domingo, 8 de outubro de 2023

LPD CENTRAL GOSPEL - Restaurando a visão familiar | Lição 03 – Os dramas humanos e a graça divina

 


TEXTO BÍBLICO BÁSICO

1 Samuel 1.9-11,17,18,20,22,26-28

9 - Então, Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló (...).

10 - Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente.

11 - E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente

atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua

serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor

o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará

navalha.

17 - Então, respondeu Eli e disse: Vai em paz, e o DEUS de Israel te conceda a

tua petição que lhe pediste.

18 - E disse ela: Ache a tua serva graça em teus olhos (...).

20 - E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e

chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.

22 - (...) Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para que apareça

perante o Senhor e lá fique para sempre.

26 - E disse ela: Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela

mulher que aqui esteve contigo, para orar ao Senhor.

27 - Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição que

eu lhe tinha pedido.

28 - Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver;

pois ao Senhor foi pedido. E ele adorou ali ao Senhor.

TEXTO ÁUREO

(...) Ana, por que choras?

 E por que não comes?

 E porque está mal o teu coração?

 1 Samuel 1.8

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

- saber que, mesmo quando a desventura bate à porta de nossa casa, a graça divina manifesta-se misericordiosamente

- dentro dela, se nos dispusermos a recebê-la;

- entender que muitas pessoas sofrem em silêncio dentro de casa, pois há muitos segredos guardados e inconfessados no seio da família; conhecer as lições de Ana que podem ser aplicadas à nossa vida.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Abraão e Sara (Gn 11.29,30); Isaque e Rebeca (Gn 25.21); Jacó e Raquel (Gn 29.28-31); Zacarias e Isabel (Lc 1.5-7); Elcana e Ana (1 Sm 1.4,5): estes foram alguns casais que, no texto bíblico, experimentaram o drama da infertilidade em algum tempo da vida. Pelo fato de a infertilidade ser um tema sensível, busque tratá-lo com todo zelo, amor e acolhimento. Reforce, sempre que possível, a ideia de que infecundidade não é sinônimo de indignidade ou incapacidade. A fim de dar maior leveza à tratativa do tema, nesta lição serão destacados tantos outros sonhos ocultos no seio das

famílias, os quais, de igual modo, precisam ser respeitados e, na medida do possível, revelados e realizados. Quando buscamos a DEUS, podemos receber das Suas mãos respostas, milagres, tratamento e regeneração. Estevam Fernandes

ESBOÇO DA LIÇÃO

1- ANA, ELCANA E SAMUEL

1.1. Segredos ocultos dentro de casa

2- AS LIÇÕES DE ANA

2.1. Nem sempre nossas necessidades serão

2.2. O coração tem suas próprias demandas

2.3. Precisamos assumir nossas dores e dar nome a Elas

2.4. Nossa fé antecipa a vitória em forma de voto

2.5. Às vezes, precisamos orar em silêncio

2.6. Precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os propósitos de DEUS em nossa vida

COMENTÁRIO - Palavra introdutória

Como vimos na Lição 1, DEUS criou a família para ser, dentre outras possibilidades, o lócus da felicidade humana. O Senhor a instituiu para que, dentro dela, pudéssemos ser plenos e inteiros. Nesse espaço, não precisamos temer nossos defeitos e limitações, pois podemos ser quem somos; além disso, podemos assumir nossas virtudes e dificuldades, desnudar nossa alma, amar, ser amados, viver dramas indescritíveis e superá-los. Nesta lição, com base na história de Ana (descrita em 1 Sm 1.4-28), entenderemos que, quando a desventura bate à porta de nossa casa, quando vivemos dramas complexos, a graça divina manifesta-se misericordiosamente dentro dela, se nos dispusermos a recebê-la.

1- ANA, ELCANA E SAMUEL

O texto de 1 Samuel 1.4-28 tem relação com as aflições vividas dentro de uma casa. O personagem central dessa narrativa bíblica é Ana, uma mulher que desejava ter um filho homem, mas não podia, porque era estéril. De maneira circundante, estão Elcana, seu marido, Eli, o sacerdote e, no final, Samuel, seu filho. Ana, em aflição profunda, dirigiu-se a DEUS em oração. No contexto de sua súplica, ela fez um voto ao Senhor: se Ele lhe desse um filho, a criança O serviria por toda vida (1 Sm 1.9-11).

 

 

SUBSÍDIO INTRODUÇÃO

A família é responsável por assegurar aportes afetivos e materiais aos seus integrantes, garantindo-lhes, assim, o seu desenvolvimento e bem-estar. É a partir dessa instituição divina que temos a possibilidade de nos constituirmos sujeitos.

1.1. Segredos ocultos dentro de casa

Ana tinha um segredo, um silêncio, uma dor: a frustração que muitas mulheres carregam durante a vida de não poderem ser mães. Sabe DEUS quantos mistérios o coração daquela mulher guardava, quem sabe até mesmo uma revolta contra DEUS: “Por que o Senhor me fez assim?”. Assim como Ana, muitas pessoas sofrem em silêncio; há muitos segredos guardados e inconfessados no seio da família. Não se deixe enganar: há escondedouros no coração da sua esposa, do seu marido, do seu filho e/ou da sua filha, que precisam ser trazidos à luz de DEUS.

2- AS LIÇÕES DE ANA

Nos tempos bíblicos, uma família era considerada abençoada se possuísse muitos filhos, pois estes representavam a continuidade dos negócios do clã e conferiam proteção aos seus antecessores (Sl 127.3). A Escritura revela-nos os dilemas de Ana: ela era infértil; estava em um casamento polígamo; a outra mulher de seu marido (Penina) tinha vários filhos e odiava o fato de Elcana devotar-lhe amor, a despeito de sua esterilidade (1 Sm 1.1-6). Possivelmente, Ana teria condições de tolerar as afrontas e as humilhações de Penina (1 Sm 1.6), se pudesse dar filhos ao seu marido, mas ela não podia. Assim, não conseguindo suportar sua dor em casa, Ana recorreu ao Senhor, a fim de encontrar respostas para suas perguntas não respondidas e consolo para sua alma machucada (1 Sm 1.9-11).

2.1. Nem sempre nossas necessidades serão

compreendidas dentro de casa Por mais contraditório que possa parecer, nem sempre nossos desejos e sonhos são compreendidos no lugar criado por DEUS para ser o lócus da nossa felicidade; nem sempre nossas dores são observadas e entendidas no espaço reservado pelo Senhor para ser o primeiro templo da nossa espiritualidade. Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? (1 Sm 1.8). Foi a pergunta de um marido amoroso, mas inábil para identificar o que consumia sua esposa por dentro. “Não era só a esterilidade de Ana uma fonte de sofrimento e humilhação, mas a repetida  ridicularização que ela tinha de suportar que provocava nela uma indescritível angústia.” (MELLISH, K.J., Central Gospel, 2015). Isto é o que se observa em muitas famílias hoje. Quantas vezes já não vimos nosso cônjuge abatido, triste e cabisbaixo, mas não conseguimos identificar a razão de sua aflição? Quantas vezes o filho chega da aula, isola-se no quarto, mas não nos importamos com seu afastamento, porque julgamos ser uma tolice passageira? Quantas meninas terminam o namoro e os pais tratam o assunto de forma leviana (muitas vezes subestimando a dor que sentem), porque acreditam que é normal? Precisamos nos colocar diante do Senhor, a fim de que Ele nos ensine como acessar o coração daqueles que nos são queridos.

Meu amor (marido, esposa, filho, filha), por que choras?

2.2. O coração tem suas próprias demandas

Demanda, nesse contexto, é tudo aquilo que não pode ser satisfeito com palavras, presença — não te sou eu melhor do que dez filhos (1 Sm 1.8) — ou presentes — a Ana dava uma parte excelente, porquanto ele a amava (1 Sm 1.5) — apenas. O coração tem exigências que só saberemos quais são no dia em que conseguirmos entender a língua que ele (o coração) fala. E quanto a você? O que lhe falta em casa? Do que você precisa para ser feliz? Qual a sua dor oculta? O que lhe comprime o coração? Quantas vezes você já não disse ao seu cônjuge, aos seus filhos ou aos seus pais: “Pare de chorar, não há razão para isso; olhe o que você tem; está reclamando de barriga cheia”. O que lhe impede de dizer: “O que eu posso fazer por você; em que sua alegria depende de mim?”; “Filha, eu não a recrimino, mas preciso saber: por que você está tão triste?”; “Pai, mãe, por que você não tem dormido?”; “Filho, por que você não quer mais estudar? Ajude-me a entender o seu coração.”

SUBSÍDIO 2.2

A pergunta de Elcana (1 Sm 1.8) reflete a presunção de alguém que acreditava na suficiência de sua presença: “Por que você está chorando? Por que não quer comer? O que está se passando em sua cabeça? Pra que filhos, eu não lhe basto?”. Ana estava tomada por uma angústia que não se limitava à falta de um filho, mas ninguém conseguia entendê-la, nem mesmo aquele que a amava.

2.3. Precisamos assumir nossas dores e dar nome a Elas

As doenças da alma, como as do corpo, têm nome. Não se pode ignorar esta realidade. Ana, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente (1 Sm 1.10). Eu sou uma mulher atribulada de espírito (1 Sm 1.15). Ana, aos prantos, em outras palavras, disse: “DEUS, o meu coração está triste. Eu queria um filho, mas não tenho e ainda sou humilhada por Penina. Essa é a minha dor. Isso é o que consome o meu coração.”. Quando não choramos, quando não damos nome à dor de alma que nos aflige, aquilo que não nos serve mais se transforma em doença física (infarto, diabetes, AVC, insônia etc.). O choro de Ana pode ser considerado terapêutico, pois permitiu que ela elaborasse a dor vivida naquele momento e exteriorizasse, sem constrangimentos, suas emoções (tristeza, solidão, desamparo e amargura). Qual o nome da sua dor armazenada? Por que você espera os filhos saírem para chorar? Por que você não consegue prantear na frente do seu cônjuge ou dos seus pais? Homem, por que você não chora? Dê nome à sua dor, antes que ela consuma suas entranhas. Qual a sua dor no casamento? Qual a sua dor de pai/mãe? Qual a sua dor de  marido/esposa? Qual a sua dor de filho/filha?

2.4. Nossa fé antecipa a vitória em forma de voto

Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida (1 Sm 1.11). Ana entendia que um filho seria um grande presente do Senhor. Por anos, ela sofrera dores emocionais indizíveis, que não foram plenamente compreendidas por ninguém. Quando DEUS respondeu às orações dela e lhe concedeu um filho, ela fez o impossível para que esta dádiva trouxesse honra e adoração Àquele que operara o milagre: os levitas costumavam trabalhar dos 25 aos 50 anos (Nm 4.3; 8.24-26); Ana, em sinal de fé e gratidão, dedicou o filho que ainda nasceria à obra de DEUS, por todo tempo que ele vivesse. Voto é a forma que os servos do Altíssimo têm de agradecer, antecipadamente, as respostas de oração que receberão. Não é fácil pedir a DEUS uma bênção e, ao mesmo tempo, devolver-Lhe aquilo que Ele dará: “Senhor, meus filhos são Teus. Tira esse namorado incrédulo da vida da minha filha; tira essa mulher ímpia da vida do meu filho. Senhor, cura-me, dedico minha vida ao louvor da Tua glória.”. DEUS é dono de tudo, nada é nosso: nem filhos, nem cônjuge, nem casa, nem carro, nem emprego, nem saúde, nem outra coisa qualquer. Então, consagremos a Ele tudo o que Dele recebemos e tudo o que, pela fé, ainda receberemos.

2.5. Às vezes, precisamos orar em silêncio

Estudos indicam: pessoas que não dividem seus planos com outras têm maior probabilidade de realizá-los do que as que decidem contar seus objetivos, na intenção de obter apoio e aceitação. Às vezes, precisamos nos dirigir a DEUS em oração, sem abrir a boca, tal como fez Ana (1 Sm 1.13), para que ninguém ouça o que estamos pedindo e não estrague os sonhos do Altíssimo para a nossa vida.

  

SUBSÍDIO 2.5

“De acordo com a Lei, Elcana poderia ter declarado o voto de Ana uma promessa imprudente e tê-la

proibido de realizá-lo (Nm 30.10-15). O fato de ele não ter feito isso demonstra o seu amor e estima por ela.” (RADMACHER. ALLEN; HOUSE. Central Gospel, 2010a).

2.6. Precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os propósitos de DEUS em nossa vida

Elcana assumiu: “Ana, sabemos que você é estéril, mas se você acredita que DEUS vai abençoá-la, eu quero fazer parte dessa bênção também.” (1 Sm 1.19). Quando Samuel nasceu, em outras palavras, ele disse: “Ana, se você acha melhor, deixe o menino no templo.” (1 Sm 1.22,23). Imaginem se ele agisse de outra forma: “Ana, a essa altura da vida, você sinceramente acredita que ainda vai ter um filho? Caia na real! Olhe a sua idade. Não conte comigo.” Ou, depois de nascido o menino: “O filho é meu, eu decido como criá-lo.”. Quantos cônjuges não dizem um ao outro: “A essa altura da vida, você ainda quer estudar? Quer mudar de profissão?” Quantos pais não dizem: “Filho, não se iluda, você nunca passará nesse concurso.”. Às vezes, em casa, por falta de parceria de fé, perdemos a bênção de DEUS. “Você quer orar, eu oro com você.”; “Precisa de um tratamento, eu procuro um médico com você.”; “Quer jejuar, eu jejuo com você. A sua bênção é minha também.”. Porque Elcana acreditou, Samuel foi trazido à vida. Sejamos parceiros de DEUS para abençoar a nossa casa. Ajudemos a mudar a história da nossa família.

CONCLUSÃO

Se uma mulher estéril deu à luz um filho foi para dizer a mim e a você que nada é impossível para DEUS. Por qual Samuel você espera? Por qual milagre você ora? Por qual dor você chora? Há um DEUS que nos ouve. Em nome de JESUS, acredite: seu Samuel está chegando; seja ele em forma de gente, de emprego, de cura, de paz, de conversão, não importa; o Senhor é poderoso para resolver os dramas da nossa casa. Quando seu Samuel chegar, diga: “Esse foi DEUS quem me deu, e eu o devolverei para o louvor da Sua glória.”. Que nossas famílias sejam espaços de milagre, esperança e vida: onde houve lágrima, um dia haverá sorriso; onde houve dor, um dia haverá alegria; e diremos: “DEUS ouviu a minha oração.”.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

1. Quais lições podem ser extraídas da vida de Ana, de

acordo com o que foi exposto nesta lição?

R.: (1) Nem sempre nossas necessidades serão compreendidas dentro de casa; (2) o coração tem suas próprias demandas; (3) precisamos assumir nossas dores e dar nome a elas; (4) nossa fé antecipa a vitória em forma de voto e (5) precisamos de pessoas que nos ajudem a concretizar os propósitos de DEUS em nossa vida

Lição 3 : os dramas humanos e a graça divina

LPD CENTRAL GOSPEL - Restaurando a visão familiar

Comentaristas: Albertina Malafaia; Claudio Duarte; Elizete Malafaia; Estevam Fernandes

 


1 Samuel 1:1-8 - Com. Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT

A Aflição de Ana

Temos aqui um relato da situação da família na qual Samuel, o profeta, nasceu. O nome de seu pai era Elcana, um levita, da família dos coatitas (a casa mais honrável dessa tribo) como lemos em 1 Crônicas 6.33,34. Seu predecessor, Zufe, era efrateu, isto é, de Belém de Judá, que era chamada de Efrata (Rt 4.1). Essa família de levitas, inicialmente, estabeleceu-se ali, mas uma parte dela, ao cabo de dias, mudou-se para o monte Efraim, de onde descendia Elcana. O levita que ficou na casa de Mica foi de Belém para a montanha de Efraim (Jz 17.8). As famílias de ministros normalmente estão acostumadas a mudar de lugar. Talvez o autor fizesse questão de registrar que eles eram originariamente efrateus, para mostrar sua aliança com Davi. Esse Elcana morou em Ramá, ou Ramataim, que significa a Ramá dupla, ou seja, a cidade alta e a cidade baixa. O mesmo ocorre com Arimatéia, cidade natal de José, aqui chamada de Ramataim-Zofim. Zofim significa atalaias; provavelmente, havia uma escola de profetas ali, porque profetas são denominados de atalaias. A paráfrase da versão dos Caldeus chama Elcana de discípulo dos profetas. Mas, a mim parece que foi por meio de Samuel que a profecia reviveu, visto que antes de seu tempo as visões manifestas não eram freqüentes (3.1). Também não encontramos nenhuma menção de um profeta do Senhor desde Moisés até Samuel, com exceção de Juízes 6.8. Por isso, não temos motivos para pensar que havia alguma escola de profetas até que Samuel fundasse uma (19.19,20). Este é o relato da linhagem de Samuel e do lugar do seu nascimento. O que o texto nos fala acerca da situação de sua família?

I

 Sua família era devota. Todas as famílias de Israel deveriam ter o mesmo comportamento, principalmente as famílias dos levitas. Elcana subiu para o Tabernáculo em Siló, para participar das festas solenes e adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos. Acredito que essa é a primeira vez nas Escrituras que Deus é chamado de SENHOR dos Exércitos — Jehovah Sabaoth. Posteriormente, esse nome tornou-se bastante comum. Provavelmente o profeta Samuel foi o primeiro a usar esse título de Deus, para o consolo de Israel, numa época em que seus exércitos eram poucos e fracos e dos inimigos muitos e poderosos. Seria um fato animador lembrar que o Deus a que serviam era o Senhor dos Exércitos, de todos os exércitos, tanto dos céus como da terra. Esse Senhor tem um comando soberano sobre eles e os usa como bem lhe apraz. Elcana era levita do campo e, pelo que parece, não tinha uma posição ou ofício que requeria sua assistência no Tabernáculo, mas ele subiu como um israelita comum, com seus próprios sacrifícios, para encorajar seus vizinhos e servir-lhes de exemplo. Quando sacrificava, adorava, e assim unia orações e ações de graça com seus sacrifícios. Ele era constante e fiel nas suas obrigações para com a religião, por isso, subia anualmente. O que tornava a sua atitude ainda mais louvável era o seguinte:

1. Que havia uma decadência e negligência geral da religião na nação. Alguns entre eles adoravam outros deuses, e a maioria era desleixada no serviço ao Deus de Israel; mesmo assim, Elcana manteve sua integridade. Independentemente do que os outros faziam, sua decisão era de que ele e sua casa serviriam ao Senhor.

2. Que Hofni e Finéias, os filhos de Eli, eram os principais homens encarregados no serviço da casa de Deus. Eles eram homens que se comportavam de maneira muito perversa em suas posições, como veremos mais tarde; no entanto, Elcana subiu para sacrificar. Deus, naquela época, tinha confinado seu povo a um lugar e um altar, e proibido, independentemente do pretexto, de adorar em outro lugar. Assim, em plena obediência a essa ordem, Elcana dirigia-se a Siló. Se os sacerdotes não estavam cumprindo o dever deles, ele o cumpriria. Graças a Deus, nós, debaixo do evangelho, não estamos amarrados a um único lugar ou família; mas os pastores e mestres, os quais o Redentor exaltado deu à sua igreja, tem como ministério o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11,12). Ninguém tem domínio sobre a nossa fé. Mas nossa obrigação é para com aqueles que são os auxiliares da nossa santidade e alegria. Não temos obrigação com as imoralidades escandalosas deles, como as de Hofni e Finéias, que desprezavam a oferta do Senhor, embora a validade e eficácia dos sacramentos não dependessem da pureza daquele que as ministra.

II

 No entanto, ela era uma família dividida e as divisões dela redundavam em culpa e tristeza. É uma pena quando existe piedade em família, mas não unidade. As consagrações em comum de uma família deveriam colocar um fim nas divisões dela.

1. A causa originária dessa divisão era o fato de Elcana ter casado com duas mulheres, que era uma transgressão da instituição original do casamento, de acordo com o nosso Salvador (Mt 19.5,8): ao princípio, não foi assim. Isso causou dano às famílias de Abraão e de Jacó, e aqui à de Elcana. A lei de Deus proporciona conforto e bem-estar espiritual para nós neste mundo. Sem ela, as coisas seriam muito mais complicadas. É provável que Elcana tivesse se casado primeiramente com Ana e, visto que não podia ter filhos com ela, casou-se com Penina, que lhe deu filhos, mas era, em outras coisas, um aborrecimento para ele. Dessa forma, os homens são surrados com freqüência pelas suas próprias varas.

2. A conseqüência desse erro era que as duas esposas não se entendiam. Elas tinham bênçãos diferentes: Penina, semelhante a Lia, era frutífera e tinha muitos filhos, que deveria tê-la tornado afável e grata, embora fosse a segunda esposa e menos amada. Ana, semelhante a Raquel, era estéril, mas era muito preciosa para o marido. Ele procurava deixar claro, em todas as oportunidades, para ela e para os outros, de que ela era muito amada por ele. Elcana muitas vezes lhe dava uma parte excelente, v. 5, e isso deveria tê-la tornado afável e grata. Mas, elas tinham temperamentos diferentes: Penina não suportava a bênção da fertilidade, e tornou-se arrogante e insolente. Ana não suportava a aflição da esterilidade, e tornou-se melancólica e descontente. E Elcana tinha a difícil missão de buscar a paz entre as duas.

(1) Elcana continuou subindo ao altar de Deus apesar dessa triste diferença em sua família, e levava suas esposas e filhos com ele, para que, se não pudessem viver em harmonia em outras coisas, pelo menos concordassem em adorar a Deus juntos. Se as práticas devocionais de uma família não são bem-sucedidas em acabar com suas divisões, não permita que essas divisões acabem colocando um fim nas práticas devocionais.

(2) Ele fez tudo que estava ao seu alcance para encorajar Ana e sustentar seu espírito diante de suas aflições, vv. 4,5. Na festa, ele ofereceu ofertas pacíficas, para suplicar por paz em sua família; e quando ele e sua família assentavam-se para comer sua parte do sacrifício, em memória da sua comunhão com Deus e seu altar, embora separasse porções adequadas para Penina e seus filhos, ele dava uma porção especial para Ana, o pedaço mais excelente da mesa, o pedaço (independentemente de que parte do animal era) que, nessas ocasiões, costumava-se dar àqueles que eram mais estimados. Isso ele fazia como sinal do seu amor para ela, procurando dar todas as garantias possíveis desse amor. Observe: [1] Elcana amava sua esposa, embora fosse estéril. Cristo ama sua igreja, apesar de suas fraquezas e esterilidade; e da mesma forma os maridos devem amar a sua esposa (Ef 5.25). Quando nosso amor por um membro da família diminui por causa de uma fraqueza ou debilidade da qual ele não tem culpa, estamos nos indispondo contra a providência divina e acrescentando aflição ao aflito. [2] Ele procurou mostrar ainda mais o seu amor porque ela era afligida, insultada e estava deprimida. É nosso dever apoiar os fracos e sustentar aqueles que são perseguidos ou menosprezados. [3] Ele mostrou o seu grande amor por ela pela porção especial que deu a ela de suas ofertas pacíficas. Deveríamos do mesmo modo mostrar nosso carinho aos nossos amigos e parentes, orando constantemente por eles. Quanto mais os amamos mais devemos orar por eles.

(3) Penina era extremamente impertinente e provocadora. [1] Penina censurava Ana com veemência por causa de sua aflição, desprezando-a por causa de sua esterilidade e falava de maneira insultuosa com ela, como alguém que não recebia nenhum favor dos céus. [2] Penina invejava o benefício que tinha do amor de Elcana. Quanto mais benevolente ele era com Ana, mais Penina a provocava, tornando-se desprezível e grosseira. [3] Penina aumentava o seu ataque quando subiam à Casa do SENHOR, talvez porque então estavam mais tempo juntos ou, porque, então a afeição de Elcana por ela se tornava mais evidente. Mas Penina agia de forma pecaminosa ao mostrar sua maldade em momentos como aqueles, quando mãos puras deveriam ser elevadas ao altar de Deus, sem ira e queixas. Também foi muito insensível naquela época aborrecer Ana, não apenas porque estavam juntas e os outros poderiam perceber essa importunação, mas esse era um tempo em que Ana buscava concentrar-se nas suas devoções e desejava estar calma e tranqüila e livre de perturbação. O grande adversário de nossa pureza e paz é mais insistente em nos irritar em momentos em que buscamos estar mais serenos e tranqüilos. Quando os filhos de Deus vêm para apresentar-se perante o SENHOR, podemos estar certos de que Satanás também está entre eles (Jó 1.6). [4] Penina continuou perturbando o coração dela ano após ano, não uma ou duas vezes, mas de forma constante. Nem a consideração do seu marido, nem a compaixão por Ana, eram capazes de quebrar essa ação perversa. [5] Penina tinha a intenção de atormentar e desgastar Ana, talvez com a esperança de quebrar o seu coração, para que pudesse ficar sozinha com o coração do seu marido, ou porque sentia prazer no desassossego de Ana. Parece que nada a gratificava mais do que ver sua rival aflita. Observe: É uma evidência de uma disposição degradante, deleitar-se em afligir aqueles que estão melancólicos e de espírito pesaroso, ou indispor aqueles que estão inclinados a afligirem-se e ficar incomodados. Devemos levar as cargas uns dos outros, não acrescentar a elas.

(4) Ana (pobre mulher) não suportava a provocação: Ela chorava e não comia, v. 7. Ela ficava apreensiva e alarmava toda a sua parentela. Ela não comeu durante a festa; sua preocupação tirou o seu apetite; isso a tornava inadequada para uma boa companhia e se tornou um abalo na harmonia da família. Era durante a solenidade do sacrifício que ela não comia, porque os israelitas não deveriam comer das coisas sagradas na tristeza deles (Dt 26.14; Lv 10.19). Sua tristeza era tão grande que era incapaz de experimentar a alegria santa em Deus. As pessoas que apresentam um espírito aflito, e têm a tendência de dar muita atenção a provocações, são inimigas de si mesmas e acabam privando-se do bem-estar da vida e da piedade. Verificamos que Deus notou o efeito negativo dos dissabores e das discordâncias no relacionamento conjugal, em que as partes prejudicadas cobriam o altar do SENHOR de lágrimas [...] de sorte que ele não olhava mais para a oferta (Ml 2.13).

(5) Elcana procurava confortar Ana de todas as formas. Ela não o repreendeu pela sua insensibilidade ao casar com outra esposa, como ocorreu com Sara. Ela também não retribuiu injúria por injúria, mas ficou com todo o sofrimento para si própria, que a tornou objeto de profunda compaixão. Elcana mostrou-se profundamente aflito com a aflição dela, v. 8: Ana, por que choras? [1] Ele está profundamente inquieto ao vê-la tão subjugada pela tristeza. Aqueles que se tornaram uma só carne por meio do casamento também devem se tornar um só espírito para compartilhar as dificuldades um do outro, a ponto de um não estar tranqüilo quando o outro está intranqüilo. [2] Ele a repreende de forma amorosa: por que choras?[...] E por que está mal o teu coração? Deus nos repreende porque nos ama; nós deveríamos fazer o mesmo. Ele busca saber a causa da tristeza dela. Embora tivesse motivos para estar perturbada, ela precisa considerar se deveria estar perturbada a esse ponto, especialmente a ponto de deixar de comer das coisas sagradas. Observe: Nossa tristeza, por qualquer razão, é pecaminosa e imoderada quando nos afasta do nosso dever em relação a Deus e amarga nosso consolo nele, quando nos torna ingratos em relação às misericórdias de que desfrutamos e receosos em relação à bondade de Deus por nós em futuras misericórdias, quando lança desânimo sobre nossa alegria em Cristo e nos impede de cumprir as nossas obrigações e desfrutar do consolo dos nossos relacionamentos particulares. [3] Ele deixa claro que nada deveria faltar de sua parte para equilibrar a aflição dela: “Não te sou eu melhor do que dez filhos? Tu sabes que tens todo o meu amor. Que isso possa te servir de consolo”. Observe: Precisamos estar atentos ao consolo que recebemos; isso nos guardará de ficarmos excessivamente aflitos em relação às diversas cruzes que precisamos carregar. Precisamos estar cientes de que merecemos os fardos que carregamos, mas nossos consolos são resultado da graça de Deus. Se mantivéssemos o equilíbrio disso, teríamos condições de observar aquilo que está a nosso favor, bem como aquilo que é contra nós. Caso contrário, somos injustos com a Providência e insensíveis conosco mesmos. Também Deus fez este em oposição àquele (Ec 7.14), e nós deveríamos fazer o mesmo.

 FONTE: http://ebdnatv.blogspot.com/2023/10/escrita-licao-3-central-gospel-os.html


Texto Áureo:

Ana, por que choras?

 E por que não comes?

 E por que está mal o teu coração?

1 Samuel 1.8b

Texto Bíblico Básico:

1 Sm 1.9-11,17,18,20,22,26-28

9 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, sacerdote, estava assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor.

10 Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.

11 E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.

17 Então respondeu Eli: Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste.

18 E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.

20 E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.

22 Porém Ana não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre.

26 E disse ela: Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR

27 Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito.
28 Por isso também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias

 que viver, pois ao Senhor foi pedido. E adorou ali ao Senhor.

PALAVRA INTRODUTÓRIA

- Professor(a), nesta lição se concentre na comunicação dentro do lar, pois os cônjuges devem aprender a compartilhar seus problemas e entenderem entre eles seus sentimentos.

- “quando a desventura bate à porta de nossa casa”, se refere as adversidades que vez por outra ocorrem em nossa vida e nossa família.

- “a graça divina pode manifestar-se”,

significa que o Senhor às vezes usa as adversidades da família para fazer coisas maravilhosas em nossa parentela.

Temática da lição: Como lidar com a dor e a frustração gerada pela família.

                     Introdução

     Deus fez o homem e viu que ele precisava de um ser semelhante, que o auxiliasse. Não se tratava apenas de auxílio em tarefas, mas de corresponder com as expectativas. A palavra adjuntora (Gn 2.18) vem do hebraico nãghadh, que pode ser representada pelo sentido de “compartilhar com alguém”, assim entendemos porque está em nosso cerne a necessidade
dividir experiências com nossos semelhantes. O próprio Deus plantou isso em nós, de maneira que nos sentimos fortes e protegidos no meio de um grupo ou com alguém da nossa confiança, mas vulneráveis e perdidos quando estamos sozinhos, principalmente em situações de estresse.

     A Dra Ilma Cunha diz:
O ser humano não é regido pelo instinto, como os animais, mas pela razão, e necessita da formação familiar para a construção do seu plano de conduta, dos elementos que nortearão as suas atitudes, seus comportamentos e suas decisões ao longo da vida.

      A família foi criada por Deus para ser um lugar de segurança e alegria. Foi a primeira célula social gerada, contudo, o diabo tem investido ferozmente para mudar a configuração familiar e transformá-la em um lugar árido e sem legitimidade. Se a família não cumpre sua função e está distanciada do padrão divino, toda a sociedade apresentará desvios em sua conduta, e se apresentará igualmente fria e doente em seus relacionamentos.

           Contexto Histórico

     Na Bíblia judaica os livros de Samuel se apresentam logo após o livro de Juízes, e este declara a situação de Israel naquele momento: Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos. Jz 21.25

     O contexto era de depravação moral e religiosa. Samuel nasce do desejo de Ana, mas se apresenta como o fiel sacerdote/profeta/juiz que substitui Eli e sua casa corrupta no santuário de Siló e conduz a comunidade israelita à fé e adoração a Deus. Elcana morava na região montanhosa de Ramatain-Zofim (Ramá), terra dedicada aos levitas, dentro do território da tribo Efraim. Ele pertencia à família de Coate, descendente de Levi, portanto, tanto ele como sua prole estavam aptos para o serviço sacerdotal (1 Cr 6.22-28, 66-67).

      A família de Elcana era composta por ele, Ana e Penina com seus filhos. Não era um casamento monogâmico, o que frequentemente gerava problemas no seio familiar da época. Embora no Antigo Testamento não se encontre incentivo para um casamento com várias esposas, não era uma situação incomum. Não podemos afirmar que Penina tenha sido tomada por esposa de Elcana devido a infertilidade de Ana, mas é uma possibilidade. O fato é que a relação familiar era conflituosa: Penina humilhava Ana pelo fato de não ter filhos, Ana sofria e Elcana tentava compensar. Uma situação desgastante, podemos imaginar.

    A situação de Ana era de fato bastante complicada, por dois aspectos:

- Divino: o fato de ser estéril levantava a questão sobre as bênçãos de Deus (Dt 7.13; 28.1- 13; 30.9-10).

- Social e econômico: os filhos homens eram a base da sociedade, pautada pelo modelo patriarcal. Eles eram responsáveis pelo sustendo familiar, bem como os guerreiros e líderes do clã. Uma mulher sem filhos ficava desprotegida e dependia de que um resgatador a acolhesse (Dt 25.5-10; Rt 2.20). Elcana era um homem temente a Deus, e todos os anos cumpria o ritual de adoração e sacrifício a Deus em Siló, o centro religioso instituído desde os dias de Josué, onde estava também a arca da aliança. (Js 18.1). Nesse período os filhos de Eli, Hofni e Fineias, já eram os sacerdotes, contudo, desprezavam o Senhor (1 Sm 2.12-17), um retrato da condição geral da nação.

       As lições que a situação de Ana nos ensina: 

      1. Nem sempre seremos compreendidos dentro de casa . Ana sofria em silêncio uma dor que não podia ser medida. Talvez sua maior angústia não fosse a esterilidade, mas a humilhação imposta por Penina. Essa é uma situação bastante frequente em alguns lares, e quanto mais rejeição e confronto, mais as pessoas se endurecem e afastam. O fato é que a postura de Ana impressiona, pois não a vemos brigar com as pessoas ou se rebelar contra Deus, mas clamar em silêncio!
     Muitas vezes queremos superar as humilhações e a dor com uma postura desafiadora, pela nossa própria força e argumento, contudo, na maioria das vezes, somente o Senhor pode nos socorrer. Ele não só compreende nossa aflição, como atende o clamor:  Tu, Senhor, ouves a súplica dos necessitados; tu os reanimas e atendes ao seu clamor.
Defendes o órfão e o oprimido, a fim de que o homem, que é pó, já não cause terror. Sl 10.17,18.

       2. Nunca despreze a dor do outro: ela é real e merece atenção
    O ser humano tem a tendência de medir o outro por ele mesmo, assim, muitas vezes não é capaz de compreender a dor alheia, pois faz pouco caso dela. O fato é que cada um possui uma história de vida e uma capacidade emocional para lidar com a dor, e tentar medir esse valor gera mais dor. Içami Tiba diz que em pele ferida até analgésico pode doer, desse modo,
em vez de nos apressarmos em colocar um curativo em cima de qualquer queixa ou dor, como fez Elcana, devemos primeiramente exercitar a escuta e proporcionar ao outro revelar a profundidade da sua dor.

      3. Reconheça sua dor. Nomeie seus sentimentos . Esse tópico está diretamente relacionado ao anterior. Muitas pessoas passam a vida sem
revelar a sua dor, e isso somatiza no corpo, gerando doenças. Denominamos as doenças mas ignoramos o que as gerou sob o aspecto psicológico, então acabamos tratando os sintomas e não a fonte deles. Em geral as pessoas discutem, gritam umas com as outras, mas nem por
isso conseguem se fazer entender, isso porque é preciso tempo para que uma pessoa tenha a compreensão da sua dor e possa dar nome a ela. É necessário que haja uma escuta interna de si mesmo, para se autoconhecer, contudo, gasta-se muito tempo num cabo de força, na tentativa de provar quem tem razão, e os sentimentos mais profundos se perdem no esforço.
       Ana entendeu que a sua alma estava em angústia pois se sentia frustrada por não ter filhos e humilhada pelas provocações de Penina. Ter o reconhecimento da sua condição permitiu falar para Deus do que necessitava.

      4. Posicione-se diante de Deus . Ana fez um voto com Deus, daria seu filho como nazireu. Esse voto podia ser temporário ou permanente e implicava nas seguintes condições, conforme descrito em Números 6.2-21:

- Não podia participar do fruto da vinha (comer ou beber qualquer parte da uva)
- Não podia cortar o cabelo
- Não podia tocar em defunto
Ana ofereceu seu filho num voto permanente, que implicava na sua total devoção e reconhecimento a Deus. Será que estaríamos dispostas a reproduzir a sua dedicação e palavra? Muitas vezes, no desespero, prometemos coisas a Deus, mas assim que recebemos o favor, declinamos na promessa, o que demonstra a nossa falta de compromisso com a
verdade e falta de fé. Não devemos nos comprometer com Deus naquilo que não temos certeza de manter (Dt 23.21-23; Ec 5.4-6).

     Outro aspecto importante da postura de Ana é que ela não se eximiu da responsabilidade da bênção, antes, se posicionou como parte fundamental para o cumprimento dela. Não podemos esperar apenas que Deus se mova em nosso favor, pois Ele já derramou sobre nós a sua graça redentora, e ganhamos tudo! Precisamos nos posicionar com atitudes, em obras,
para que a fé seja justificada (Tg 2.17-26).

       5. Leve seus problemas a quem pode resolver. Ana não tinha com quem compartilhar sua dor além de Deus. Seu marido já fazia tudo o que podia para confortá-la, e certamente ela reconhecia isso, mas não podia realizar o milagre de fazê-la gerar um filho. Também não resolveria a situação discutindo sobre a maneira de agir de Penina, essa discussão provavelmente só amplificaria a sua limitação e aumentaria a sua dor. Talvez Ana também não pensasse em compartilhar com Eli, devido à degradação moral do sacerdócio, quem sabe...

      O fato é que ela só tinha uma alternativa viável, e foi até ela: Deus. Será que levamos nossos problemas a quem pode de fato resolvê-los? Isso se aplica também ao plano humano. A sunamita não compartilhou seu problema com Geazi, servo de Eliseu, mas só derramou seu coração diante do profeta, pois reconhecia nele a autoridade no assunto (1 Re 4.8-37). Muitas pessoas expõem seus conflitos familiares a todos, mas não
procura aconselhamento pastoral ou terapêutico, e acaba vivendo num ciclo de pranto, sem tratar o problema. O Senhor quer que vivamos em plenitude de vida! (Ef 3.17-21)

       6. Relacione-se e compartilhe seus sonhos com quem pode impulsionar a sua fé.  Quando o sacerdote Eli viu Ana balbuciando seu lamento, prontamente criticou sua atitude, acreditando que ela estava embriagada. Não podemos ver isso como um absurdo em nossa
sociedade, pois frequentemente estamos prontos para julgar e apontar as falhas dos outros, sem o real conhecimento dos fatos. Isso pode gerar desânimo nas pessoas, e nem nos darmos conta do estrago. Mas Ana compartilhou sua dor com o sacerdote e recebeu uma palavra de vida, com efeito tão curativo que ela logo se animou e voltou a se alimentar e sorrir. Aquela palavra colocou a sua fé em ação, e o milagre aconteceu.

       Elcana também compartilhou da fé e do sonho de Ana, ao reafirmar o voto dela de entregar o filho como nazireu (1 Sm 1.21). Esse voto poderia facilmente ser desfeito, já que a mulher tinha que ter o aval do marido (Nm 30.6-15), mas em vez de duvidar ou criticar, Elcana reafirmou o propósito da sua esposa. Devemos estar na companhia de quem pode nos aproximar de Deus, e nos motivar a
permanecer em Sua presença. Devemos buscar a companhia de quem pode edificar a nossa fé, e fugir daqueles que, mesmo com palavras “de Deus,” nos impedem de ver as grandes obras do Senhor, como os amigos de Jó.

                                  CONCLUSÃO

     As relações familiares enfraquecidas podem levar as pessoas ao desânimo espiritual e  desespero emocional, mas em Deus está a motivação necessária e suficiente para gerar sonhos. Assim, ficam as perguntas: Estamos dispostos a gerar filhos/sonhos/projetos e entrega-los aos cuidados de Deus? Temos confiança de Ele tem poder para fazer abundantemente mais em nossa vida se dedicarmos tudo a Ele?

    ( Profa. Renata Santana)

 

      A Vida De Ana, Seus Sofrimentos E Alegrias

Valdenira Nunes de Menezes Silva

"...eu sou uma mulher atribulada de espírito" (1Sa 1:15).

"... e o seu semblante já não era triste" (1Sa 18).

O seu nome, assim como o seu modo de ser, nos apresenta uma mulher "graciosa" amável, mansa e generosa. O seu nome era Ana.
Apesar de possuir estas tão boas características, ela vivia triste.
A Bíblia nos diz que ela e Penina eram esposas de Elcana. Mas enquanto "Penina tinha filhos" ela "Ana não os tinha".
Num lugar mais profundo do seu coração, estava o imenso desejo de ser mãe. A sua alma ansiava por um filho mas a Bíblia diz que "o Senhor lhe tinha cerrado a madre" (1Sa 1:5b).
O seu desejo não estava coincidindo com o desejo de Deus na sua vida naquele momento. O tempo de Deus era diferente do seu tempo, assim como foi o tempo de Sara, o de Rebeca e o de tantas outras mulheres que amavam ao Senhor mas tinham também suas madres cerradas.

No seu casamento com Elcana havia coisas desagradáveis que a faziam sofrer:
1- Elcana, seu marido, não era só dela mas havia uma outra esposa - Penina;
2- o Senhor havia cerrado a sua madre e, assim, ela não podia ter filhos;
3- a sua rival a provocava para a irritar (ela tinha filhos e Ana não).

Apesar da tristeza que carregava consigo, ela tinha um marido que a amava. Ele, muitas vezes, a via chorando. Mas, numa certa ocasião, quando ele e toda a sua família foram a Siló para adorar e fazer sacrifícios ao Senhor, ele a viu chorando e perguntou-lhe: "Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?" (1Sa 1:8)

Ah, irmã, Elcana não conhecia o anseio que toda mulher tem de ter filhos. Ana o amava mas queria que o Senhor lhe concedesse o privilégio de ter um filho em suas mãos.

Assim como ela fez, coloquemos também diante do Senhor...
a) o sofrimento que abate o nosso semblante;
b) nossos momentos de solidão;
c) a amargura que guardamos em nosso coração;
d) a tristeza que invade a nossa alma;
e) a ansiedade que nos faz definhar... e depois...
Adoremos, adoremos e adoremos o Senhor que nunca nos abandona e está sempre cuidando de cada detalhe da nossa vida.

Depois que Ana ouviu o seu marido, Elcana, perguntar-lhe se ele não era "melhor do que dez filhos", ela levantou-se e foi para o templo orar e derramar a sua alma no trono do Senhor. Sim, ela foi adorar a Deus e orar pelos problemas que a estavam deixando triste.
Ana orava e chorava com "amargura de alma". Ela não estava só porque procurou refúgio no Senhor. Deus estava com ela e ouviu quando ela Lhe pediu um filho. Este pedido, no entanto, veio acompanhado de um voto. Ela disse:
"Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha" (1Sa 1:11).

Irmã, este voto que Ana fez ao Senhor, não foi fácil. Mas ela, certamente, o fez porque o Senhor estava trabalhando em seu coração e incutindo nele o desejo de ter algo mais precioso do que apenas ter um filho - mas ter um filho para dá-lo ao Senhor.

Deus ouviu a oração de Ana. Ele veio até ela para satisfazer as suas necessidades, dar consolo e conforto à sua alma. Somente Ele seria capaz de consolar o seu coração, dar alívio, apoio e encorajamento.

"Senhor, meu Deus, obrigada porque Tu conheces o meu coração e cuidas dele.
Obrigada, Pai, por responderes às minhas orações e súplicas.
Perdoa-me pelas tantas vezes que abri a minha alma a muitas pessoas e não me lembrei de abri-la primeiramente a Ti.
Perdoa-me por, muitas vezes, não Te ter colocado em primeiro lugar em minha vida.
Senhor, que eu possa confiar em Ti, sabendo que Tu podes mandar anjos - que são nossos irmãos em Cristo - para nos consolar, aconselhar e nos dar o conforto que vêm única e exclusivamente de Ti.
Obrigada, Pai!"

Deus deu também a Sua Palavra para nos consolar e confortar. Ele nos diz:
"Isto é a minha consolação na minha aflição, porque a Tua Palavra me vivificou" (Salmo 119:50).

"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rom 8:28).

Enquanto Ana chorava e orava silenciosamente, apenas movendo os seus lábios, o sacerdote do templo, Eli, a viu e pensou que ela estivesse embriagada. Ele a repreendeu mas ela, amorosamente, respondeu:
"... Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor" (1Sa 1:15).

Irmã, veja como Ana reagiu. Ela falou com voz mansa, com respeito e dizendo exatamente o que ela estava sentindo.
Será que eu ou você usaríamos o mesmo tom de voz (talvez nos revoltássemos e aumentássemos um pouquinho a nossa voz)?
Será que eu ou você teríamos o mesmo respeito e reverência?

Vemos na Palavra de Deus que o sacerdote, diante do modo respeitoso e sincero de Ana, impetrou a bênção sacerdotal dizendo:
"... Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste" (1Sa 1:17).

A partir daí, o quadro da vida de Ana mudou mesmo tendo que...
* dividir o seu marido com a outra;
* ouvir as ofensas da outra;
* encarar o fato de que ainda era estéril;
* lembrar que foi mal compreendida pelo sacerdote.

Ela saiu do templo feliz e com certeza no coração de que a sua vida, a partir daquele momento, iria mudar.
A Bíblia nos diz que ela "... foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste" (1Sa 1:18).
Ana, creu, pois o semblante já não era o mesmo.
Pela fé, ela acalmou a sua alma e repousou no Senhor, esperando apenas o dia em que iria ter em seus braços o filhinho que ela tanto desejava mas que iria ofertar ao Senhor.

Irmã, este é o exemplo a ser seguido por nós. Quando oramos ao Senhor e, com fé, depositamos todos os nossos problemas a Seus pés, então devemos mudar o nosso semblante e deixar o mundo ver em nós um brilho que vem de um coração transformado por confiar em Deus. Isto é fé.
O Senhor, na Sua Palavra, nos diz em Filipenses 4:4:
"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos."

Por que então ficar triste? Por que não confiar? Regozijemo-nos e confiemos que o Senhor é quem controla a nossa vida e é Ele quem deseja o melhor para nós!

A fé depositada por Ana no Senhor, finalmente foi concretizada. Ela teve um filho! Samuel nasceu e ficou com ela apenas dois ou três anos.
Ela amamentou seu filhinho e o preparou para entregá-lo a Deus.
Ela foi fiel no que havia prometido ao Senhor. Ela ensinou os primeiros passos a Samuel mostrando que havia um Deus que ela amava de todo o seu coração. Com ela ele...
1- aprendeu os caminhos de Deus, certamente, vendo o exemplo dela e sua devoção a Aquele que o trouxe ao mundo (Deus);
2- aprendeu os caminhos de Deus ao ouvi-la falar do Senhor, contando-lhe como ela conseguira engravidar;
3- aprendeu os caminhos de Deus vendo-a corrigindo-o e instruindo-o na Palavra de Deus.

Irmã, sigamos estes passos de Ana quando estamos educando os nossos filhos. Não deixemos que eles decidam que caminhos irão seguir quando já estiverem adultos. Ensinemos HOJE e AGORA os caminhos do Senhor usando a Bíblia como nossa bússola.
Entreguemos cada filho nas mãos do Senhor.
Oremos pedindo proteção espiritual para cada um deles e confiemos no amor de Deus que será derramado em suas vidas.
Agora, confiantemente, coloquemos o Senhor no centro de nossa vida e, com fé, façamos como Ana que "foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste" (1Sa 1:18).

 Livro As Mulheres da Bíblia

 A vida de Ana, seus sofrimentos e alegrias  96

 


Quebrando o egoísmo

 Quebrando o egoísmo Somos extremamente egoístas – a ponto de pensarmos em dar a alguém só para recebermos mais em troca. Porém, o sistema segundo o qual Deus trabalha conosco na Lei do Dar e Receber é justamente uma forma de se quebrar o egoísmo. Ele nos ensina a darmos porque Ele não quer que estejamos presos a nada. E, quando nos desprendemos, Ele sabe que estamos demonstrando maturidade para recebermos mais.

  Para muitos crentes hoje, o fato de serem abençoados financeiramente não significaria uma bênção tão grande assim, pois, devido ao seu egoísmo e imaturidade, prejuízos poderiam ocorrer até mesmo com a entrada de recursos financeiros.

  O Filho Pródigo que o diga! Ele não tinha maturidade alguma para receber o que recebeu. Assim sendo, dissipou tudo! Através do nosso dar, da nossa liberação sincera e despretensiosa, acionamos um princípio pelo qual podemos receber de Deus. Mas a dádiva egocêntrica não se enquadra no todo das leis divinas quanto ao dar e receber.

  Vemos pessoas na Bíblia que deram sem ser abençoadas, como Ananias e Safira, por exemplo. O ato de dar não pode ser visto isoladamente. Assim como falamos da semente que precisa morrer para germinar e frutificar, assim também, na Lei do Dar e Receber, o dar tem que ser uma entrega que quebre o egoísmo.

   Não negamos que o próprio Deus instituiu a Lei do Dar e Receber, mas isto não quer dizer que barganhar com Ele seja forma de se receber algo. Dar é melhor do que receber porque é uma ajuda no processo de se quebrar o egoismo e nos prepara para recebermos com uma atitude melhor.

  EXEMPLOS BÍBLICOS

  Há uma diversidade de exemplos bíblicos que demonstram o funcionamento da Lei do Dar e Receber.

  Muitas vezes concluímos erroneamente que os relatos bíblicos são uma mera descrição histórica. Mas, por trás de cada episódio, há uma lição a ser aprendida:

 “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” Romanos 15.4

  O EXEMPLO DE ANA

  Um belo exemplo bíblico da Lei do Dar e Receber pode ser visto na vida de Ana, a mãe do profeta Samuel.

  As Escrituras Sagradas afirmam que ela não podia gerar filhos, pois ela era estéril (1 Sm 1.5,6), mas, ainda assim, ela ofereceu ao Senhor Deus o filho que ela teria, caso viesse a experimentar um milagre:

  “E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.” 1 Samuel 1.11

  Depois que Samuel nasceu e ela o desmamou, Ana cumpriu o voto dela, e, para dedicá-lo a Deus, ela o levou ao Templo, onde o deixou aos cuidados de Eli, o sacerdote que antes a teve por embriagada (1 Sm 1.24-28).

  E o que aconteceu com Ana?

  A lei do receber funcionou para aquela que deu:

  “Eli abençoava a Elcana e a sua mulher e dizia: O Senhor te dê filhos desta mulher, em lugar do filho que devolveu ao Senhor. E voltavam para a sua casa. Abençoou, pois, o Senhor a Ana, e ela concebeu e teve três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia diante do Senhor” 1 Samuel 2.20,21

  Ana ainda não tinha nenhum filho, mas, ao dá-lo a Deus, recebeu outros cinco. E o interessante é que ela deu antes de ter para dar. Podemos dizer que foi uma dádiva de fé.

  Já fiz isto algumas vezes. Já orei ao Senhor, consagrando a Ele recursos que eu ainda não tinha! Em minhas orações eu Lhe disse o que eu gostaria de ofertar, mas que antes eu precisaria receber d’Ele, para então poder devolver-lhe. Fiz isto mesmo não tendo nada para dar nestas ocasiões, e, quando as respostas das orações vieram, cumpri a promessa e entreguei imediatamente o que eu havia me comprometido ofertar ao Senhor.

  A Lei do Dar e Receber é tão forte que até o que votamos ao Senhor, mesmo antes de termos, já gera resultados.

   Texto extraído do livro “Uma Questão de Honra”

   Luciano Subirá


        Ana mãe de Samuel e suas virtudes

   Ana a mãe de Samuel é um grande exemplo de alguém que enfrentou o impossível e venceu. Ela é uma mulher fantástica! A sua impossibilidade para gerar filhos não foi suficiente para fazê-la desistir de acreditar no Senhor Deus.

  Comportamento diante do impossível

  A história de Ana é o retrato de uma mulher cheia de fé. Com um relacionamento vivo e sincero com Deus, que não abre mão dos bons planos dele para sua vida. Ana era uma das esposas de Elcana, a que ele mais amava. A outra era Penina a que gerava filhos (I Samuel 1.1,2). No costume da época era permitido ao marido ter uma segunda esposa caso a primeira fosse estéril. O objetivo era garantir a descendência dele.

  Era costume de Elcana, todos os anos com toda sua família, sair de Ramataim[1]Zofim para oferecer sacrifícios ao Senhor, na capital nacional da adoração Siló (1 Samuel 1:4,5).

  Elcana procurava agradar a Ana de todas as maneiras, por dois motivos: porque a amava e porque percebia o semblante triste dela, como se lhe faltasse alguma coisa.

  Claramente, ele não entendia a dor de sua esposa (1 Samuel 1:8). Acreditava que o bom tratamento, as regalias e presentes eram suficientes para satisfazê-la.

   A insensibilidade espiritual dele não lhe permitia perceber o que realmente importava. Para ajudá-la, ele deveria se ajoelhar ao lado dela e orar junto, pedindo um filho.

  Por outro lado, ela não se conformava. Ela queria ver o bom plano de Deus para sua vida, sendo cumpridos. Ela era uma mulher que não procurava paliativos para sua dor.

  O grito da esperança

  Como mulher de Deus, ela não desistiu de buscar ao Senhor mesmo diante de algo impossível. Não podemos deixar de enxergar que a situação a fazia sofrer, visto que “com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” (1 Samuel 1:10). No entanto, ela não se permitia ser sufocada pela aflição.

  É importante percebermos na vida que situações extremas exigem atitudes extremas. Então, Ana fez um voto, e ele é bem específico: “se à tua serva deres um filho homem”. (1 Samuel 1:11)

  Ela sabia exatamente o que queria do seu Deus. E deixou bastante claro para

 Ele que a resposta a esse pedido era para a glória do seu nome. Era algo consagrado a ele.

  Tenha em mente que a sua oração vai exigir tudo de você!

  Energia, perseverança, vontade. Ana perseverou em orar perante o Senhor pelo tempo que foi preciso (1 Samuel 1:11). O sacerdote Eli a observava enquanto fazia isso. Você está sendo observado enquanto busca o seu milagre (Hebreus 12:1).

  As pessoas querem saber se sua devoção, fé e piedade realmente funcionam. Assim como a mãe de Samuel, por muitas vezes você terá de lidar com a incompreensão (1 Samuel 1:13-14)

   Muitos servos de Deus não compreenderão a sua dor. Muitas pessoas farão a leitura errada do seu problema.

 • Os amigos de Jó acharam que ele havia pecado;

 • Os discípulos queriam saber quem havia pecado para que o cego de nascença fosse cego;

 • Os irmãos de Davi achavam que ele era presunçoso. Isso deve aumentar a sua carga de oração e comunhão com Deus.

  Isso te coloca em uma posição que somente o Senhor entende.

  Uma clara visão do seu problema

  Ana conhece a si mesma. Você precisa ter um conhecimento claro daquilo que te incomoda para apresentar ao Senhor, e para poder se defender.

 Ela é uma mulher profundamente consagrada ao Senhor. Ao ouvir a suspeita do sacerdote Eli, ela não xinga, não fica irritada, nem zomba do homem de Deus. Simplesmente responde de forma humilde e respeitosa (1 Samuel 1:15,16). Ela possui uma vida de oração ativae isso aguça os seus sentidos espirituais (Efésios 6:12,13).

  Ela confia, ama e se relaciona com Deus, daí a facilidade de falar sobre todos as suas preocupações a Ele.

  Nunca rejeite a bênção do homem de Deus! Eli era um sacerdote do Senhor, muito embora fosse reprovado por causa da conduta de seus filhos. Ele representava Deus e as palavras que saíssem de sua boca teriam poder de abençoar e amaldiçoar (Provérbios 18:20,21).

  Ao ouvir as justificativas da serva de Deus, sobre sua oração, Eli liberou palavras de bênção sobre a vida da mãe de Samuel (1 Samuel 1:17)

  Ao ouvir as palavras de bênção que saíram da boca do sacerdote a atitude de Ana mudou. Seguiu viagem, se alimentou e em seu rosto havia alegria (1 Samuel 1:18).

  Nunca despreze as palavras de bênção que saem da boca do seu mentor espiritual.

  Transformando fé em atitude

  Ana creu! A partir de agora suas atitudes são baseadas na sua fé. Eles levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor. Ao chegar em casa, Elcana e amou sua esposa. Ela engravidou e o menino se chamou Samuel (1 Samuel 1:19,20)

  A mãe de Samuel obedeceu exatamente ao seguinte processo: Ela orou, esteve alerta e após receber as palavras de bênção ela agradeceu. Ana e Elcana acordaram de madrugada para oferecer um culto de gratidão a Deus, após isso viajaram.

  A importância da gratidão

  O Senhor concedeu o desejo de sua serva. Alegrou o coração da sua serva. Após isso, em mais uma atitude de gratidão ela põe o nome do menino Samuel (1 Samuel 1:19,20).

  Sobre isso, há três verdades:

 • Aprenda a demonstrar gratidão;

 • Deus ama a gratidão;

 • A gratidão antecede o milagre, muitas vezes. O desejo de Deus é alegrar o seu coração!

  O Cumprimento do voto

  Um ano após o nascimento de Samuel, quando o menino já tinha desmamado e podia viajar, Ana leva ao Templo uma oferta de gratidão ao Senhor (I Samuel 1.24).Sua liberalidade não estava condicionada a sua necessidade. Ela é liberal antes e depois do milagre.

  Cultive a semente da liberalidade em sua vida e você terá acesso a grandes colheitas de bênçãos preparadas pelo Senhor (2 Coríntios 9:6).

  A sua colheita é proporcional a sua semeadura

  Ana volta para agradecer e conta ao Homem de Deus quem ela é e como ocorreu o milagre (1 Samuel 1:26,27). Com isso, ela nos ensina três coisas:

 • O seu testemunho deve ser contado;

 • Compartilhe os pedidos de oração e os milagres;

 • Conte ao servo de Deus que ministra sobre sua vida sobre o milagre. Isso fortalecerá seu coração.

  A entrega de Samuel a Deus

  Ana não se demorou a cumprir sua promessa. Assim como disse fez (I Samuel 1.28). Após contar seu testemunho ela entrega Samuel ao sacerdote e adora ao Senhor. Ela não caiu na tentação de fazer o voto e descumpri-lo (Deuteronômio 23:21).

  Não faça aliança com Deus se não estiver disposto a cumprir sua parte no acordo. Deus é fiel. A parte dele sempre é garantida, e a sua?

  Ana se alegra em Deus

  O fato de ter sua oração respondida mostra, que sua fé não é vazia, sem propósito, inútil. Há um grande Deus no céu que a ouve.

  Ela é poderosa em Deus. Após humilhações, desprezo e vergonha, pode cantar e adorar. Ela proclama em alto e bom som o que o Senhor fez (I Samuel 2.1). Ana declara palavras de vitória sobre seus inimigos (1 Samuel 2:2-4).

  Sua confiança em Deus é levada para outro nível. Ela confia completamente no julgamento do Senhor. Sabe que não há força humana que resista ao poder de Deus (1 Samuel 2:5-8).

  Agora a mãe de Samuel, contempla a situação por um ângulo totalmente diferente. Quem estava por cima, zombando do sofrimento dos filhos de Deus, agora está enfraquecido.

  Ela reconhece a soberania do Senhor em tudo. Reconhece que não há causa perdida para ele. A visão espiritual de Ana é alargada a medida que ela se entrega a oração, então declara que Deus é poderoso para mudar completamente o nosso futuro (1 Samuel 2:9,10).

  Ana declara que o Senhor tem compromisso com quem lhe serve. Reconhece mais uma vez que o esforço humano não é suficiente para alcançar o favor do Senhor e que não há força humana, suficiente para contender com Ele.

  A colheita de Ana

  O pedido de Ana alcançou o coração de Deus e ela deu à luz a um milagre. Samuel não era apenas um filho, ele se tornou profeta, juiz e sacerdote de Israel. Samuel era a única pessoa com quem Deus falava em um tempo em que as visões eram raras e que o Senhor não falava com ninguém (I Samuel 3.1)

   Nisto se cumpre totalmente o que diz o apóstolo Paulo em Efésios 3:20, sobre o fato de servirmos a um Deus que pode fazer muito mais do pedimos ou imaginamos, segundo o seu poder.

  O Senhor não quer te dar migalhas. Ele quer te dar coisas infinitamente maiores do que as que você pede. A sua fé, oração, culto e liberalidade são determinantes nesse processo.

  Ana cuidava de Samuel, o seu milagre!

  Cultive bem as boas coisas que o Senhor tem te dado. Se você for fiel sobre o pouco ele te colocará sobre o muito (Lucas 16.10). Mesmo após ser abençoada Ana permanece liberal.

  Ela permaneceu indo ao Templo uma vez ao ano, para oferecer sacrifício como era o seu costume. Não era um “interesseira espiritual”, o que ela fazia antes de receber a bênção ela continua fazendo após (1 Samuel 2:20,21).

  Após o milagre, Elcana e Ana continuaram recebendo as palavras de bênção do Servo de Deus. Ou seja, a corrente de bênção continuaria fluindo. Isso fez com que ela pedisse um filho e recebesse seis!

  Glória a Deus!

  Muitas pessoas após receberam a bênção acabam se afastando do Servo de Deus, do Templo. Cortando o fluxo da corrente de bênçãos.

  Não cometa este erro, permaneça perto da corrente de bênçãos. O Senhor tem um manancial inesgotável e como já vimos Ele deseja te dar muito mais além do que você tem pedido.

  Conclusão

  A vida de Ana a mãe de Samuel é inspiradora e possui lições preciosas para nossa própria vida

 • Não devemos desistir dos sonhos que glorificam a Deus;

 • Não devemos dar ouvidos aos opositores;

 • Devemos esperar sempre a providência do Senhor;

       Ana mãe de Samuel e suas virtudes.

       Diego Nascimento




Para ilustrar o texto

 Há mistério nas tribulações e nos sofrimentos.

 Memórias: A stranger in the house of God [Um desconhecido na casa de Deus], de John Koessler. Nessas memórias (2007), o professor e autor Koessler escreve:

 Minhas orações pareciam os pedidos que, às vezes, eu fazia a meus pais. Quanto maior o pedido, mais ambígua era a resposta.

 — Mãe, quero uma bicicleta nova!

 — Hum, vamos ver. Essa resposta ocupava aquela misteriosa terra de ninguém entre o desejo e sua realização, que as crianças conhecem tão bem.

 Essa é uma região em que a atmosfera é um misto de esperança e decepção: o mínimo necessário de esperança, para manter nossos sonhos mais fantásticos como possibilidade remota, e um nível de decepção que não chega a ponto de matar inteiramente esses sonhos.9

 As orações dos perseguidos são eficazes. Relato verídico: The story of Ruby Bridges [A história de Ruby Bridges], de Robert Coles.

 Ruby era de uma família muito trabalhadora e que se apegava firmemente a sua fé. Quando um juiz ordenou o fim da segregação racial nas escolas de Nova Orleans, Ruby foi uma das primeiras crianças negras a serem escolhidas para participar desse processo. Multidões iradas se ajuntaram no primeiro dia de aula e em muitos outros dias. Durante meses, Ruby foi e voltou da escola escoltada por policiais. Certo dia, Ruby orou diante da multidão, pedindo que Deus perdoasse aqueles que a haviam maltratado, pois “eles não sabem o que fazem”, da mesma forma como outros tinham dito coisas terríveis a respeito de Jesus “muito tempo atrás”.10

 A justiça de Deus se identifica com o seu povo oprimido e o vindica. Poesia:

 William Cullen Bryant.

 Este poema de Bryant (1794-1878) foi encontrado entre as folhas do começo do capítulo 40 do manuscrito de Uncle Tom’s cabin, de Harriet Beecher Stowe.11

 Não considere o justo esquecido pelo céu!

 Embora a vida lhe negue suas dádivas comuns,

 embora, com o coração oprimido

 e sangrando,

 e desprezado pelos homens, ele caminha para a morte!

 Pois, de cada dia de tristeza, Deus tomou nota,

 cada lágrima de amargor ele contou,

 e os anos incontáveis de êxtase celestial retribuirão,

 por tudo que seus filhos padecem aqui.

    Introdução a 1 e 2Samuel

    Esterilidade, adeus!



 


 

 

 


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