus em 1.8). O primeiro versículo certamente nos dá uma ideia da sua constituição verdadeiramente internacional e do amplo espectro de pessoas que estavam sendo atingidas pelo evangelho. (Comentário do Movo Testamento Aplicação Pessoal, vol. 1, CPAD, p. 679)

  2. Um a liderança servidora (v. 2)

 A liderança da igreja de Antioquia era constituída sem barreiras raciais ou espirituais. A igreja estava bem provida de bons ministros.

   Até esse ponto, parece que Barnabé e Saulo tinham sido os principais professores na igreja de Antioquia (At 11.26). Essa lista mostra pelo menos outros três, considerados como profetas e doutores. Barnabé aparece em primeiro lugar na lista pior ser provavelmente o líder do grupo. Simeão, chamado Niger devido à sua pele negra, provocou algumas especulações de que era o mesmo Simão Cireneu que carregou a cruz de Cristo (Mc 15.21), mas não se pode garantir essa informação. O próximo nome da lista é um homem cireneu (de Cirene) chamado Lúcio. Cirene ficava no norte da África. Lúcio provavelmente era um dos homens de Chipre e Cirene que pregaram pela primeira vez o evangelho aos gentios de Antioquia (At 11.20,21). O quarto era Manaém, irmão de criação ou de leite de Herodes, o Tetrarca (Herodes Antipas), que matou João Batista e Saulo — antes perseguidor da Igreja. Saulo era um rabino judeu altamente instruído e cidadão romano. O seu nome conclui a lista desse grupo tão variado. As diferenças sociais, geográficas e raciais desses indivíduos mostram que o Espírito de Deus trabalhara rapidamente e sobre uma ampla região geográfica. O evangelho não tinha apenas chegado a essas regiões, como também o Espírito de Deus usava a Antioquia cosmopolita para reunir uma equipe diversificada para a próxima “fase” da expansão do Reino. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal, vol. 1, CPAD, p. 680)

   Deus colocou na nova igreja gentílica profetas e doutores (1 Co 12.28; Ef 4.11). Os profetas eram pessoas que exerciam o dom de transmitir a palavra vinda de Deus, sob inspiração do Espírito Santo. Os doutores não eram homens orgulhosos e cheios de sabedoria humana, mas, sim, mestres cheios do Espírito Santo que ensinavam a Palavra de Deus. “

  E, servindo eles ao Senhor” (v. 2). Os discípulos em Antioquia oravam, suplicavam, cantavam, louvavam e adoravam ao Senhor, dedicando-se a Ele em um período especial de oração e jejum, em gratidão pelo que Deus fizera entre os gentios daquela cidade, mas também em favor das multidões não evangelizadas da Ásia Menor e da Europa.

  “e jejuando” (v. 2). Os profetas e doutores daquela igreja, apesar de serem os seus líderes, não desprezaram o jejum bíblico! Que o Senhor, nosso Deus, desperte a liderança da igreja atual a fazer o mesmo e convocar os seus membros para jejuarem (Tz 20.26; TI 1.14; 2.15,16; Jn 3.5; At 13.2).

  Jejuar significa abster-se de alimentos durante um período específico com a finalidade de concentrar-se no Senhor. As pessoas que jejuam podem aproveitar o tempo de preparação da comida e o da refeição para adorar e orar. Além disso, a dor da fome irá lembrá-los da sua completa dependência de Deus (2 Cr 20.3; Ed 8.23; Et 4.16; Mt 6.16-18). (Comentário do Movo Testamento Aplicação Pessoal, vol. 1, CPAD, p. 680) “

  disse o Espírito” (v. 2). De que maneira Ele falou não sabemos. Pode ter sido por uma voz que encheu o local, ou então por um crente usado pelo Espírito Santo, ou ainda por meio de uma profecia, ou até mesmo por meio de uma mensagem em línguas com interpretação (1 Co 14.5), ou provavelmente por meio de uma voz que falou na alma dos presentes. A igreja sabia certamente discernir se foi o Espírito Santo que falou ou não (1 Co 12.10).

 3. “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v. 2)

  Deus designou os dois melhores homens da Igreja de Antioquia para que desempenhassem a nobre tarefa de missão transcultural.

  “para a obra a que os tenho chamado” (v. 2). Essa mensagem provavelmente foi a confirmação de uma vocação a uma obra a qual o Espírito Santo já os tinha chamado, pois Antioquia tinha sido uma escola missionária para eles (At 11.22-26). Quando o crente é chamado pelo Espírito, o mesmo Espírito revela-o à igreja. “

  Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (v. 3). Quando a vontade de Deus foi revelada, eles novamente jejuaram e oraram. A imposição de mãos era um ato simbólico que indicava o reconhecimento público do chamado e da capacidade, além da associação de uma congregação particular com um ministério.

  111 - O SERVIÇO DE MISSÕES

  1. O início das missões cristãs

  “Tendo sido escolhido por Deus para a obra que veio a ser chamada ‘primeira viagem missionária’, Paulo e o seu grupo zarparam. O objetivo desse impulso evangelizador era a população gentílica da Ásia menor” ((Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal, vol. 1, CPAD, p. 680).

   A narrativa de Lucas do que se chama a primeira viagem missionária de Paulo começa em Antioquia, com a escolha de Barnabé e Saulo pelo Espírito Santo, para uma obra especial.

  João Marcos, autor do Evangelho que leva o seu nome, permaneceu em Jerusalém até ser levado para Antioquia por Barnabé (o seu primo) e Paulo, que regressavam de uma missão de socorro a Jerusalém (At 12.25). Quando partiram para Chipre na sua primeira viagem missionária, levaram João Marcos na sua companhia (At 13.5). Porém, ao chegarem a Perge, no tabuleiro da Ásia Menor, Marcos deixou os dois e regressou para Jerusalém (At 13.5).

  Com relação à menção de João como cooperador de Saulo e Barnabé no versículo 5, esse caso refere-se a João Marcos, conforme o texto de Atos 12.25: “ E Barnabé e Saulo, havendo terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo ajoâo, que tinha por sobrenome Marcos” .

  A natureza do trabalho de Marcos não é detalhada, embora a palavra usada com o “ cooperador” é hyperetes, que significa literalmente “ sub-remador” Esse termo indica um servo que está subordinado a uma autoridade. João Marcos não era o pregador do grupo, mas o que ajudava os dois grandes missionários mais velhos.

  2. Roteiro da viagem e atividades missionárias

  O objetivo desse impulso evangelizador era a população gentílica da Ásia menor. Eles seguiram as rotas de ligação do Império Romano, tornando a viagem mais fácil.

  Nos capítulos 13 e 14 de Atos, encontramos diversas localidades onde a atividade deles foi desenvolvida: Missões em Chipre, a terra natal de Barnabé. Salamina era a principal cidade de Chipre. Ela estava localizada na costa leste da ilha e era a sede do governo. Paulo começou o seu testemunho nas sinagogas dos judeus (Rm 1.16). As credenciais de Saulo como um fariseu altamente instruído — um antigo aluno de Gamaliel (At 22.3) — teriam sido mais do que suficiente para que o convidassem a falar, pelo menos até que a sua fama de trazer uma mensagem tão radical começasse a ser divulgada de forma tão maciça: missões em Antioquia da Pisídia (At 13.14-52); missões em Icônio (At 14.1-7); missões em Listra (At 14.8-20a); missões em Derbe (At 14.20b-21b); missões em lugares antigos e novos (At 14.21 b-28); regresso à Antioquia da Síria (At 14.27).

  a) Essa viagem missionária foi caracterizada por uma variedade de estratégias na evangelização.

  b) Eles visitavam cidades e países onde não se podia pregar o evangelho.

  c) Começaram a sua missão primeiramente com os judeus nas sinagogas e com os gentios que haviam sido atraídos pelo Deus de Israel.

  d) Logo a mensagem do evangelho foi pregada em toda a cidade, e a aceitação era maior por parte dos gentios do que por parte dos judeus.

  e) No entanto, o êxito inicial da evangelização levava à perseguição e à oposição.

  f) Depois de estabelecer um novo grupo de crentes, geralmente passando semanas ou meses com eles, a equipe missionária seguia a sua viagem.

  g) Depois a equipe missionária voltava. Aqueles que cresciam espiritualmente e haviam sido batizados com o Espírito Santo eram reconhecidos e ordenados com o líderes locais pelos apóstolos.

  h) A equipe missionária, em especial o apóstolo Paulo, seguia em contato com as novas igrejas. Ele enviava cartas de instrução e encorajamento e muitas vezes enviava representantes como Timóteo e Tito para orientar a nova igreja por certo tempo.

  i) Toda igreja devia depender da orientação do Espírito Santo. À medida que a congregação independente amadurecia, aquele grupo de crentes chegava às cidades vizinhas para falar de Jesus Cristo à sua própria “Jerusalém e Judeia” local (At 1.8).

  A primeira viagem missionária de Paulo durou cerca de dois anos (46-48 d.C.) e foi a mais curta tanto no tempo quanto na distância, mas foi, no entanto, um avanço muito significativo na história da nova igreja cristã. Paulo estabeleceu-se como líder na divulgação da Palavra de Deus. Ele passou a escrever uma grande parte do Novo Testamento que temos hoje.

  Havendo cumprido essa tarefa missionária, os missionários voltaram a Antioquia da Síria cheios de alegria, ansiosos para contar o que Deus havia feito entre os gentios (At 14.24-28). Eles bem que poderíam dizer de sã consciência: “Missão cumprida ’.

  Ao voltarem para Antioquia, os missionários deram um relatório para a congregação que os tinha comissionado. Provavelmente ninguém tinha tido notícias de Paulo e Barnabé desde que a Igreja enviara-os durante um culto especial de oração e jejum.

  No relatório, Paulo e Barnabé não se detêm nos sofrimentos e violências que enfrentaram, nem se vangloriaram da dedicação e força em face da perseguição.

  O Comentário Bíblico Pentecostal - Novo Testamento (CPAD) resume de forma bastante clara e objetiva o relatório dos missionários, que enfatiza duas coisas:

 1) “ Quão grandes coisas Deus fizera por eles” . É expressiva que a ênfase caia no que Deus fez. O sucesso foi devido a Deus, porque Ele operou por eles. O Espírito Santo deu início, capacitou e sustentou-os na missão. Os apóstolos suportaram grande adversidade, mas o trabalho do Espírito por meio deles é a razão do sucesso.

  2) Deus “ abrira aos gentios a porta da fé” . Uma porta de fé aberta significa que os gentios têm acesso às bênçãos do evangelho (cf. 1 Co 16.9; 2 C o 2.12; Cl 4.3).

  Quando Deus abre uma porta, ninguém fecha (cf. Ap 3.7). A fé em Jesus Cristo é a única porta para o Reino de Deus. O fato de Deus abrir a porta da fé sempre tem consequências de longo alcance. Uma duração de tempo considerável, provavelmente semanas, e não anos, passa entre o relatório de Paulo e Barnabé e a viagem deles ao Concilio de Jerusalém (At 14.28; 15.2).

   3. Prestando contas Ao fim de cada uma das viagens missionárias, Paulo e a sua equipe prestavam contas à igreja que os havia recomendado. O modelo de missionários “independentes” , que respondem “somente ao Senhor” , não é bíblico. Nem o apóstolo Paulo deixava de relatar o que estava fazendo à sua igreja de origem (14.27,28).

   Observe que o Espírito Santo afirma que a igreja havia-os recomendado (At 14.26). Não é correto dizer que a igreja local não tem qualquer responsabilidade ou autoridade sobre a vida do missionário.

  Em Atos capítulos 13 e 14, fica bem clara a presença do Espírito Santo confirmando e aprovando a obra de evangelização realizada por Barnabé e Paulo.

   A despeito das fortes perseguições que sofreram no cumprimento da nobre tarefa missionária, Paulo e a equipe que estava com ele evidencia[1]ram a manifestação do poder de Deus por meio da vida deles. Muitos gentios e judeus creram e aceitaram Jesus como Salvador, muitas igrejas foram fundadas, e curas divinas e libertação ocorreram.

   Jesus instruiu-nos que teríamos aflições no mundo, mas também que deveriamos ter bom ânimo Jo 16.33). No sermão do monte, Ele disse para exultarmo-nos e alegrarmo-nos quando formos injuriados e per[1]seguidos (Mt 5.11-12). As vezes, choramos, mas logo somos consolados e invadidos por uma alegria que vem diretamente do trono de Deus. “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (SI 126.5,6).

   Teremos oposições, mas também muitos resultados extraordinários, pois a glória do Senhor manifesta-se por meio de nós para que o nome dEle seja glorificado.

  O grande legado deixado pela igreja de Antioquia missiologicamente é a de que Deus tinha, por meio deles, aberto as portas da fé aos gentios (At 14.27).

  A história da evangelização de Antioquia ilustra “quando o evangelho tem sucesso” :

  1. Quando é pregado a outros povos (At 11.19);

  2. Quando é pregado a todas as classes e raças (At 11.20-21);

  3. Quando é pregado por homens cheios do Espírito Santo (At 11.22-26).

  A igreja cristã cumprirá a sua tarefa quando a atividade missionária fizer parte da sua vida normal. O cumprimento da atividade missionária só será bem-sucedido com a ação do Espírito Santo e nosso envolvimento.

  A missão de Deus é grande, mas ela também tem o seu foco. Sabemos para onde a missão de Deus está voltada ao olhar para com o ela terminará. Haverá “ uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro [...]” (Ap 7.9). Altas vozes declararão: “ [...] Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). Os meios para participar do Missio Dei são de fato extremamente variados. E importante que aqueles que estão dentre de um ministério específico se vejam com o membros de uma equipe, incluindo o de todos os outros ministérios. O poder das missões surge com a verdadeira unidade que nasce do respeito e do auxílio mútuos. Na maioria dos campos, os ministérios se confundem. Um professor da Escola Dominical, por exemplo, pode também estar envolvido em ministérios de crianças ou de evangelismo. Um trabalhador da área de saúde pode ter uma formação com o professor de Escola Dominical. Quase todos os ministérios utilizam literatura e ferramentas de mídia. (John York, Missões na Era do Espírito Santo, CPAD)

   A consequência da ação do Espírito Santo na igreja é o envolvi[1]mento e o sustento missionário. Estamos dispostos, com o igreja, a cumprir nossa missão de evangelizar até os confins da terra? Com o tem sido minha participação em missões? Oração? Contribuição? Disposição de ir?

  Quando o Espírito Santo encontra pessoas despojadas e sedentas por almas, Ele poderosamente as capacita com talentos e dons espirituais para que se lancem de corpo, alma e espírito na mais sublime missão que existe: ganhar almas para o Reino de Deus.

  O Espírito Santo é o guia e orientador da Igreja do Senhor na face da terra. Ele ainda hoje chama homens e mulheres para realizarem grandes obras para Deus. Ele conhece nosso nome e nosso endereço (At 9.10-11).

    Até os Confins da Terra – Pregando o Evangelho a todos os Povos até a Volta de Cristo



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