TEXTO BÍBLICO BÁSICO
1 Samuel 1.9-11,17,18,20,22,26-28
9 - Então, Ana se levantou, depois que
comeram e beberam em Siló (...).
10 - Ela, pois, com amargura de alma,
orou ao Senhor e chorou abundantemente.
11 - E votou um voto, dizendo: Senhor
dos Exércitos! Se benignamente
atentares para a aflição da tua serva,
e de mim te lembrares, e da tua
serva te não esqueceres, mas à tua
serva deres um filho varão, ao Senhor
o darei por todos os dias da sua vida,
e sobre a sua cabeça não passará
navalha.
17 - Então, respondeu Eli e disse: Vai
em paz, e o DEUS de Israel te conceda a
tua petição que lhe pediste.
18 - E disse ela: Ache a tua serva
graça em teus olhos (...).
20 - E sucedeu que, passado algum
tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e
chamou o seu nome Samuel, porque,
dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.
22 - (...) Quando o menino for
desmamado, então, o levarei, para que apareça
perante o Senhor e lá fique para sempre.
26 - E disse ela: Ah! Meu senhor, viva
a tua alma, meu senhor; eu sou aquela
mulher que aqui esteve contigo, para
orar ao Senhor.
27 - Por este menino orava eu; e o
Senhor me concedeu a minha petição que
eu lhe tinha pedido.
28 - Pelo que também ao Senhor eu o
entreguei, por todos os dias que viver;
pois ao Senhor foi pedido. E ele
adorou ali ao Senhor.
TEXTO ÁUREO
(...) Ana, por que choras?
E por que não comes?
E porque está mal o teu coração?
1 Samuel 1.8
OBJETIVOS
Ao término do estudo
bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
- saber que, mesmo
quando a desventura bate à porta de nossa casa, a graça divina manifesta-se
misericordiosamente
- dentro dela, se nos
dispusermos a recebê-la;
- entender que muitas
pessoas sofrem em silêncio dentro de casa, pois há muitos segredos guardados e
inconfessados no seio da família; conhecer as lições de Ana que podem ser
aplicadas à nossa vida.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Abraão e Sara (Gn
11.29,30); Isaque e Rebeca (Gn 25.21); Jacó e Raquel (Gn 29.28-31); Zacarias e
Isabel (Lc 1.5-7); Elcana e Ana (1 Sm 1.4,5): estes foram alguns casais que, no
texto bíblico, experimentaram o drama da infertilidade em algum tempo da vida.
Pelo fato de a infertilidade ser um tema sensível, busque tratá-lo com todo
zelo, amor e acolhimento. Reforce, sempre que possível, a ideia de que
infecundidade não é sinônimo de indignidade ou incapacidade. A fim de dar maior
leveza à tratativa do tema, nesta lição serão destacados tantos outros sonhos
ocultos no seio das
famílias, os quais, de
igual modo, precisam ser respeitados e, na medida do possível, revelados e
realizados. Quando buscamos a DEUS, podemos receber das Suas mãos respostas,
milagres, tratamento e regeneração. Estevam Fernandes
ESBOÇO DA LIÇÃO
1- ANA, ELCANA E SAMUEL
1.1. Segredos ocultos
dentro de casa
2- AS LIÇÕES DE ANA
2.1. Nem sempre nossas
necessidades serão
2.2. O coração tem suas
próprias demandas
2.3. Precisamos assumir
nossas dores e dar nome a Elas
2.4. Nossa fé antecipa
a vitória em forma de voto
2.5. Às vezes,
precisamos orar em silêncio
2.6. Precisamos de
pessoas que nos ajudem a concretizar os propósitos de DEUS em nossa vida
COMENTÁRIO - Palavra introdutória
Como vimos na Lição 1,
DEUS criou a família para ser, dentre outras possibilidades, o lócus da
felicidade humana. O Senhor a instituiu para que, dentro dela, pudéssemos ser
plenos e inteiros. Nesse espaço, não precisamos temer nossos defeitos e
limitações, pois podemos ser quem somos; além disso, podemos assumir nossas
virtudes e dificuldades, desnudar nossa alma, amar, ser amados, viver dramas
indescritíveis e superá-los. Nesta lição, com base na história de Ana (descrita
em 1 Sm 1.4-28), entenderemos que, quando a desventura bate à porta de nossa
casa, quando vivemos dramas complexos, a graça divina manifesta-se
misericordiosamente dentro dela, se nos dispusermos a recebê-la.
1- ANA, ELCANA E SAMUEL
O texto de 1 Samuel
1.4-28 tem relação com as aflições vividas dentro de uma casa. O personagem
central dessa narrativa bíblica é Ana, uma mulher que desejava ter um filho
homem, mas não podia, porque era estéril. De maneira circundante, estão Elcana,
seu marido, Eli, o sacerdote e, no final, Samuel, seu filho. Ana, em aflição
profunda, dirigiu-se a DEUS em oração. No contexto de sua súplica, ela fez um
voto ao Senhor: se Ele lhe desse um filho, a criança O serviria por toda vida
(1 Sm 1.9-11).
SUBSÍDIO INTRODUÇÃO
A família é responsável
por assegurar aportes afetivos e materiais aos seus integrantes,
garantindo-lhes, assim, o seu desenvolvimento e bem-estar. É a partir dessa
instituição divina que temos a possibilidade de nos constituirmos sujeitos.
1.1. Segredos ocultos dentro de casa
Ana tinha um segredo,
um silêncio, uma dor: a frustração que muitas mulheres carregam durante a vida
de não poderem ser mães. Sabe DEUS quantos mistérios o coração daquela mulher
guardava, quem sabe até mesmo uma revolta contra DEUS: “Por que o Senhor me fez
assim?”. Assim como Ana, muitas pessoas sofrem em silêncio; há muitos segredos
guardados e inconfessados no seio da família. Não se deixe enganar: há
escondedouros no coração da sua esposa, do seu marido, do seu filho e/ou da sua
filha, que precisam ser trazidos à luz de DEUS.
2- AS LIÇÕES DE ANA
Nos tempos bíblicos,
uma família era considerada abençoada se possuísse muitos filhos, pois estes
representavam a continuidade dos negócios do clã e conferiam proteção aos seus
antecessores (Sl 127.3). A Escritura revela-nos os dilemas de Ana: ela era
infértil; estava em um casamento polígamo; a outra mulher de seu marido
(Penina) tinha vários filhos e odiava o fato de Elcana devotar-lhe amor, a
despeito de sua esterilidade (1 Sm 1.1-6). Possivelmente, Ana teria condições
de tolerar as afrontas e as humilhações de Penina (1 Sm 1.6), se pudesse dar
filhos ao seu marido, mas ela não podia. Assim, não conseguindo suportar sua
dor em casa, Ana recorreu ao Senhor, a fim de encontrar respostas para suas
perguntas não respondidas e consolo para sua alma machucada (1 Sm 1.9-11).
2.1. Nem sempre nossas necessidades serão
compreendidas dentro de
casa Por mais contraditório que possa parecer, nem sempre nossos desejos e
sonhos são compreendidos no lugar criado por DEUS para ser o lócus da nossa
felicidade; nem sempre nossas dores são observadas e entendidas no espaço
reservado pelo Senhor para ser o primeiro templo da nossa espiritualidade. Ana,
por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? (1 Sm
1.8). Foi a pergunta de um marido amoroso, mas inábil para identificar o que
consumia sua esposa por dentro. “Não era só a esterilidade de Ana uma fonte de
sofrimento e humilhação, mas a repetida ridicularização que ela
tinha de suportar que provocava nela uma indescritível angústia.” (MELLISH,
K.J., Central Gospel, 2015). Isto é o que se observa em muitas famílias hoje.
Quantas vezes já não vimos nosso cônjuge abatido, triste e cabisbaixo, mas não
conseguimos identificar a razão de sua aflição? Quantas vezes o filho chega da
aula, isola-se no quarto, mas não nos importamos com seu afastamento, porque
julgamos ser uma tolice passageira? Quantas meninas terminam o namoro e os pais
tratam o assunto de forma leviana (muitas vezes subestimando a dor que sentem),
porque acreditam que é normal? Precisamos nos colocar diante do Senhor, a fim
de que Ele nos ensine como acessar o coração daqueles que nos são queridos.
Meu amor (marido,
esposa, filho, filha), por que choras?
2.2. O coração tem suas próprias demandas
Demanda, nesse
contexto, é tudo aquilo que não pode ser satisfeito com palavras, presença —
não te sou eu melhor do que dez filhos (1 Sm 1.8) — ou presentes — a Ana dava
uma parte excelente, porquanto ele a amava (1 Sm 1.5) — apenas. O coração tem
exigências que só saberemos quais são no dia em que conseguirmos entender a
língua que ele (o coração) fala. E quanto a você? O que lhe falta em casa? Do
que você precisa para ser feliz? Qual a sua dor oculta? O que lhe comprime o
coração? Quantas vezes você já não disse ao seu cônjuge, aos seus filhos ou aos
seus pais: “Pare de chorar, não há razão para isso; olhe o que você tem; está
reclamando de barriga cheia”. O que lhe impede de dizer: “O que eu posso fazer
por você; em que sua alegria depende de mim?”; “Filha, eu não a recrimino, mas
preciso saber: por que você está tão triste?”; “Pai, mãe, por que você não tem
dormido?”; “Filho, por que você não quer mais estudar? Ajude-me a entender o
seu coração.”
SUBSÍDIO 2.2
A pergunta de Elcana (1 Sm 1.8) reflete a presunção de alguém que
acreditava na suficiência de sua presença: “Por que você está chorando? Por que
não quer comer? O que está se passando em sua cabeça? Pra que filhos, eu não
lhe basto?”. Ana estava tomada por uma angústia que não se limitava à falta de
um filho, mas ninguém conseguia entendê-la, nem mesmo aquele que a amava.
2.3. Precisamos assumir nossas dores e dar nome a
Elas
As doenças da alma,
como as do corpo, têm nome. Não se pode ignorar esta realidade. Ana, com
amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente (1 Sm 1.10). Eu sou
uma mulher atribulada de espírito (1 Sm 1.15). Ana, aos prantos, em outras
palavras, disse: “DEUS, o meu coração está triste. Eu queria um filho, mas não
tenho e ainda sou humilhada por Penina. Essa é a minha dor. Isso é o que
consome o meu coração.”. Quando não choramos, quando não damos nome à dor de
alma que nos aflige, aquilo que não nos serve mais se transforma em doença
física (infarto, diabetes, AVC, insônia etc.). O choro de Ana pode ser
considerado terapêutico, pois permitiu que ela elaborasse a dor vivida naquele
momento e exteriorizasse, sem constrangimentos, suas emoções (tristeza,
solidão, desamparo e amargura). Qual o nome da sua dor armazenada? Por que você
espera os filhos saírem para chorar? Por que você não consegue prantear na
frente do seu cônjuge ou dos seus pais? Homem, por que você não chora? Dê nome
à sua dor, antes que ela consuma suas entranhas. Qual a sua dor no casamento?
Qual a sua dor de pai/mãe? Qual a sua dor de marido/esposa? Qual a
sua dor de filho/filha?
2.4. Nossa fé antecipa a vitória em forma de voto
Senhor dos Exércitos!
Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e
da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor
o darei por todos os dias da sua vida (1 Sm 1.11). Ana entendia que um filho
seria um grande presente do Senhor. Por anos, ela sofrera dores emocionais
indizíveis, que não foram plenamente compreendidas por ninguém. Quando DEUS
respondeu às orações dela e lhe concedeu um filho, ela fez o impossível para
que esta dádiva trouxesse honra e adoração Àquele que operara o milagre: os levitas
costumavam trabalhar dos 25 aos 50 anos (Nm 4.3; 8.24-26); Ana, em sinal de fé
e gratidão, dedicou o filho que ainda nasceria à obra de DEUS, por todo tempo
que ele vivesse. Voto é a forma que os servos do Altíssimo têm de agradecer,
antecipadamente, as respostas de oração que receberão. Não é fácil pedir a DEUS
uma bênção e, ao mesmo tempo, devolver-Lhe aquilo que Ele dará: “Senhor, meus
filhos são Teus. Tira esse namorado incrédulo da vida da minha filha; tira essa
mulher ímpia da vida do meu filho. Senhor, cura-me, dedico minha vida ao louvor
da Tua glória.”. DEUS é dono de tudo, nada é nosso: nem filhos, nem cônjuge,
nem casa, nem carro, nem emprego, nem saúde, nem outra coisa qualquer. Então,
consagremos a Ele tudo o que Dele recebemos e tudo o que, pela fé, ainda
receberemos.
2.5. Às vezes, precisamos orar em silêncio
Estudos indicam:
pessoas que não dividem seus planos com outras têm maior probabilidade de
realizá-los do que as que decidem contar seus objetivos, na intenção de obter
apoio e aceitação. Às vezes, precisamos nos dirigir a DEUS em oração, sem abrir
a boca, tal como fez Ana (1 Sm 1.13), para que ninguém ouça o que estamos
pedindo e não estrague os sonhos do Altíssimo para a nossa vida.
SUBSÍDIO 2.5
“De acordo com a Lei, Elcana poderia ter declarado o voto de Ana uma
promessa imprudente e tê-la
proibido de realizá-lo (Nm 30.10-15). O fato de ele não ter feito isso
demonstra o seu amor e estima por ela.” (RADMACHER. ALLEN; HOUSE. Central
Gospel, 2010a).
2.6. Precisamos de pessoas que nos ajudem a
concretizar os propósitos de DEUS em nossa vida
Elcana assumiu: “Ana,
sabemos que você é estéril, mas se você acredita que DEUS vai abençoá-la, eu
quero fazer parte dessa bênção também.” (1 Sm 1.19). Quando Samuel nasceu, em
outras palavras, ele disse: “Ana, se você acha melhor, deixe o menino no
templo.” (1 Sm 1.22,23). Imaginem se ele agisse de outra forma: “Ana, a essa
altura da vida, você sinceramente acredita que ainda vai ter um filho? Caia na
real! Olhe a sua idade. Não conte comigo.” Ou, depois de nascido o menino: “O
filho é meu, eu decido como criá-lo.”. Quantos cônjuges não dizem um ao outro:
“A essa altura da vida, você ainda quer estudar? Quer mudar de profissão?”
Quantos pais não dizem: “Filho, não se iluda, você nunca passará nesse
concurso.”. Às vezes, em casa, por falta de parceria de fé, perdemos a bênção
de DEUS. “Você quer orar, eu oro com você.”; “Precisa de um tratamento, eu
procuro um médico com você.”; “Quer jejuar, eu jejuo com você. A sua bênção é
minha também.”. Porque Elcana acreditou, Samuel foi trazido à vida. Sejamos
parceiros de DEUS para abençoar a nossa casa. Ajudemos a mudar a história da
nossa família.
CONCLUSÃO
Se uma mulher estéril
deu à luz um filho foi para dizer a mim e a você que nada é impossível para
DEUS. Por qual Samuel você espera? Por qual milagre você ora? Por qual dor você
chora? Há um DEUS que nos ouve. Em nome de JESUS, acredite: seu Samuel está
chegando; seja ele em forma de gente, de emprego, de cura, de paz, de
conversão, não importa; o Senhor é poderoso para resolver os dramas da nossa
casa. Quando seu Samuel chegar, diga: “Esse foi DEUS quem me deu, e eu o
devolverei para o louvor da Sua glória.”. Que nossas famílias sejam espaços de
milagre, esperança e vida: onde houve lágrima, um dia haverá sorriso; onde
houve dor, um dia haverá alegria; e diremos: “DEUS ouviu a minha oração.”.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Quais lições podem ser extraídas da vida de Ana,
de
acordo com o que foi exposto nesta lição?
R.: (1) Nem sempre nossas necessidades serão
compreendidas dentro de casa; (2) o coração tem suas próprias demandas; (3)
precisamos assumir nossas dores e dar nome a elas; (4) nossa fé antecipa a
vitória em forma de voto e (5) precisamos de pessoas que nos ajudem a
concretizar os propósitos de DEUS em nossa vida
Lição
3 : os dramas humanos e a graça divina
LPD
CENTRAL GOSPEL - Restaurando a visão familiar
Comentaristas:
Albertina Malafaia; Claudio Duarte; Elizete Malafaia; Estevam Fernandes
1 Samuel 1:1-8 - Com.
Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
A Aflição de Ana
Temos aqui um relato da situação da
família na qual Samuel, o profeta, nasceu. O nome de seu pai era Elcana, um
levita, da família dos coatitas (a casa mais honrável dessa tribo) como lemos
em 1 Crônicas 6.33,34. Seu predecessor, Zufe, era efrateu, isto é, de Belém de
Judá, que era chamada de Efrata (Rt 4.1). Essa família de levitas,
inicialmente, estabeleceu-se ali, mas uma parte dela, ao cabo de dias, mudou-se
para o monte Efraim, de onde descendia Elcana. O levita que ficou na casa de
Mica foi de Belém para a montanha de Efraim (Jz 17.8). As famílias de ministros
normalmente estão acostumadas a mudar de lugar. Talvez o autor fizesse questão
de registrar que eles eram originariamente efrateus, para mostrar sua aliança
com Davi. Esse Elcana morou em Ramá, ou Ramataim, que significa a Ramá dupla,
ou seja, a cidade alta e a cidade baixa. O mesmo ocorre com Arimatéia, cidade
natal de José, aqui chamada de Ramataim-Zofim. Zofim significa atalaias;
provavelmente, havia uma escola de profetas ali, porque profetas são
denominados de atalaias. A paráfrase da versão dos Caldeus chama Elcana de
discípulo dos profetas. Mas, a mim parece que foi por meio de Samuel que a
profecia reviveu, visto que antes de seu tempo as visões manifestas não eram
freqüentes (3.1). Também não encontramos nenhuma menção de um profeta do Senhor
desde Moisés até Samuel, com exceção de Juízes 6.8. Por isso, não temos motivos
para pensar que havia alguma escola de profetas até que Samuel fundasse uma (19.19,20).
Este é o relato da linhagem de Samuel e do lugar do seu nascimento. O que o
texto nos fala acerca da situação de sua família?
I
Sua família era devota. Todas as
famílias de Israel deveriam ter o mesmo comportamento, principalmente as
famílias dos levitas. Elcana subiu para o Tabernáculo em Siló, para participar
das festas solenes e adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos. Acredito
que essa é a primeira vez nas Escrituras que Deus é chamado de SENHOR dos
Exércitos — Jehovah Sabaoth. Posteriormente, esse nome tornou-se bastante
comum. Provavelmente o profeta Samuel foi o primeiro a usar esse título de
Deus, para o consolo de Israel, numa época em que seus exércitos eram poucos e
fracos e dos inimigos muitos e poderosos. Seria um fato animador lembrar que o
Deus a que serviam era o Senhor dos Exércitos, de todos os exércitos, tanto dos
céus como da terra. Esse Senhor tem um comando soberano sobre eles e os usa
como bem lhe apraz. Elcana era levita do campo e, pelo que parece, não tinha
uma posição ou ofício que requeria sua assistência no Tabernáculo, mas ele
subiu como um israelita comum, com seus próprios sacrifícios, para encorajar
seus vizinhos e servir-lhes de exemplo. Quando sacrificava, adorava, e assim
unia orações e ações de graça com seus sacrifícios. Ele era constante e fiel
nas suas obrigações para com a religião, por isso, subia anualmente. O que
tornava a sua atitude ainda mais louvável era o seguinte:
1. Que havia uma decadência e
negligência geral da religião na nação. Alguns entre eles adoravam outros
deuses, e a maioria era desleixada no serviço ao Deus de Israel; mesmo assim,
Elcana manteve sua integridade. Independentemente do que os outros faziam, sua
decisão era de que ele e sua casa serviriam ao Senhor.
2. Que Hofni e Finéias, os filhos de
Eli, eram os principais homens encarregados no serviço da casa de Deus. Eles
eram homens que se comportavam de maneira muito perversa em suas posições, como
veremos mais tarde; no entanto, Elcana subiu para sacrificar. Deus, naquela
época, tinha confinado seu povo a um lugar e um altar, e proibido,
independentemente do pretexto, de adorar em outro lugar. Assim, em plena
obediência a essa ordem, Elcana dirigia-se a Siló. Se os sacerdotes não estavam
cumprindo o dever deles, ele o cumpriria. Graças a Deus, nós, debaixo do
evangelho, não estamos amarrados a um único lugar ou família; mas os pastores e
mestres, os quais o Redentor exaltado deu à sua igreja, tem como ministério o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo (Ef 4.11,12). Ninguém tem domínio sobre a nossa fé. Mas nossa
obrigação é para com aqueles que são os auxiliares da nossa santidade e
alegria. Não temos obrigação com as imoralidades escandalosas deles, como as de
Hofni e Finéias, que desprezavam a oferta do Senhor, embora a validade e
eficácia dos sacramentos não dependessem da pureza daquele que as ministra.
II
No entanto, ela era uma família
dividida e as divisões dela redundavam em culpa e tristeza. É uma pena quando
existe piedade em família, mas não unidade. As consagrações em comum de uma
família deveriam colocar um fim nas divisões dela.
1. A causa originária dessa divisão
era o fato de Elcana ter casado com duas mulheres, que era uma transgressão da
instituição original do casamento, de acordo com o nosso Salvador (Mt 19.5,8): ao princípio, não foi
assim. Isso causou dano às famílias de Abraão e de Jacó, e aqui à de Elcana. A
lei de Deus proporciona conforto e bem-estar espiritual para nós neste mundo.
Sem ela, as coisas seriam muito mais complicadas. É provável que Elcana tivesse
se casado primeiramente com Ana e, visto que não podia ter filhos com ela,
casou-se com Penina, que lhe deu filhos, mas era, em outras coisas, um
aborrecimento para ele. Dessa forma, os homens são surrados com freqüência
pelas suas próprias varas.
2. A conseqüência desse erro era que
as duas esposas não se entendiam. Elas tinham bênçãos diferentes: Penina,
semelhante a Lia, era frutífera e tinha muitos filhos, que deveria tê-la
tornado afável e grata, embora fosse a segunda esposa e menos amada. Ana, semelhante
a Raquel, era estéril, mas era muito preciosa para o marido. Ele procurava
deixar claro, em todas as oportunidades, para ela e para os outros, de que ela
era muito amada por ele. Elcana muitas vezes lhe dava uma parte excelente, v.
5, e isso deveria tê-la tornado afável e grata. Mas, elas tinham temperamentos
diferentes: Penina não suportava a bênção da fertilidade, e tornou-se arrogante
e insolente. Ana não suportava a aflição da esterilidade, e tornou-se
melancólica e descontente. E Elcana tinha a difícil missão de buscar a paz
entre as duas.
(1) Elcana continuou subindo ao altar
de Deus apesar dessa triste diferença em sua família, e levava suas esposas e
filhos com ele, para que, se não pudessem viver em harmonia em outras coisas,
pelo menos concordassem em adorar a Deus juntos. Se as práticas devocionais de
uma família não são bem-sucedidas em acabar com suas divisões, não permita que
essas divisões acabem colocando um fim nas práticas devocionais.
(2) Ele fez tudo que estava ao seu
alcance para encorajar Ana e sustentar seu espírito diante de suas aflições,
vv. 4,5. Na festa, ele ofereceu ofertas pacíficas, para suplicar por paz em sua
família; e quando ele e sua família assentavam-se para comer sua parte do
sacrifício, em memória da sua comunhão com Deus e seu altar, embora separasse
porções adequadas para Penina e seus filhos, ele dava uma porção especial para
Ana, o pedaço mais excelente da mesa, o pedaço (independentemente de que parte
do animal era) que, nessas ocasiões, costumava-se dar àqueles que eram mais
estimados. Isso ele fazia como sinal do seu amor para ela, procurando dar todas
as garantias possíveis desse amor. Observe: [1] Elcana amava sua esposa, embora
fosse estéril. Cristo ama sua igreja, apesar de suas fraquezas e esterilidade;
e da mesma forma os maridos devem amar a sua esposa (Ef 5.25). Quando nosso
amor por um membro da família diminui por causa de uma fraqueza ou debilidade
da qual ele não tem culpa, estamos nos indispondo contra a providência divina e
acrescentando aflição ao aflito. [2] Ele procurou mostrar ainda mais o seu amor
porque ela era afligida, insultada e estava deprimida. É nosso dever apoiar os
fracos e sustentar aqueles que são perseguidos ou menosprezados. [3] Ele
mostrou o seu grande amor por ela pela porção especial que deu a ela de suas
ofertas pacíficas. Deveríamos do mesmo modo mostrar nosso carinho aos nossos
amigos e parentes, orando constantemente por eles. Quanto mais os amamos mais
devemos orar por eles.
(3) Penina era extremamente
impertinente e provocadora. [1] Penina censurava Ana com veemência por causa de
sua aflição, desprezando-a por causa de sua esterilidade e falava de maneira
insultuosa com ela, como alguém que não recebia nenhum favor dos céus. [2]
Penina invejava o benefício que tinha do amor de Elcana. Quanto mais
benevolente ele era com Ana, mais Penina a provocava, tornando-se desprezível e
grosseira. [3] Penina aumentava o seu ataque quando subiam à Casa do SENHOR,
talvez porque então estavam mais tempo juntos ou, porque, então a afeição de
Elcana por ela se tornava mais evidente. Mas Penina agia de forma pecaminosa ao
mostrar sua maldade em momentos como aqueles, quando mãos puras deveriam ser
elevadas ao altar de Deus, sem ira e queixas. Também foi muito insensível
naquela época aborrecer Ana, não apenas porque estavam juntas e os outros
poderiam perceber essa importunação, mas esse era um tempo em que Ana buscava
concentrar-se nas suas devoções e desejava estar calma e tranqüila e livre de
perturbação. O grande adversário de nossa pureza e paz é mais insistente em nos
irritar em momentos em que buscamos estar mais serenos e tranqüilos. Quando os
filhos de Deus vêm para apresentar-se perante o SENHOR, podemos estar certos de
que Satanás também está entre eles (Jó 1.6). [4] Penina continuou perturbando o
coração dela ano após ano, não uma ou duas vezes, mas de forma constante. Nem a
consideração do seu marido, nem a compaixão por Ana, eram capazes de quebrar
essa ação perversa. [5] Penina tinha a intenção de atormentar e desgastar Ana, talvez
com a esperança de quebrar o seu coração, para que pudesse ficar sozinha com o
coração do seu marido, ou porque sentia prazer no desassossego de Ana. Parece
que nada a gratificava mais do que ver sua rival aflita. Observe: É uma
evidência de uma disposição degradante, deleitar-se em afligir aqueles que
estão melancólicos e de espírito pesaroso, ou indispor aqueles que estão
inclinados a afligirem-se e ficar incomodados. Devemos levar as cargas uns dos
outros, não acrescentar a elas.
(4) Ana (pobre mulher) não suportava a
provocação: Ela chorava e não comia, v. 7. Ela ficava apreensiva e alarmava
toda a sua parentela. Ela não comeu durante a festa; sua preocupação tirou o
seu apetite; isso a tornava inadequada para uma boa companhia e se tornou um abalo
na harmonia da família. Era durante a solenidade do sacrifício que ela não
comia, porque os israelitas não deveriam comer das coisas sagradas na tristeza
deles (Dt 26.14; Lv 10.19). Sua tristeza era tão grande que era incapaz de
experimentar a alegria santa em Deus. As pessoas que apresentam um espírito
aflito, e têm a tendência de dar muita atenção a provocações, são inimigas de
si mesmas e acabam privando-se do bem-estar da vida e da piedade. Verificamos
que Deus notou o efeito negativo dos dissabores e das discordâncias no
relacionamento conjugal, em que as partes prejudicadas cobriam o altar do
SENHOR de lágrimas [...] de sorte que ele não olhava mais para a oferta (Ml
2.13).
(5) Elcana procurava confortar Ana de
todas as formas. Ela não o repreendeu pela sua insensibilidade ao casar com
outra esposa, como ocorreu com Sara. Ela também não retribuiu injúria por
injúria, mas ficou com todo o sofrimento para si própria, que a tornou objeto
de profunda compaixão. Elcana mostrou-se profundamente aflito com a aflição
dela, v. 8: Ana, por que choras? [1] Ele está profundamente inquieto ao vê-la
tão subjugada pela tristeza. Aqueles que se tornaram uma só carne por meio do
casamento também devem se tornar um só espírito para compartilhar as
dificuldades um do outro, a ponto de um não estar tranqüilo quando o outro está
intranqüilo. [2] Ele a repreende de forma amorosa: por que choras?[...] E por
que está mal o teu coração? Deus nos repreende porque nos ama; nós deveríamos
fazer o mesmo. Ele busca saber a causa da tristeza dela. Embora tivesse motivos
para estar perturbada, ela precisa considerar se deveria estar perturbada a
esse ponto, especialmente a ponto de deixar de comer das coisas sagradas.
Observe: Nossa tristeza, por qualquer razão, é pecaminosa e imoderada quando
nos afasta do nosso dever em relação a Deus e amarga nosso consolo nele, quando
nos torna ingratos em relação às misericórdias de que desfrutamos e receosos em
relação à bondade de Deus por nós em futuras misericórdias, quando lança
desânimo sobre nossa alegria em Cristo e nos impede de cumprir as nossas
obrigações e desfrutar do consolo dos nossos relacionamentos particulares. [3]
Ele deixa claro que nada deveria faltar de sua parte para equilibrar a aflição
dela: “Não te sou eu melhor do que dez filhos? Tu sabes que tens todo o meu
amor. Que isso possa te servir de consolo”. Observe: Precisamos estar atentos
ao consolo que recebemos; isso nos guardará de ficarmos excessivamente aflitos
em relação às diversas cruzes que precisamos carregar. Precisamos estar cientes
de que merecemos os fardos que carregamos, mas nossos consolos são resultado da
graça de Deus. Se mantivéssemos o equilíbrio disso, teríamos condições de
observar aquilo que está a nosso favor, bem como aquilo que é contra nós. Caso
contrário, somos injustos com a Providência e insensíveis conosco mesmos.
Também Deus fez este em oposição àquele (Ec 7.14), e nós deveríamos fazer o
mesmo.
FONTE: http://ebdnatv.blogspot.com/2023/10/escrita-licao-3-central-gospel-os.html
Texto
Áureo:
Ana,
por que choras?
E
por que não comes?
E
por que está mal o teu coração?
1
Samuel 1.8b
Texto Bíblico Básico:
1 Sm 1.9-11,17,18,20,22,26-28
9 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, sacerdote, estava assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor.
10 Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.
11 E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.
17 Então respondeu Eli: Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste.
18 E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.
20 E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.
22 Porém Ana não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre.
26 E disse ela: Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR
27 Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito.
28 Por isso também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias
que viver, pois ao Senhor foi pedido. E adorou ali ao Senhor.
PALAVRA
INTRODUTÓRIA
-
Professor(a), nesta lição se concentre na comunicação dentro do lar, pois os
cônjuges devem aprender a compartilhar seus problemas e entenderem entre eles
seus sentimentos.
-
“quando a desventura bate à porta de nossa casa”, se refere as adversidades que
vez por outra ocorrem em nossa vida e nossa família.
-
“a graça divina pode manifestar-se”,
significa
que o Senhor às vezes usa as adversidades da família para fazer coisas
maravilhosas em nossa parentela.
Temática da lição: Como lidar com a dor e a frustração gerada pela família.
Introdução
Deus fez o homem e viu que ele precisava de um ser semelhante, que o
auxiliasse. Não se tratava apenas de auxílio em tarefas, mas de corresponder
com as expectativas. A palavra adjuntora (Gn 2.18) vem do hebraico nãghadh, que
pode ser representada pelo sentido de “compartilhar com alguém”, assim
entendemos porque está em nosso cerne a necessidade
dividir experiências com nossos semelhantes. O próprio Deus plantou isso em
nós, de maneira que nos sentimos fortes e protegidos no meio de um grupo ou com
alguém da nossa confiança, mas vulneráveis e perdidos quando estamos sozinhos,
principalmente em situações de estresse.
A Dra Ilma Cunha diz:
O ser humano não é regido pelo instinto, como os animais, mas pela razão, e
necessita da formação familiar para a construção do seu plano de conduta, dos
elementos que nortearão as suas atitudes, seus comportamentos e suas decisões
ao longo da vida.
A família foi criada por Deus para ser um lugar de segurança e alegria. Foi a
primeira célula social gerada, contudo, o diabo tem investido ferozmente para
mudar a configuração familiar e transformá-la em um lugar árido e sem
legitimidade. Se a família não cumpre sua função e está distanciada do padrão
divino, toda a sociedade apresentará desvios em sua conduta, e se apresentará
igualmente fria e doente em seus relacionamentos.
Contexto Histórico
Na Bíblia judaica os livros de Samuel se apresentam logo após o livro de
Juízes, e este declara a situação de Israel naquele momento: Naqueles dias não
havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos. Jz
21.25
O contexto era de depravação moral e religiosa. Samuel nasce do desejo de Ana,
mas se apresenta como o fiel sacerdote/profeta/juiz que substitui Eli e sua
casa corrupta no santuário de Siló e conduz a comunidade israelita à fé e
adoração a Deus. Elcana morava na região montanhosa de Ramatain-Zofim (Ramá),
terra dedicada aos levitas, dentro do território da tribo Efraim. Ele pertencia
à família de Coate, descendente de Levi, portanto, tanto ele como sua prole
estavam aptos para o serviço sacerdotal (1 Cr 6.22-28, 66-67).
A família de Elcana era composta por ele, Ana e Penina com seus filhos. Não era
um casamento monogâmico, o que frequentemente gerava problemas no seio familiar
da época. Embora no Antigo Testamento não se encontre incentivo para um
casamento com várias esposas, não era uma situação incomum. Não podemos afirmar
que Penina tenha sido tomada por esposa de Elcana devido a infertilidade de
Ana, mas é uma possibilidade. O fato é que a relação familiar era conflituosa:
Penina humilhava Ana pelo fato de não ter filhos, Ana sofria e Elcana tentava
compensar. Uma situação desgastante, podemos imaginar.
A situação de Ana era de fato bastante complicada, por dois aspectos:
-
Divino: o fato de ser estéril levantava a questão sobre as bênçãos de Deus (Dt
7.13; 28.1- 13; 30.9-10).
-
Social e econômico: os filhos homens eram a base da sociedade, pautada pelo
modelo patriarcal. Eles eram responsáveis pelo sustendo familiar, bem como os
guerreiros e líderes do clã. Uma mulher sem filhos ficava desprotegida e
dependia de que um resgatador a acolhesse (Dt 25.5-10; Rt 2.20). Elcana era um
homem temente a Deus, e todos os anos cumpria o ritual de adoração e sacrifício
a Deus em Siló, o centro religioso instituído desde os dias de Josué, onde
estava também a arca da aliança. (Js 18.1). Nesse período os filhos de Eli,
Hofni e Fineias, já eram os sacerdotes, contudo, desprezavam o Senhor (1 Sm
2.12-17), um retrato da condição geral da nação.
As lições que a situação de Ana nos ensina:
1.
Nem sempre seremos compreendidos dentro de casa . Ana sofria em
silêncio uma dor que não podia ser medida. Talvez sua maior angústia não fosse
a esterilidade, mas a humilhação imposta por Penina. Essa é uma situação
bastante frequente em alguns lares, e quanto mais rejeição e confronto, mais as
pessoas se endurecem e afastam. O fato é que a postura de Ana impressiona, pois
não a vemos brigar com as pessoas ou se rebelar contra Deus, mas clamar em
silêncio!
Muitas vezes queremos superar as humilhações e a dor
com uma postura desafiadora, pela nossa própria força e argumento, contudo, na
maioria das vezes, somente o Senhor pode nos socorrer. Ele não só compreende
nossa aflição, como atende o clamor: Tu, Senhor, ouves a súplica dos
necessitados; tu os reanimas e atendes ao seu clamor.
Defendes o órfão e o oprimido, a fim de que o homem, que é pó, já não cause
terror. Sl 10.17,18.
2. Nunca despreze a dor do outro: ela é real e merece atenção
O ser humano tem a tendência de medir o outro por ele mesmo,
assim, muitas vezes não é capaz de compreender a dor alheia, pois faz pouco
caso dela. O fato é que cada um possui uma história de vida e uma capacidade
emocional para lidar com a dor, e tentar medir esse valor gera mais dor. Içami
Tiba diz que em pele ferida até analgésico pode doer, desse modo,
em vez de nos apressarmos em colocar um curativo em cima de qualquer queixa ou
dor, como fez Elcana, devemos primeiramente exercitar a escuta e proporcionar
ao outro revelar a profundidade da sua dor.
3. Reconheça sua dor.
Nomeie seus sentimentos . Esse tópico está diretamente relacionado ao anterior.
Muitas pessoas passam a vida sem
revelar a sua dor, e isso somatiza no corpo, gerando doenças. Denominamos as
doenças mas ignoramos o que as gerou sob o aspecto psicológico, então acabamos
tratando os sintomas e não a fonte deles. Em geral as pessoas discutem, gritam
umas com as outras, mas nem por
isso conseguem se fazer entender, isso porque é preciso tempo para que uma
pessoa tenha a compreensão da sua dor e possa dar nome a ela. É necessário que
haja uma escuta interna de si mesmo, para se autoconhecer, contudo, gasta-se
muito tempo num cabo de força, na tentativa de provar quem tem razão, e os
sentimentos mais profundos se perdem no esforço.
Ana entendeu que a sua alma estava em
angústia pois se sentia frustrada por não ter filhos e humilhada pelas
provocações de Penina. Ter o reconhecimento da sua condição permitiu falar para
Deus do que necessitava.
4. Posicione-se diante de Deus . Ana fez um voto com Deus, daria seu
filho como nazireu. Esse voto podia ser temporário ou permanente e implicava
nas seguintes condições, conforme descrito em Números 6.2-21:
-
Não podia participar do fruto da vinha (comer ou beber qualquer parte da uva)
- Não podia cortar o cabelo
- Não podia tocar em defunto
Ana ofereceu seu filho num voto permanente, que implicava na sua total devoção
e reconhecimento a Deus. Será que estaríamos dispostas a reproduzir a sua
dedicação e palavra? Muitas vezes, no desespero, prometemos coisas a Deus, mas
assim que recebemos o favor, declinamos na promessa, o que demonstra a nossa
falta de compromisso com a
verdade e falta de fé. Não devemos nos comprometer com Deus naquilo que não
temos certeza de manter (Dt 23.21-23; Ec 5.4-6).
Outro aspecto importante da postura de Ana é que ela não se eximiu da
responsabilidade da bênção, antes, se posicionou como parte fundamental para o
cumprimento dela. Não podemos esperar apenas que Deus se mova em nosso favor,
pois Ele já derramou sobre nós a sua graça redentora, e ganhamos tudo!
Precisamos nos posicionar com atitudes, em obras,
para que a fé seja justificada (Tg 2.17-26).
5.
Leve seus problemas a quem pode resolver. Ana não tinha com quem
compartilhar sua dor além de Deus. Seu marido já fazia tudo o que podia para
confortá-la, e certamente ela reconhecia isso, mas não podia realizar o milagre
de fazê-la gerar um filho. Também não resolveria a situação discutindo sobre a
maneira de agir de Penina, essa discussão provavelmente só amplificaria a sua
limitação e aumentaria a sua dor. Talvez Ana também não pensasse em
compartilhar com Eli, devido à degradação moral do sacerdócio, quem sabe...
O fato é que ela só tinha uma alternativa viável, e foi até ela: Deus. Será que
levamos nossos problemas a quem pode de fato resolvê-los? Isso se aplica também
ao plano humano. A sunamita não compartilhou seu problema com Geazi, servo de
Eliseu, mas só derramou seu coração diante do profeta, pois reconhecia nele a
autoridade no assunto (1 Re 4.8-37). Muitas pessoas expõem seus conflitos
familiares a todos, mas não
procura aconselhamento pastoral ou terapêutico, e acaba vivendo num ciclo de
pranto, sem tratar o problema. O Senhor quer que vivamos em plenitude de vida!
(Ef 3.17-21)
6. Relacione-se e compartilhe seus sonhos com quem pode impulsionar a sua fé. Quando
o sacerdote Eli viu Ana balbuciando seu lamento, prontamente criticou sua
atitude, acreditando que ela estava embriagada. Não podemos ver isso como um
absurdo em nossa
sociedade, pois frequentemente estamos prontos para julgar e apontar as falhas
dos outros, sem o real conhecimento dos fatos. Isso pode gerar desânimo nas
pessoas, e nem nos darmos conta do estrago. Mas Ana compartilhou sua dor com o
sacerdote e recebeu uma palavra de vida, com efeito tão curativo que ela logo
se animou e voltou a se alimentar e sorrir. Aquela palavra colocou a sua fé em
ação, e o milagre aconteceu.
Elcana também compartilhou da fé e do sonho de Ana, ao reafirmar o voto dela de
entregar o filho como nazireu (1 Sm 1.21). Esse voto poderia facilmente ser
desfeito, já que a mulher tinha que ter o aval do marido (Nm 30.6-15), mas em
vez de duvidar ou criticar, Elcana reafirmou o propósito da sua esposa. Devemos
estar na companhia de quem pode nos aproximar de Deus, e nos motivar a
permanecer em Sua presença. Devemos buscar a companhia de quem pode edificar a
nossa fé, e fugir daqueles que, mesmo com palavras “de Deus,” nos impedem de
ver as grandes obras do Senhor, como os amigos de Jó.
CONCLUSÃO
As relações familiares enfraquecidas podem levar as pessoas ao desânimo
espiritual e desespero emocional, mas em Deus está a motivação necessária
e suficiente para gerar sonhos. Assim, ficam as perguntas: Estamos dispostos a
gerar filhos/sonhos/projetos e entrega-los aos cuidados de Deus? Temos
confiança de Ele tem poder para fazer abundantemente mais em nossa vida se
dedicarmos tudo a Ele?
(
Profa. Renata Santana)
A Vida De Ana, Seus Sofrimentos E
Alegrias
Valdenira
Nunes de Menezes Silva
"...eu sou uma mulher atribulada de espírito" (1Sa
1:15).
"... e o seu semblante já não era triste" (1Sa 18).
O seu nome, assim como o seu modo de ser, nos apresenta uma mulher
"graciosa" amável, mansa e generosa. O seu nome era Ana.
Apesar de possuir estas tão boas características, ela vivia triste.
A Bíblia nos diz que ela e Penina eram esposas de Elcana. Mas enquanto
"Penina tinha filhos" ela "Ana não os tinha".
Num lugar mais profundo do seu coração, estava o imenso desejo de ser mãe. A
sua alma ansiava por um filho mas a Bíblia diz que "o Senhor lhe tinha
cerrado a madre" (1Sa 1:5b).
O seu desejo não estava coincidindo com o desejo de Deus na sua vida naquele
momento. O tempo de Deus era diferente do seu tempo, assim como foi o tempo de
Sara, o de Rebeca e o de tantas outras mulheres que amavam ao Senhor mas tinham
também suas madres cerradas.
No seu casamento com Elcana havia coisas desagradáveis que a faziam sofrer:
1- Elcana, seu marido, não era só dela mas havia uma outra esposa - Penina;
2- o Senhor havia cerrado a sua madre e, assim, ela não podia ter filhos;
3- a sua rival a provocava para a irritar (ela tinha filhos e Ana não).
Apesar da tristeza que carregava consigo, ela tinha um marido que a amava. Ele,
muitas vezes, a via chorando. Mas, numa certa ocasião, quando ele e toda a sua
família foram a Siló para adorar e fazer sacrifícios ao Senhor, ele a viu
chorando e perguntou-lhe: "Ana, por que choras? E por que não comes? E por
que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez
filhos?" (1Sa 1:8)
Ah, irmã, Elcana não conhecia o anseio que toda mulher tem de ter filhos. Ana o
amava mas queria que o Senhor lhe concedesse o privilégio de ter um filho em
suas mãos.
Assim como ela fez, coloquemos também diante do Senhor...
a) o sofrimento que abate o nosso semblante;
b) nossos momentos de solidão;
c) a amargura que guardamos em nosso coração;
d) a tristeza que invade a nossa alma;
e) a ansiedade que nos faz definhar... e depois...
Adoremos, adoremos e adoremos o Senhor que nunca nos abandona e está sempre
cuidando de cada detalhe da nossa vida.
Depois que Ana ouviu o seu marido, Elcana, perguntar-lhe se ele não era
"melhor do que dez filhos", ela levantou-se e foi para o templo orar
e derramar a sua alma no trono do Senhor. Sim, ela foi adorar a Deus e orar
pelos problemas que a estavam deixando triste.
Ana orava e chorava com "amargura de alma". Ela não estava só porque
procurou refúgio no Senhor. Deus estava com ela e ouviu quando ela Lhe pediu um
filho. Este pedido, no entanto, veio acompanhado de um voto. Ela disse:
"Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua
serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres mas à tua serva
deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua
vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha" (1Sa 1:11).
Irmã, este voto que Ana fez ao Senhor, não foi fácil. Mas ela, certamente, o
fez porque o Senhor estava trabalhando em seu coração e incutindo nele o desejo
de ter algo mais precioso do que apenas ter um filho - mas ter um filho para
dá-lo ao Senhor.
Deus ouviu a oração de Ana. Ele veio até ela para satisfazer as suas
necessidades, dar consolo e conforto à sua alma. Somente Ele seria capaz de consolar
o seu coração, dar alívio, apoio e encorajamento.
"Senhor, meu Deus, obrigada porque Tu conheces o meu coração e cuidas
dele.
Obrigada, Pai, por responderes às minhas orações e súplicas.
Perdoa-me pelas tantas vezes que abri a minha alma a muitas pessoas e não me
lembrei de abri-la primeiramente a Ti.
Perdoa-me por, muitas vezes, não Te ter colocado em primeiro lugar em minha
vida.
Senhor, que eu possa confiar em Ti, sabendo que Tu podes mandar anjos - que são
nossos irmãos em Cristo - para nos consolar, aconselhar e nos dar o conforto
que vêm única e exclusivamente de Ti.
Obrigada, Pai!"
Deus deu também a Sua Palavra para nos consolar e confortar. Ele nos diz:
"Isto é a minha consolação na minha aflição, porque a Tua
Palavra me vivificou" (Salmo 119:50).
"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito"
(Rom 8:28).
Enquanto Ana chorava e orava silenciosamente, apenas movendo os seus lábios, o
sacerdote do templo, Eli, a viu e pensou que ela estivesse embriagada. Ele a
repreendeu mas ela, amorosamente, respondeu:
"... Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de
espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a
minha alma perante o Senhor" (1Sa 1:15).
Irmã, veja como Ana reagiu. Ela falou com voz mansa, com respeito e dizendo
exatamente o que ela estava sentindo.
Será que eu ou você usaríamos o mesmo tom de voz (talvez nos revoltássemos e
aumentássemos um pouquinho a nossa voz)?
Será que eu ou você teríamos o mesmo respeito e reverência?
Vemos na Palavra de Deus que o sacerdote, diante do modo respeitoso e sincero
de Ana, impetrou a bênção sacerdotal dizendo:
"... Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição
que lhe fizeste" (1Sa 1:17).
A partir daí, o quadro da vida de Ana mudou mesmo tendo que...
* dividir o seu marido com a outra;
* ouvir as ofensas da outra;
* encarar o fato de que ainda era estéril;
* lembrar que foi mal compreendida pelo sacerdote.
Ela saiu do templo feliz e com certeza no coração de que a sua vida, a partir
daquele momento, iria mudar.
A Bíblia nos diz que ela "... foi o seu caminho, e comeu, e o seu
semblante já não era triste" (1Sa 1:18).
Ana, creu, pois o semblante já não era o mesmo.
Pela fé, ela acalmou a sua alma e repousou no Senhor, esperando apenas o dia em
que iria ter em seus braços o filhinho que ela tanto desejava mas que iria
ofertar ao Senhor.
Irmã, este é o exemplo a ser seguido por nós. Quando oramos ao Senhor e, com
fé, depositamos todos os nossos problemas a Seus pés, então devemos mudar o
nosso semblante e deixar o mundo ver em nós um brilho que vem de um coração
transformado por confiar em Deus. Isto é fé.
O Senhor, na Sua Palavra, nos diz em Filipenses 4:4:
"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos."
Por que então ficar triste? Por que não confiar? Regozijemo-nos e confiemos que
o Senhor é quem controla a nossa vida e é Ele quem deseja o melhor para nós!
A fé depositada por Ana no Senhor, finalmente foi concretizada. Ela teve um
filho! Samuel nasceu e ficou com ela apenas dois ou três anos.
Ela amamentou seu filhinho e o preparou para entregá-lo a Deus.
Ela foi fiel no que havia prometido ao Senhor. Ela ensinou os primeiros passos
a Samuel mostrando que havia um Deus que ela amava de todo o seu coração. Com
ela ele...
1- aprendeu os caminhos de Deus, certamente, vendo o exemplo dela e sua devoção
a Aquele que o trouxe ao mundo (Deus);
2- aprendeu os caminhos de Deus ao ouvi-la falar do Senhor, contando-lhe como
ela conseguira engravidar;
3- aprendeu os caminhos de Deus vendo-a corrigindo-o e instruindo-o na Palavra
de Deus.
Irmã, sigamos estes passos de Ana quando estamos educando os nossos filhos. Não
deixemos que eles decidam que caminhos irão seguir quando já estiverem adultos.
Ensinemos HOJE e AGORA os caminhos do Senhor usando a Bíblia como nossa
bússola.
Entreguemos cada filho nas mãos do Senhor.
Oremos pedindo proteção espiritual para cada um deles e confiemos no amor de
Deus que será derramado em suas vidas.
Agora, confiantemente, coloquemos o Senhor no centro de nossa vida e, com fé,
façamos como Ana que "foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não
era triste" (1Sa 1:18).
Livro As
Mulheres da Bíblia
A
vida de Ana, seus sofrimentos e alegrias 96
Quebrando
o egoísmo
Quebrando
o egoísmo Somos extremamente egoístas – a ponto de pensarmos em dar a alguém só
para recebermos mais em troca. Porém, o sistema segundo o qual Deus trabalha
conosco na Lei do Dar e Receber é justamente uma forma de se quebrar o egoísmo.
Ele nos ensina a darmos porque Ele não quer que estejamos presos a nada. E,
quando nos desprendemos, Ele sabe que estamos demonstrando maturidade para
recebermos mais.
Para
muitos crentes hoje, o fato de serem abençoados financeiramente não
significaria uma bênção tão grande assim, pois, devido ao seu egoísmo e
imaturidade, prejuízos poderiam ocorrer até mesmo com a entrada de recursos
financeiros.
O
Filho Pródigo que o diga! Ele não tinha maturidade alguma para receber o que
recebeu. Assim sendo, dissipou tudo! Através do nosso dar, da nossa liberação
sincera e despretensiosa, acionamos um princípio pelo qual podemos receber de
Deus. Mas a dádiva egocêntrica não se enquadra no todo das leis divinas quanto
ao dar e receber.
Vemos
pessoas na Bíblia que deram sem ser abençoadas, como Ananias e Safira, por
exemplo. O ato de dar não pode ser visto isoladamente. Assim como falamos da
semente que precisa morrer para germinar e frutificar, assim também, na Lei do
Dar e Receber, o dar tem que ser uma entrega que quebre o egoísmo.
Não
negamos que o próprio Deus instituiu a Lei do Dar e Receber, mas isto não quer
dizer que barganhar com Ele seja forma de se receber algo. Dar é melhor do que
receber porque é uma ajuda no processo de se quebrar o egoismo e nos prepara
para recebermos com uma atitude melhor.
EXEMPLOS
BÍBLICOS
Há
uma diversidade de exemplos bíblicos que demonstram o funcionamento da Lei do
Dar e Receber.
Muitas
vezes concluímos erroneamente que os relatos bíblicos são uma mera descrição
histórica. Mas, por trás de cada episódio, há uma lição a ser aprendida:
“Pois
tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de
que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”
Romanos 15.4
O
EXEMPLO DE ANA
Um
belo exemplo bíblico da Lei do Dar e Receber pode ser visto na vida de Ana, a
mãe do profeta Samuel.
As
Escrituras Sagradas afirmam que ela não podia gerar filhos, pois ela era
estéril (1 Sm 1.5,6), mas, ainda assim, ela ofereceu ao Senhor Deus o filho que
ela teria, caso viesse a experimentar um milagre:
“E
fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a
aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres,
e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e
sobre a sua cabeça não passará navalha.” 1 Samuel 1.11
Depois
que Samuel nasceu e ela o desmamou, Ana cumpriu o voto dela, e, para dedicá-lo
a Deus, ela o levou ao Templo, onde o deixou aos cuidados de Eli, o sacerdote
que antes a teve por embriagada (1 Sm 1.24-28).
E
o que aconteceu com Ana?
A
lei do receber funcionou para aquela que deu:
“Eli
abençoava a Elcana e a sua mulher e dizia: O Senhor te dê filhos desta mulher,
em lugar do filho que devolveu ao Senhor. E voltavam para a sua casa. Abençoou,
pois, o Senhor a Ana, e ela concebeu e teve três filhos e duas filhas; e o
jovem Samuel crescia diante do Senhor” 1 Samuel 2.20,21
Ana
ainda não tinha nenhum filho, mas, ao dá-lo a Deus, recebeu outros cinco. E o
interessante é que ela deu antes de ter para dar. Podemos dizer que foi uma
dádiva de fé.
Já
fiz isto algumas vezes. Já orei ao Senhor, consagrando a Ele recursos que eu
ainda não tinha! Em minhas orações eu Lhe disse o que eu gostaria de ofertar,
mas que antes eu precisaria receber d’Ele, para então poder devolver-lhe. Fiz
isto mesmo não tendo nada para dar nestas ocasiões, e, quando as respostas das
orações vieram, cumpri a promessa e entreguei imediatamente o que eu havia me
comprometido ofertar ao Senhor.
A
Lei do Dar e Receber é tão forte que até o que votamos ao Senhor, mesmo antes
de termos, já gera resultados.
Texto
extraído do livro “Uma Questão de Honra”
Luciano
Subirá
Ana
mãe de Samuel e suas virtudes
Ana
a mãe de Samuel é um grande exemplo de alguém que enfrentou o impossível e
venceu. Ela é uma mulher fantástica! A sua impossibilidade para gerar filhos
não foi suficiente para fazê-la desistir de acreditar no Senhor Deus.
Comportamento
diante do impossível
A
história de Ana é o retrato de uma mulher cheia de fé. Com um relacionamento
vivo e sincero com Deus, que não abre mão dos bons planos dele para sua vida.
Ana era uma das esposas de Elcana, a que ele mais amava. A outra era Penina a
que gerava filhos (I Samuel 1.1,2). No costume da época era permitido ao marido
ter uma segunda esposa caso a primeira fosse estéril. O objetivo era garantir a
descendência dele.
Era
costume de Elcana, todos os anos com toda sua família, sair de Ramataim[1]Zofim
para oferecer sacrifícios ao Senhor, na capital nacional da adoração Siló (1
Samuel 1:4,5).
Elcana
procurava agradar a Ana de todas as maneiras, por dois motivos: porque a amava
e porque percebia o semblante triste dela, como se lhe faltasse alguma coisa.
Claramente,
ele não entendia a dor de sua esposa (1 Samuel 1:8). Acreditava que o bom
tratamento, as regalias e presentes eram suficientes para satisfazê-la.
A
insensibilidade espiritual dele não lhe permitia perceber o que realmente
importava. Para ajudá-la, ele deveria se ajoelhar ao lado dela e orar junto,
pedindo um filho.
Por
outro lado, ela não se conformava. Ela queria ver o bom plano de Deus para sua
vida, sendo cumpridos. Ela era uma mulher que não procurava paliativos para sua
dor.
O
grito da esperança
Como
mulher de Deus, ela não desistiu de buscar ao Senhor mesmo diante de algo
impossível. Não podemos deixar de enxergar que a situação a fazia sofrer, visto
que “com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” (1 Samuel
1:10). No entanto, ela não se permitia ser sufocada pela aflição.
É
importante percebermos na vida que situações extremas exigem atitudes extremas.
Então, Ana fez um voto, e ele é bem específico: “se à tua serva deres um filho
homem”. (1 Samuel 1:11)
Ela
sabia exatamente o que queria do seu Deus. E deixou bastante claro para
Ele
que a resposta a esse pedido era para a glória do seu nome. Era algo consagrado
a ele.
Tenha
em mente que a sua oração vai exigir tudo de você!
Energia,
perseverança, vontade. Ana perseverou em orar perante o Senhor pelo tempo que
foi preciso (1 Samuel 1:11). O sacerdote Eli a observava enquanto fazia isso.
Você está sendo observado enquanto busca o seu milagre (Hebreus 12:1).
As
pessoas querem saber se sua devoção, fé e piedade realmente funcionam. Assim
como a mãe de Samuel, por muitas vezes você terá de lidar com a incompreensão
(1 Samuel 1:13-14)
Muitos
servos de Deus não compreenderão a sua dor. Muitas pessoas farão a leitura
errada do seu problema.
•
Os amigos de Jó acharam que ele havia pecado;
•
Os discípulos queriam saber quem havia pecado para que o cego de nascença fosse
cego;
•
Os irmãos de Davi achavam que ele era presunçoso. Isso deve aumentar a sua
carga de oração e comunhão com Deus.
Isso
te coloca em uma posição que somente o Senhor entende.
Uma
clara visão do seu problema
Ana
conhece a si mesma. Você precisa ter um conhecimento claro daquilo que te
incomoda para apresentar ao Senhor, e para poder se defender.
Ela
é uma mulher profundamente consagrada ao Senhor. Ao ouvir a suspeita do
sacerdote Eli, ela não xinga, não fica irritada, nem zomba do homem de Deus.
Simplesmente responde de forma humilde e respeitosa (1 Samuel 1:15,16). Ela
possui uma vida de oração ativae isso aguça os seus sentidos espirituais
(Efésios 6:12,13).
Ela
confia, ama e se relaciona com Deus, daí a facilidade de falar sobre todos as
suas preocupações a Ele.
Nunca
rejeite a bênção do homem de Deus! Eli era um sacerdote do Senhor, muito embora
fosse reprovado por causa da conduta de seus filhos. Ele representava Deus e as
palavras que saíssem de sua boca teriam poder de abençoar e amaldiçoar
(Provérbios 18:20,21).
Ao
ouvir as justificativas da serva de Deus, sobre sua oração, Eli liberou
palavras de bênção sobre a vida da mãe de Samuel (1 Samuel 1:17)
Ao
ouvir as palavras de bênção que saíram da boca do sacerdote a atitude de Ana
mudou. Seguiu viagem, se alimentou e em seu rosto havia alegria (1 Samuel
1:18).
Nunca
despreze as palavras de bênção que saem da boca do seu mentor espiritual.
Transformando
fé em atitude
Ana
creu! A partir de agora suas atitudes são baseadas na sua fé. Eles
levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor. Ao chegar em casa,
Elcana e amou sua esposa. Ela engravidou e o menino se chamou Samuel (1 Samuel
1:19,20)
A
mãe de Samuel obedeceu exatamente ao seguinte processo: Ela orou, esteve alerta
e após receber as palavras de bênção ela agradeceu. Ana e Elcana acordaram de
madrugada para oferecer um culto de gratidão a Deus, após isso viajaram.
A
importância da gratidão
O
Senhor concedeu o desejo de sua serva. Alegrou o coração da sua serva. Após
isso, em mais uma atitude de gratidão ela põe o nome do menino Samuel (1 Samuel
1:19,20).
Sobre
isso, há três verdades:
•
Aprenda a demonstrar gratidão;
•
Deus ama a gratidão;
•
A gratidão antecede o milagre, muitas vezes. O desejo de Deus é alegrar o seu
coração!
O
Cumprimento do voto
Um
ano após o nascimento de Samuel, quando o menino já tinha desmamado e podia
viajar, Ana leva ao Templo uma oferta de gratidão ao Senhor (I Samuel 1.24).Sua
liberalidade não estava condicionada a sua necessidade. Ela é liberal antes e
depois do milagre.
Cultive
a semente da liberalidade em sua vida e você terá acesso a grandes colheitas de
bênçãos preparadas pelo Senhor (2 Coríntios 9:6).
A
sua colheita é proporcional a sua semeadura
Ana
volta para agradecer e conta ao Homem de Deus quem ela é e como ocorreu o
milagre (1 Samuel 1:26,27). Com isso, ela nos ensina três coisas:
•
O seu testemunho deve ser contado;
•
Compartilhe os pedidos de oração e os milagres;
•
Conte ao servo de Deus que ministra sobre sua vida sobre o milagre. Isso
fortalecerá seu coração.
A
entrega de Samuel a Deus
Ana
não se demorou a cumprir sua promessa. Assim como disse fez (I Samuel 1.28).
Após contar seu testemunho ela entrega Samuel ao sacerdote e adora ao Senhor.
Ela não caiu na tentação de fazer o voto e descumpri-lo (Deuteronômio 23:21).
Não
faça aliança com Deus se não estiver disposto a cumprir sua parte no acordo.
Deus é fiel. A parte dele sempre é garantida, e a sua?
Ana
se alegra em Deus
O
fato de ter sua oração respondida mostra, que sua fé não é vazia, sem
propósito, inútil. Há um grande Deus no céu que a ouve.
Ela
é poderosa em Deus. Após humilhações, desprezo e vergonha, pode cantar e
adorar. Ela proclama em alto e bom som o que o Senhor fez (I Samuel 2.1). Ana
declara palavras de vitória sobre seus inimigos (1 Samuel 2:2-4).
Sua
confiança em Deus é levada para outro nível. Ela confia completamente no
julgamento do Senhor. Sabe que não há força humana que resista ao poder de Deus
(1 Samuel 2:5-8).
Agora
a mãe de Samuel, contempla a situação por um ângulo totalmente diferente. Quem
estava por cima, zombando do sofrimento dos filhos de Deus, agora está
enfraquecido.
Ela
reconhece a soberania do Senhor em tudo. Reconhece que não há causa perdida
para ele. A visão espiritual de Ana é alargada a medida que ela se entrega a
oração, então declara que Deus é poderoso para mudar completamente o nosso
futuro (1 Samuel 2:9,10).
Ana
declara que o Senhor tem compromisso com quem lhe serve. Reconhece mais uma vez
que o esforço humano não é suficiente para alcançar o favor do Senhor e que não
há força humana, suficiente para contender com Ele.
A
colheita de Ana
O
pedido de Ana alcançou o coração de Deus e ela deu à luz a um milagre. Samuel
não era apenas um filho, ele se tornou profeta, juiz e sacerdote de Israel.
Samuel era a única pessoa com quem Deus falava em um tempo em que as visões
eram raras e que o Senhor não falava com ninguém (I Samuel 3.1)
Nisto
se cumpre totalmente o que diz o apóstolo Paulo em Efésios 3:20, sobre o fato
de servirmos a um Deus que pode fazer muito mais do pedimos ou imaginamos,
segundo o seu poder.
O
Senhor não quer te dar migalhas. Ele quer te dar coisas infinitamente maiores
do que as que você pede. A sua fé, oração, culto e liberalidade são determinantes
nesse processo.
Ana
cuidava de Samuel, o seu milagre!
Cultive
bem as boas coisas que o Senhor tem te dado. Se você for fiel sobre o pouco ele
te colocará sobre o muito (Lucas 16.10). Mesmo após ser abençoada Ana permanece
liberal.
Ela
permaneceu indo ao Templo uma vez ao ano, para oferecer sacrifício como era o
seu costume. Não era um “interesseira espiritual”, o que ela fazia antes de
receber a bênção ela continua fazendo após (1 Samuel 2:20,21).
Após
o milagre, Elcana e Ana continuaram recebendo as palavras de bênção do Servo de
Deus. Ou seja, a corrente de bênção continuaria fluindo. Isso fez com que ela
pedisse um filho e recebesse seis!
Glória
a Deus!
Muitas
pessoas após receberam a bênção acabam se afastando do Servo de Deus, do
Templo. Cortando o fluxo da corrente de bênçãos.
Não
cometa este erro, permaneça perto da corrente de bênçãos. O Senhor tem um
manancial inesgotável e como já vimos Ele deseja te dar muito mais além do que
você tem pedido.
Conclusão
A
vida de Ana a mãe de Samuel é inspiradora e possui lições preciosas para nossa
própria vida
•
Não devemos desistir dos sonhos que glorificam a Deus;
•
Não devemos dar ouvidos aos opositores;
•
Devemos esperar sempre a providência do Senhor;
Ana
mãe de Samuel e suas virtudes.
Diego
Nascimento
Para
ilustrar o texto
Há
mistério nas tribulações e nos sofrimentos.
Memórias:
A stranger in the house of God [Um desconhecido na casa de Deus], de John
Koessler. Nessas memórias (2007), o professor e autor Koessler escreve:
Minhas
orações pareciam os pedidos que, às vezes, eu fazia a meus pais. Quanto maior o
pedido, mais ambígua era a resposta.
—
Mãe, quero uma bicicleta nova!
—
Hum, vamos ver. Essa resposta ocupava aquela misteriosa terra de ninguém entre
o desejo e sua realização, que as crianças conhecem tão bem.
Essa
é uma região em que a atmosfera é um misto de esperança e decepção: o mínimo
necessário de esperança, para manter nossos sonhos mais fantásticos como
possibilidade remota, e um nível de decepção que não chega a ponto de matar
inteiramente esses sonhos.9
As
orações dos perseguidos são eficazes. Relato verídico: The story of Ruby
Bridges [A história de Ruby Bridges], de Robert Coles.
Ruby
era de uma família muito trabalhadora e que se apegava firmemente a sua fé.
Quando um juiz ordenou o fim da segregação racial nas escolas de Nova Orleans,
Ruby foi uma das primeiras crianças negras a serem escolhidas para participar
desse processo. Multidões iradas se ajuntaram no primeiro dia de aula e em
muitos outros dias. Durante meses, Ruby foi e voltou da escola escoltada por
policiais. Certo dia, Ruby orou diante da multidão, pedindo que Deus perdoasse
aqueles que a haviam maltratado, pois “eles não sabem o que fazem”, da mesma
forma como outros tinham dito coisas terríveis a respeito de Jesus “muito tempo
atrás”.10
A
justiça de Deus se identifica com o seu povo oprimido e o vindica. Poesia:
William
Cullen Bryant.
Este
poema de Bryant (1794-1878) foi encontrado entre as folhas do começo do
capítulo 40 do manuscrito de Uncle Tom’s cabin, de Harriet Beecher Stowe.11
Não
considere o justo esquecido pelo céu!
Embora
a vida lhe negue suas dádivas comuns,
embora,
com o coração oprimido
e
sangrando,
e
desprezado pelos homens, ele caminha para a morte!
Pois,
de cada dia de tristeza, Deus tomou nota,
cada
lágrima de amargor ele contou,
e
os anos incontáveis de êxtase celestial retribuirão,
por
tudo que seus filhos padecem aqui.
Introdução
a 1 e 2Samuel
Esterilidade,
adeus!
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